Poema “O Livro dos Mortos” dito
pela autora no Botequim, para um pequeno
gravador de reportagem da Rádio Comercial –
Na década de 80. - O som só agora foi digitalizado da cassete de
áudio. Perdeu alguma qualidade mas vale como valioso documento - Editámo-lo no Youtube mas está disponível também neste post - Depois – se puder – não deixe de ler
na postagem seguinte
António Vilar - 1981 – Ator mais
célebre do cinema português dos anos 50
- Nas inesquecíveis Noites do Botequim da Liberdade de Natália Correia http://www.vida-e-tempos.com/2015/05/antonio-vilar-1981-ator-mais-celebre-do.html
Natália, começou por me surpreender
com esta resposta, que não esperava: "Seria presunção de minha parte, poder dar uma resposta àquilo que ainda ninguém conseguiu
ainda dar. A não ser as religiões, através de mitos. Que são respeitáveis,
evidentemente, que de certa maneira vêm satisfazer a grande ansiedade dos seres
humanos sobre a questão da morte, que é
o grande tema da vida. Mas eu vou responder-lhe em poema. Vou lhe dizer um
poema do meu livro: “O Dilúvio e a Pomba, intitulado “O Livro dos Mortos." – Não deixe de o ouvir. Vale a pena – quem lho
diz foi quem teve o privilégio de registar as suas poéticas palavras.
"Quando me derem por morta
de lágrimas nem uma pinga:
um trevo de quatro folhas
tenho debaixo da língua.
"Quando me derem por morta
de lágrimas nem uma pinga:
um trevo de quatro folhas
tenho debaixo da língua.
Está em regra o
passaporte.
Venha o Limite da idade.
Não me chorem, não é morte
é só invisibilidade."
Pode ser ouvido no Youtube mas temo-lo aqui dito pela voz inconfundível de quem o concebeu. Venha o Limite da idade.
Não me chorem, não é morte
é só invisibilidade."
Um dos mais belos poemas
de O Dilúvio e a Pomba”



A HOMENAGEM NUM
LUGAR QUE TERIA TAMBÉM ENCANTADO NATÁLIA CORREIA, SE, EM VIDA, LÁ TIVESSE IDO.

Voz de Natália Correia registada também pelo autor deste site no Botequim - anos 80
O vídeo seguinte é de minha autoria - feito a partir de uma de três centenas de gravações que guardo no meu arquivo, de registos com várias personalidades - e ambientes - E até em casa de Amália, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Azeredo Perdigão, Dorita Castelo Branco, Carlos Villaret, Costa Gomes, Franco Nogueira, Palma Carlos, Ary dos Santos, Moreira das Neves, entre tantos outros nomes da nossa vida cultural, social e política. E até as grandes figuras do mundo do crime (Muleta Negra, Dragão, Zé da Tarada e Manuel Alentejano) excertos da entrevista e diário deste, passados a livro, a que o Fernando Dacosta faz referência. Pena ter de me repartir por outros domínios da escrita e ocupações.

