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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Em dias de pandemia - Evocando António Nobre e António Ramos Rosa - A cruz a que temos de suplicar às horas mais silenciosas da noite que avança para reforçarmos a nossa fé e esperança e nos liberte da coroa de espinhos e de fogo que amordaça e fustiga a Humanidade

Jorge Trabulo Marques - Jornalista



"Por alta noite, a horas mortas,

Quando se não ouve pio ou voz,

Fecho os meus livros, fecho as portas

Para falar contigo

a sós"

 António Nobre

 

Morada celestial dos deuses, permitai que vos habite...Evocando o saudoso poeta e amigo, António Ramos Rosa

“Como se o esplendor queimasse a boca

profundamente nua e a palavra fosse

o tremor de uma pálpebra violenta.

Assim procuro a beleza que estremece

no deserto sobre a grande ferida.

Solitária, na sua porta de cinza

Vejo uma figura pálida de pedra.

Mas não traduzo o silvo sibilino

que sulca as duras têmporas do tempo"

António Ramos Rosa

In Dezassete Poemas

Compreendeu e visionou o drama que a grande ferida do tempo nos iria impor - Deus chamou-o e está, naturalmente, no limbo dos justos e profetas da Terra nos Céus - António Vítor Ramos Rosa, autor de uma vasta obra poética, critica e ensaística, conheceu a prisão política. Trabalhou como tradutor e professor, colaborou em diversas publicações, tendo sido um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia, nasceu em Faro, a 17 de Outubro de 1924 e faleceu em Lisboa, 23 de Setembro de 2013

“Destacado poeta e crítico português nascido em Faro em 1924. Foi militante do MUD (Movimento de União Democrática) e conheceu a prisão política. Trabalhou como tradutor e professor, tendo sido um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia. O seu primeiro livro de poesia, O Grito Claro, foi publicado em 1958. A sua obra poética ultrapassa os cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). Em 1988 foi distinguido com o Prémio Pessoa. Faleceu em setembro de 2013. https://www.wook.pt/autor/antonio-ramos-rosa/4108

António Nobre. - Também ele vitima de outra pandemia – Da Tuberculose, que naquele tempo era praticamente incurável


"António Pereira Nobre nasceu a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, no Porto. Filho de burgueses abastados, estudou em vários colégios da cidade invicta e passava os verões nas casas que a família tinha no campo, na Lixa ou no Seixo (o seu «paraíso perdido», como lhe chamou o maior biógrafo do poeta, Guilherme de Castilho), ou na praia, em Leça, frequentada pela colónia inglesa, onde viria a descobrir o fascínio do mar, o «Prof. Oceano», seu grande mestre da praia da Boa Nova, professor em «aula aberta», e onde conheceria Miss Charlote, jovem perceptora inglesa com quem viria a corresponder-se durante dois anos, e que lhe encurtaria o nome para Anto, que ele tornaria personagem de ficção nos "Males de Anto", poema que encerra o "Só". Começou a escrever muito cedo, os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade. Ruma alguns anos mais tarde a Coimbra, onde cursará Direito. Nesta altura já publicara numerosos poemas em jornais e revistas. Faz parte do grupo da revista "Boémia Nova", dirigida por Alberto Oliveira. 
https://www.wook.pt/autor/antonio-nobre/4073

 

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