Jorge Trabulo Marques - Jornalista -
No dia em que se completavam sete anos - agora já lá vão 14 - sobre a morte do poeta e pintor surrealista, Mário Cesariny ("26 de Novembro 2006) , a Perve Galeria de Alfama inaugurou o 2º pólo expositivo da mostra inaugural da Casa da Liberdade com a exposição “HOMENAGEM A CESARINY”, que contou com a apresentação de obras de vários artistas, entre os quais, de Cruzeiro Seixas, grande amigo e antigo companheiro nas lides académicas e cuja partida para a eternidade, sucedeu neste ultimo domingo, aos 99 anos, no Hospital de Santa Maria, também ele uma das mais notáveis figuras do surrealismo português
Na oportunidade, em que os problemas de audição e da cegueira, já o afetavam profundamente, impossibilitando-o de continuar a pintar, questionado sobre o que recordava de Mário Cesariny, respondia-me que isso dava para falar uma eternidade, recordando que se conheceram, com 17 -18 anos, na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, tendo ele lhe dedicado vários poemas e textos, reconhecendo tratar-se de um homem genial, tanto pintura como na poesia, cujas obras deveriam ser expostas nas grandes galerias mundiais. - É, pois, o breve registo que, então gravei e que aproveito para aqui lhe oferecer, pese algumas condicionantes técnicas, não deixando, porém , de ser um importante testemunho
Tal como tem sido sublinhado pela imprensa, o mestre Cruzeiro Seixas, um dos nomes mais emblemáticos do surrealismo português, deixa um vasto e valioso legado no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objetos/escultura – A noticia foi veiculada através de um comunicado da Fundação Cupertino de Miranda, lamentando "profundamente a perda deste vulto da Cultura Nacional, que apoiou e acompanhou ao longo dos anos".
Segundo a biografia ali publicada, Artur do Cruzeiro Seixas nasceu a 3 de dezembro de 1920, frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio, entre 1935 e 1941, participando também dos encontros no Café Hermínius. Tal como os restantes surrealistas sentiu-se atraído pelo Neorrealismo (1945-1946), mas as inquietações plásticas e os desejos de libertação estéticos e ideológicos conduziram-no para o Surrealismo
Em 1948 toma parte na atividade dos surrealistas, mantendo um continuado contacto com Mário Cesariny e outros membros do futuro grupo Os Surrealistas, de que é figura importante.
Assumiu o projecto surrealista, desde 1949, e não mais o abandonou até a atualidade, afirmando-se na área do desenho, na qual desenvolveu com grande perícia técnica um universo muito pessoal. Representa, na sua obra, um universo imaginário “estranho e cruel” através de contrastes entre pretos e brancos.
Em 1951 alista-se na marinha mercante, viajando por África, Índia, Extremo Oriente e acaba por fixar-se em Angola até ao desabrochar da guerra colonial. Aqui desenvolve o gosto pela dita “arte primitiva”. Num percurso individual continua até a actualidade a acção surrealista.
Em outubro tinha sido distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, pelo "contributo incontestável para a cultura portuguesa", ombreando, com Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa, como um dos nomes mais revelantes e importantes do Surrealismo em Portugal, desde finais dos anos 1940.
Cruzeiro Seixas, cuja obra está representada em coleções como as do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Cupertino de Miranda, faria cem anos a 3 de dezembro
Artur do Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora em 3 de dezembro de 1920, doou a sua coleção em 1999 à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, onde está situado o Centro Português de Surrealismo e onde está patente uma exposição permanente com as obras do autor.
Atualmente estavam em curso várias iniciativas que assinalariam os 100 anos de aniversário do artista plástico, nomeadamente exposições na Biblioteca Nacional de Portugal e da Perve Galeria, em Lisboa, ambas patentes até dezembro, e a edição da obra poética de Cruzeiro Seixas, iniciada em junho e que se estenderá até 2021.Artur do Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora em 3 de dezembro de 1920, doou a sua coleção em 1999 à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, onde está situado o Centro Português de Surrealismo e onde está patente uma exposição permanente com as obras
do autor. https://expresso.pt/cultura/2020-11-09-Faleceu-Artur-do-Cruzeiro-Seixas
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