"As elites de Portugal são elites estrangeiradas e que se comportam em Portugal quase como elites coloniais" -Declarou-me o autor, numa breve entrevista, na Feira do Livro de Lisboa, no pavilhão das Edições Vieira da Silva, frisando que as famílias que refere no seu livro “são famílias que vieram instalar-se em Portugal. A primeira grande leva que ainda hoje domina a economia portuguesa, veio no tempo do Marquês de Pombal, que quis desenvolver a indústria em Portugal, porque não encontrou no nosso país, as pessoas capazes de dirigir estas empresas. E então teve de recorrer a estrangeiros para virem implantar a indústria. Mas depois houve uma segunda leva
Eu diria que não existem elites portuguesas; quanto muito, eu diria que há contra elites portuguesas. As pessoas que procuram ascender à liderança do País, com esforço, com trabalho, com dedicação mas estão afastadas do poder.
Sem dúvida, um excelente estudo das Elites de Portugal, não deixando, porém, logo na introdução, de fazer esta interessante observação e análise das elites portuguesas:
Foi sempre povo a lutar por Portugal “mesmo quando elites nos falharam", disse Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do 10 de Junho, palavras que se enquadram na denúncia desta obra, que, aliás, conhece, visto ter estado presente, numa sessão de autógrafos do autor, na Feira do Livro, Braga - O Presidente da República, afirmou que foi o povo, a arraia miúda, quem nos momentos de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas elites - ou melhor, as que como tal se julgavam - nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropéis luzidios, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos”. EXPRESSO Marcelo no 10 de junho: Foi sempre povo a lutar por Portugal “mesmo quando elites nos falharam”
PÚBLICO – 08-07-2015 - Fonseca de Almeida, As Elites de Portugal.
Inadaptação, crise e desafios,Edições Vieira da Silva. Gosto de surpresas. Ia eu pela Feira
do Livro de Lisboa quando o meu olhar foi atraído por este título, que já tinha
dois anos. O autor, que eu desconhecia, estava por detrás do título e logo me
assinou uma obra que censura as nossas elites, designadamente as actuais. Para
o autor, temos elites ignorantes, conservadoras, egoístas e cruéis Dez livros para
as férias - PÚBLICO
Trata-se, com efeito, de uma obra oportuníssima, num tempo em que a palavra crise é constantemente repetida por via do egoísmo desenfreado de um novo riquismo, que não olha a meios para dar largas ao seu egocentrismo. Por uma burguesia, que não singra pela competência, pelo esforço e pelo mérito, mas pelo esquema e pela fraude. Unicamente movida por um acelerado instinto exibicionista, não de produzir riqueza mas de a açambarcar, de forma especulativa e parasitária – Regida pela vaidade e pela hipocrisia, do culto das aparências mas não a do conhecimento aprofundado e consistente: patrona do liberalismo selvagem , amoral, apátrida, sem rosto, desumano e profundamente açambarcador e materialista - Que se apoderou das empresas do Estado e das Privadas, não porque o justificasse mas pela herança (que mais das vezes, acaba por desbaratar) ou através da via do esquema e da artimanha
Sem dúvida, um excelente estudo das Elites de Portugal, não deixando, porém, logo na introdução, de fazer esta interessante observação e análise das elites portuguesas:
No amanhecer do terceiro milénio a sociedade portuguesa encontra-se imóvel e perplexa numa encruzilhada histórica sem capacidade de resolutamente escolher um caminho e pôr os pés à estrada. '
Para grande parte da elite portuguesa a situação afigura-se como um beco em que a única saída é vo1tando para trás, retornando ao modelo social onde os salários possam competir com os da China, onde os custos do trabalho não sejam onerados por encargos sociais, em que a saúde, o ensino e as reformas passem para a esfera privada, onde os impostos recaiam de facto et de jure somente sobre os trabalhadores por conta de outrém, em que o papel do Estado se limite ao apoio financeiro às suas empresas e actividades e a União Europeia accione clausulas de salvaguarda protegendo os mercados de fr1desejáveis invasões bárbaras. Em suma o regresso a um passado em que medraram e prosperaram. Esta via é, contudo, impraticável, na medida em que a nossa dependência de uma zona geográfica e económica em unificação, e embalada noutra direcção, o impede.
