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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Escritor Vergílio Ferreira - Nasceu há 103 anos - Em 28-01-1916 Mas o autor da "Manhã Submersa", "Em Nome da Terra", do “O Impossível Repouso" , chamado talvez pelos seus romances do "Apelo da Noite" e "Cântico Final", guiado certamente pela sua "Estrela Polar" partiu para "O Espaço Invisível " e "Para Sempre", há 23 anos

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador  - 

VERGÍLIO FERREIRA – "O QUE ESTÁ MAIS PERTO DOS OLHOS É O QUE MENOS SE VÊ " - MEIA HORA COM UM DOS MAIS NOTÁVEIS ESCRITORES PORTUGUESES, EM SUA CASA E NO DIA EM QUE COMPLETAVA 73 ANO E AINDA  OUTRA QUANDO NOS FALOU DE QUE "depois da morte não há nada"

"Este homem reuniu em si diversas facetas, a de filósofo e a de escritor, a de ensaísta, a de romancista e a de professor. Contudo, foi na escrita que mais se destacou, sendo dos intelectuais contemporâneos mais representativos. Toda a sua obra está impregnada de uma profunda preocupação ensaística!".





Tive o grato prazer de  me receber várias vezes em sua casa, de ser seu amigo  e de o entrevistar. Se fosse vivo, completaria hoje 103 anos. Mas deixou-nos aos 80. A sua estrelinha chamou-o mais cedo. A mesma que o guiou, o inspirou e tornou num dos autores portugueses mais singulares do existencialismo, o homem que através da interrogação do seu próprio eu, questiona o mundo que o cerca, o sentido da vida e da condição humana.



"O que está perto dos olhos é o que menos se vê 

"O que mais me recordo da minha infância, não tem a ver com factos mas com atmosferas! – Começou por nos revelar na interessantíssima entrevista, de mais de meia hora, que nos concedeu – Durante a qual nos falou da sua obra, tendo-nos dito que, os contos é onde menos se pode repetir, considerando, porém, que é  o romance que mais o fascina, que é de uma magnitude incomparável!


Questionado se a literatura portuguesa merecia um Prémio Nobel, que, naquela altura, ainda não tinha sido atribuído a José Saramago, respondeu-nos:

Sem dúvida!...E digo mais: um prémio que fosse dado agora! Quer dizer, nos anos mais próximos a Portugal, era absolutamente justo!!... Até pelo seguinte: É que esse prémio não consagraria apenas o autor que fosse consagrado com esse prémio mas  consagraria oito séculos de literatura portuguesa! Que é uma das melhores literaturas  europeias.
Nós estivemos na vanguarda cultura europeia – Nós não somos um pais de segunda, nós temos 8 séculos de vida e de cultura; se o Prémio Nobel for dado a Portugal, de modo algum deve constituir um facto extraordinário.
Se os académicos de Estocolmo reparem em nos é perfeitamente possível.





Nasceu em Melo, no dia 28 de Janeiro, tendo como fundo a Serra da Estrela, ambiente e paisagem que iria moldar a sua personalidade e influenciar a sua vasta obra 

Faleceu na sua casa de campo, em Fontanelas, no dia  1 de Março de 1966, pouco depois da hora do lanche. Quando a sua esposa (Regina Kasprzykowski) entrou na sala para ir buscar a chávena e bule, encontrou-o estendido de costas sobre o tapete no chão e com rosto voltado para a janela. Ele, que tanto interrogara a morte, pelos vistos, respondeu ao seu apelo da forma mais pacífica e tranquila


«Vergílio ferreira, autor de cerca de  meia centena livros (romance, contos, ensaio e diários) Nasceu em Melo, no concelho de Gouveia, em Janeiro de 1916, filho de António Augusto Ferreira e de Josefa Ferreira. A ausência dos pais, emigrados nos Estados Unidos, marcou toda a sua infância e juventude. Após uma peregrinação a Lourdes, e por sugestão dos familiares, frequenta o Seminário do Fundão durante seis anos. Daí sai para completar o Curso Liceal na cidade da Guarda. Ingressa em 1935 na Faculdade de Letras a Universidade de Coimbra, onde concluirá o Curso de Filologia Clássica em 1940. Dois anos depois, terminado o estágio no liceu D. João III, nesta mesma cidade, parte para Faro onde iniciará uma prolongada carreira como docente, que o levará a pontos tão distantes como Bragança, Évora ou Lisboa.

Foi dos autores  portugueses  - através da leitura do livro Manhã Submersa - que mais cedo despertou a minha curiosidade e com o qual viria a manter um relacionamento amistoso, desde o principio da década de 80, até a escassos dias antes da sua morte - Já que, nessa mesma semana, lhe havia telefonado para o ir visitar a Fontanelas, onde acabaria por falecer.

