Recordando Neves
de Sousa – Ele foi o rosto, que deu corpo e alma à organização da Grande Noite
de Fado da Casa da Imprensa, ao longo de 16 anos - O Repórter, que se dividia pelos jornais e revistas, a rádio e a televisão, na
crónica e na reportagem, desde o desporto, ao espetáculo, aos mais
variadíssimos acontecimentos, em todas as frentes, tendo viajado por 75 países: a sua palavra e o seu estilo,
a sua voz, era apaixonante, franca, calorosa,
lúcida, independente e inconfundível
Sportinguista assumido
mas os seus comentários eram apreciados por todos os amantes de futebol, pois nele a franqueza e o sentido da análise critico,
não se deixavam toldar por distorções clubísticas – Informava com emoção, rigor
e verdade. Deixou muitos amigos e admiradores
Hoje, ao
consultar o meu arquivo de algumas centenas de registos, deparo, na mesma cassete,
com duas pequenas entrevistas, que fiz no Páteo Alfacinha, por ocasião dos 40
anos de carreira de Neves de Sousa e os 30 de Rui Castelar, na noite, em que, a gerência daquela afamada casa de fados,
decidira homenagear estes dois grandes profissionais da comunicação social - A do
meu grande amigo, Rui Castelar, com quem tive o prazer de colaborar
nalguns dos seus programas noturnos na Rádio Comercial, ficará para um destes
dias, pois ainda faz parte do nosso convívio, o que não é o caso de Neves de
Sousa, que nos deixou há precisamente 21
anos.
“Falta-me muito
para ser um bom repórter; eu sou um mediano cronista e um sofrível repórter” - disse-nos - Mesmo grande e expressivo em tudo
o que fazia, nunca perdia o sentido de humildade e de nobreza.
A sua biografia
é vasta e daria matéria para um apaixonante livro – julgo mesmo que o fez – mas
eu vou aqui a reportar-me a algumas das declarações que me concedeu
Páteo Alfacinha - WEB |
Feita a prova na
imprensa escrita, veio depois a da rádio na Rádio Renascença e no antigo Rádio
Clube Português
De entre o múltiplos
trabalhos que fez, recordou-nos o atentado contra o Papa, João Paulo II, em Fátima, que testemunhou a escassos metros de si, as reportagens dos incêndios
do Teatro de D. Maria e da Igreja de S. Domingos, a do choque de combóios no Porto, um desmoronamento de terras, em Gibraltar,
que também fez várias vitimas – E o dia, em que, ao fazer a cobertura das
cheias de Lisboa, tal era devastação, que
se estampava aos seus olhos, que estes também se inundavam de lágrimas, ao mesmo tempo
que tomava as suas notas.
REGISTOS DA SUA
MEMÓRIA
Neves de Sousa (1931 - 1995)
Neves de Sousa
faleceu em 1995, aos 64 anos, sendo conhecido pela energia e dignidade com que
exercia a profissão. Sportinguista lúcido e independente, foi uma
referência deontológica no seu tempo. Considerado uma personalidade no
jornalismo nacional, José Neves de Sousa exerceu a sua actividade
essencialmente no extinto "Diário de Lisboa", tal como em vários
jornais desportivos, entre eles o "Record", “A Bola” e a “Gazeta dos
Desportos”. Colaborou ainda com a Renascença, Antena 1 e Comercial, além de
apontamentos episódicos na RTP.
PARECE QUE FOI ONTEM –
diz Alexandre Pais, num artigo publicado o ano passado, em 29 de Junho
É referência recorrente
nesta página e volta a sê-lo agora, duas décadas decorridas sobre o dia 7 de
Julho de 1995, em que José Neves de Sousa nos deixou, aos 64 anos
O Zé abriu-me, em Fevereiro de 1972, as portas do Diário de Lisboa, então carregado de nomes extraordinários da imprensa portuguesa. Dele colhi não só a oportunidade, mas também regras de ouro que ditaram o meu futuro: a pontualidade – ele era sempre o primeiro a chegar, às 7 da manhã! –, a entrega, a humildade para reconhecer os erros, a capacidade para descobrir o que quer o leitor e, em especial, a virtude que faz a diferença: trabalhar mais do que os outros, sem horas para sair ou namoradas à espera.
O Zé abriu-me, em Fevereiro de 1972, as portas do Diário de Lisboa, então carregado de nomes extraordinários da imprensa portuguesa. Dele colhi não só a oportunidade, mas também regras de ouro que ditaram o meu futuro: a pontualidade – ele era sempre o primeiro a chegar, às 7 da manhã! –, a entrega, a humildade para reconhecer os erros, a capacidade para descobrir o que quer o leitor e, em especial, a virtude que faz a diferença: trabalhar mais do que os outros, sem horas para sair ou namoradas à espera.
Como referiu Hernâni Carvalho, na SIC, a propósito de Teresa Pais, o Zé "não tropeçou numa caixa de sorte", impôs-se pelo talento e por cá ficou – embora ele saiba que às 7 da madrugada comigo não conta
Jornalista único
Bom em tudo, o Zé era insuperável na reportagem
Neves de Sousa jamais permitiu que a jactância dominante na classe o diminuísse pelo facto de a sua maior especialidade ser o futebol. Bom na escrita e na crónica, a editar e a dar notícias – oh, onde já vai no jornalismo essa mania! –, a entrevistar e a produzir opinião, foi na reportagem que o Zé atingiu um nível insuperável. NoDiário de Lisboa, a entrada clandestina na aldeia olímpica de Munique, em 1972, após o atentado terrorista, ou a capacidade, única, para descrever os funerais do toureiro Manuel dos Santos, em 1973, e do ciclista Joaquim Agostinho, em 1984, foram exemplos da sua dimensão como repórter, um repórter extraordinário Neves de Sousa partiu há 20 anos - Alexandre Pais - Sábado
Bom em tudo, o Zé era insuperável na reportagem
Neves de Sousa jamais permitiu que a jactância dominante na classe o diminuísse pelo facto de a sua maior especialidade ser o futebol. Bom na escrita e na crónica, a editar e a dar notícias – oh, onde já vai no jornalismo essa mania! –, a entrevistar e a produzir opinião, foi na reportagem que o Zé atingiu um nível insuperável. NoDiário de Lisboa, a entrada clandestina na aldeia olímpica de Munique, em 1972, após o atentado terrorista, ou a capacidade, única, para descrever os funerais do toureiro Manuel dos Santos, em 1973, e do ciclista Joaquim Agostinho, em 1984, foram exemplos da sua dimensão como repórter, um repórter extraordinário Neves de Sousa partiu há 20 anos - Alexandre Pais - Sábado
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