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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Celebração do Solstícios do Verão 21 Junho 2015 – Vinde e Sede Bem-Vindo ao Stonehenge Português – Ao som de violinos e de gaiteiros e recitais de Poesia de Natália Correia - “Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos, Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria”


Celebração do Solstício do Verão 21 Junho 2015 - Domingo a partir das 18 horas, em cortejo evocativo até aos Templos do Sol, no Maciço dos Tambores, Momento em que o sol fica alinhado com esférica Pedra Solsticial - Vinde e Sede-Bem-Vindo!



Na mesma área, adjacente a um antigo castro - e no mesmo perímetro do Parque Arqueológico do Vale do Coa, existem ainda outros alinhamentos - Qualquer deles pode ser observado, dois dias antes ou dois dias depois, a diferença do eixo solsticial ou equinocial, é mínima. Tal é o caso deste vídeo e do que está editado ao fundo deste post.

ODE À PAZ
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego, dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,

Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz,
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!

Natália Correia, in O Sol nas Noites e o Luar nos Dias



Depois de uma volta pelas ruas da aldeia, que terá início às 17 horas, pelo Grupo Lua Nova, Gaiteiros de Mogadouro e a exibição musical , no adro da igreja do   duo Ale&Ole - Olena Sokolovska (violino) e Pedro Ospina (guitarra e laúd), às 18 horas tem inicio o cortejo celta, que se dirigirá para ao Maciço dos tambores. Com uma breve paragem no altar sacrificial  da Pedra da Cabeleira de N~ª Srª, e, deste santuário rupestre, à Pedra dos Poetas, no Maciço dos Tambores, onde terá lugar a homenagem a  Natália Correia,  com a evocação da sua obra e a leitura de alguns dos seus poemas, após o que o cortejo se dirigirá para o altar da Pedra do Sol ou do Solstício, onde, pelas  20.45, os participantes na  celebração evocativa,  poderão testemunhar a passagem dos raios solares sobre o eixo da Pedra do Solstício 
“Não foi sem razão que os antigos Persas  edificaram
  as aras nos mais elevados lugares, no cume
  das montanhas que contemplam a terra, e assim escolhem
  um templo verdadeiro e sem muros, onde encontram
  o Espírito para quem tão pequeno é o valor dos santuários
  erguidos pelas nossas mãos. Vinde então comparar
  colunas e altares de ídolos, góticos ou gregos,
  com os lugares sagrados da Natureza, a terra e o ar,
  e não vos confineis a templos que limitam as vossas preces.”
  Byron


VINDE E SEDE BEM-VINDOS

Vinde, e sede bem-vindos às portas hospitaleiras da minha aldeia,
à amplidão dos grandes espaços,  aos silenciosos caminhos e atalhos,
trilhos milenares, que vos hão-de  levar  ao reino misterioso
das Quebradas e dos Tambores, vasto planalto sulcado
por cerros morros, semeado por negros penedos,
rasgado por rudes penhascos,
ladeado por muralhas de ladeiras escalvadas,
denegridos flancos muito agrestes, muito abruptos,
coroados por esfíngicos bustos, desnudadas fragas,
hercúleos titãs, figuras míticas e trágicas,
há muito divinizadas por  homens de outrora
e pelos olhares sagrados dos seus deuses
que, em rituais bárbaros, os adoravam e invocavam!

Vinde Ver esses antigos sacrários! Vinde Visitá-los!
Tal como diz o imortal poeta, o iluminado!
Vinde comparar os altares erguidos por nossas mãos
com os sagrados lugares da Natureza, que,
unindo a Terra aos Céus,
não limitam, nem os nossos passos,
nem cerceiam a nossa imaginação,
na infindável procura de se encontrarem,
com paixão e amor,os verdadeiros laços
que nos unem a Deus, em uníssono diálogo
e profundo cântico interior com a Criação,
a Suprema Vontade, das maravilhas
 e alegria dos seus prodígios!


Suprema dádiva que, antigas civilizações,
compreendendo-a, interpretando-a,
porventura melhor do que nos dias de hoje,
inteligentemente a souberam aproveitar
construindo abrigos e toscas fortalezas,
habitando escuras cavernas
para se defenderem  das intempéries,
dos inimigos e das feras,
transportando o que tinham que transportar,
erguendo o que sabiam que deviam erguer ou sacrificar,
preparando a pedra, com engenho e infinita devoção
os seus utensílios rudimentares: percutores, mós, machados,
pontas de sílex, e outros mais - objectos ainda hoje ali achados -,
lutando, arduamente pela sobrevivência ,
tanto quanto lhes permitiam os recursos
e as possibilidades humanas,
honrando os seus mortos,
festejando os divinos ciclos,
cultuando e venerando os seus deuses!