O MAR É UM TEMA FREQUENTE NOS SEUS DIÁRIOS  - EM "CONTA CORRENTE"  E "EM PENSAR"

Vergílio Ferreira, nasceu  no interior da Beira Alta, bem longe do litoral. Talvez  talvez por esse facto é  que o mar se lhe revelava como o grande mistério a contemplar -  Razão pela qual não terá sido por obra do acaso que escolheu, como seu retiro predileto,  uma casa de campo em Fontanelas,  para os lados da Praia das Maças, quando  passou a lecionar em Lisboa, 

E terá sido, justamente, essa sua paixão pelo mar que fez com que, entre o escritor e o jornalista - nascido até ainda mais afastado  -  e  do qual lhe ouvira  também falar das suas aventuras marítimas, nos mares do Golfo da Guiné, que, entre ambos,  viria a estabelecer-se  o elo de um amistoso  e respeitável relacionamento, desde meados dos anos 80 até escassos dias da sua morte - 

Do seu livro – PENSAR


“Hoje fui ver o mar. Na realidade não ia vê-lo mas aproveitei. E à primeira impressão eu via-o mas não o via, porque via dele apenas a realidade imediata em ondas e espuma. Foi preciso que depois deixasse vir ao de cima o que oculto se me queria revelar. Abandonei-me a ele e deixei. 

Mas o que então se me revelou foi uma nebulosa confusa de emoções, memórias, associações indistintas, qualquer coisa que se anuncia como numa casa desabitada. O indizível. O flagrantemente presente e que se não acaba de esclarecer. O estranho que nos perturba e não sabemos donde vem.

A praia estava deserta e o mar convulsionava-se num mundo ainda por nascer. Mas havia sol e a alegria dele era gratuita, sem finalidade nenhuma, e isso agravava-lhe o absurdo de ser. As águas brilhavam até ao indeciso do seu limite. Um homem ocasional, eu, olhava o seu mistério inquietante, tentava entender a estranheza de tudo isso. Sentia a presença de uma realidade inexistente, porque ela não existia senão no que estava vendo e, no entanto, eu sabia, na minha inquietação, que estava lá. Eu podia enumerar todos os elementos do que presenciava, mas havia outra realidade que ficava intacta à minha enumeração. Essa, essa - dizê-la. Não é aí precisamente que começa o «escrever bem»? Por isso a escrita não tem que ver com o real mas com o outro real dele. Assim ela constrói outro mundo que aponta apenas para o primeiro mas se não parece nada com ele, mesmo quando se parece e todos os elementos se lhe ajustam. Porque aquilo com que se parece é o invisível dele, a outra coisa das coisas, o mistério que lá mora e se reconhece, depois, que lá mora e o reconstrói na sua invisibilidade para ser enfim o real como tal reconhecido. Há no homem o insondável da sua interrogação. Mas só o artista a conhece e a pode revelar aos outros para ela ser desses outros e a verdade do ser se lhes iluminar. Escrever bem. Ser sensível ao que se quer revelar e ser só a sua revelação. E o mundo existir, porque ele o revelou. E é tudo. 

"Conta-Corrente - 1982 - 26 - Março (sexta). E aqui estamos em Fontanelas. A Primavera já cá estava instalada em flores domésticas e bravias. Os caminhos bordam-se de florinhas brancas e amarelas, o portão do quintal tem uma coroa de glicínias. Queria colaborar com a festa, ir pelos campos, olhar a Natureza, ir talvez até à praia olhar o mar que já deve estar a acomodar-se para a época estival. Mas encafuei-me logo no escritório porque tenho o Beldemónio a esgalhar para uma palestra. Não conhecem Beldemónio? Não conhecem. Conheço eu, porque é da minha terra. Ou melhor: ele é de Gouveia, que é a cabeça do meu concelho, e eu sou de Melo, que fica a uns sete quilómetros. Terra produtiva em letras o meu concelho, como vêem. Ora corno há festa do concelho lá para Maio e me pediram oratória, lembrei-me de restaurar a glória deste esquecido. Viveu nos fins do século XIX, durou trinta e seis anos, e foi desgraçado. Com o talento que lhe coube, escreveu coisas. Mas como tenho de contar como isso foi, não me vou antecipar. Vou é acender o fogão da sala, porque ainda está frio. Fui buscar lenha, armei os paus por cima das pinhas e jornais, agora é só chegar um fósforo. Estou cansado, é bom repousar e olhar o lume. Talvez que olhando as chamas eu tenha boas ideias sobre o Beldernónio que é um nome infernal. Portanto, a condizer.




"Das janelas abertas, a aragem passa leve pela casa toda, traz ainda dos recantos o odor das eras mortas. O silêncio pesa sobre a terra como um augúrio, a luz é intensa como uma treva. Olho-a deslumbrado até à cegueira, quase esquecido de  mim. A morte alastra à minha volta no silêncio, sob pelo meu corpo até aos meus olhos parados. Que é que quer dizer a vida e a vertigem do seu milagre? Onde se gera o espanto e o arrepio do seu alarme? Estou só, esvaziado de tudo. Ideias, projectos, e as súbitas revelações, e o mundo, e a visão original das coisas, a recuperação do ser de início mesmo depois de já sabidas, e o encantamento da beleza primordial onde estão? Só, na nulidade de mim, na frieza linear e vegetativa. E todavia , por vezes: que é que vai morrer de mim depois da morte?" -In "Para Sempre"



NÃO É PRECISO QUE OS OUTROS NOS DÊEM O AVISO PARA FAZERMOS O OBSÉQUIO DE NOS CHEGARMOS PARA LÁ. A GENTE SABE…





Depois da morte não há nada.  Eu já pensei que a morte era uma a passagem para o além, para uma vida que se seguiria a esta…Aliás, quando pensei, tinha toda a aparelhagem para isso, nesse mesmo além… Haveria um céu, haveria um inferno, haveria um purgatório, etc  - Recordando um dos maiores vultos da literatura portuguesa, que me deu a honra e o prazer de me receber, várias vezes em sua casa e de me conceder várias entrevistas -  A que aqui, hoje recordo, teve como tema principal a questão da morte – Há vida para além da morte? – Entre outras perguntas  


 “Morte, podes vir. Está a porta aberta, podes. Deixa-me só arrumar uns problemas ainda em aberto mas em que não está o de existir. Realizado o possível do que, em retórica se chama o “sonho”, o impossível dele, que também lá está, valerá a pena que seja o de um paralítico? De um taralhoco? Morte, não faças cerimónia. Esgotei tudo, pode avançar. A energia de ser vivente, as relações viáveis com os outros, as ideias aproveitáveis que me bateram no sítio de serem e ficaram , e o mais, e o mais – tudo se cumpriu. Há um momento em que o invisível e o repentino nos toca ao de leve no ombro. É quando entre nós e a vida se impõe  o inesperado da estranheza, de um falar de línguas diferentes, um ver-se que a senha  de passe de nós para a nossa circunstância não nos dá um trânsito fácil  e normal. Cada idade traz consigo um todo em que se integra  e com ele avança pela vida. A nossa procura e o estar bem  com os da nossa idade é a procura de uma pátria comum com um sistema integrado de relações. Não é preciso que os outros nos dêem o aviso para fazermos o obséquio de nos chegarmos para lá. A gente sabe. Mesmo no olhar de distanciação que há no olhar respeitoso. É já o respeito que se tem pelo morto, para afastar o mau agoiro. 

Que distância enorme. Nos interesses imediatos, livros, formas de arte, ideias políticas, o modo de se ser em banalidade quotidiana. Nem já ninguém nos dá luta, dá-nos quanto muito o ridículo, quando não sabemos ocupar o nosso lugar. Ou quando sabemos e se é compreensivo, dão-nos apenas a boa educação. O ar que se respira, a ocupação do nosso espaço para o nosso trânsito intervalar ao  dos outros, o nosso hábito maníaco de existirmos, é  um benefício a que já não temos direito nenhum. O ser que somos e o que nele acumulámos são as nossas reservas  para irmos gastando. Mas a estranheza com que nos olham  reflui-nos a nós, à nossa solidão, ao impraticável de nós. Que se imagine um medievo reposto a viver. Mas o velho é isso em ameaça ou começo. A morte não é assim um flagelo, mas a retificação do que já foi decidido. A morte apenas subscreve o que já somos como excedentários. E há só que deixá-la rubricar à pressa o nosso destino, que tem mais que fazer. Morte, podes vir. Não faças cerimónia. Mas sê educada e não me maces muito.” – In Vergílio Ferreira – Pensar

“Morre em confiança, escriba meu irmão. Se triunfaste e te exaltaram, não há razão para pensares que o não serás pelos séculos. Se te diminuíram e foste incompreendido, não há razão  para o seres amanhã”



158 A enorme desproporção entre aquilo que fazemos e o que escolhemos ou alguém em nós escolheu ter sido. O destino da vida é o esquecimento. Mas nós lutamos desesperadamente por ser o lembrar. O sol atravessa a janela da sala, ilumina os cortinados suspensos. É um instante fugidio que em breve desaparecerá. Vivo-o ainda, agora que contemplo a janela iluminada, mas em breve virá a noite e tudo findará. Lembrá-lo-ei amanhã? Não o lembrarei dentro em breve, o seu milagre será inútil. Tento, todavia, segurá-lo, fazê-lo perdurar contra a morte que é sua. Mas quantos estratagemas de que nos servimos para ter razão contra a morte. (…) – In Pensar







307 «Espírito da Terra» - que é que isto quer dizer? Porque não quer dizer nada. E todavia quer. Há o absurdo de se querer saber o que quer dizer, e o de dizer-se que quer. Que é que quer dizer uma pedra? Não falemos já de um animal, de um cão com o seu olhar terrível, sobretudo de uma pessoa, ou mesmo de uma flor. Uma pedra. Nós partimo-la para construir um muro, calcetar uma rua. Mas que tu a interrogues a sós, e um certo excesso dela vem ao de cima, estremece no seu volume, vibra no seu indizível. Está ali, obtusa, condensada em si, casmurra na sua obstinação. Mas olha-a intensamente e deixa-a manifestar-se. E qualquer coisa estranha começa a vibrar na sua obtusidade. Porque está aí. Que é que quer dizer o estares? Que é que passou por ti e te fez existir e te deixou com a sua maia ao passar? Donde vens? Que trazes para me dizer? Que há em ti a mais do que és? Há um diálogo obscuro entre mim e ti, que é que de ti responde ao que vai de mim para ti? 