Outros timidamente advogam a renúncia à identidade construída ao longo de séculos e uma integração sem demoras no Reino vizinho. Nada poderia confirmar melhor esta ausência de rumo.
Foi sempre povo a lutar por Portugal “mesmo quando elites nos falharam", disse Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do 10 de Junho, palavras que se enquadram na denúncia desta obra, que, aliás, conhece, visto ter estado presente, numa sessão de autógrafos do autor, na Feira do Livro, Braga - O Presidente da República, afirmou que foi o povo, a arraia miúda, quem nos momentos de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas elites - ou melhor, as que como tal se julgavam - nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropéis luzidios, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos”. EXPRESSO Marcelo no 10 de junho: Foi sempre povo a lutar por Portugal “mesmo quando elites nos falharam”
ALGUNS EXCERTOS DO QUE É DITO NA OBRA - As imagens com que aqui ilustramos este post não fazem parte do livro - De seguida, tomámos a liberdade de aqui transcrever alguns excertos, que poderão ajudar a compreender o leitor para importância da sua leitura
“Portugal está hoje mergulhado numa profunda crise. A emigração volta aos níveis dos anos 60, o desemprego atinge níveis nunca antes vistos, a fome alastra entre vastas camadas da população.” – diz o autor na contra capa do livro, que, aliás, é um excerto de uma das páginas da obra.
Acrescentado que, “Historicamente encarámos outros dédalos e encruzilhadas. Nesses momentos dramáticos, em que o futuro de um povo se joga e se determina por muitas décadas, sempre que se assistiu a uma renovação de elites, a uma viragem de perspectiva procurando o seu próprio caminho (casos de 1385, 1640, 1975), a sociedade progrediu e colectivamente afumou-se, pelo contrário quando os interesses instalados e as velhas elites se consolidaram o país murchou e definhou, atrasando-se profundamente.
Hoje a questão que se coloca é a de saber se as actuais elites que nos dirigem, empregam e governam estão em condições de desatar o nó górdio e com a sua acção resoluta de liderança nos domínios político, económico, científico e ético, conduzir a sociedade na senda do progresso.
A tese que se apresenta, defende e demonstra é a de que as actuais elites, com o seu egoísmo, a sua aversão ao risco e à inovação, a sua ignorância, a sua incompetência e imobilismo, o seu conservadorismo, a sua origem estrangeirada, a sua reduzida dimensão e ausência de mecanismo de renovação, não estão à altura dos desafios e que o seu apego às rédeas do comando apenas nos pode levar pelo caminho inclinado do declínio e da decadência rumo a um crepúsculo triste e amargurado”.
A inveja
Não há cabeça bem pensante das elites nacionais, filósofo, prosador ou simples comentarista que não jure e ateste que "os portugueses são, por natureza, invejosos". Nada menos, nada mais. Naturalmente invejosos. Nascem invejosos, crescem invejosos e morrem, sem arrependimento; mas passadas muitas horas em rezas e missas, invejosos. A verdade porém não é que os muitos sejam naturalmente invejosos, é antes, que os poucos são criados e educados na arte de serem muito egoístas.
O egoísta, confrontado com a sua excessiva opulência e com a necessidade de justiça social, logo clama contra a cobiça, logo se assanha contra a inveja, logo exige a excomunhão, quando não mesmo a prisão, dos invejosos. Para que não tenha de justificarª sua indecorosa fortuna, para que não tenha de a partilhar, para que tudo possa conservar na sua posse.
Encurralados numa posição moralmente indefensável de que concentram excessivamente o rendimento e a riqueza produzida pela nação, as elites defendem-se acusando os portugueses de invejosos.
