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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Mário Soares – Morreu há dois anos – "Sei o que é estar preso" - Recordamos o Natal em que visitou os presos numa cadeia: NESSE DIA O REPÓRTER TAMBÉM ESTAVA LÁ " Eu venho aqui, justamente nesta quadra de Natal, em que, todas as pessoas, sentem um pouco mais a fraternidade que é devida a todos os homens, dizer que eles são pessoas humanas, e falar com eles para sentirem que são estimados e que são portugueses, como os outros

Deportação para São Tomé   - Preso 12 vezes, cumprindo um total de cerca de três anos de cadeia, Mário Soares foi deportado sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, após divulgar a um jornalista do Sunday Telegraph um caso de prostituição que envolvia membros do Governo e homens de negócios próximos do regime de Salazar, conhecido como Ballet Rose. Esta deportação desperta a atenção da comunicação social internacional Mário Soares – Wikipédia

No vale do Coa - batendo-se pela defesa do seu património arqueológico - Estivemos lá nesse dia 

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Passam hoje dois anos sobre a morte do antigo Presente da República, Dr. Mário Soares: a sua memória foi hoje recordada por Marcelo Revelo de Sousa e Ferro Rodrigues, que destacaram o cidadão empenhado na causa da liberdade e da democracia, https://observador.pt/2019/01/07/marcelo-lembra-soares-e-diz-que-os-seus-valores-sao-mais-importantes-do-que-nunca/

 Nós  vamos também prestar-lhe o nosso  tributo e de forma muito singular: fomos ao nosso vasto arquivo de repórter da Rádio Comercia, e, dentro os muitos registos, sonoros que guardamos,  em cassetes, decidimos recuperar   as suas palavras no dia em que visitou uma cadeia para lhe mostrar aos presos, que,  não obstante estarem a cumprir pena e terem cometido atos que são criticáveis e alguns e alguns deles atos criminosos, são pessoas humanas, e, como tal, devem ser tratados como pessoas humanas.


E eu venho aqui, justamente nesta quadra de Natal, em que, todas as pessoas, sentem um pouco mais a fraternidade que é devida a todos os homens, dizer que eles são pessoas humanas, afirmarmos isso e  falar com eles  para sentirem que são estimados e que são portugueses, como os outros

Dirigindo-se ao guardas prisionais e a todos os funcionários, disse-lhe que é muito agradável estar aqui convosco mas eu não vim aqui para estar convosco: não quero que me levem a mal isso mas eu vim para estar com os presos hoje porque me pareceu, que, nesta fase especial, que é a fase do Natal, em que os valores da família e da pessoa humana, são particularmente celebrados, eu queria fazer sentir aos presos comuns que estão em cumprimento de pena, que o Presidente da República também tem a ver com eles; que são pessoas humanas, dignas do nosso respeito e do nosso carinho, eu queria trazer-lhe uma palavra de simpatia e de esperança para o futuro deles, sobretudo Mas estão a aqui relativamente poucos, estão só alguns , eles vão participar convosco, e se estivessem de acordo depois desta saudação que estou a fazer, eu, com o Sr. Ministro iríamos assistir ali à refeição  dos que lá estão encerrados .

Dirigindo-se, depois ao refeitório dos presos, disse-lhe, de entre outras palavras, com que já havia justificado a sua visita, disse-lhes:

Estão no cumprimento de pena mas não obstante  terem cometido atos que a sociedade julgou não lícitos não quer dizer que não tenham direito, como todos os outros cidadãos portugueses, a serem bem tratados, a serem acarinhados e a serem como rendidos  Eu tenho muito gosto em vos dizer isso, porque tenho, como talvez alguns de vocês saibam, uma experiência que é, embora por razões  diferentes da vossa, semelhante à vossa: porque também sei o que é estar  preso, sei o que é estar fora da família    e sei o que é passar o natal numa prisão e o ano novo. Por isso mesmo é que eu quis vir aqui para vos dizer que tenho por vocês estima, consideração e respeito e que espero, que, depois, com bom comportamento na cadeia, possam ser abreviadas as vossas penas para voltarem de nove para a liberdade e para serem cidadãos uteis e  respeitados  por todos 

Mário Soares, faleceu às 15:28,  de um sábado  dia 7 de Janeiro de 2017 no Hospital da Cruz Vermelha, um mês depois de ter completado 92 anos, onde estava internado desde o dia 13 de Dezembro, "na presença constante dos filhos. Foram declarados 3 dias de luto nacional. O Governo decretou três dias de luto nacional, o funeral realiza-se na terça-feira

CONHECI MÁRIO SOARES EM S. TOMÉ  - Em Portugal, tive o prazer de lhe fazer algumas breves entrevistas, como repórter da RDP-Rádio Comercial. que guardo, assim como à sua esposa. - Conheci-o pela primeira vez em S. Tomé - Mas não se pense que ele teve ali a vida facilitada: quem lhe valeu foi o seu amigo Sr. Aprígio Malveiro, que era secretário da CM e que lhe deu alojamento nos primeiros tempos e o protegeu da vigilância dos PIDEs, que andavam quase sempre como cachorros atrás dele, a seguir-lhe os passos.. E também a amizade que tinha com o administrador da Roça Água Izé, da CUF. 

Em S. Tomé, vi-o várias vezes a passear sozinho -a caminho do Tribunal. quando me ia sentar na esplanada do Café Baía - na foz do Água Grande - Um PIDE (da policia politica colonial) que estava ali numa mesa ao meu lado: comentou: lá vai aquele sacana! que há-de ser Presidente quando as galinhas tiverem dentes. Enganou-se: o PIDE deixou de ser PIDE e ele foi Presidente. E também o vi várias vezes nas sessões de cinema das quintas-feiras no cinema Império - Troquei com ele umas breves palavras na Roça do Sr. Eng. Salustino Graça, na Trindade. - 

Era furriel Miliciano e tinha ido comprar ananases para a cantina do quartel. Estava ele com o filho João e o Sr. Eng - Às tantas, na altura em que estava a pesar os ananases, vira-se ele para mim: então Sr. ;Militar: gosta de S. Tomé? Mas antes que eu respondesse, apressa-se o João com esta pergunta: pai: sabes que diferença há entre um ananás e um Abacaxis: quem responde é então o Sr. Engº., que era realmente uma sumidade na cultura do ananás tendo ali uma das mais belas plantações da ilha- Foi ele, que, ali, noutra das minhas deslocações me vendeu vários pés desta planta para cultivar na agro-pecuária do quartel, que estava a meu cargo, onde também, fiz algumas plantações de bananeiras


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