O «espírito da Terra»  é todavia mais vasto e envolve tudo quanto nela existe e fala muito mais baixo no espaço de um céu noctumo, na inquietação de um mar, numa qualquer  coisa bela sem finalidade nenhuma, no olhar angustiado de um cão, no maravilhamento de uma criança a querer saber, na vertigem de um homem até à loucura. Mas tudo isto transmite à Terra o que nisso vibra e estremece e se agita. E as próprias pedras vivem essa agitação. Fita bem o que te rodeia e atende. Cala em ti todas as vozes estranhas e escuta. O espírito da Terra é o que então vibra ao teu escutar. Não é nada, porque és tu apenas. Mas é tudo, porque o ouves e está lá. O espírito da Terra é a tua interrogação. Mas a tua interrogação não existiria se não houvesse o que interrogar. O espírito da Terra é o silêncio futuro de um astro morto. Mas é o que ouves, porque atendes e escutas. O espírito da Terra não se entende, porque existe apenas no nada que é seu. Mas o nada existe, porque o pensas e te fala nesse pensar. Mas que é que existiria de tudo o que existe, se tu não existisses para isso existir' O espírito da Terra é o mistério de todo o existente e que não existe como o do escuro de um quarto que se iluminou. Mas que volta necessariamente, se de novo apagares a luz. Não é uma ilusão, porque existe. Que é que fica à tua espera quando deixa de existir? Mas é alguma coisa para existir de novo. O mistério é o intervalo vertiginoso entre nós e o que existe e que um deus não pode preencher ...





315 Nenhuma geração sobra, se não houver quem a faça sobrar. A História demarca o tempo, porque só há tempo com a História. Por isso J10S parecem mais distantes os factos que ~.0- regista, do que os dos milénios que~~aram rasto. A contagem destes faz-se em números vazios e os da História com o preenchimento do homem. E se aos milénios vazios nós lhe sentimos a extensão, é porque transpomos para eles a duração dos nossos. Mas o tempo, que é do homem, se se conta pela duração, não é por ela que se conta mas pelo que a !_imita. Assim em tudo o que se conta, o referencial e o seu fim, ou seja a morte. Assim não há História sem ela, porque é ela que a contabiliza.  - In Pensar





38 DIAS À DERIVA NUMA PIROGA NOS MARES DO GOLFO DA GUINÉ - AVENTURA QUE  IMPRESSIONARIA O AUTOR DE "A MANHÃ SUBMERSA"  E SERIA O PRINCIPIO DE  UM  AMISTOSO, RESPEITÁVEL  E DURADOURO  DIÁLOGO -


Diário de Bordo "Passei uma tarde calma. Agora a minha preocupação começa a estar precisamente no local  onde irei aportar...Não sei...Será um local habitado?!...Pode ser desabitado...Enfim, o que me interessa é que seja terra, fundamentalmente, é que seja terra! Local seguro..." 

 Ainda não fiz referência à noite passada: passei uma noite todo encharcado! Envolvido num plástico mas por fim até adormeci e sonhei..Sonhei e tive uns sonhos muito esquisitos, acordei a falar!...Supondo que tinha chegado realmente a terra. Tive assim  sonhos muito esquisitos."- Excertos do diário do 29º dia - Excerto do meu diário - 38 dias à deriva numa acanoa 29ª dia - são tomé - odisseias nos mares dos tornados 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Jogador do Benfica Miklós "Miki" Fehér - E a minha estranha premonição - Caiu no relvado, em Guimarães. há 15 anos para nunca mais se levantar

POSTAGEM EDITADA SOB O PSEUDÓNIMO DE LUÍS DE RAZIEL EM 12 DE NOVEMBRO DE 2008 http://www.vida-e-tempos.com/2008/11/como-antevi-morte-de-miklos-feher.html


Miklos Fehér, caiu no relvado para sempre no dia 25 de Janeiro de 2004 e com apenas 24 anos, jogou a sua última partida contra o Vitória de Guimarães -

Dias antes eu tive essa estranha visão. 
Já tenho tido outras visões mas era preferível que as não tivesse: se são boas, tudo bem; até fico contente. Contudo, quando são prenunciadoras de maus agoiros, fico triste no momento em que se confirmam. Em face disso, gostaria até que o meu cérebro me deixasse descansado e se alheasse de tais coisas – Sobretudo quando antevê acontecimentos trágicos – Mas tais percepções ultrapassam o meu querer e são inesperadas. Não se podem encomendar nem controlar. Algumas, inclusivamente, com visões que vão ocorrer a milhares de quilómetros de distância. Como foi, por exemplo, o caso do Tsunami:

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...
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(imagem da Net)







Excerto do poema (carta) que não chegou a ser enviado,
a Luís Filipe Vieira, pronunciando a trágica partida
do malogrado Micklos Fhér



Lisboa, 21 de Janeiro de 2004
Exmo.Senhor
Luís Filipe Viera
Presidente do Sport Lisboa e Benfica
Assunto: Reflexão


Eis que, a Oriente, irrompe a claridade.
Ressurge o rumor. O dia repete o seu giro
e a ditosa natureza parece querer de um longo torpor despertar.
Aparentemente volve a bonança e os ventos da tempestade se acalmam.
Falsa ilusão: pois ainda ouço no fundo do nebuloso vale
o dissonante troar do trovão – E, volvendo o olhar,
mais ao longe, ao largo, em direcção à erma montanha,
claramente descubro o abominável raio fulminando
os mais altos píncaros da inóspita extensão,
os turvos céus sacudindo,
ferindo de morte
o infecundo mundo...
Sim, ó desmedida ambição humana!
Tu que és tão frágil e temporal e que, ao baixares á tumba,
ao reino dos sepulcros,
se és só poeira e lama,
como poderás sonhar tão alto
através de tão descampado ermo?!..
- Sabendo que o tempo de vida,
aquele que os astros vos concedem e vos resta,
é tão fugaz como efémero!...



