Celebração do
Solstício do Verão 21 Junho 2015 - Domingo a partir das 18 horas, em cortejo evocativo até aos Templos do Sol, no Maciço dos Tambores, Momento em que o sol fica alinhado com esférica Pedra Solsticial - Vinde e
Sede-Bem-Vindo!
Na mesma área, adjacente a um antigo castro - e no mesmo perímetro do Parque Arqueológico do Vale do Coa, existem ainda outros alinhamentos - Qualquer deles pode ser observado, dois dias antes ou dois dias depois, a diferença do eixo solsticial ou equinocial, é mínima. Tal é o caso deste vídeo e do que está editado ao fundo deste post.
ODE À PAZ
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
Natália Correia, in O Sol nas Noites e o Luar nos Dias
Depois de
uma volta pelas ruas da aldeia, que terá início às 17 horas, pelo Grupo Lua Nova, Gaiteiros de Mogadouro e a
exibição musical , no adro da igreja do
duo Ale&Ole - Olena
Sokolovska (violino) e Pedro Ospina (guitarra e laúd), às 18 horas tem inicio o
cortejo celta, que se dirigirá para ao Maciço dos tambores. Com uma breve
paragem no altar sacrificial da Pedra da
Cabeleira de N~ª Srª, e, deste santuário rupestre, à Pedra dos Poetas, no
Maciço dos Tambores, onde terá lugar a homenagem a Natália Correia, com a evocação da sua obra e a leitura de
alguns dos seus poemas, após o que o cortejo se dirigirá para o altar da Pedra
do Sol ou do Solstício, onde, pelas
20.45, os participantes na
celebração evocativa, poderão testemunhar a passagem dos raios solares sobre o eixo da Pedra do
Solstício
as aras nos mais elevados
lugares, no cume
das montanhas que
contemplam a terra, e assim escolhem
um templo verdadeiro e sem
muros, onde encontram
o Espírito
para quem tão pequeno é o valor dos santuários
erguidos pelas nossas
mãos. Vinde então comparar
colunas e altares de
ídolos, góticos ou gregos,
com os lugares sagrados da
Natureza, a terra e o ar,
e não vos confineis a
templos que limitam as vossas preces.”
Byron
VINDE E SEDE BEM-VINDOS
à amplidão dos grandes
espaços, aos silenciosos caminhos e
atalhos,
trilhos milenares, que vos
hão-de levar ao reino misterioso
das Quebradas e dos Tambores,
vasto planalto sulcado
por cerros morros, semeado
por negros penedos,
rasgado por rudes penhascos,
ladeado por muralhas de
ladeiras escalvadas,
denegridos flancos muito
agrestes, muito abruptos,
coroados por esfíngicos
bustos, desnudadas fragas,
hercúleos titãs, figuras
míticas e trágicas,
há muito divinizadas por homens de outrora
e pelos olhares sagrados dos
seus deuses
que, em rituais bárbaros, os
adoravam e invocavam!
Vinde comparar os altares
erguidos por nossas mãos
com os sagrados lugares da
Natureza, que,
unindo a Terra aos Céus,
não limitam, nem os nossos
passos,
nem cerceiam a nossa
imaginação,
na infindável procura de se
encontrarem,
com paixão e amor,os verdadeiros
laços
que nos unem a Deus, em
uníssono diálogo
e profundo cântico interior com
a Criação,
a Suprema Vontade, das
maravilhas
e alegria dos seus prodígios!
Sim, vós, a quem humildemente me dirijo,
vinde contemplar, livremente,
em plena paz de espírito,
os genuínos templos celestiais, erigidos
em honra ou em celebração da altíssima unidade Universal!
Vinde ver esses calmos e míticos lugares
repletos de silêncio, de solidão e de rocha,
povoados por ígneos perfis, fulminadas pedras,
que ora surgem isoladas e se destacam
nas vertentes rochosas, no cimo de duríssimas escarpas,
ora se amontoam, encasteladas, quase se diluem e confundem,
desfiguradas, por toda a vasta mancha acidentada,
tisnada e calva, da erma paisagem!
Vinde, pois, estender o vosso olhar sobre os grande espaços abertos,
onde as mais poderosas energias da terra e do cosmos
se fundem e expandem, subtilmente,
vos saúdam e acolhem, alegremente,
para que, assim, bem recebidos,
nos altares daqueles puríssimos ares,
possais contemplar o que é divino,
aquilo que, a todos, fala a linguagem da imortalidade,
a silenciosa voz das coisas sublimes,
generosa dádiva que, a todos
por igual, é oferecida! -
Vinde, pois, certificar-vos,
com os vossos próprios olhos, límpidos,
a vossa sensibilidade, bem desperta,
de coração tranquilo, mas bem aberto e escancarado,
de como é incomparável a beleza,
inefável o fascínio
e até, indefiníveis e misteriosas
as pulsações energéticas, vibráteis,
telúricas e transcendentais,
que esses pétreos vultos, solitários e eternos,
essas gigantescas pedras, melancólicas e abstractas
exercem sobre o corpo, a mente, a própria natureza humana!
