Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
Dom Duarte Pio de Bragança, nasceu a 15 de maio de 1945, em Berna. Suíça, é filho de Duarte Nuno de Bragança, por sua vez neto do rei D. Miguel I, e de sua esposa Maria Francisca de Orléans e Bragança, trineta de D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil, no casamento que uniu os dois ramos, miguelista e liberal, da Casa de Bragança.
Conheci-o, pela primeira vez, quando foi expulso de Angola e procurou fixar-se em S. Tomé, onde acabaria também de ser expulso por via do projeto eleitoral que sugeria, não agradar ao regime colonial - Era então correspondente da revista Semana Ilustrada, de Luanda.
Foi num encontro casual, junto ao Rio Água Grande, nas imediações do então restaurante Palmar da capital do arquipélago. Conhecendo já os meus artigos e nos quais era inserida a minha fotografia naquele semanário angolano, ao reconhecer-me na rua, veio junto de mim para me pedir uma opinião sobre a cultura dos ananases a que pretendia dedicar-se:
“Sei que a sua revista já me criticou mas eu não me importo de falar consigo” – Eu sou o Duarte Pio, Duque de Bragança e gostaria de saber o que a acha da exploração de ananases na ilha ou a quem eu podia dirigir-me para me dar informações técnicas sobre esta cultura“
Não me falou da expulsão mas recordou-me que tinha ali cumprido o serviço militar em Angola e que gostaria de se fixar em S. Tomé. Ocupando-se na agricultura mas também (pelo que vim a saber mais tarde) pelas mesmas razões com que pretendia que fosse dada outra orientação ao Ultramar a nível parlamentar, ou seja, dando voz aos representantes das etnias africanas, na sequência da chamada “Primavera Marcelista”
Tal como ele viria afirmar, mais tarde, “achava errada a forma como as Forças Armadas estavam a ser conduzidas. Fui expulso de Angola em 1972, porque organizei uma lista de candidatos da oposição ao Parlamento português. Muitos dos meus apoiantes eram africanos negros. Se ganhássemos as eleições, teríamos um grupo de deputados na Assembleia Nacional que discordaria do Governo, mas seria contra a independência".
O Marcelo Caetano expulsou-me de Angola, fui também expulso de São Tomé onde estava a organizar uma lista de candidatos à Assembleia Nacional. Marcelo Caetano tinha razões que eram muito pouco patrióticas. Já tinha negociado com os EUA e África do Sul para a independência de Angola. Não era aquilo que interessava aos angolanos. Em 1975 tentei aproveitar as liberdades democráticas, mas fui impedido. Em São Tomé fui expulso três vezes.
CONVIDOU-ME PARA ALMOÇARMOS
JUNTOS E CONVERSARMOS UM POUCO MAIS -
Depois do breve
diálogo na rua, e, como era quase meio dia, teve a amabilidade de me convidar a
entrar com ele na sala daquele restaurante. Mas o dono não me queria deixar entrar
Havia publicado um artigo na semana Ilustrada, com o qual chamava de Exploradores, ao donos dos bares, pelo facto de a cerveja estar a ser vendida mais cara, que a margem de lucro prevista no Boletim Oficial.
Depois desse dia, não o voltei a ver, pelo que presumi que tivesse regressado à “Metrópole”
No entanto, após ter regressado a Portugal, na sequência da minha atribulada aventura dos 38 dias, sozinho, a bordo de uma canoa, várias foram as vezes com o qual tive oportunidade de trocar diálogos muito cordiais e de até o ter entrevistado para a Rádio Comercial – Curiosamente, numa das vezes, num programa da noite, de Rui Castelar.
No final da entrevistar, acompanhei-o na viatura de reportagem desta estação, na companhia do Assistente de Realização Mário Marques, e, a dada altura, quando já nos aproximávamos ad sua residência, em Sintra, ao apercebermo-nos do princípio de incêndio, que deflagra próximo da estrada, ele próprio toma a iniciativa de nos pedir para parar a viatura e irmos apagar o Inocêncio: e assim fizemos: enquanto não se extinguiu a última labareda, com ramos de mato, ninguém arredou pé.
E também em várias acções nos meios rurais, como sucedeu, por exemplo, com a Adega Cooperativa de V. N. de Foz Côa.
De recordar que, Duarte Pio, aquando da sua visita a S. Tomé, no âmbito da peregrinação da imagem da nossa senhora de Fátima às ilhas, verdes do equador, onde tem desenvolvido imortante acção social, ofereceu ao então Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, algumas armas "históricas" da sua família.
Em período de exílio que atingiu a Família Real, nasceu na Suíça mas em território português: na Embaixada de Portugal em Berna, a 15 de Maio de 1945. Teve por padrinhos Sua Santidade o Papa Pio XII e por madrinha a Rainha Dona Amélia de Orleans e Bragança, então viúva de D. Carlos I, Rei de Portugal.
Permitido o regresso a Portugal da Família Real nos anos 50, estudou no Colégio Nuno Álvares (Caldas da Saúde) em Santo Tirso entre 1957 e 1959.
Em 1960 ingressou no Colégio Militar, prosseguindo, posteriormente, os Seus estudos no Instituto Superior de Agronomia e ainda no Instituto para o Desenvolvimento na Universidade de Genebra.
Cumpre o serviço militar em Angola como Tenente Piloto Aviador da Força Aérea entre 1968 e 1971. Durante esse período conheceu em profundidade as populações das então Províncias Ultramarinas, estabelecendo relações de amizade, em particular, com chefes tradicionais e lideres espirituais das várias religiões, circunstancias essas que lhe criaram dificuldades acrescidas com as autoridades em Lisboa.
Como Presidente da Campanha “Timor 87”, desenvolveu actividades de apoio a Timor e aos Timorenses residentes em Portugal e noutros países, iniciativa que teve o mérito de dar um maior destaque à Causa Timorense.
Sob a presidência do Senhor Dom Duarte participaram dessa campanha numerosas personalidades notáveis de diferentes quadrantes da sociedade portuguesa da altura, conseguindo-se a construção de um bairro para Timorenses desalojados.
Através da Fundação Dom Manuel II, instituição que preside, deu continuidade a esse empenho através de ajudas financeiras para a concretização de projectos nos domínios da educação, cultura e promoção do desenvolvimento humano em Timor e noutros países lusófonos.
Encetou contactos a vários níveis incluindo uma visita aos Governantes Indonésios, e a Timor Sob ocupação, que contribuiu decisivamente para uma mudança da atitude do Governo Indonésio e para O despertar de consciências em relação ao processo de independência daquele território.
É Presidente Honorário e membro de diversas instituições, sendo actualmente membro do Conselho Supremo dos Antigos Alunos do Colégio Militar e Presidente Honorário do Prémio Infante D. Henrique, programa vocacionado para jovens e que tem como Presidente Internacional S.A.R. o Duque de Edimburgo.
Desde muito jovem dedicou a sua atenção á defesa do ambiente, pertencendo desde os dez anos à Liga para a Protecção da Natureza.
Manifestando um profundo interesse e amor por Portugal e por toda a presença de Portugal no mundo, só ou acompanhado da sua Família percorre anualmente várias regiões do País, países lusófonos e comunidades portuguesas no mundo inteiro a convite dos responsáveis locais.
Agraciado por múltiplas ordens honoríficas, o Duque De Bragança está ligado por laços familiares a várias Casas Reais da Europa, nomeadamente: Luxemburgo, Áustria-Hungria, Bélgica, Liechenstein, Itália, Espanha, Roménia, Sérvia, Bulgária Thurn e Taxis, Bourbom Parma, Loewenstein etc.
Visita regularmente países com estreita relação histórica a Portugal frequentemente a convite dos respectivos Governos ou Chefes de Estado com quem mantém laços de amizade, como por exemplo o Brasil, Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos, Japão, China, Marrocos, Rússia, Estados Unidos, etc.
Casou a 13 de Maio de 1995, com a Senhora Dona Isabel de Herédia, e é pai de:
Dom Afonso de Santa Maria, Príncipe da Beira, nascido a 25 de Março de 1996 e baptizado em Braga a 1 de Junho de 1996,
Dona Maria Francisca nascida a 3 de Março de 1997 e baptizada em Vila Viçosa em 31 de Maio de 1997
Dom Dinis nascido a 25 de Novembro de 1999 e baptizado no Porto em 19 de Fevereiro de 2000.
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