Tu, espírito imanente, simples mortal,
Incorporando o Espírito do Grande Mestre,
Príncipe da Gloriosa Luz que, em ridente alvorecer,
Em cada madrugada, se abre em esplendoroso sorriso ,
venho, pois, humildemente comunicar-vos,
para meu pesar, visão funesta,
quão fatal poderá ser para o Benfica,


Luís de Raziel. - A restante mensagem foi  remetida para arquivo, neste site, podendo ser visível, com a mesma data, quando eu assim o entender .Parte da qual  tem a ver com a interpretação da Maldição lançada pelo técnico Béla Guttmann, em 1962,






.A TRISTE CONFIRMAÇÃO
Parecia um filme que tinha à minha frente – realizado pela força do destino: - Estava em minha casa com a televisão ligada mas sem prestar grande atenção ao jogo. Porém, estranhamente, de um momento para o outro fiquei parado frente ao ecrã com os olhos fitos no desenrolar do desafio, com o pressentimento de que algo de funesto se iria passar nos instantes seguintes - De que as imagens que a seguir se iriam desenrolar já faziam parte de um estranho caleidoscópio que havia sido programado por uma qualquer mão invisível. Sim, lembrei-me imediatamente do poema que escrevera uns dias antes e comecei logo a pressentir o que de funesto ia acontecer... Nesse momento segui atentamente o movimento da bola e vi então, a câmara apontada ao árbitro, no primeiro plano, um jogador do Benfica que se curva e, nos instantes seguintes a cair desamparado costas sobre o relvado, que já não se levantou!... Mas não o reconheci - Quem se referiu ao seu nome foi o locutor. Pouco depois, vários jogadores deitavam as mãos à cabeça, como que tomando claramente de que a tragédia, lhes batera à porta, entrara em campo e era irreversível e choravam.

Porém, ao recordar-me daquele instante, em que o jogador cai como que desamparado e fulminado ao chão, oh, como tudo foi tão rápido e tão absurdo!... Não havia sinais de qualquer falta ou violência em campo... Era o seu coração que, não resistindo, o traíra!.... Revejo a imagem e os momentos que se seguiram como se fosse ainda hoje. Morreu duas horas depois após fracassadas todas as tentativas de reanimação.

Três dias antes, na Quarta-feira, a meio da tarde, e sem que encontrasse alguma explicação lógica, suspendi o texto que estava a escrever no computador e pus-me a fazer uns versos sobre o Benfica. Mas porquê?!.. .. Estranhei a tentação mas não desisti. Mostrei-os horas depois, em minha casa, ao estudante de arquitectura, João Mendinho, ao fim dessa mesma tarde, que me havia convidado para ir jantar com ele; porém, não querendo interromper a dita inspiração, e não podendo aceitar o seu convite, acabaria por ser eu a sugeri-lhe que viesse a minha casa jantar comigo..

Pintura do meu amigo Victor Mesquita, a M.Féher
 Pouco depois de se ter sentado no sofá (e num momento em que me preparava para os reler, já que o tema me havia absorvido bastante) mostrei-lhos! Ocultando-lhe porém o destinatário - pois não queria que nem ele nem alguém soubesse a quem se destinavam, uma vez que era minha intenção enviá-los sob pseudónimo, tal como havia feito com outro tipo de comunicação epistolar - . Segurei a página (a primeira) numa das mãos, enquanto com a outra tapava o cabeçalho do endereço – Êh! foste tu que os escreveste?!... Que versos tão trágicos!.. - Exclamou. Agradeci-lhe a opinião mas não lhe disse mais nada.

O certo, porém, é que, por culpa desse jantar, acabei por não ir aos Restauradores a metê-los no correio, como era meu desejo. Depois, Quinta e Sexta-feira, envolvi-me noutras ocupações e hesitei. Mas acho que fiz bem, não estou arrependido. Pois estou convencido que teria ficado ainda mais perturbado comigo próprio, quando vi o jogador a cair de costas sobre o relvado.


Miklos Fehér nasceu a 20 de Julho de 1979 e foi atacante da selecção nacional húngara. Começou por jogar num clube da sua cidade natal, o Gyõri ETO FC, tendo sido o Benfica o ponto alto da sua carreira. Era irmão da apresentadora e modelo Orsi Silva Fehér.

