Deportação para São Tomé - Preso 12 vezes,
cumprindo um total de cerca de três anos de cadeia, Mário Soares foi deportado
sem julgamento para a ilha de São Tomé, em 1968, após divulgar a um jornalista
do Sunday Telegraph um caso de prostituição que envolvia membros do Governo e
homens de negócios próximos do regime de Salazar, conhecido como Ballet Rose.
Esta deportação desperta a atenção da comunicação social internacional Mário
Soares – Wikipédia
No vale do Coa - batendo-se pela defesa do seu património arqueológico - Estivemos lá nesse dia
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Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Passam hoje dois anos sobre a morte do
antigo Presente da República, Dr. Mário Soares: a sua memória foi hoje
recordada por Marcelo Revelo de Sousa e Ferro Rodrigues, que destacaram o cidadão empenhado na causa da liberdade e da democracia, https://observador.pt/2019/01/07/marcelo-lembra-soares-e-diz-que-os-seus-valores-sao-mais-importantes-do-que-nunca/
Nós vamos também prestar-lhe o nosso tributo e de forma muito singular: fomos ao
nosso vasto arquivo de repórter da Rádio Comercia, e, dentro os muitos
registos, sonoros que guardamos, em
cassetes, decidimos recuperar as suas palavras no dia em que visitou uma
cadeia para lhe mostrar aos presos, que, não obstante estarem a cumprir pena e
terem cometido atos que são criticáveis e alguns e alguns deles atos
criminosos, são pessoas humanas, e, como tal, devem ser tratados como pessoas
humanas.
E eu venho aqui, justamente nesta quadra
de Natal, em que, todas as pessoas, sentem um pouco mais a fraternidade que é
devida a todos os homens, dizer que eles são pessoas humanas, afirmarmos isso
e falar com eles para sentirem que são estimados e que são
portugueses, como os outros
Dirigindo-se ao guardas prisionais e a
todos os funcionários, disse-lhe que é muito agradável estar aqui convosco
mas eu não vim aqui para estar convosco: não quero que me levem a mal isso mas
eu vim para estar com os presos hoje porque me pareceu, que, nesta fase
especial, que é a fase do Natal, em que os valores da família e da pessoa
humana, são particularmente celebrados, eu queria fazer sentir aos presos
comuns que estão em cumprimento de pena, que o Presidente da República também
tem a ver com eles; que são pessoas humanas, dignas do nosso respeito e do
nosso carinho, eu queria trazer-lhe uma palavra de simpatia e de esperança para
o futuro deles, sobretudo Mas estão a aqui relativamente poucos, estão só
alguns , eles vão participar convosco, e se estivessem de acordo depois desta saudação
que estou a fazer, eu, com o Sr. Ministro iríamos assistir ali à refeição dos que lá estão encerrados .
Dirigindo-se, depois ao refeitório dos
presos, disse-lhe, de entre outras palavras, com que já havia justificado a sua
visita, disse-lhes:
Estão no cumprimento de pena mas não
obstante terem cometido atos que a sociedade
julgou não lícitos não quer dizer que não tenham direito, como todos os outros
cidadãos portugueses, a serem bem tratados, a serem acarinhados e a serem como
rendidos Eu tenho muito gosto em vos
dizer isso, porque tenho, como talvez alguns de vocês saibam, uma experiência
que é, embora por razões diferentes da
vossa, semelhante à vossa: porque também sei o que é estar preso, sei o que é estar fora da família e sei o que é passar o natal numa prisão e o
ano novo. Por isso mesmo é que eu quis vir aqui para vos dizer que tenho por
vocês estima, consideração e respeito e que espero, que, depois, com bom
comportamento na cadeia, possam ser abreviadas as vossas penas para voltarem de
nove para a liberdade e para serem cidadãos uteis e respeitados por todos
Mário
Soares, faleceu às 15:28, de um sábado dia 7 de Janeiro de 2017 no
Hospital da Cruz Vermelha, um mês depois de ter completado 92 anos, onde
estava internado desde o dia 13 de Dezembro, "na presença constante dos
filhos. Foram declarados 3 dias de luto nacional. O Governo decretou três dias de luto nacional, o funeral realiza-se na terça-feira
CONHECI MÁRIO SOARES EM S. TOMÉ
- Em Portugal, tive o prazer de lhe fazer algumas breves entrevistas,
como repórter da RDP-Rádio Comercial. que guardo, assim como à sua
esposa. - Conheci-o pela primeira vez em S. Tomé - Mas não se pense que
ele teve ali a vida facilitada: quem lhe valeu foi o seu amigo
Sr. Aprígio Malveiro, que era secretário da CM e que lhe deu alojamento
nos primeiros tempos e o protegeu da vigilância dos PIDEs, que andavam
quase sempre como cachorros atrás dele, a seguir-lhe os passos.. E
também a amizade que tinha com o administrador da Roça Água Izé, da
CUF.
Em
S. Tomé, vi-o várias vezes a passear sozinho -a caminho do Tribunal.
quando me ia sentar na esplanada do Café Baía - na foz do Água Grande -
Um PIDE (da policia politica colonial) que estava ali numa mesa ao meu
lado: comentou: lá vai aquele sacana! que há-de ser Presidente quando as
galinhas tiverem dentes. Enganou-se: o PIDE deixou de ser PIDE e ele
foi Presidente. E também o vi várias vezes nas sessões de cinema das
quintas-feiras no cinema Império - Troquei com ele umas breves palavras
na Roça do Sr. Eng. Salustino Graça, na Trindade. -
Era
furriel Miliciano e tinha ido comprar ananases para a cantina do
quartel. Estava ele com o filho João e o Sr. Eng - Às tantas, na altura
em que estava a pesar os ananases, vira-se ele para mim: então Sr.
;Militar: gosta de S. Tomé? Mas antes que eu respondesse, apressa-se o
João com esta pergunta: pai: sabes que diferença há entre um ananás e um
Abacaxis: quem responde é então o Sr. Engº., que era realmente uma
sumidade na cultura do ananás tendo ali uma das mais belas plantações da
ilha- Foi ele, que, ali, noutra das minhas deslocações me vendeu vários
pés desta planta para cultivar na agro-pecuária do quartel, que estava a
meu cargo, onde também, fiz algumas plantações de bananeiras
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