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sábado, 12 de janeiro de 2019

Calcorreando solitário por ermos e penhascos - Recordando aquelas noites, tendo o luar como farol e guia e por companhia os fantasmas que emergiam do reino das névoas e das misteriosas e turvas sombras


Luís de Raziel





Caminhando trepando  ao alto e por caminhos que conheço desse menino,
Desconhecendo, todavia, o rumo ou o destino por onde passo e caminho.
- Sim, há que seguir: não a sombra mas a estrada que brilha e ilumina,
Abandonando o mundo obscuro para sublimar o grande milagre da vida






Não, não sabia onde ia e onde me levava o meu caminho
Mas um raio de luz apontava-me o esplendor da túnica azul
Agora, aqui estou de olhar imerso na espetral densidade da luz
De órbitas imersas numa claridade que desfaz e dilui toda a negrura,,,




IRMÃS E SEU IRMÃO - UNIDOS NO MESMO CONVÍVIO DO CULTO DO BRILHO DA VÉNUS QUE DESPONTA NO ALVOR DE CADA MADRUGADA, ENLAÇADOS POR UM SENTIMENTO COMUM - O DE UMA FRATERNA E PACIFICA ESPIRITUALIDADE CAPAZ DE DESAFIAR A INTEMPORAL IDADE E AS MAIS AMPLAS E LONGÍNQUAS DISTÂNCIAS HUMANAS E ESTELARES -

No abraço fraterno deste amoroso e íntimo gesto
Nenhum poema ou matriz do mais inspirado verso
Poderá anular a fraternidade que cresce e cintila
do júbilo que resplandece deste espiritual amplexo



Dualidade mística: umas vezes nas vestes de Cristo, outras...

O Dr. Jorge Castro Lopes é um bom amigo de longa data - É nativo Peixes - e, como genuíno filho de Neptuno, o Deus da inspiração e da sensibilidade, também ele sente um
a inata curiosidade para a chamada fenomenologia do ocultismo e do paranormal - Ele trabalha e reside próximo da cidade do Por-to, mas vai regularmente à sua terra - uma pequena cidade da província. Eu vivo em Lisboa, e também, sempre que posso me desloco à minha aldeia - Por isso, e como já lhe falei das minhas peregrinações noturnas pelos mon-tes, quis saber algo mais sobre o assunto. Numa ocasião, apostei com ele de que era capaz de fazer um determinado percurso mais rápido de que ele no seu jipe - Já passava da meia-noite e não havia luar.


Pedi-lhe que me desse apenas um avanço de 5 minutos, garantindo-lhe que era capaz de (por caminhos e atalhos) chegar mais depressa ao Vale dos Areais, junto ao cruzamento da EN. 102 - É que, do planalto, até lá lá ao fundo, com as curvas e as contracurvas da estrada alcatroada, ainda são 4 Km - Enquanto, se se for pelos atalhos e alguns troços do milenar caminho romano, a distância é bastante mais encurtada - Só que, como, raramente, alguém ali passa e, parte deles, já estão quase intransitáveis, não faltam sil-vas, ervas e giestas a dificultar a passagem. Mesmo assim logrei chegar primeiro de que ele.






Fernando Pessoa - diz-se - teria levado uma galinha pela trela ao Rossio - A ser verdade, certamente para proporcionar alguns momentos de poesia visual a quem não achasse graça ao seu desengonçado andar, Por mim, resolveria o problema de outra maneira: pegava-lhe nas pernas, levantava-a com a crista meia curvada e hipnotizava-a imediatamente com os meus olhos a bailar - Exercício que aprendi com as bruxas, lá da aldeia, que ainda hoje estou apto a fazer -

Este o cenário onde decorria o noturno ritual e se matava o galo para se lhe beber o sangue: eu incumbia-me de o pôr a dormir antes de a irmã mais velha o decepar para lhe verter a sangria prá malga, que depois passava de boca em boca para o juramento secreto da fidelidade - Foi por isso que me expulsaram do seminário, quando fiz estas confidências no confesso da igreja - Mas hoje o meu paganismo é diferente - Salvo uma ou outra esporádica tontaria de irresistível apelo à idade da inocência, tomo a figura de Cristo, como guia e exemplo


Sim, hipnotizar galinhas ou galos, era este o meu passatempo preferido, em garoto, quando a minha mãe me mandava ao poleiro para ver se havia alguma poedeira ou algum ovo no ninho - Ao agachar-me para a entrar, a primeira coisa que fazia era fitar-lhe os olhos no centro do bico: podia depois levantar-lhe as penas do rabo à vontade que não havia mais chinfrindeira alguma de cócórócós para pôr o resto da família galinácia em alvoroço, que se passeavam na rua a debicar






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