A carreira de Fehér começou no Győri ETO, tendo representado em Portugal o FC Porto, o Salgueiros e o Sporting Braga, antes de se mudar para o Benfica. Fez a sua estreia na seleção em Outubro de 1998 contra o Azerbaijão, tendo marcado sete golos em 25 partidas. Fehér faleceu durante uma partida em que o Benfica enfrentava o Vitória de Guimarães em Guimarães para o Campeonato Português, em 25 de Janeiro de 2004

Já tenho tido outras visões mas era preferível que as não tivesse: se são boas, tudo bem; até fico contente. Contudo, quando são prenunciadoras de maus agoiros, fico triste no momento em que se confirmam. Em face disso, gostaria até que o meu cérebro me deixasse descansado e se alheasse de tais coisas – Sobretudo quando antevê acontecimentos trágicos – Mas tais percepções ultrapassam o meu querer e são inesperadas. Não se podem encomendar nem controlar. Algumas, inclusivamente, com visões que vão ocorrer a milhares de quilómetros de distância. Como foi, por exemplo, o caso do Tsunami:

Dois dias antes dessa tragédia acontecer tive um sonho horrível e acordei em sobressalto. Tinha acabado de ver milhares de corpos a boiarem em praias tropicais e ao longo de uma imensa costa bordejada por coqueiros e vegetação luxuriante, empurrados por enormíssimas vagas!... Contei o pesadelo ao Sr. Viegas, dono do café onde costumava dirigir-me pela manhã - ali para os lados do Mercado de Arróios. Hoje é um restaurante indiano – Era meu hábito ter com ele alguns desabafos desse género - Eis as minhas primeiras palavras, depois de o ter cumprimentado: “Sr. Viegas vão morrer muitas pessoas numa praia! ” – “E onde é?!...” – pergunta-me ele com ar espantado – “Muito longe daqui, esteja tranquilo”. De tarde exprimi o mesmo desabafo ao António e ao Mário, no Laboratório Fotográfico, Fotozigno, onde costumo fazer os meus trabalhos de fotografia. A mesma pergunta e idêntica resposta. - 



Iniciei-me em criança num dos cultos nocturnos à Deusa Vénus - que era feito de noite, que me marcou para o resto da minha vida - E  que me terá ajudado bastante a enfrentar as maiores adversidades no alto mar -  http://www.odisseiasnosmares.com/2012/10/no-mar-nunca-se-podem-fazer-calculos.html

“Deus condenou o  Homem à sepultura  diária do sonos para lhe recordar  uma verdade salutar  e fundamental:  que não há diferença  substancial entre a vida e a morte”

“Os homens continuam vivos: foi esta a grande descoberta  dos homens primitivos . Os vivos estão mortos: é esta a  a moderna descoberta da filosofia existencial “



“Cristo foi condenado à morte logo que nasceu  (massacre de Belém), para simbolizar a  suprema e derradeira  finalidade da Sua Vinda: ser morto. Entre estas  duas condenações ( a de Herodes e de Caifás) toma significado e consistência  “a vida de Jesus”. 

Minhas queridas irmãs  das sabedorias ancestrais
Bom, mas o episódio que eu aqui desejo recordar é o que se relaciona com o dos tais versos premonitórios: - 

De facto, ao ser levado a escrevê-los, a visão que então claramente se me colocava na mente e nos meus olhos era uma espécie de funesta tempestade que me parecia iminente e prestes a desabar sobre a equipa do Benfica.... . Via-a como que ameaçada por um violento temporal!... Em que, um dos seus jogadores, ia ser fulminado por um relâmpago!!

E o mais curioso de tudo é que o desencadear desse cenário, com toda a sequência dramática, parecia-me simultaneamente decorrer em dois pontos muito diferentes e distanciados: sobre o estádio da luz e sobre o planalto, o vale e os montes da minha aldeia, para onde me desloco, regularmente, mas minhas habituais peregrinações espirituais

Vivo há muitos anos na capital mas nunca consegui imaginar tempestades mais medonhas do que aquelas que marcaram a minha infância e adolescência - E, no entanto, já enfrentei temporais, sozinho, bem violentos, em pleno alto mar!

Então, ao pôr-me a escrever, como que impelido por um acto instintivo e determinado, guiado por uma qualquer voz alheia a mim, - e, para contornar, de algum modo, a imagem da morte (que era realmente a que mais me assolava a imaginação) comecei por me servir de metáforas, que hiperbolizava, um pouco ao estilo dos poemas épicos. Dando assim escoamento a toda uma avalanche de pensamentos que me afloravam à mente, me perturbavam mas que ao mesmo tempo também me acalmavam, à medida que os ia escrevendo, como se estivesse predestinado a corporizar uma tal mensagem . E até a reflectir sobre o seu conteúdo – a morte. Porém, como esta (na minha perspectiva)não é o fim de tudo ( mas a passagem para outra via, para outra jornada) o que me perturbava e perturba, não era tanto a imagem da morte mas a efemeridade da vida – O tempo perdido que devíamos saber aproveitar e em que passamos distraídos.

Julgo que o essencial da minha mensagem poética está implícito nos meus primeiros versos ( nos que atrás transcrevi). Pois, nos versos imediatamente a seguir, passei a concentrar-me mais na figura do Presidente do Benfica  e  com a interpretação da Maldição lançada pelo técnico Béla Guttmann, em 1962


O treinador húngaro Béla Guttmann. com o qual  o Benfica conquistaria os dois títulos de campeão nacional em 1959/60 e 1960/61, e, pela primeira vez na sua História, duas Taças dos Campeões Europeus Que, pelos vistos, tanto deu ao Benfica de promissor, como de agouro - Mas também a ele - porque, depois dessas gloriosas conquistas, também ele nunca mais foi o mesmo... Emproado pela fama, exige mais dinheiro, o Benfica não podendo satisfazer as suas exigências, deixa inopinadamente o clube da luz, após o jogo com o Real Madrid, com a famosa maldição"Nos próximos 100 anos, o Benfica não voltará a ser campeão europeu". - La maldición de Bela Guttman- Mas, pelo que se depreende, também ele acabaria por ser contagiado e vitima da sua má língua...Nunca mais conheceu o sabor das mesmas vitórias.

