Morreu Eduardo Lourenço, aos 97 anos - Um dos mais brilhantes pensadores contemporâneos, patriota e Humanista - Partiu no dia da Restauração da Independência de Portugal, com um pais doente e deprimido, órfão e cada vez mais despovoado, mais estrangeirado e dependente da ajuda externa- Porventura, triste e amargurado
Adeus Amigo
– Que a justiça divina, vos tenha em boa
companhia - Que, por várias vezes, me deu o prazer e o privilégio de dialogar,
desde há muitos anos – E várias foram as entrevistas que me concedeu -
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta e interventor
cívico, foi várias vezes galardoado e distinguido. Natural de São Pedro de Rio
Seco, Almeida, 23 de maio de 192, distrito da Guarda - Conheci-o,, pela primeira vez, em casa de Vergilio Ferreira, no principio da década de 80, de quem ambos éramos também amigos
“O que eu faria sem escrever,” Declarou-me
há 4 anos, na feira do Livro de Lisboa, ao perguntar-lhe se ainda continuava a
escrever - Nasceu a 23 de Maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, concelho de
Almeida, faleceu neste 1º Dia de Dezembro de 2020
Jorge Trabulo Marques - Jrnalista -,
Eduardo Lourenço , um dos mais distintos ensaístas portugueses e pensadores do século XX., na entrevista que me concedeu, há 4 anos, falou-me de Vergilio Ferreira e da sua imensa saudade do seu grande amigo: tínhamos encontros e repensávamos o mundo” Ainda não somos um grande mundo unido como devíamos ser " - Entre outras das suas afirmações, designadamente do afastamento da Inglaterra da União Europeia, que então começava a desenhar-se .
"Os Portugueses vivem em permanente representação" Dizia um dos mais brilhantes pensadores do meu tempo e da minha região, que hoje nos deixou - Que o passei admirar desde o dia em que o conheci, pela primeira vez, em casa de Vergilio Ferreira, no principio da década de 80, de quem ambos éramos também amigos
Sem dúvida, um dos mais relevantes nomes da sociedade contemporânea – Natural de uma pequena aldeia da Beira Interior e tornou-se senhor do mundo, marcando o pensamento ao longo de mais de 50 anos, sobretudo no pós-25 de abril. - Nasceu a 23 de Maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda. É o filho mais velho (de sete) de Abílio de Faria, oficial do Exército, e de Maria de Jesus Lourenço. Frequenta a Escola Primária na sua terra natal. Depois ingressa no Liceu da Guarda e termina os seus estudos secundários no Colégio Militar em Lisboa. Frequenta o Curso de Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde conclui a Licenciatura no dia 23 de Julho de 1946, com uma Dissertação com o título O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto. Primeira parte.
Começou a distinguir-se em Coimbra, aquando da sua licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, concluída em 1946. Na cidade do conhecimento, encontra um ambiente aberto a reflexão.
Prossegue a sua formação académica com um estágio na Universidade de Bordéus, em 1949, e torna-se embaixador da cultura portuguesa nas universidades de Hamburgo e Heidelberg (entre 1953 e 1955) e na Universidade de Montpellier (de 1956 a 1958).
É docente durante um ano na Universidade Federal da Bahia, como professor convidado de Filosofia, e passa a viver em França, em 1960.
Fixou residência em Vence, cinco anos mais tarde, e foi reitor na Universidade de Grenoble, de 1960 a 1965. Tornou-se professor jubilado em Nice, em 1988, um ano antes se tornar conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em Roma, até 1991. Em 1999, passa a ocupar o cargo de administrador não executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Influenciado por nomes como Husserl, Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger, Sartre, Dostoievski, Franz Kafka ou Albert Camus, Eduardo Lourenço desenvolveu pensamentos sobre o existencialismo, sem nunca se deixar levar por correntes teóricas e ideologias.
Ao longo da sua vida, que perdura, Eduardo Lourenço publicou livros, ensaios e pensamentos. Crítico e ensaísta literário, virado predominantemente para a poesia, colecionou prémios, dos quais se destacam o bem recente Prémio Pessoa (em 2011), a Ordem de Santiago da Espada (1981) o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, Prémio Camões (1996), Cavaleiro da Legião de Honra de França (2002), Prémio Vergílio Ferreira (2001), Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2008), além de diversos doutoramentos honoris causa.
VIRGÍLIO FERREIRA, É UM DOS
MAIORES VULTOS DA LITERATURA PORTUGUESAAutor de 23 livros de ficção, 12 ensaios, dez diários
- Tive o grato prazer de ser seu amigo, de me receber várias vezes em sua casa
e de o entrevistar, tendo-me até mencionado num dos seus diários da “Conta
Corrente
Há dias a RDP passou-me à porta e um jovem subiu com
uns aparelhos. Que é que pensava da carga que já me pesava?Ora. Que era uma
«conta calada» e tão calada que já apelava em mim para o silêncio. Ouço o apelo
e aqui me fico" In
Conta-corrente Janeiro 1982
Tive o prazer de ser um dos seus amigos. Desde que, nos princípios dos anos 80, me desloquei a sua casa, por razões de ordem profissional, em dia do seu aniversário, fiquei de tal maneira impressionado pelas palavras do escritor, no pano intelectual e da sua escrita, que, praticamente, todos os anos, passei também a ser uma das visitas (poucas) que, o autor de Manhã Submersa, recebia em sua casa. Tenho ainda nos meus arquivos vários registos gravados e algumas fotografias, que guardo com muito gosto - duas das quais aqui publico.
“Depois da morte não há nada” – Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc -
ESCREVER "PARA TORNAR POSSÍVEL O MISTÉRIO DAS COISAS"...Vergílio
Ferreira
"Escrever. Porque escrevo? Rescrevo para criar um espaço
habitável da minha necessidade, do que me oprime,do que é difícil e excessivo.
Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais
forte de que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem
ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, lugares, tempos,
pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo
confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras,
gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela
recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira
e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar possível o mistério das
coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão" - Pensar - Vergílio Ferreira
1992
Vergílio Ferreira nasceu em Melo do
concelho de Gouveia na Beira Alta, a meio da tarde do dia 28 de Janeiro de
1916. Se fosse vivo, faria hoje, 97 anos. Mas morreu aos 80. Foi dos autores
portugueses - através da leitura do livro Manhã Submersa - que mais
cedo despertou a minha curiosidade e com o qual viria a manter um
relacionamento amistoso, desde o principio da década de 80, até a escassos dias
antes da sua morte - Já que, nessa mesma semana, lhe tinha telefonado para
o ir visitar a Fontanelas, onde acabaria por falecer.
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