Chamam-lhe os
Tambores: De facto, quem olhar as suas íngremes penedias, tanto, cá de baixo, do fertilíssimo vale,
onde o visitante abandona a EN 102 e começa a serpentear a estrada que o conduzirá a aldeia de Chãs, sim, quem se
detiver a olhar para aquela vasta
fortaleza de enormes pedregulhos
cinzentos que se lhe deparam, ou mesmo, quando lá chegar ao alto das vertentes rochosas do maciço planáltico, realmente, a
impressão que tem é a de uma
fantástica orquestra ciclópica - Será este o motivo por que deram o nome de
tambores, àqueles gigantescos fraguedos?... - Não se sabe. Mas também não é o
que talvez mais importe saber, senão ir ao encontro do seu natural mistério
e fascínio.
E foi o que realmente fez um grupo de
peregrinos, ligados por velhos laços de amizade e por um elo comum: um grande
amor pela Mãe-Natureza – Tudo porque, nalguns pontos desses morros, se erguem os
chamados Templos do Sol - Num dos quais despontam as tão raras e belas orquídeas roxas - as selvagens Serápias - Que parecem recusarem-se a florir em qualquer lameiro. Pois têm os seus sítios bem tipificados e preferidos, segundo referem os estudiosos. Pena o sol depressa as torrar e as desfazer, que é o que delas - duas semanas depois - agora já pode restar.
A sua origem está
ainda envolta nalgum mistério e nalgumas sombras, tal como, de resto, toda a
Pré-História. Presume-se, porém, que tenham sido erguidos por antigas
civilizações pré-célticas e, também, sabiamente aproveitados por estas culturas
que, compreendendo o poder e o significado que representavam, os utilizaram e
cultuaram nos seus rituais e festividades, ligadas aos ciclos das estações
.
E é tal a
precisão matemática que muitos deles denotam, com o movimento aparente dos
astros, que, hoje, a erigirem-se e a fazer-se o seu levantamento, talvez
só fosse possível com a ajuda das coordenadas oferecidas por satélites ou pela
observação de sofisticados aparelhos astronómicos. Existem em várias
partes do mundo, cada um com as suas especificidades. Porém, uma parte
desses monólitos foram destruídos, perderam-se ou caíram no esquecimento – Tal
como este, até ao dia em que alguém se apercebeu da sua singularidade,
acreditando que não poderia ser mais um vulgar penedo, entre os inúmeros que
por aqui existem a monte ou isolados, por ação e obra da Mãe-Natureza, erguidos
e deixados ao acaso.
A celebração
do Solstício, que anualmente se realiza junto ao altar de um desses sagrados
alinhamentos, só decorrerá ao pôr-do-sol do próximo dia 21, contudo, eles
sabiam que, aquele místico lugar, vale a pena ser visitado em qualquer dia do
ano.
Pois as pedras são a representação primordial do Sagrado e do Divino, os grandes condensadores energéticos. Há pedras curativas, terapêuticas e
benéficas, há outras alucinogénias, venenosas e malsãs. Pedras purificadoras,
que produzem calor, melhoram a pele, os ossos e a visão. Debaixo de muitas
delas brotam águas sulfúricas ou passam correntes vibratórias e telúricas – Na vertente do
Maciço dos Tambores, nos arredores da aldeia de Chãs (Foz Côa) em cujo planalto
e quebradas se erguem os Sagrados Templos do Sol, abre-se o vale maravilha
da Ribeira Centeeira, também conhecido pelo Graben de Longroiva – Lugares que
os antigos povos elegeram para seus refúgios, suas cidadelas primitivas, onde
ergueram os seus Templos Sagrados, aproveitando a fisionomia das pedras,
deslocando-as ou talhando-as, de acordo com os saberes que herdavam dos seus
ancestrais ou iam adquirindo com a sua própria evolução – Lugares também onde
certas plantas brotam, tais como as orquídeas selvagens, como se
fizessem parte de um horto ou Éden Sobrenatural.
