
No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre a águas
“Dias virão em que não ficará pedra sobre
pedra” – Disse Cristo, aos apóstolos
Mas, entretanto, chegará outro tempo e outros
dias:
“Chegará o dia em que homens reencontrarão as estepes e as savanas, aonde
afluirão, pondo termo à sua escravatura, as bestas, na Terra imensa, caminharão
ao encontro dos homens livres, coabitando na paz, tartarugas-gigantes,
elefantes, bisontes, os reis da selva se juntarão aos homens libertados,
bebendo das mesmas águas, respirando .urn ar purificado, não mais se
dilacerando, será o começo” – Escreve a escritora, dramaturga e poeta austríaca Ingeborg Bachmann no seu livro Malina – editado em 1971





Dias virão, em que, das cinzas e dos poucos que sobreviverão, se empreenderá outra caminhada e se levantarão outras espécies e outros seres. – A imagem da explosão atómica, que aqui lhe apresento, faz parte de um conjunto de diapositivos, que me foram oferecidos por António Lima de Paiva, antigo legionário português (uma das quais publicadas, sob minha autorização no semanário Expresso, Nº1194 ), Não fui o autor sequência que foi fotografada, a escassa distância e fora do abrigo, mas fazem parte do meu vasto espólio fotográfico, tendo autorizado a sua publicação no sumário Expresso, creio que nos finais da década de 80
DP – 21-5-77 - NA PEUGADA DO MUNDO DO PÓS-HOMEM - O PERÍODO DE VIDA PODERÁ DUPLICAR OU TRIPLICAR
Por Jorge Trabulo Marques


Meditação, em vez de alimentação
Nessa altura, os seus
hábitos e necessidades serão bastante alheios aos de hoje. Precisará de menos
alimentos. Será capaz de passar dias e dias seguidos sem comer, entregue a profundas
e prolongadas meditações. Terá pois mais necessidades espirituais do que físicas,
visto ser essencialmente mais espiritual do que agora. Desenvolverá em ritmo
notavelmente crescente um novo modo de ser e de estar no mundo. Nunca estagnará
a sua cabeça em estúpidas monotonias ou hábitos rotineiros. Mesmo em estado de
contemplações, far-se-ão passar pelo seu cérebro as imagens e os pensamentos
mais díspares e elevados. Entregar-se-á, portanto, a momentos da mais indescritível
e fértil imaginação. Viverá acordado como num sonho.



A era será caracterizada
essencialmente pela marca do espírito. Denominar-se--á. virtualmente, como “a grande
era espiritual”. Porque, tais seres, ditos pós-homem, farão dessa qualidade uma
constante no seu quotidiano para a resolução
de todas as coisas. Irão perdendo, no entanto, como já referi atrás,
progressivamente uma grande faculdade: a da procriação da espécie.
A potência e
os instintos sexuais irão ficando
atrofiados em muitos desses seres. Os grandes intelectuais do pensamento, os
mais distintos, espiritualmente, serão os primeiros a abaterem-se dessa
necessidade ou a perderem tal instinto. O índice de esterilidade e absentismo
sexual terá proporções cada vez mais elevadas. Mas ninguém ligará importância
ao facto. Da reprodução encarregar-se-ão, todavia, os seres mentalmente menos
favorecidos e adiantados mentalmente. Pois essa desigualdade ainda persistirá.
Ter-se-ão eliminado já todas as diferenças sociais e económicas; porém, a do
pensamento manter-se-á indefinidamente.
E do fumo das labaredas e das cinzas se abrirá nova luz |
Não haverá fronteiras
PARA efeito de melhor
interpretação do que atrás referi sobre o comportamento do sexo, veja-se, por
exemplo, qual o tipo de pessoas que têm hoje mais tendências proscritivas. Não
será a gente mais rude e ignorante? E a mais pobre, materialmente?.. Não será
nos países mais pobres e atrasados onde o índice de natalidade é maior?
Naturalmente que sim!
Claro que haverá outros factores a tomar em conta, mas o principal é o motivado pela ignorância e pobreza espiritual. Pois através dos tempos continuará a persistir. A evolução é um predicado de todos os seres, contudo o seu ritmo ou grau de avanço é que não será, de facto, paralelamente igual a todos eles. Porém isso não obstará a que o entendimento não venha a ser, em tal futuro, o mais agradável e harmonioso. Reinará absoluta tranquilidade. A inveja, o egoísmo, males terríveis da nossa época, terão sido já então totalmente banidos.
As superstições, as religiões - piores inimigos do livre pensamento e do desenvolvimento das civilizações ao longo das épocas - não terão já a menor aceitação. Nenhum desses seres irá em tais cantilenas. Não se guiará por qualquer das filosofias ou ideologias actuais. Acha-las-á mais do que ultrapassadas e ridículas. Os seus meios de comunicação serão apenas os seus sentidos. Não usará livros de espécie alguma. Os livros serão igualmente outras tantas peças de museu cuidadosamente guardadas. Prestará imensa atenção e devotado carinho a tudo quanto diga respeito ao pensamento. O passado servir-lhe-á apenas como pequeno passatempo desse deleite ou de mera curiosidade arqueológica.
Claro que haverá outros factores a tomar em conta, mas o principal é o motivado pela ignorância e pobreza espiritual. Pois através dos tempos continuará a persistir. A evolução é um predicado de todos os seres, contudo o seu ritmo ou grau de avanço é que não será, de facto, paralelamente igual a todos eles. Porém isso não obstará a que o entendimento não venha a ser, em tal futuro, o mais agradável e harmonioso. Reinará absoluta tranquilidade. A inveja, o egoísmo, males terríveis da nossa época, terão sido já então totalmente banidos.
As superstições, as religiões - piores inimigos do livre pensamento e do desenvolvimento das civilizações ao longo das épocas - não terão já a menor aceitação. Nenhum desses seres irá em tais cantilenas. Não se guiará por qualquer das filosofias ou ideologias actuais. Acha-las-á mais do que ultrapassadas e ridículas. Os seus meios de comunicação serão apenas os seus sentidos. Não usará livros de espécie alguma. Os livros serão igualmente outras tantas peças de museu cuidadosamente guardadas. Prestará imensa atenção e devotado carinho a tudo quanto diga respeito ao pensamento. O passado servir-lhe-á apenas como pequeno passatempo desse deleite ou de mera curiosidade arqueológica.

