Jorge Trabulo Marques – Jornalista e investigador
O banqueiro mecenas, fundador da Fundação Arthur Cupertino de Miranda, em Famalicão, sede do seu torrão natal, e a quem Salazar recorreu, em aperto de crise, para fundar um banco, com a solidez que não existia, houve quem lhe chamasse, um predestinado para outras funções diferentes de cantor de musas e de ninfas, do poeta, prosador, escritor
Em Outubro de 1987, pouco depois de completar 95 anos, e um ano antes da sua morte, Arthur Cupertino de Miranda, dava-me o prazer e a honra de me receber na sua residência, em Lisboa – Ia para mais uma das minhas entrevistas, ao serviço da Rádio Comercial, às grandes personalidades nacionais, em vários domínios – Sim, entre os mais diversos trabalhos de reportagem, de gente anónima e nos vários sectores da sociedade, também fiz questão de conhecer gente ilustre e distinta - E de o fazer mesmo em sua casa.
Arthur Cupertino de Miranda -
A minha visita, não fora previamente combinada - e, a bem dizer, confesso que também nem eu conhecia muito bem o passado de quem ia entrevistar, senão de uma curta biografia inserida numa revista de personalidades, com que por vezes me orientava, já que, naquela altura, a informação disponibilizada pela Internet, dos dias de hoje, não passava ainda um sonho - Mesmo assim, sabendo da sua avançada idade, preferia agir pela surpresa, olhos nos olhos, cativando a simpatia do próximo interlocutor , pois depreendia, que, o famoso banqueiro, nos seus noventas e tais, não estaria muito inclinado a quebrar a sua rotina para receber um inoportuno repórter.
Felizmente, fui bem sucedido - Creio que, desta vez, em boa parte, graças à minha companheira, daquela altura – De origem judia, nascida numa das antigas colónias francesas, do norte de África, simpática e bonita, e, para desbravar obstáculos, não havia melhor companhia de que a dela: bastava aquele seu jeito de expressão amável, caloroso, espontâneo e sorridente, a que ninguém recusava uma palavra amiga ou corresponder com idêntico sorriso – E foi na verdade o que sucedeu, após hesitação, nos primeiros momentos, de Cupertino de Miranda, mas logo superados pelo breve diálogo travado em fluente francês, tendo-nos imediatamente franqueado a entrada em sua casa
E o curioso, é que, além da primeira surpresa, que se me estampava numa das paredes da sala, com a imagem de um famoso quadro, daqueles que só são possíveis de ver nos grandes museus ou em réplicas de postais ilustrados ou então em livros da arte mundial, afinal, quem vou ali encontrar é justamente um homem, embora franzino - mas ainda cheio de uma grande cordialidade e jovialidade , a fazer-me lembrar Azeredo Perdigão, que havia entrevistado, igualmente acima dos 90 e ainda muito ativo – O mais complicado era no falar: pois, tal como nos explicara, ele recusava-se a usar prótese dentária, recomenda pelo seu médico, o que dificultava a articulação de algumas palavras, e, como a gravação se destinava a uma estação de rádio, esse era realmente o maior handicap – Daí a razão de praticamente a maior parte da entrevista, ainda hoje se conservar inédita.
Fora esse aspeto, ficava com a impressão de que, o peso dos anos, não contavam na magra e estatura daquele simpático, famoso e dialogante cidadão, de quase centenária idade – E, pelos vistos, em parte graças a uma certa disciplina, tanto em horários, como em distribuição de tarefas, imposta por ele, levando uma vida metódica e organizada, preenchida de ginástica matinal e de alguns passeios, com o carinhoso apoio da governanta de sua casa, a D. Irene, a quem ele chamava por seu anjo da Guarda.
ROUBADO, EM 1965, DE VALIOSOS QUADROS DA SUA COLEÇÃO DE ARTE - POR GENTE QUE LHE ERA PRÓXIMA - E QUE LHA FOI LEILOAR EM LONDRES NA CHRISTIE´S
Com 75 anos - Ainda longe dos 96 anos da sua morte mas também é das tais idades em que, nas famílias ou da parte de amigos ou entes próximos, se farejam mais as heranças de que as afectividades e recordações vividas ou deixadas.
