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domingo, 14 de junho de 2015

Dia de Santo António de Lisboa; “milagre do sol” emociona e deslumbra centenas de fiéis quando termina a procissão e o andor recolhe à igreja: muitos olhares voltam-se subitamente para o sol e dizem que o sol dança, coroado de cores, tal como arco iris – A astronomia explica o fenómeno mas os crentes acham que é mais um dos milagres do Santo no momento do “Adeus”

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista     C

 
A procissão de Santo António de Lisboa, continua a ser a mais concorrida de todas as festividades religiosas da capital – Não só para  fieis  como para curiosos e turistas: Pois, como é sabido, multidão atrai multidão. Também lá estivemos, não propriamente como devoto mas na qualidade do jornalista e observador. Fomos lá o ano passado e também nalguns anos anteriores. Desta vez, quando ali chegámos, estava justamente a terminar o sermão por D. José Traquina. Bispo auxiliar de Lisboa. - A bem dizer, era a hora que mais nos interessava.

À semelhança de outras celebrações, estas começaram com uma missa solene às 17 horas, a que se seguiu a procissão por algumas das ruas mais velhinhas de Alfama. As cerimónias terminaram, com a missa do Adeus, por volta das 20 horas. 

Tal como é tradicionalmente reconhecido, este é o momento mais emocionante para os fiéis do santo mais popular e padroeiro de Lisboa, sua terra natal, onde nasceu em  1195 e recebeu o batismo com o nome de Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo.

 Porém, é em Coimbra, que haveria de cimentar a sua formação religiosa e responder  a um apelo interior ao ingressar na ordem de Frades Menores, pela devoção que, logo desde criança, começara a manifestar pelo hábito franciscano. De tal modo, e com tal vocação, brilho  e intensidade, que  haveria também de ser nesta cidade que iria distinguir-se ao ser elevado a  Doutor da Igreja da Ordem dos Frades Menores.

No entanto,  seria na cidade de Pádua, em Itália, onde a sua entrega aos cânones do evangelho, como  brilhante orador e servo dedicado a servir os mais carenciados, desde crianças a idosos, bem como o seu  amor pela natureza (animais, crianças e flores), que   ganharia projeção mundial, ao ponto do Papa Leão XIII  lhe ter chamado  "o santo de todo o mundo”, e lhe ter atribuído  o título de "Doutor Evangelho".

Morreu aos 34 anos, ainda muito novo - se bem que a média de esperança de vida, por esses tempo,  não fosse muito acima desse nível. Foi sepultado em 1231, naquela cidade italiana, com a fama de  Santo António de Pádua, devido aos milagres que lhe eram atribuídos. Em  Lisboa, além de milagreiro também adquiriu a fama do "Santo Casamenteiro" . Daí a razão de, no dia em que é suposto ter nascido, haver sempre quem aproveite a efeméride para contrair  matrimónio - Parece ter sido o caso do Príncipe da terra do frio - Príncipe da Suécia e Sofia casam-se no dia de St. António

FENÓMENO DO MILAGRE DO SOL – VER PARA CRER?

Diz-se de S. Tomé, ver para crer :  um dos doze apóstolos  de Jesus Cristo,  que, tendo duvidado da sua ressurreição, dizem que exigiu tocar as  suas chagas para que se convencesse.

 Eu não estava ali,  junto da Igreja da Sé no momento do Adeus, propriamente com essa intenção, visto já ter assistido a tais momentos, noutras celebrações, mas tão só para me aperceber se, com a evolução da ciência, a ascensão do agnosticismo mas também de  grande proliferação de crenças, haveria menos pessoas a dar crédito a tal fenómeno. Bem pelo contrário: nunca vi tantas pessoas, de todas as idades e condições sociais a olharem fixamente o sol, mesmo quando não era encoberto por algumas nuvens. Aliás,  era nessas alturas que as emoções mais se acentuavam, a raiar o delírio, nomeadamente quando a luz transparecia através de algumas clareiras ou névoas menos densas, que seus olhares mais pareciam deslumbrar-se e seu coração comover-se

Também olhei em várias posições e até por detrás de alguns devotos ou mesmo servindo-me das suas películas protetoras. Confesso, porém, que o que mais me impressionou, não foi o fluxo solar, as suas constantes flutuações ou explosões de estrela viva e muito ativa (felizmente para bem da humanidade, visto ser o grande lampião astral, a principal fonte da vida para o Planeta Terra)  ou   tão pouco para contemplar a sua áurea, as suas nuances e brilhos ou alterações de cor se o  fixarmos por mais de alguns instantes . Penso que não é o sol que muda de cor ou gira mas a reação da nossa vista à projeção das suas irradiações ao procurar defender-se. 

