Abençoada
Luz que me transformas e elevas o meu corpo e o meu espírito ao espaço
libertador dos muros do silêncio em harmonioso e pétreo abandono libertador
Sim, tu, ó
abençoada luz solar,
com o teu
áureo fulgor,
o teu cântico
acalorado e abrasivo,
ao competires com
a sinfonia das cigarras ao meio-dia,
até consegues
despertar, da letargia e do torpor,
o duro granito de
todas as eras.
Hora em que, os
pasmados e negros rochedos,
parece que
acordam, ante o brilho,
a solenidade e o
ardor da tua melodia,
despertam da sua
longa noite silenciosa e muda
,
Sim, só tu ó
purpurino cântico
que
antecedes, com os teus festivos hinos
a prodigiosa
maravilha de um nascer do dia.
Quando a manhã se
abre em apoteose e alegria,
só tu, fonte da
vida, lume claro e radioso,
ao dares a tua luz
a cada novo dia,
enquanto o céu
azul e milagroso,
segue sereno o seu
caminho,
serás capaz de
saciar
a minha
curiosidade
e tranquilizar a
minha ânsia!.
Só, tu, sol
generoso
com a formosa
chama dos teus fogosos raios,
aplacas e serenas
os ventos levantados,
apagas a
infinda tristeza de uma noite de invernia,
noite fria,
varrida e tempestuosa,
em que só os
penedos, tingidos de negro,
embora fortemente
batidos, fustigados,
vão resistindo,
mantêm-se hirtos!
Só tu, luz divina,
tens a resposta para tudo!
Só tu, oh luz
enérgica e forte,
quando
resplandeces no cume dos montes
brilhas na
amplidão de um silêncio mais audível e mais profundo,
cintilas no
estuário dos rios e na vastidão dos mares,
oh! sim,
abençoada luz!
,Oh, a maravilha
das criptas, das abóbadas e arcadas,
das esferas e
estátuas de santuários e catedrais
de tantas e tão
negras mas fantásticas fragas,
com formas tão
estranhas, tão bizarras
Gigantescos
penedos, que já, em criança, me fascinavam,
sentando-me
e escorregando no seu musgo,
eram o
meu assombro, o meu espanto,
quando,
pelo meio delas,
descalço,
deambulava,
pela
linha dos ribeiros e atalhos,
a
levar a marmita ao nosso pastor,
cujo
gado ali guardava!
Por
isso, oh ídolos e céus amáveis do meu torrão sagrado,
quão
grato me reconheço pela suprema dádiva que me dais
sempre
que, junto de vós, de volta da cidade, vos revejo,
e,
comovido, sinto o brilho e a melodia
quem
vagarosamente, me estendeis da vossa mão,
devolvendo-me
a alegria, a pureza que ilumina a alma
e
rejuvenesce o meu coração.
Jorge Trabulo Marques - Peregrino da Luz
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