Foi um diálogo, muito interessante, uma excelente oportunidade para conhecer o perfil de um notável português, alguns dos passos de uma vida exemplar e coroada de extraordinários êxitos, mas também conhecedor de algumas vicissitudes, deferidas pelo velho regime, com alguns dias nos calabouços pela PIDE, e , até mesmo após o 25 de Abril, com a privatização das suas empresas - Cujo conteúdo integral da entrevista espero poder vir a reproduzir,, em texto - talvez em forma de pequena brochura - e também em vídeo, com uma reprodução técnica mais aprimorada, que não disponho neste momento, pois o registo foi feito em cassete e já conta quase 30 anos - Mas não só por esse facto, pela articulação das suas expressões, pelas razões atrás explicadas
Por agora, apenas aqui reproduzo, um breve excerto, nomeadamente do grande desgosto que sofreu pelo roubo de muitos dos mais famosos quadros da sua coleção de arte - Mas não apenas pela perda irreparável de famosas obras, avaliadas em milhões de dólares - que hoje valariam,por certo, ainda muito mais - mas sobretudo por saber quem tinha sido o autor do roubo e, por razões de ordem sentimental, se ver impedido em apresentar queixa crime.
Quando, a dado passo do diálogo, lhe observei que "o Sr. Cupertino de Miranda, era um grande apaixonado pela arte", ele começou a chorar e tive que suspender a gravação por alguns minutos para a voltar a retomar, pouco depois - Não vou aqui apontar nomes nem ele me indicou nome algum Porém, tanto ele com a Sr. Irene, foram muito claros em apontar a origem da autoria desse crime - Levada a cabo por pessoa que lhe era próxima - Mas essa é uma questão que não dizia - nem mesmo hoje - diz respeito ao repórter mas aos herdeiros da sua fortuna.
Na sua resposta, que a seguir se reproduz e gravada da cassete para o video que aqui edito, com algumas fotos gentilmente oferecidas pela Câmara Municipal de Famalicão - cortesia essa que aqui desejo sublinhar - , sim, creio estarem implícitas pelo menos as razões pelas quais o levaram a retrair-se num doloso sofrimento e a coibir-se de apresentar a devida queixa crime, que o roubo justificaria - E até estou em crer que, um tal desabafo, o fazia pela primeira vez, além da esfera íntima e restrita, que dava mostras de manter com o seu anjo da guarda e única confidente, ou seja, a D. Irene - Pois pareceu-me, que, naquele momento, foi mais a emoção que superou a frieza racional, que, no seu ponto de vista, o caso aconselharia, face à preservação do que ele, certamemnte, consideraria a defesa de certos princípios e valores pelos quais orientara a sua vida e da sua família: desde os filhos aos netos.
Arthur Cupertino de Miranda – Banqueiro Mecenas - No vídeo o breve enxerto de uma extensa entrevista.
Excerto de alguns minutos de uma entrevista de meia hora
Excerto de alguns minutos de uma entrevista de meia hora
JTM - O Sr. Cupertino de Miranda, sempre gostou da arte! Teve sempre uma grande inclinação para a arte!
ACM - Tive uma coleção dos artistas mais célebres, que me roubaram, em 1965…Gauguin! Renoir! Matisse! Salvador Dali! Tive obras notabilíssimas, que hoje valiam mais de 20 milhões de dólares!... Uma das quais vendida na leiloeira Christie's, por milhão e meio de dólares
JTM - E então a Policia, a Interpol, não tomou medidas?
Não, não tomei…
JTM – Não se importou?!...
ACM – Sofri muito!...Sofri muito!... Mas não podia tomar medidas….
JTM - Mas, desse roubo, o roubo foi total ou ainda ficaram algumas obras?
ACM – Ficaram algumas poucas…Ainda tenho aí uma Madona, que deve valer mais de um milhão de dólares”… Ainda tenho lá em Casa do Louro um quadro de um pintor francês… Tenho Silva Porto! Malhoa, Tenho Columbano! Pousão e vários.