Pois, mas é tal coisa: a fé é um fenómeno muito poderoso e com reflexos psicológicos e emocionais inexplicáveis.  - Foi estribando-me num desses fortíssimos sentimentos que logrei  sobrevir 38 dias à deriva numa frágil canoa no Golfo da Guiné, tal como descrevo noutro blogue http://canoasdomar.blogspot.com/2019/11/perdido-no-golfo-da-guine-33-dia.html Sim, os fenómenos da fé, ou os ditos milagres, escapam à compreensão humana e ao âmbito da explicação de astrónomos, meteorologistas e de quem, como nós, acredita na ciência: - se  bem que não descure o sobrenatural. Pois haverá maior milagre que o  da vida? - E quem o explica?...  Seja como for, aqui deixamos o apontamento de reportagem para que, cada leitor faça o seu juízo ou a sua interpretação.





Foi bom ter lá ido, porque é sempre bonito ver exaltações ao sagrado, seja a que pretexto for, Até porque, tal  como é teológica e cientificamente reconhecido, a imaginação e os sentimentos  do ser  humano, têm  essa necessidade, de sentir a sublimação e a transcendência, a  do culto ou a devoção por qualquer coisa que ultrapassasse a sua compreensão. De outro modo, a vida ser-lhe ia insuportável, independentemente de quaisquer  crenças e convicções religiosas. 
Além disso, além de ter gostado de ali ter ido, ainda fui presenteado com os abraços e beijos  de familiares, muito próximos  e de pessoas amigas – Nomeadamente por um grupo de simpáticos e amáveis santomenses. Das duas ilhas. Apesar de ter chegado tarde, pelos vistos, ainda cheguei a tempo.

O QUE SE DIZ DOS MILAGRES DE SANTO ANTÓNIO



«São muitos os milagres atribuídos a Santo António, ocorridos tanto em vida como após a morte. O Santo nasceu provavelmente no verão de 1195, com o nome de Fernando de Bulhões, perto da Sé de Lisboa, onde ainda criança iniciou a sua instrução. Aos 15 anos, entrou para o Mosteiro de S. Vicente de Fora, de frades agostinhos, e, mais tarde, completou a sua educação em Santa Cruz de Coimbra, também da mesma ordem. Após ter aprendido em Portugal tudo o que era possível saber naquela altura, a sua natureza curiosa e o seu insaciável desejo de aprender levaram o jovem a embarcar para Marrocos, com a intenção de evangelizar os povos, dando-lhes a conhecer a palavra de Deus. No entanto, devido a problemas de saúde, rapidamente, embarcou de regresso a Portugal, onde nunca chegou, pois o barco, em que navegava, foi atingido por uma tempestade e chegou à Sicília, tendo depois rumado para o centro de Itália, onde se encontrava S. Francisco de Assis. Foi companheiro deste e tornou-se franciscano, tomando o nome de António. Começou a manifestar dotes de orador, tendo ficado famoso pela simplicidade e força dos seus sermões. Santo António morreu aos 36 anos e foi canonizado pelo Papa Gregório IX, um ano apenas após a sua morte.


Conta a lenda que Santo António foi um dia pregar à cidade de Limoges, em França. Dizia-se que os seus sermões eram ouvidos por mais de 30 mil pessoas de cada vez e que, por isso, era obrigado a pregar ao ar livre. Estavam todos em silêncio a ouvir o Santo quando desabou uma grande tempestade sobre a multidão, que ficou atemorizada pela violência dos raios e dos trovões. Santo António, porém, aconselhou os ouvintes a ficar, assegurando-lhes que, com a ajuda de Deus, nem uma gota de chuva os atingiria. O local onde estavam os ouvintes ficou enxuto, enquanto, à volta, ficou completamente encharcado. 

Uma outra vez, em Rimini, perante hereges cátaros que se tinham reunido para evitar a evangelização, houve um sermão que ficou célebre. Defrontado com a indiferença da população, Santo António dirigiu-se aos peixes do mar que surgiram, aos milhares e, muito organizados, emergiram as suas pequenas cabeças para ouvir a palavra de Deus. Homens e mulheres acorreram para ver esta maravilha, tendo muitos deles acabado convertidos. 

A imagem de Santo António é, como se sabe, representada com o Menino Jesus ao colo pela grande cumplicidade e companheirismo entre os dois. Conta a lenda que, em Mação, ia o Santo buscar lenha do outro lado do Tejo, a pedido de sua mãe, quando verificou, na volta, que barco e barqueiro tinham desaparecido. Preocupado por saber que a mãe o esperava do outro lado, Santo António pediu ajuda ao Menino que lhe apareceu. Este disse-lhe que atirasse o feixe de lenha ao rio que Ele o conduziria para a outra margem. Diz a lenda que Santo António apareceu do outro lado do rio com o Menino ao colo. 

Uma outra vez, em Pádua, Santo António hospedou-se em casa de um homem rico que o surpreendeu a conversar com o Menino Jesus e que só foi autorizado a revelar o que tinha visto depois da morte do Santo.
Excerto de Milagres de Santo António

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