Século XIX -Alguns testemunhos
Em meados do século XJX Eça de Queiroz clamava que o país vivia "numa ignorância crassa, fradesca, refletindo o sentido de impotência que alguns intelectuais sentiam com a situação.
Já antes William Beckford, um lúcido e culto milionário inglês que se demorou pelo nosso país nos finais do século XVIII inícios do século XIX, convivendo de perto com a aristocracia e com a nata dos burgueses citadinos, se referia à Portugal como uma "região de pobreza e ignorância" dando abundantes exemplos da falta conhecimentos a todos os níveis - desde a incapacidade de gerir a limpeza das cidades, à falta de conhecimentos dos nossos médicos.
Um dos factos mais dramáticos no campo da medicina de que deixou preciosas indicações é o da varíola, em que o "desconhecimento e a superstição impediam, por exemplo, que se aplicasse a vacina contra a moléstia. Esta doença era responsável por inúmeras mortes e por casos de cegueira. O próprio herdeiro da Casa Real, o Príncipe do Brasil, sua irmã, a Infanta D. Mariana Vitoria e o Monteiro-Mor foram vítimas da doença"6.
Maria Ratazzi já na segunda metade do século XIX, no seu livro "Portugal a vol d'oíseaux", escrevendo as suas impressões sobre o nosso país, também nos devolve uma imagem de ignorância e incompetência das elites nacionais.
EPISÓDIO Á MARGEM DO LIVRO - Mas que, de algum modo, ilustra o espírito da obra: de que à mediocridade nas televisões e nas rádios, té sempre promovida: têm todo o tempo de antena e não cortam a palavra - Mas fazem-na a quem diz coisas inconvenientes e verdades que podem desgostar alguns ouvidos.
EPISÓDIO Á MARGEM DO LIVRO - Mas que, de algum modo, ilustra o espírito da obra: de que à mediocridade nas televisões e nas rádios, té sempre promovida: têm todo o tempo de antena e não cortam a palavra - Mas fazem-na a quem diz coisas inconvenientes e verdades que podem desgostar alguns ouvidos.
UM SÁBIO USADO E CENSURADO . AGOSTINHO DA SILVA - USADO E ABUSADO - E ATÉ CENSURADO NA PALAVRA
Usaram e abusaram da seriedade, da sensibilidade e também de alguma ingenuidade - porque as pessoas bem, não tem a milícia dos espertos . Referia o extinto jornal Tal & Qual, num artigo publicado, a 30 de Março de 1990, o seguinte:
"Agostinho da Silva foi censurado na Rádio Paris-Lisboa (RTL), que emite em FM; na frequência 90.4. Uma entrevista com o professor, realizada pelo jornalista Carlos Sena, que deveria ser emitida, ontem, pelas, quinta-feira, pelas 22 horas, no programa "À Noite Logo se Vê", foi recusada pelos diretores da estação, Stefan Banessi e Carole Médrinal.
O Tal & Qual apurou que, ai logo da conversa gravada com Carlos Sena, o prof. Agostinho da Silva afirmava o seu orgulho de ser português e terá dito qualquer coisa como "não estou para ser lacaio da sra. Tacher e do sr. Mitterrand". daí o "veto2 dos directores da RTL, que se terão justificado com um comentário: "Esse senhor fala demais".
O papel de incompreendido não é coisa nova para o prof. Agostinho da silva.
Aos 80 anos de idade, aquele velho sábio que ainda ontem voltou à televisão, continua com uma pedalada que só visto. Desde que o seu nome foi descoberto pela imprensa e saltou do meio académico para o meio do povo, tem gasto boa parte dos seus dias a responder a convites, a dar conferências e entrevistas. Não recebe um tostão por isso - é contrário ao espírito do dinheiro e nem sequer cartão de contribuinte tem” - excerto –
Mais Pobres e Mais Desiguais - PÚBLICO
31/07/2013
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