JTM - E, em relação aos artistas contemporâneos, tem algum gosto especial pela atual pintura que se faz em Portugal?
Tenho dado à Fundação mas tenho três painéis de Cargaleiro à entrada de minha casa
JTM – E Vieira da Silva?
ACM – Já tive… Mas…
JTM - Desapareceram.
ACM – Pois…
JTM – Naturalmente que, para um Homem, não é só o valor pecuniário, que está em causa mas a estimativa, o gosto…
ACM – Tínhamos muita coisa!.. Mas em minha Casa do Louro, ainda tenho muita coisa!....
JTM – Mas eu queria sublinhar o seguinte: - Para si não foi só a perda, em termos materiais! Mas também o valor estimativo, que tinham essas obras... Naturalmente que sofreu por isso!...
ACM – Não é só a estimativa mas adoração que tenho pelas artes!... Mas ainda tenho Soares dos Reis! Teixeira Lopes! E outros…
JTM – Olhe, para além da poesia, nunca pintou? – Já que tem assim um gosto, tão grande, pelas artes plásticas?
ACM – Pintar, nunca pintei… Não sei pintar.
JTM – Gosta de ver…
ACM – às vezes, pinto o diabo!..
JTM – Como disse?... Pinta o diabo?!- sorrindo - O Sr. tem mau feitio, às vezes?... Às vezes, irrita-se, é?... Quando a vida não lhe corre… Mas o Sr. é um pessoa calma, não é?
ACM - Sou. Outras vezes, sou impetuoso!
JTM – Gosta que as coisas avancem!... Não gosta que as coisas parem!.. É por isso, não é!... Mas, em casa, é um pessoa calma?
ACM – Sou, sou uma pessoa muito calma
Ao leu lado, estava a D. Irene, a governanta da casa, que ele apelidou de Anjo da Guarda.
JTM – Eu queria-lhe perguntar se teve oportunidade de conhecer gente ilustre das nossas letras e das nossas artes?
ACM – Conheci o Sampaio Bruno! Conheci o Guerra Junqueiro! – Quando eu era ainda era rapaz do Liceu. Conheci o Teixeira de Pascoaes! Conheci o Leonardo Coimbra! – fui íntimo de Leonardo Coimbra!... De Aquilino Ribeiro!... – íntimo!
ARTHUR CUPERTINO DE MIRANDA - TALVEZ O ÚNICO BANQUEIRO COM TÃO RARA SENSIBILIDADE E SENTIDO VISIONÁRIO
O banqueiro mecenas, fundador da Fundação Arthur Cupertino de Miranda, em Famalicão, sede do seu torrão natal, e a quem Salazar recorreu, em aperto de crise, para fundar um banco, com a solidez que não existia, houve quem lhe chamasse, um predestinado para outras funções diferentes de cantor de musas e de ninfas, do poeta, prosador, escritor
- Sim, inegavelmente, além do grande banqueiro
visionário, que fundou o primeiro banco
comercial em Angola e em S. Tomé e Príncipe, do autor de alguns livros e poemas
dispersos em jornais, revistas e obras literárias, na verdade, se os acasos dos
destino não o tivessem encaminhado pelos negócios financeiros, em Portugal, no
Brasil e em África, o mais certo era que o seu nome apenas estivesse associado
às mais belas páginas da literatura portuguesa, pois talento e mestria, não lhe
faltavam - Sem dúvida, uma figura de
rara sensibilidade e também de generosidade – Longe de ser a imagem do
banqueiro usurário, egoísta, açambarcador e monopolista – Mas um homem
cultivador de ideais - E esforçando-se
por os materializar – Tendo mesmo chegado a ser preso pela antiga polícia ditatorial
do chamado Estado Novo, visto que, os
seus ideais, eram os democráticos, que havia abraçado com a implantação da
República.