Na verdade, tal
como, defendem alguns estudiosos, “existem pedras que são
verdadeiros amuletos, pedras que transmitem alegria , sorte e força, outras,
pelo contrário, são verdadeiramente fatídicas, demoníacas, sugadoras,
vampíricas. Sim, há as pedras que nos fornecem os metais, desde os mais
elementares aos mais preciosos; outras o sal, o indispensável condimento alimentar
Antes de haver
vida à superfície da Terra, havia fogo e magma. Só depois, e paulatinamente,
sugiram os primeiros sinais de vida. Antes do homem erguer as estátuas da Ilha
da Páscoa e de outros impressionantes megálitos, para cultuarem os seus deuses
ou de lhe servirem de calendários solares, em perfeito alinhamento com os
equinócios e solstícios, já a própria natureza, expressão da inteligência
universal, havia talhado as suas primeiras pedras esculturais, polidas
pela água e pelo vento, pela ação continuada e constante dos agentes
atmosféricos, das forças celestiais – Os homens limitaram-se a
seguir os ensinamentos da Mãe Natureza - evoluindo – e não ao
contrário: pois não foram os homens que criaram as plantas, os oceanos, as
maravilhas das flores e da vida sobre a Terra.
Por isso mesmo,
quem primeiro se apercebeu dos poderes mágicos e curativos das pedras, de
certos lugares, onde as energias cósmicas e telúricas se cruzam, tal como as
veias no corpo humano, foram, obviamente, os antigos povos, cuja vidas, desde o
nascimento à morte, estavam intimamente ligadas aos ciclos das estações, à
oferta generosa ou adversa dos elementos naturais. – Os Templos do Sol,
situados no Maciço dos Tambores, é um dos lugares mágicos onde a tríada
Deus-Homem-Natureza, se harmoniza e cruza num só corpo. Se puder fazer a
peregrinação a esse lugar, não deixe de lá ir: sozinho ou acompanhado: o
. Importante é que vá em paz de espírito (mas também a lá pode
adquirir) conquanto vá recetivo às boas energias, de coração aberto e escancarado.
Obrigado amigos e um
grande abraço de muita estima por me terdes propiciado uma manhã e uma tarde,
tão maravilhosas! A Tomé Janeiro e Noémia, dinamizadores da romagem, Padre
Filipe, José Lebreiro, Jorge Mesquita, José Valongo, João Lourenço, António
Mata e Armindo Janeiro - Quem também vos esperava e saudava à vossa chegada em
Chãs, foi António Lourenço, que não nos pode acompanhar por afazeres de
Presidente do BV de Foz Côa. Numa próxima postagem, vou referir-me ao resto da jornada – De um domingo de Maio, fantástico, que começa numa
peregrinação aos Templos do Sol (Santuário da Pedra da Cabeleira, Pedra dos
Poetas, Castro do Curral da Pedra e Pedra do Sol) vai a Meda, onde saboreia um
delicioso Vinho do Porto, na casa Vinho & Eventos de Armindo Janeiro,
converge até ao Poço do Canto, onde lhe é oferecido por Jorge Mesquita, do
Restaurante Quinteiro do Cônsul, um cozido à portuguesa divinal – Depois –
embora já mais reduzido – vai até aos Cancelos, onde é recebido na casa de
Noémia e José Janeiro – mas quem havia de imaginar que na província se cultiva
tão bom gosto, tanta bonita surpresa e onde até há pedras nas paredes no
interior cujos pigmentos naturais parecem contar misteriosos símbolos que são
como que um teste ou devaneio místico-iniciático à imaginação e à sensibilidade
do visitante, após o que deambula pelas ruas da pequena povoação para ver o
forno comunitário, um antigo fontanário recuperado, antigas ermidas, bonitas
casas com sacadas floridas, palácios históricos, desce de novo até ao Poço do
Canto para mais uns momentos de agradável convívio, num domingo que também era festivo nesta freguesia – O do
Espírito Santo
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