Vejo futebol de vez em quando na televisão e aprecio um bom jogo - seja quais forem as equipas em confronto. 


Quando as nossas equipas - sejam elas quais forem, jogam com equipas estrangeiras, também fico muito feliz se saem vencedores. Por isso, não nutro qualquer tipo de ódio ou de ressentimento para com o Presidente deste grande Clube.

No entanto, a visão que me surgia, com estranha clareza aos meus olhos, que me causava viva emoção, não lhe era favorável nem a ele nem ao seu clube. Pois percepcionava-me de que ia acontecer algo de muito grave!…Mais próximo da morte de que de uma simples lesão. 

Daí o ter aludido nos meus versos à desmedida ambição humana e à sua fugaz efemeridade - Mas também já tenho enviado muitas mensagens sob pseudónimo a outras personalidade que muito admiro

Curiosamente, estive presente na noite da consagração da vitória de Luís Filipe Vieira. Fiz algumas fotografias - E aquela que mais gostei de registar e cuja imagem (no meu pensamento)ainda hoje revejo com a mesma nitidez de então é a de Fialho Gouveia. Ele estava muito feliz, muito feliz! - Ele era um fervoroso Benfiquista - .. E não tive dúvidas que, se os sócios do SLB votaram em LFV e o aplaudiram tão efusivamente é porque gostavam dele e acreditavam no seu projecto. Ele não é nenhum iluminado mas sabe persuadir: sabe usar a linguagem que os Benfiquistas gostam de ouvi

No antigo Estádio da Luz,  a pedido de um amigo - Mas já desliguei destes exorcismos dos maus olhados e enguiços

Conheci pessoalmente, Fernando Martins. Ele dirigia o Clube e a equipa com mãos de mestre! Como um autêntico construtor de campeões, um artesão imbuído de grande génio e imaginação. 

Era generoso, tinha boas relações com os treinadores, jogadores, membros da direcção e a massa associativa. E até conseguia sensibilizar os árbitros se fosse necessário - Ouvi-lhe de viva voz episódios do arco da velha!... - sobretudo de alguns jogos com equipas estrangeiras. Claro que isso é já passado - Fez parte do jogo

….Falei algumas vezes com ele. E, numa ocasião, até fui uma das poucas pessoas que estiveram presentes num almoço que ofereceu no Hotel Altis, a Otto Glória. Isto aconteceu, julgo que no ano da sua morte. Foi um convívio muito agradável. 

O conhecido técnico brasileiro, que já andava com problemas de saúde, perguntou-me se não estaria interessado em pegar no seu diário.. Com muita pena disse-lhe que não tinha tempo para assumir essa responsabilidade. A minha vida profissional ocupava-me imenso. Mas hoje sinto uma certeza tristeza - Compreendo que não fosse a pessoa mais indicada ( pois a minha relação com o futebol sempre foi meramente episódica e de um simples observador) mas, que eu saiba, ninguém pegou na ideia e perdeu-se a oportunidade de se poderem conhecer muitas páginas da história do futebol - contadas por um dos seus mais notáveis protagonistas - dos mais brilhantes treinadores do seu tempo. A menos que as suas memórias tenham sido publicadas e eu não o saiba. Pois a vidência nada tem a ver com adivinhação.

Não me considero nenhum adivinho. Nem faço disso vida. Mas reconheço que, em certos momentos inesperados, sou possuidor de algumas capacidades de vidência paranormais, que não costumam ser muito frequentes no comum das pessoas . De resto, na minha vida, conto com experiências de vida, muito arriscadas e marcantes, que, certamente, poucos se arriscariam a vivê-las. Creio que, em boa parte, talvez sejam fruto de alguns desses dramáticos momentos.

A propósito de tais percepções extra-sensoriais, poderia aqui citar vários casos que atestam as minhas capacidades – e até testemunhadas. Mas não tenho interesse. No entanto, não resisto aqui a recordar o que se passou no dia do funeral de minha mãe - estando eu a alguns milhares de milhas de distância ( na ilha de São Tomé)e sem que eu tivesse qualquer notícia sobre a sua morte.

Mas, nessa ocasião, o meu pressentimento foi um pouco diferente. Julgo que entrou mais no domínio da telepatia. Foi realmente estranhíssimo o que então se passou comigo. Prestava serviço militar naquela ilha - depois de ter frequentado o curso de sargentos milicianos e o curso dos comandos em Angola. Mas de referir que não viera para esta ilha em comissão militar: pois já me encontrava em São Tomé, por força de um estágio numa roça.