A Fundação Cupertino de Miranda, fundação privada de interesse geral,
com sede em Vila Nova de Famalicão, foi instituída por iniciativa de
Arthur Cupertino de Miranda (1892-1988) e sua esposa, D. Elzira Celeste
Maya de Sá Cupertino de Miranda, (1892-1978) que à mesma afectaram bens
pessoais e a constituíram por estatutos de 15 de Agosto de 1963,
aprovados pela entidade tutelar a 2 de Outubro de 1963. Inaugurada a 8
de Dezembro de 1972 foi dotada de um Museu, de uma Biblioteca e de um
Auditório, de forma a desenvolver actividades de promoção e divulgação
de iniciativas culturais nas diferentes áreas de expressão.
A actividade da Fundação, na sua vertente cultural, tem-se evidenciado,
no plano educativo e cultural, através do apoio que a sua valiosa
Biblioteca presta à comunidade bem como numa programação sistemática no
sector das Artes Plásticas. Neste âmbito podem ser apreciadas no seu
Museu, obras do acervo da Fundação e ainda outras exposições
temporárias.
Mário de Oliveira, no seu texto intitulado, Arthur Cupertino de Miranda - Um Homem - começa por referir o seguinte:
Para se falar de um homem como Arthur Cupertino de Miranda não basta conhecer a sua triunfante obra como banqueiro. Torna-se necessário fazer um conhecimento directo: conviver. Foi precisamente a convivência que tive com Cupertino de Miranda que me revelou uma personalidade extraordinária, de aquelas que aparecem muito pouco em cada país e em cada geração.
Pois, tal como se lê num dos textos, assinado por Mário de
Oliveira, no livro “Tudo Começou no Louro, alusivo à inauguração da Fundação Cupertino
de Miranda, em 8 de Dezembro de 1972, “a
vida do banqueiro Cupertino de Miranda; homem de ânimo criador para prosperar
nos negócios, é uma vida também cheia de ideais, pois nunca esquece que a
cultura faz parte integrante do homem e dá a este o direito de viver a sua vida
e sentir essa transcendente necessidade vital de estar com Deus. A frase feliz
de São Paulo: - «Cada homem se converteu em uma lei para si mesmo»; é bem
adaptada a Cupertino de Miranda.
Para se falar de um homem como Arthur Cupertino de Miranda não basta conhecer a sua triunfante obra como banqueiro. Torna-se necessário fazer um conhecimento directo: conviver. Foi precisamente a convivência que tive com Cupertino de Miranda que me revelou uma personalidade extraordinária, de aquelas que aparecem muito pouco em cada país e em cada geração.
Nascido de uma família relativamente abastada de Vila Nova de Famalicão, cedo começou a revelar o seu destino para a vida. De seus pais herdou qualidades que o adornam: trabalhador incansável, um amor à terra natal que depois transmudará no amor da Pátria, uma fé religiosa, um estrito sentido de vida familiar e uma capacidade para analisar os temas financeiros a uma dimensão universal e não meramente local ou nacional. Homem de inteligência superior, vontade e energia, de uma enorme rapidez mental permanecendo, sempre, profundamente humano, é ao mesmo tempo, um homem de pensamento e um homem de acção.
Disse Heródoto que o ânimo do homem é o seu destino. Foi, efectivamente, o ânimo que traçou todo o destino da vida de
Cupertino de Miranda, uma vida cheia de fé, francamente positiva - que no tempo perspectivado, já fez história.
É que o homem, só é verdadeiramente homem quando faz história, ou quando é história. E, Arthur Cupertino de Miranda é um Homem histórico até porque, no futuro, ele será sempre lembrado, já pela sua acção no domínio das finanças em que teve sempre um alto sentido dos problemas económicos já ainda como homem de espírito, que no silêncio do seu «habitat» ( onde o rodeiam magníficas obras de arte), ele soube encontrar na literatura dos clássicos portugueses o seu melhor «hobby» para se esquecer da vida fatigante que o destino lhe colocou no caminho.
Para mim, Cupertino de Miranda foi sempre um homem de espírito, porque sempre o tenho encontrado quer em conferências, quer em exposições de arte, quer em concertos de música, quer ainda em homenagens a intelectuais seus amigos. E nesses encontros sempre abordamos temas referidos à vida artística e intelectual- a perene vida do espírito.
