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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Em memória de Raul Indipwo – Duo Ouro Negro – (30 Nov- 1933 – 4 de Junho 2006) “Não há rapazes maus” “ Ouvi falar em Pinheiro da Cruz, como uma cadeia tenebrosa!... E vi que não era assim “ – Breve entrevista, anos 80, no final de um espetáculos numa das cadeias portuguesas de alta segurança, mas que naquela manhã de Natal, era de a Cadeia da Alegria

Em Memória de Raul Indipwo – Duo Ouro Negro –“Ouvi falar em Pinheiro da Cruz, como uma cadeia tenebrosa e vi que não era assim” - 

Faleceu há 10 anos, no dia 4 de Junho  - Breve entrevista, anos 80, no dia de Natal, no fim de um espetáculo, que, naquela manhã, havia transformado a capela da cadeia numa sala de música - “Não há rapazes maus: as pessoas que estão aqui - e tenho aqui alguns amigos - por acaso, tropeçaram com qualquer coisa na sua vida!  Mas, quando a gente tropeça e cai, logo à frente a gente se levanta”  -  - Natural de Chibia, Angola, a 30 de Nov. 1933 espetáculo, faleceu a 4 de Junho de 2006, no Barreiro -  Encontra-se sepultado no Talhão dos Artistas do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.


Tive o prazer de ser um dos seus amigos e me receber em sua casa - Co-fundador de um grupos musicais, mais populares da década 60 e 70  – "No dia do seu funeral – A esmagadora maioria das pessoas estava vestida de branco, por vontade expressa do artista, falecido domingo, aos 72 anos, vítima de pneumonia, e entre os presentes contavam-se muito famosos
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Gente do espectáculo, como Vanda Stuart, Luís Represas, Nucha, Rão Kyao, Bonga ou Alexandra, gente da moda, como Eduardo Beauté ou Augustus, gente do futebol, como Jorge Gonçalves. Fatalmente, muitos dos nossos colunáveis também se fizeram notar, entre os quais José Castelo Branco e Betty Grafstein, Cinha Jardim, o barão Von Breisky e, como não podia deixar de ser, Lili Caneças, amiga pessoal de Raul Indipwo. Ao contrário de Castelo Branco, que entrou majestosamente pela Igreja usando a passadeira vermelha, Lili Caneças vinha amparada pela filha e não quis falar aos jornalistas, visivelmente consternada. E no livro de condolências, o actor Octávio de Matos e a mulher, a actriz Isabel Damatta, entre muitos outros, deixaram a sua mensagem de saudade ao artista angolano. Só mesmo a classe política faltou à chamada, excepção feita a Isaltino Morais. ARTISTA PARA O FUTURO A missa foi longa, emotiva, e teve música pelo meio. A voz de Raul Indipwo ecoou pela Igreja através de uma gravação, e quando o caixão saiu para a rua, coberto pela bandeira portuguesa e pela bandeira Angolana, os populares que se tinham apinhado à porta da Basílica desataram a bater palmas. Excerto de Lágrimas por Raul Indipwo - Sociedade - Correio da Manhã


BIOGRAFIA 

Raul e Milo conheciam-se desde a infância, em Benguela, e quando se reencontraram, já no início da idade adulta, iniciaram um projecto centrado no folclore angolano de várias etnias e idiomas.
O nome Ouro Negro foi escolhido porque, naquela região de Angola, designava tudo o que fosse excepcional: o petróleo, o café, um jogador de futebol fora de série ou um bom cantor, como os dois músicos explicavam.
Quem os baptizou foi a locutora Maria Lucília Dias, do então Rádio Clube do Congo Português.
Um espectáculo que deram em Luanda incluía uma cláusula que garantiu uma apresentação no cinema Roma, em Lisboa. E assim o grupo chega à Metrópole, pela mão do empresário Ribeiro Braga, onde alcança êxitos não apenas no cinema Roma, como também no Casino Estoril. Desta breve viagem resulta a gravação de três discos.
Após o regresso a Angola, integram um terceiro elemento, José Alves Monteiro, que, em breve, deixaria o grupo. A carreira dos Ouro Negro tem, a partir de então, uma expressão internacional. No espaço de um ano, actuam na Suíça, em França, na Finlândia, na Suécia, na Dinamarca, em Espanha e Portugal.

Em Lisboa, ao êxito quase instantâneo dos primeiros discos, sucedem-se actuações em programas televisivos e radiofónicos, a par de inúmeras prestações em casas de espectáculos.
Seguindo a «onda» dos ritmos de dança como o twist, o madison, o surf e muitos outros, o Duo Ouro Negro lança o kwela, que rapidamente se transformou numa moda, sendo considerado o ritmo do Verão em 1965.
O kwela mais não era que uma dança ritual da tradição africana, que em dialecto zulu quer dizer flauta. A nova moda pegou e, para a cena europeia, representava uma novidade encantadora. Paris rendeu-se ao kwela e a Europa em geral também.
O Duo Ouro Negro conhece em 1966 um dos pontos mais altos da sua ainda recente carreira, ao actuar no Olympia e no Alhambra, em Paris.
No ano seguinte, naquela que pode ser considerada uma das mais elevadas distinções do grupo, actuam na Sala Garnier da Ópera de Monte Carlo para os Príncipes do Mónaco, por ocasião das comemorações do IV Centenário do principado.
Ainda nesse mesmo ano, são galardoados em Portugal com o Troféu da Imprensa.
O Olympia de Paris transforma-se numa sala talismã para o Duo Ouro Negro. Em 1967, a sala acolhe-os durante três semanas em Maio e outras três em Outubro. Repartem estas actuações com espectáculos em diversas televisões europeias. - Excerto de Texto da Lusa
O Brasil é outro dos palcos da actuação dos dois angolanos nesse mesmo ano de 1967, com recitais no teatro Cecília Meireles e no Canecão. - Excerto de Texto da Lusa 

DUO OURO NEGRO



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