Sim, vós, a quem humildemente me dirijo,
vinde contemplar, livremente,
em plena paz de espírito,
os genuínos templos celestiais, erigidos
em honra ou em celebração da altíssima unidade Universal!

Vinde ver esses calmos e míticos  lugares
repletos de silêncio, de solidão e de  rocha,
povoados  por ígneos perfis, fulminadas pedras,
que ora surgem isoladas e se destacam
nas vertentes rochosas, no cimo de duríssimas escarpas,
ora se amontoam, encasteladas, quase se diluem e confundem,
desfiguradas, por toda a vasta mancha acidentada,
tisnada e calva, da erma paisagem!

Vinde, pois, estender o vosso olhar sobre os grande espaços abertos,
onde as mais poderosas energias da terra e do cosmos
se fundem e expandem, subtilmente,
vos saúdam e acolhem, alegremente,
para que, assim, bem recebidos,
nos altares daqueles puríssimos ares,
possais contemplar o que é divino,
aquilo que,  a todos, fala  a linguagem da imortalidade,
a silenciosa voz das coisas sublimes,
generosa dádiva que, a todos
por igual, é oferecida! -

Vinde, pois, certificar-vos,
com os vossos próprios olhos, límpidos,
a vossa sensibilidade, bem desperta, 
de coração tranquilo, mas bem aberto e escancarado,
de como é incomparável a beleza,
inefável o fascínio
e até, indefiníveis e misteriosas
as pulsações energéticas, vibráteis,
telúricas e transcendentais,
que esses pétreos vultos, solitários e eternos,
essas gigantescas pedras, melancólicas e abstractas
exercem sobre o corpo, a mente, a própria natureza humana!
 (...)


Sítios ermos, despidos! Aparentemente sem vida!
Onde tudo se confunde num tom de cinza,
até o verde escuro das giestas,
excepto na Primavera, quando, em manchas floridas,
parecem cobrir de neve o musgo cinzeo das pedras,
e, então, as tenras ervas, vicejam por toda a parte,
nas linhas de água, rodeando as fragas,
porém, agora, no pino da estação,
ressequidas, já torradas, tornam  tudo abrasivo e pardo!
 No entanto, talvez seja justamente aqui,
neste impressionante cenário, onde paira
a mais absoluta desordem, que tem tanto de deprimente,
como de encantador, onde, certamente, a voz da imortalidade,
os ténues rumores da  ignota voz dos tempos,
embora soando  de tão longe,
mais próximos se possam escutar!....

Por isso, vinde até aqui! 
Vinde assistir  à celebração da radiosa Luz
contemplar  os raios da sagrada harmonia vertida da sua lira,
que, ao mesmo tempo que nos ilumina com o seu  divino canto,
nos abençoa e abraça,  em perfeita simbiose e comunhão
com a  Natureza! - Sim, vinde
até ao centro do seu  ventre  materno,
ao seio uterino,  onde, ela, a Mãe de todas as Mães,
a majestosa, a sublime, a insubmissa,
a eternamente insatisfeita nos caminhos da perfeição,
ali, mais terá feito sentir os seus dotes artísticos!
Onde, o seu espírito criativo, ávido
e prenhe dos frutos da sua obra,
grávido de desejo e de imaginação,
ali reuniu e concentrou o mais vasto e requintado arsenal
da sua inteligência dispersa na sua infinita estrutura,
concebendo, através do seu génio criador,
sempre visionário, sempre sonhador,
as mais espantosas criaturas petrificadas,
transformando e esculpindo, com o seu invisível cinzel,
as negras fragas que ali existem,
na mais vasta e impressionante cidadela
de castelos fantásticos, estátuas gigantes,
ídolos e personagens pré-diluvianas,
extraordinários templos, cúpulas e altares,
e que, ao mesmo tempo que os talhou e ergueu,
os poliu e sacralizou!
Excerto - Jorge Trabulo Marques


Este alinhamento equinocial pode ainda ser observado, dois antes ou dois dias depois

As festividades são organizadas pela Comissão das Festas dos Templos do Sol, nos Tambores, têm o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, Junta de Freguesia de Chã, dos sitios nde se situam os monumentos megalíticos e a habitual colaboração da Foz Côa Friends Associação O convite é dirigido não só à população da aldeia e às gentes do concelho e redondezas, convidando-as evocar as festas dos ciclos da natureza dos seus antepassados, como também a todos quantos se interessem pelo estudo e pesquisa do passado longínquo da História do Homem e das particularidades desta região, cheia de misticismo e de um passado riquíssimo, contribuindo com o seu testemunho e partilhando num acontecimento de rara beleza e significado Jorge Trabulo Marques - Coordenador



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