Cupertino de Miranda esteve sempre ligado aos problemas da criação artística: e lembro-me - é mesmo uma das mais gratas lembranças da minha vida de estudante no Porto - de quando, assiduamente, frequentava a sua bela casa das Antas e muito «matreiramente» procurava as horas de jantar para assim receber um convite para ficar. A Pensão onde estávamos não era muito propícia a alegrar os estômagos - e discretamente Dona Elzira instava para eu jantar com o fim de trocarmos impressões sobre Arte ...
Recordo-me, como se fosse hoje, que no fim de um desses jantares, Cupertino de Miranda, se dirigiu para uma paisagem de Artur Loureiro e me disse: - «Cada vez estou mais convencido de que a arte é um dos maiores lenitivos para a vida do homem. Sempre que analiso esta paisagem; sinto a natureza em toda a sua infinita beleza; e os meus nervos tranquilizam-se».
Também me recordo das suas viagens a Paris e das obras de arte que o acompanhavam no seu regresso ao 'Porto.
É que o autêntico Homem - como é o caso de Arthur Cupertino de Miranda - vive no seu mundo físico aquilo que ele afinal criou sem mais finalidade do que servir-se desse cenário para representar a sua vida dentro de um trabalho ordenado numa completa harmonia entre o individual e o social. Procurando no fim uma integração entre os valores espirituais com os materiais, quando ele é realmente união entre a cidade terrena e a cidade de Deus.
A vida do banqueiro Cupertino de Miranda; homem de ânimo criador para prosperar nos negócios, é uma vida também cheia de ideais, pois nunca esquece que a cultura faz parte integrante do homem e dá a este o direito de viver a sua vida e sentir essa transcendente necessidade vital de estar com Deus. A frase feliz de São Paulo: - «Cada homem se converteu em uma lei para si mesmo»; é bem adaptada a Cupertino de Miranda.
O triunfo na vida deste singular Homem; explica-se por ter ânimo para traçar o seu destino e para o converter também numa lei para si mesmo.
Por tal razão é que ele ama a arte e por ela; ainda teve sempre pelos artistas uma grande simpatia e um sincero carinho a tal ponto que tem sido um verdadeiro Mecenas para muitos, mormente para que tiveram ou sentiram enormes necessidades materiais nos princípios da sua carreira artística , e a quem Cupertino de Miranda sempre ajudou com o maior entusiasmo.
"O HOMEM , O BANQUEIRO E O BENEMÉRITO"
Diz a dado passo, Rebelo Mesquita, num extenso e curiosíssimo texto publicado também em "Tudo Começou no Louro
(...) No·
Liceu e na Escola Politécnica faz-se rodear dos melhores amigos. A fulgurância
do seu talento, a cativante verbosidade, o brilho da sua palavra sempre fluente
e de arroubos literários, a sublimidade dos seus conceitos tudo revelando um
estudante de excepcional envergadura, tornam o nome de Arthur Cupertino de Miranda
conhecido e estimado.
Cultiva
as relações e passa a viver em permanente convívio com os artistas, escritores,
jornalistas e tribunos. :É uma das revelações da academia, que diremos mesmo o
último abencerragem.
Durante
o período de estudos, onde é um dos mais aplicados estudantes de economia e
finanças, não deixa de se dedicar, sempre que possível. à vida literária, que é
uma das suas mais curiosas facetas e uma das suas mais estuantes paixões.
E
sempre que vinha ao Louro no remanso das fertilíssimas propriedades e nas
margens românticas do Este, Arthur Cupertino de Miranda, em plena e radiosa mocidade,
continua a versejar, a sentir e amar as musas .
Jovem
poeta com 18 anos apenas - escreveu em
1911 este outro soneto que não nos furtamos à tentação de transcrever de Andorinhas.
Partiste!
E ao partir ainda ficaste
Em
saudade a ocupar todo o. meu ser!
Rosa
que o vento desprendeu da haste,
Seu
perfume ficou-me a entontecer.
Partiste!
E ao partir não reparaste
Que
em meu peito ficavas a viver,
Por
isso hás-de voltar – é forte o engaste
Deste
amor que jamais pode morrer!
Também
as andorinhas, pelo azul
Do
céu, voam em busca do arminho
De
uma longa, infinda primavera...