Foi num Domingo. E, como tinha estado de serviço de véspera, após almoço resolvi deitar-me e descansar um pouco Adormeci e uma hora e meia depois acordei a chorar. Pois vira o funeral de minha mãe a dirigir-se para o cemitério, com tal evidência, com tal pormenor, que era como se eu próprio estivesse incorporado no cortejo fúnebre atrás da urna. Via os olhos do meu pai e dos meus irmãos rasos de lágrimas. Ouvia-os todos a exprimir a sua inconformável dor De tal modo que eu próprio também chorava. Acordei a chorar. - Já um dia fiz este relato num jornal.



Residia, nessa altura, em casa de uma família portuguesa. Pois o filho, o Francisco, andava comigo na tropa: era furriel miliciano como eu. Compartilhávamos o mesmo quarto. - um bonito espaço, que se situava próximo do Mercado Municipal. Mas ele, na tarde desse domingo, estava fora de casa. Porém, ao regressar, vendo-me sentado sobre a cama e a chorar, perguntou-me: “O que é que tens, Jorge?!…” - Eu respondi-lhe: “a minha mãe morreu!…” E, mal pronunciei estas palavras, volto a cair em mim em lágrimas.... “Mas quem te disse?!…” - insiste ele. E eu digo-lhe: “Ninguém me disse nada!….. Mas eu sei que a minha mãe morreu porque eu vi o funeral dela!… Vi tudo como se estivesse acompanhá-la ao cemitério...” 


Ele mostra-se surpreendido com o que eu lhe acabo de revelar, pois já trazia consigo um telegrama onde me ia ser dada a notícia. No entanto, mesmo assim, ainda procurou contornar o seu conteúdo, tendo acrescentado, ao mesmo tempo que se aproximava de mim - já pronto para me dar um abraço e me confortar: “Olha, Jorge: de facto, a tua mãe está muito mal, está muito doente e eu até trago aqui um telegrama para te informar da gravidade da saúde dela!… Mas eu vi logo que eram apenas palavras amigas de conforto e retorqui: Obrigado, Francisco! Obrigado pelo teu cuidado mas esse telegrama só pode dizer que a minha morreu! - E era verdade. A minha mãe que fazia agora anos no dia de São Martinho, faleceu aos 50 anos, num Sábado e foi a enterrar, justamente naquele domingo, para mim tão triste - Mesmo antes de me ser dada a notícia.

Este foi o primeiro caso que me despertou para os fenómenos da mediunidade. A partir daí passei a prestar mais atenção aos chamados flagrantes de iluminação e tenho-me apercebido de outros episódios relevantes. Entre os quais a morte da Irmã Lúcia. Desde há muito que lhe queria manifestar a minha admiração pelo seu estoicismo e santidade – por razões que lhe descrevi E ,é claro, queria fazê-lo ainda enquanto fosse viva e antes da sua morte - E assim aconteceu: enviando-lhe uma singela carta, acompanhada de umas fotografias pessoais (sobre um naufrágio em que sobrevivi), sim, que lhe dirigi um mês antes de cair na enfermidade que a haveria de o conduzir à última morada. Guardo a cópia da missiva e o registo. Já publiquei ( um excerto) num jornal da imprensa regional mas hei-de também aqui fazê-lo.


.Dirigi mensagens a várias figuras públicas sobre as mesmas questões: a vidência – Houve muitas cartas que escrevi mas que depois não as chegava a mandar – Pois aquilo que, inicialmente queria que fosse dito em meia dúzia de linhas, acabava, geralmente, em longuíssimos textos, pelo que desistia de as enviar. Sou capaz de um dia vir a transcrever aqui algumas dessas cartas.

Mas, já agora que falei do Benfica, posso citar a carta que mandei a Vale e Azevedo, uns dias antes da disputa com Manuel Vilarinho, em que - para seu bem e do Benfica - o aconselhava a mudar de vida; a retomar a sua profissão de Advogado. Também guardo ainda comigo a carta e a expressiva fotomontagem que lhe enviei - Deitado numa cama, enfermo, incorporando a figura do diabo e rodeado de pequenos diabos. Não digo que ele seja um deles – não é, obviamente – mas foi a forma como interpretei alegoricamente os meus sentimentos. http://www.vida-e-tempos.com/2008/11/carta-recomendacao-vale-e-azevedo-o.html


A MINHA HOMENAGEM A LUIS PIÇARRA - UM GRANDE AMIGO, COM QUEM TIVE O PRAZER DE FALAR VARIAS VEZES - TENHO LIVRO ASSINADO DAS SUAS MEMÓRIAS E FIZ-LHE, NESSA OCASIÃO, VÁRIAS FOTOGRAFIAS - FOI NA FEIRA DO LIVRO, NO PARQUE EDUARDO VII. QUANDO AS DIGITALIZAR, ESPERO AQUI EDITAR UMA DELAS

---- Mensagem encaminhada ----
De: luis de raziel raziel 
Para: sec.geral@slbenfica.pt


Ao Presidente do Benfica
Sr. Luís Filipe Vieira:
Tomei a liberdade de lhe enviar esta minha humilde mensagem
que faço acompanhar de algumas imagens
e o excerto de um poema ( que vai no anexo) e que estive para lho enviar uns dias antes da morte do malogrado jogador benfiquista Miklos Feher.

Embora o mostrasse a pessoa amiga, achei que não lho devia enviar naquela altura.  - Excerto

Cordiais Saudações
Luís de Raziel