"Os que não a
aguentavam combatiam-na não pelas suas ideias, mas pelos seus tiques, não pela
sua criação, mas pela sua distracção, tentando reduzi-la
a anedotários de efeitos fáceis e falsos."
"Ao mesmo
tempo forte e desprotegida, imponente e indefesa, egoísta e generosa, arguta e
ingénua, dissimulada e frontal, sentia-se, ante as coisas rasteiras
(e as pessoas, e as acções), perdida; só as grandes a
tocavam, galvanizando-a. Então, toda ela era golpe de asa, vertigem"
E TAMBÉM “ENERGIA
FLUTUANTE”
"Privilegiada
pelo destino (com o talento, com a sedução), pelos íntimos (com o
amor com a entrega), pelos amigos (com a lealdade, com a dádiva), a Natália viu
a vida ir ter ter consigo, enleando-a, dilatando-a.
A paixão pelo
superior adiantou-a, desde criança, ao seu meio. Entre a realidade que lhe
coube partilhar e a ficção que lhe coube voltear, foi ardendo nas margens
da maior imprevisibilidade." – Palavras do jornalista e escritor,
Fernando Dacosta, acerca de Natália Correia, num livro, que lhe é especialmente
dedicado, com o título Botequim da Liberdade.
Foto
obtida pelo autor deste site à saída de uma festa de gala no Casino Estoril -
Natália Correia e alguns "membros da sua "corte" - Na qual está também - no primeiro plano à
direita, a minha grande amiga Elizabeth; vemos Dórdio Guimarães,
o fiel companheiro de todas as horas de Natália, de costas
voltadas para o fotógrafo; um pouco mais à
esquerda, está Fernando Grade, e, quase a servirem de
guarda-costas, Francisco Baptista Russo e Fernando Dacosta,
FALAVA-SE DA VIDA E DA MORTE - E ATÉ DO INVISÍVEL, DO ALÉM
Temas
não faltavam: falava-se de tudo, frontalmente e não em surdina
ou de forma brejeira - Falava-se, sem preconceitos mas sempre de modo vivo,
curioso e interessante, mas com a reverência de que havia ali
uma rainha que exigia vassalagem, culta, multifacetada e
carinhosa, que adorava o convívio,
que encantava e provocava a curiosidade, o
diálogo, a ousadia, a imaginação, conquanto não raiasse o
palavrão ou o insulto -Tal como na sua escrita (desde a poesia, narrativa ao
teatro) e na suas intervenções públicas, Natália Correia, era a mulher da
insubmissão, que criticava e questionava, abrindo as portas à indignação
e à rebeldia, num tom mesclado com a tónica do humor, do
sarcasmo. Tinha resposta imediata, tal como
ao fingimento ou à sobranceria:
A VISIONÁRIA NÃO SE ENGANOU DA FORTE MARTELADA DE UM
EUROPA EGOÍSTA
A expressão é citada no
livro de "O Botequim da Liberdade" "A nossa entrada" (para a CEE)
"vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária
com ninguém, explorá-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca
deixou de ser . A sua vocação é ser colonialista" - Citação feita no em
"Botequim da Liberdade"
“Quando
a crise não é geradora de grandes audácias, mais indicado é dar- lhe o nome de
agonia. - Natália Correia 13 de Setembro - 90º aniversário nascimento de
Natália Correia A última grande tertúlia de Lisboa - que marcou culturalmente,
politicamente várias décadas portuguesas - teve lugar no Botequim, bar do Largo
da Graça criado e projectado por Natália Correia.
Neste seu mais recente livro, Fernando Dacosta, diz
que "No Botequim “fizeram-se e desfizeram-se revoluções, Governos, obras
de arte, movimentos cívicos; por ele passaram Presidentes da República,
governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis,
escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em
madrugadas de vertigem e de desmesura”
Senhora da Rosa",
chamou-lhe Manuel Alegre e falava de Natália Correia
SENHORA DA ROSA,
chamou-lhe Manuel Alegre e falava de Natália Correia. Uma rosa de amor e morte
de uma poetisa que não aceitava a ditadura da razão e da perceção redutora dos
cinco sentidos. Ela era mais do que isso, era a pitonisa, a vestal iluminada,
uma máquina de passar vidro colorido, como disse Mário Cesariny, referindo-se à
sua dimensão cromática.
Um documentário que nos leva ao encontro de Natália Correia, seguindo um caminho que ela própria traçou - A partir de agora, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão -... A Senhora da Rosa (Natália Correia) - Documentários - RTP
Um documentário que nos leva ao encontro de Natália Correia, seguindo um caminho que ela própria traçou - A partir de agora, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão -... A Senhora da Rosa (Natália Correia) - Documentários - RTP
António Valdemar – PÚBLICO - Presença
vigorosa na sociedade portuguesa, da segunda metade do século XX, Natália
Correia (1923-1993) afirmou-se pela singularidade da criação literária e pela
determinação e coragem na intervenção política. (…) Tal como muitos outros
intelectuais e artistas da sua geração, Natália Correia participou em grandes
acontecimentos da oposição democrática Excerto de . Natália Correia – vida com sentido - PÚBLICO
A obra de Natália Correia estende-se por géneros
variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência
em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das
tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura
portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade
livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua
escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas. – Excerto de Natália Correia – Wikipédia
Uma das mais notáveis figuras do universo
literário – e não só – do nosso país, Natália Correia foi muito mais do que
simplesmente uma escritora. – Pormenores em Natália Correia - a vida por detrás da obra - Mulher
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