Desiludidas,
breve, asas do sul
Batendo,
voltam a construir seu 'ninho
No
dúlcido beiral que as espera.
Arthur Cupertino de Miranda nasce a 15 de Setembro de
1892 na Quinta de Felgueiras, na freguesia de Santa Lucrécia do Louro, concelho
de Vila Nova de Famalicão. Filho de um casal de abastados lavradores, Francisco
Cupertino de Miranda e Joaquina Nunes de Oliveira, é o mais novo de quatro
irmãos – José, Augusto, António e Arthur.
Com apenas 19 anos, casa com Elzira Celeste Maya de Sá Cupertino de Miranda e fixa residência no Porto.
Torna-se pela sua visão financeira e profícua actividade numa das maiores figuras da banca portuguesa. Em 1919, abre no Porto, com o seu irmão Augusto, a Casa Bancária Cupertino de Miranda & Irmão, Lda., transformada em 1942 no Banco Português d Atlântico.
Nos anos 60, adquire uma quinta no Algarve, com 1700 hectares, e concebe um grande projecto turístico, dotado de marina, hotéis, casino e campos de golfe, fundando deste modo a Lusotur.
Deu vitalidade a várias empresas, como a Companhia Vidreira Nacional (Covina), a Companhia Vidreira Brasileira (Covibra), a Companhia de Fomento Colonial e a Sociedade Algodoeira de Portugal.
Foi condecorado com a Comenda da Ordem Militar de Cristo (1934); Grã-Cruz da Ordem de Mérito Civil, de Espanha (1964); Medalha de Ouro da Municipalidade de Vila Nova de Famalicão (1964); Comenda da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul (1965); Medalha da Imperatriz Leopoldina, do Instituto Histórico-Geográfico de São Paulo, Brasil (1967); Grã-Cruz da Ordem de Benemerência, de Portugal (1969); Medalha de Ouro da Cidade do Porto (1969).
Institui uma Fundação com o seu nome, para fins de educação, cultura e assistência. Dela foi fundador, juntamente com sua mulher, D. Elzira Cupertino de Miranda, e Presidente vitalício do seu Conselho de Administração.
Após a morte de D. Elzira, em 1978, fixa residência em Lisboa.
Arthur Cupertino de Miranda faleceu, em Lisboa, a 13 de Julho de 1988.
Com apenas 19 anos, casa com Elzira Celeste Maya de Sá Cupertino de Miranda e fixa residência no Porto.
Torna-se pela sua visão financeira e profícua actividade numa das maiores figuras da banca portuguesa. Em 1919, abre no Porto, com o seu irmão Augusto, a Casa Bancária Cupertino de Miranda & Irmão, Lda., transformada em 1942 no Banco Português d Atlântico.
Nos anos 60, adquire uma quinta no Algarve, com 1700 hectares, e concebe um grande projecto turístico, dotado de marina, hotéis, casino e campos de golfe, fundando deste modo a Lusotur.
Deu vitalidade a várias empresas, como a Companhia Vidreira Nacional (Covina), a Companhia Vidreira Brasileira (Covibra), a Companhia de Fomento Colonial e a Sociedade Algodoeira de Portugal.
Foi condecorado com a Comenda da Ordem Militar de Cristo (1934); Grã-Cruz da Ordem de Mérito Civil, de Espanha (1964); Medalha de Ouro da Municipalidade de Vila Nova de Famalicão (1964); Comenda da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul (1965); Medalha da Imperatriz Leopoldina, do Instituto Histórico-Geográfico de São Paulo, Brasil (1967); Grã-Cruz da Ordem de Benemerência, de Portugal (1969); Medalha de Ouro da Cidade do Porto (1969).
Institui uma Fundação com o seu nome, para fins de educação, cultura e assistência. Dela foi fundador, juntamente com sua mulher, D. Elzira Cupertino de Miranda, e Presidente vitalício do seu Conselho de Administração.
Após a morte de D. Elzira, em 1978, fixa residência em Lisboa.
Arthur Cupertino de Miranda faleceu, em Lisboa, a 13 de Julho de 1988.