Viajar… através do cérebro
QUE mundo belo e
maravilhoso então não será esse! Um mundo onde até as enfermidades, as doenças
já estarão de todo extintas. Eis pois que fantástico paraíso esperará o
pós-homem.
A única entidade a que
ele, todas as raças, todos os grupos étnicos obedecerão, será unicamente ao
Universo, que far-se-á sentir em todo o seu esplendor e vitalidade, O período de
vida duplicará ou triplicará. Não haverá transportes de espécie alguma. No
entanto o pós-homem deslocar-se-á para onde bem entender com a maior das facilidades.
O seu extraordinário poder mental levá-lo-á para onde quiser.

O seu corpo permanecerá num repouso letárgico, nuns casos. Porém, nos indivíduos de maior craveira e sublimidade mental, poderá mesmo sumir-se nas brumas do invisível. Contará realmente ainda com esta assombrosa faculdade. Viverá numa espécie 'de dupla vivência. Mas sempre em perfeita consciência desses dois estados.
Hoje tal só é possível ao
ser humano, mas de modo inconsciente, quando o seu espírito voga através do
sonho, contudo, o pós-homem, como já disse, viverá num género de sonho
permanentemente acordado e não precisará de andar armado em saltimbanco,
saltitando grandes distâncias, com o seu corpo, desta para aquela zona, como o
faz o actual homem. Fixar-se-á, definitivamente, na região onde nascer. O sítio
que o acaso lhe destinar oferecer-lhe-á as condições indispensáveis para as
necessidades simples do seu organismo. As de carácter mental serão, sem dúvida,
ilimitadas pois será insaciável neste domínio. No entanto, os recursos de que
será possuída a sua mente não encontrarão quase barreira alguma. Somente
estarão condicionados e irão variar de acordo com o grau de avanço que cada
pós-homem for progressivamente atingido dentro da escala evolucionária.




O diapositivo de uma destas imagens - da explosão atómica no Atol Nucelar da Mururoa, no Pacífico - Mururoa Nuclear Tests, RNZN protest Veterans, cujas experiências têm sido contestadas, quer por veteranos, que ali foram afeactados por fortes radiações, quer por várias instituições pacifistas da comunidade internacional, foi publicada, sob minha autorização, no Nº1194 do semanário Expresso, como disse, fazem parte de uma colecção de slides e de fotografias, que me foram gentilmente oferecidas pelo seu autor. Na sequência de uma entrevista que me concedeu para a Rádio Comercial-RDP, nos anos oitenta. Na altura, ele estava a atravessar (pareceu-me) um período de uma certa depressão.. Não sei se ainda é vivo. Bem gostava que fosse. Mas duvido, dados os riscos de radiações a que se expôs. Pois nunca mais o vi.
Alguns dos vários documentos confidenciais que me confiou António Lima de Paiva. a que me refiro detalhadamente em http://www.vida-e-tempos.com/2010/08/templos-negros-da-guerra-colonial-lobo.html
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