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domingo, 11 de dezembro de 2016

Peregrino da Luz, da terra e dos mares – Nas pedras de um horizonte condensado de cinzas mas harmonioso e libertador

 Abençoada Luz que me transformas e elevas o meu corpo e o meu espírito ao espaço libertador dos muros do silêncio em harmonioso e pétreo abandono libertador





Sim, tu, ó abençoada luz solar,
 com o teu áureo fulgor, 
o teu cântico acalorado e abrasivo,
ao competires com a sinfonia das cigarras ao meio-dia,
até consegues despertar, da letargia e do torpor, 
o duro granito de todas as eras.
Hora em que, os pasmados e negros rochedos,
parece que acordam, ante o brilho, 
a solenidade e o ardor da tua melodia,
despertam da sua longa noite silenciosa e muda
,
Sim, só tu ó purpurino cântico  
que  antecedes, com os teus festivos hinos
a prodigiosa maravilha de um nascer do dia.
Quando a manhã se abre em apoteose e alegria,
só tu, fonte da vida, lume claro e radioso,
ao dares a tua luz a cada novo dia,
enquanto o céu azul e milagroso,
segue sereno o seu caminho,
serás capaz de saciar 
a minha curiosidade
e tranquilizar a minha ânsia!.

Só, tu, sol generoso
com a formosa chama dos teus fogosos raios,
aplacas e serenas os ventos levantados,
apagas a  infinda tristeza  de uma noite de invernia, 
noite fria, varrida e tempestuosa,
em que só os penedos, tingidos de negro,
embora fortemente batidos, fustigados,
vão resistindo, mantêm-se hirtos!
Só tu, luz divina, tens a resposta para tudo!
Só tu, oh luz enérgica e forte, 
quando resplandeces no cume dos montes 
 brilhas na amplidão de um silêncio mais audível e mais profundo,
cintilas no estuário dos rios e  na vastidão dos mares,
oh! sim,  abençoada luz!

,Oh, a maravilha das criptas, das abóbadas e arcadas,
das esferas e estátuas de santuários e catedrais
de tantas e tão negras mas  fantásticas fragas, 
com formas tão estranhas, tão bizarras
Gigantescos penedos, que já, em criança, me fascinavam,
sentando-me e escorregando no seu musgo,
eram o meu assombro, o meu espanto,
quando, pelo meio delas, 
descalço, deambulava, 
pela linha dos ribeiros e atalhos, 
a levar a  marmita ao nosso pastor, 
cujo gado ali guardava! 
Por isso, oh ídolos e céus amáveis do meu torrão sagrado,
quão grato me reconheço pela suprema dádiva que me dais
sempre que, junto de vós, de volta da cidade, vos revejo,
e, comovido, sinto o brilho e a melodia
quem vagarosamente, me estendeis da vossa mão,
devolvendo-me a alegria, a pureza que ilumina a alma
e rejuvenesce o meu coração.

Jorge Trabulo Marques - Peregrino da Luz



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