(...)
compreendendo-a,
interpretando-a,
porventura
melhor do que nos dias de hoje,
inteligentemente
a souberam aproveitar
construindo
abrigos e toscas fortalezas,
habitando
escuras cavernas
para
se defenderem das intempéries,
dos
inimigos e das feras,
transportando
o que tinham que transportar,
erguendo
o que sabiam que deviam erguer ou sacrificar,
preparando
a pedra, com engenho e infinita devoção
os
seus utensílios rudimentares: percutores, mós, machados,
pontas
de sílex, e outros mais - objectos ainda hoje ali achados -,
lutando,
arduamente pela sobrevivência ,
tanto
quanto lhes permitiam os recursos
e
as possibilidades humanas,
honrando
os seus mortos,
festejando
os divinos ciclos,
cultuando
e venerando os seus deuses!
Sim, vós, a quem humildemente me dirijo,
vinde contemplar, livremente,
em plena paz de espírito,
os genuínos templos celestiais, erigidos
em honra ou em celebração da altíssima unidade Universal!
Vinde ver esses calmos e míticos lugares
repletos de silêncio, de solidão e de rocha,
povoados por ígneos perfis, fulminadas pedras,
que ora surgem isoladas e se destacam
nas vertentes rochosas, no cimo de duríssimas escarpas,
ora se amontoam, encasteladas, quase se diluem e confundem,
desfiguradas, por toda a vasta mancha acidentada,
tisnada e calva, da erma paisagem!
Vinde, pois, estender o vosso olhar sobre os grande espaços abertos,
onde as mais poderosas energias da terra e do cosmos
se fundem e expandem, subtilmente,
vos saúdam e acolhem, alegremente,
para que, assim, bem recebidos,
nos altares daqueles puríssimos ares,
possais contemplar o que é divino,
aquilo que, a todos, fala a linguagem da imortalidade,
a silenciosa voz das coisas sublimes,
generosa dádiva que, a todos
por igual, é oferecida! -
Vinde, pois, certificar-vos,
com os vossos próprios olhos, límpidos,
a vossa sensibilidade, bem desperta,
de coração tranquilo, mas bem aberto e escancarado,
de como é incomparável a beleza,
inefável o fascínio
e até, indefiníveis e misteriosas
as pulsações energéticas, vibráteis,
telúricas e transcendentais,
que esses pétreos vultos, solitários e eternos,
essas gigantescas pedras, melancólicas e abstractas
exercem sobre o corpo, a mente, a própria natureza humana!
(...)
Onde
tudo se confunde num tom de cinza,
até
o verde escuro das giestas,
excepto
na Primavera, quando, em manchas floridas,
parecem
cobrir de neve o musgo cinzeo das pedras,
e,
então, as tenras ervas, vicejam por toda a parte,
nas
linhas de água, rodeando as fragas,
porém,
agora, no pino da estação,
ressequidas,
já torradas, tornam
tudo abrasivo e pardo!
No
entanto, talvez seja justamente aqui,
neste
impressionante cenário, onde paira
a
mais absoluta desordem, que tem tanto de deprimente,
como
de encantador, onde, certamente, a voz da imortalidade,
os
ténues rumores da ignota voz dos tempos,
embora
soando de tão longe,
mais
próximos se possam escutar!....
Vinde
assistir à celebração da radiosa Luz
contemplar os raios da sagrada harmonia vertida da sua lira,
que,
ao mesmo tempo que nos ilumina com o seu divino canto,
nos
abençoa e abraça, em perfeita simbiose e comunhão
com
a Natureza! - Sim, vinde
até ao centro do seu ventre materno,
até ao centro do seu ventre materno,
ao
seio uterino, onde, ela, a Mãe de todas as Mães,
a
majestosa, a sublime, a insubmissa,
a
eternamente insatisfeita nos caminhos da perfeição,
ali,
mais terá feito sentir os seus dotes artísticos!
Onde,
o seu espírito criativo, ávido
e
prenhe dos frutos da sua obra,
grávido
de desejo e de imaginação,
ali
reuniu e concentrou o mais vasto e requintado arsenal
da
sua inteligência dispersa na sua infinita estrutura,
concebendo,
através do seu génio criador,
sempre
visionário, sempre sonhador,
as
mais espantosas criaturas petrificadas,
transformando
e esculpindo, com o seu invisível cinzel,
as
negras fragas que ali existem,
na
mais vasta e impressionante cidadela
de
castelos fantásticos, estátuas gigantes,
ídolos
e personagens pré-diluvianas,
extraordinários
templos, cúpulas e altares,
e
que, ao mesmo tempo que os talhou e ergueu,
os
poliu e sacralizou!
Excerto - Jorge Trabulo MarquesEste alinhamento equinocial pode ainda ser observado, dois antes ou dois dias depois
As
festividades são organizadas pela Comissão das Festas dos Templos do Sol, nos
Tambores, têm o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, Junta de
Freguesia de Chã, dos sitios nde se situam os monumentos megalíticos e a
habitual colaboração da Foz Côa Friends Associação O convite é dirigido não só à população da aldeia e às gentes do
concelho e redondezas, convidando-as evocar as festas dos ciclos da natureza
dos seus antepassados, como também a todos quantos se interessem pelo estudo e
pesquisa do passado longínquo da História do Homem e das particularidades desta
região, cheia de misticismo e de um passado riquíssimo, contribuindo com o seu
testemunho e partilhando num acontecimento de rara beleza e significado Jorge Trabulo Marques - Coordenador
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