expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sábado, 24 de dezembro de 2016

Aleluia! É Dia de Natal!...Haja luz!...Deus separou-a das trevas e houve luz! – E agora, num mundo das árvores artificiais, onde está a luz natalícia, que fez da Natividade, um exemplo de amor, de paz e de bondade? - Hoje é Dia de Ser Bom – Depois do Natal, Não Faz Mal Ser Mau...



(…)Presépio é qualquer berço
Onde a nudez  do mundo tem calor
E o amor
Recomeça.
Leva-me, pois, depressa,
Através do deserto desta vida,
Á Belém prometida…
Ou és tu a promessa?
Miguel Torga –Coimbra, Natal  de 1959



Na verdade, desejar Boas Festas de Natal e um Feliz Ano Novo é o voto expressivo que, nesta quadra, mais se ouve ou se escreve. Que, na tradição cristã, significa nascimento e Família. Sim, e  como o nosso  pais está cada vez mais envelhecido e deprimido, bem precisávamos de mais natalidades e de famílias felizes. E, para isso, também era importante que o Menino Jesus Bíblico, sensibilizasse os poderosos de que, os não privilegiados, também fazem parte da Grande família Humana  e lhes assiste o mesmo direito a serem Felizes.



NATAL - Tal como é festejado é também  a face  mais cínica do capitalismo corrupto e corruptor. Que é transmitida com os mais inocentes e gentis sorrisos. Ninguém é mau neste dia. Os que são maus, à força de tantos enfeites e alegorias, hinos de amor e de paz que se ouvem por estes dias, sentem-se como que naturalmente impelidos a deixarem de ter remorsos das suas maldades ou patifarias. Se é que alguma vez os tiveram!... E os que são bons, sendo já bons por natureza - sobretudo os pobres de espírito, porque, segundo diz a doutrina bíblica, deles é o reino do céu - sim, então estes nem sequer têm tempo de pensar no mal (e na exploração) que os outros lhe fizeram. Na ótica cristã continuarão a ser os símbolos das mais exemplares virtudes da igreja.



Na verdade, até parece que o Natal funciona como uma espécie de esponja ou detergente: lava todas as máculas do pecado Crise leva a mais de 10 mil suicídios na Europa e nos EUUnião Europeia tem 26,5 milhões de desempregados . ....Crise financeira faz disparar taxas de suicídio - 


Video registado no da 24 de Dezembro de 2016, - por volta das 11 horas da noite


EM NOITE DE  NATAL-  – NO DIA SER BOM, DEPOIS NÃO FAZ MAL  -  Numa breve saída à rua para ver como era o Natal do sem-abrigo: as imagens do costume, uns dormindo ao relento, outos,  procurando extrair de um caixote do lixo, alguns resíduos de alimentos para sobreviver - Dos restos ou desperdícios que enchem a generalidade destes contentores, sobretudo porque hoje é Natal


Sim, não ter eira nem beira, nem raminho na figueira – E a  falsa aparência de uma festa de expressão universal  - O dia e a noite de muitos salvarem as aparências, menos os milhares de deserdados, desprotegidos da sorte, desempregados e sem abrigo, que dormem ao relento, à chuva ou ao frio – Há pouco saí do isolamento,  quase conventual, das minhas águas-furtadas, um modesto e  insalubre desvão do telhado, que de bom apenas tem a possibilidade de ser silencioso e dispor um pequeno terraço do qual posso contemplar as estrelas, mesmo em noite iluminada da cidade, ou até de me deslumbrar com um nascer ou pôr, da cidade, sim, de outro modo era impensável o sacrifico de aqui residir há mais de 30 anos, mas, como ia a dizer, decidi sair à rua, certo de que não deixaria de me deparar com as das imagens que aqui lhe deixo – 

"Dia de Natal
Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.



Algumas destas imagens, são apenas a ínfima expressão das milhares  que registei nas minhas peregrinações aos Templos do Sol, arredores da minha aldeia) não me apresento nem como o Pai Natal nem como o Deus Menino – Quanto muito incorporando a  singela figura de quem busca nos lugares mais ermos e solitários,  o reencontro com a sua identidade, a resposta à pergunta: donde venho e para onde vou ? - Em demanda  do Ser Transcendente, na mais estreita intimidade comigo próprio e  a Mãe-Natureza. -   Calcorreando ermos penhascos,  seguindo os trilhos do chão que me viu nascer, como que num intrínseco apelo às minhas origens, aos  dias em que por ali vagueava descalço e livre como a cotovia  que pousa de penedo em penedo ou a folha que se desprendia do velho negrilho no adro da igreja impelida pela poeira e o vento dos burburinhos, que em garoto me chincavam os olhos nas minhas calcorrearias 

Se às vezes,  revendo estas imagens, me revejo como que em míticas vestes bíblicas,  talvez não seja de todo por mero acaso: a vida de Jesus é um maravilhoso exemplo – Independentemente de toda a crença, é um facto incontestável: que Jesus nasceu de uma família humilde, em Belém, na província romana da Judeia. No relato do Evangelho de Lucas, José e Maria viajaram de Nazaré para Belém para comparecer a um censo e Jesus nasceu durante a viagem numa simples manjedoura1 .. Mais tarde seria preso, julgado pelo Sinédrio - Dizem os evangelhos por Amor da Humanidade.

De facto, Feliz Natal é uma expressão bonita, que fica sempre bem a quem a pronuncia e a quem a ouve. E que todos os anos se repete como um ramo de flores que, em certo dia ou nos dias que o antecedem, se deve colocar como um jarro decorativo sobre uma mesa, como um dever social e não no sentido mais profundo do que lhe é atribuído na idade da inocência – Por isso mesmo, sendo uma expressão bonita, não deve regatear-se a ninguém: nem a familiares, nem amigos nem a desconhecidos. – E não apenas aos Homens de Boa Vontade.

Nenhum comentário: