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terça-feira, 13 de setembro de 2022

NATÁLIA CORREIA E A SUA VOZ - Se fosse viva completaria hoje 99 anos - Nasceu, em Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 - Faleceu, em Lisboa, 16 de Março de 1993 - A grande musa da poesia portuguesa - Jamais a esquecerei. Devo-lhe muito, à grande Poeta e mulher da Cultura Portuguesa


 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Apontamento com videos

Em Memória de Natália Correia e do Botequim - Em Noites Loucas, de alegria, música, convívio e poesia . Um dos raros bares da boémia lisboeta, na década de 70 e 80, onde a poesia, o convívio, a tertúlia, em qualquer momento se soltavam e davam largas à sua expressão mais alegre e calorosa. Era conhecido pelo Botequim de Natália Correia – A mais ilustre filha açoriana, fez história e deixou memória – Tanto no meio intelectual, como musical e politico - (Fajã de Baixo, São Miguel,13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993)

 Tive o prazer de ter sido um seus frequentadores, daquele emblemático espaço, do qual guardo recordações inesquecíveis – Até no registo dos sons, da leitura de poemas e das entrevistas que me concedeu para a Rádio Comercial - Natália, mais que uma figura inigualável, é hoje uma lenda viva – Quem é que, tendo-a conhecido, hoje esquecerá essa figura? “ Forte , frágil, bela, talentosa, contraditória.. Tal como nos géneros literários que cultivou" –

“O Botequim foi fundado por Natália Correia, em 1968, com Isabel Meyrelles, Júlia Marenha e Helena Roseta. Foi ali que, durante as décadas de 70 e 80, se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa, de Fernando Dacosta a David Mourão-Ferreira, António Alçada Baptista, José-Augusto França, Luiz Pacheco, Ary dos Santos e José Cardoso Pires. Encerrado após a morte de Natália Correia, em 1993, reabre como sede da Fundação José Afonso e mais tarde com o nome Pequeno Herói, uma livraria infantil”


Foto obtida pelo autor deste blogue à saída de uma festa de gala no Casino Estoril - Natália Correia e a sua corte de amizades - No  primeiro, entre outras  Elizabeth; vemos Dórdio Guimarães, fiel companheiro de todas as horas de Natália,  de costas voltadas para o fotógrafo; um pouco mais à esquerda, está  Fernando Grade, e,  quase a servirem de guarda-costas, Francisco Baptista Russo e Fernando Dacosta - Não me ocorre o nome das outras suas amigas.

Os poemas de  Natália Correia, têm sido lidos e recordados, por várias vezes  nas celebrações dos equinócios e do Solstício do verão, nos Templos do Sol – Stonhenge Português  

TOCADA PELO SAGRADO - Diz Fernando Dacosta  - "Não se tornava fácil compreende-la, nem amá-la. Fazê-lo, exigia sentimentos, disponibilidades especiais. Era um ser tocado pelo sagrado, um desses seres que não cabem no espaço que lhes foi destinado, nem no corpo, nem nas normas, nem nos modelos, nem nos sentimentos. Chegava a assustar."

"Os que não a aguentavam combatiam-na não pelas suas ideias, mas pelos seus tiques, não pela sua criação, mas pela sua distracção, tentando reduzi-la a anedotários de efeitos fáceis e falsos."

"Ao mesmo tempo forte e desprotegida, imponente e indefesa, egoísta e generosa, arguta e ingénua, dissimulada e frontal, sentia-se, ante as coisas rasteiras (e as pessoas, e as acções), perdida; só as grandes a tocavam, galvanizando-a. Então, toda ela era golpe de asa, vertigem"

E TAMBÉM “ENERGIA FLUTUANTE”

"Privilegiada  pelo  destino (com o talento, com a sedução), pelos íntimos (com o amor com a entrega), pelos amigos (com a lealdade, com a dádiva), a Natália viu a vida ir ter  consigo, enleando-a, dilatando-a.

A  paixão pelo superior adiantou-a, desde criança, ao seu meio. Entre a realidade que lhe coube partilhar  e a ficção que lhe coube voltear, foi ardendo nas margens da maior  imprevisibilidade."


Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. amém.

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro.
amém.

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