Com vídeo do registo em cassete da década de 80
- Memórias de um Repórter de Rádio e da imprensa - “Ó lindo Freixo terra adorada! Queremos-te muito! Nobre torrão. Por ti ó Freixo, terra sagrada, aqui palpita meu coração”
Estes alguns dos versos cantados e tocados, ao som de acordeão, por um grupo de alegres e divertidíssimos excursionistas de Freixo de Numão, que, ao mesmo tempo que iam puxando pelos farnéis, que haviam trazido de casa, com as comidas, petiscos e o indispensável copinho do “Escorna Bois”, produzido lá das boas cepas das terras das margem esquerda do Douro, onde os romanos, se instalaram e fizeram as suas lagaretas para esmagarem as uvas, dizendo uns alegres ditos, cantarolando e tocando. Enfim, entregando-se igualmente aos prazeres de quem está habituado a comer o pão que o diabo amassa, bebericando, satisfazendo o apetite com os comes e bebes genuínos da sua terra.
- Memórias de um Repórter de Rádio e da imprensa - “Ó lindo Freixo terra adorada! Queremos-te muito! Nobre torrão. Por ti ó Freixo, terra sagrada, aqui palpita meu coração”
Estes alguns dos versos cantados e tocados, ao som de acordeão, por um grupo de alegres e divertidíssimos excursionistas de Freixo de Numão, que, ao mesmo tempo que iam puxando pelos farnéis, que haviam trazido de casa, com as comidas, petiscos e o indispensável copinho do “Escorna Bois”, produzido lá das boas cepas das terras das margem esquerda do Douro, onde os romanos, se instalaram e fizeram as suas lagaretas para esmagarem as uvas, dizendo uns alegres ditos, cantarolando e tocando. Enfim, entregando-se igualmente aos prazeres de quem está habituado a comer o pão que o diabo amassa, bebericando, satisfazendo o apetite com os comes e bebes genuínos da sua terra.
Eis, pois, a bonita surpresa, saudosa e
calorosa, que me fez comover até às lágrimas,
quando a descobri no meu vasto arquivo das minhas entrevistas e reportagens,
que aqui dedico às
gentes desta histórica freguesia de Foz Côa, que faz parte do meu concelho, pois
estou certo que, para quem reconheça as vozes no registo gravado, que passei de
cassete de áudio para vídeo, certamente que não deixará de soltar uma lágrima no canto do
olho.
Não posso precisar o ano, em que fiz a reportagem mas sei ter sido nos princípios da década de 80 - Por um feliz acaso, pude encontrar-me com um grupo de pessoas de Freixo de Numão. Ao passar ao lado do Parque Eduardo VII, quando me dirigia para a Rádio
Comercial, chamou-me a atenção a forma divertida e alegre, como conviviam,
confraternizavam, cantando e tocando cantigas da sua terra, ao mesmo tempo que iam puxando do
farnel antes de tomarem o autocarro de regresso.“ O vídeo, que editei no Youtube, com cópia nesta página,
é ilustrado, com sítios históricos e algumas
imagens da procissão da Nª Srª da Carvalha
SURPRESA MÚTUA
SURPRESA MÚTUA
- Donde São? – Pergunto:
-O
que é que deseja? – Responde-me, uma voz,
a que eu acrescento: “Sou jornalista” – Para logo de seguida me dizer: “Eu sou
de Foz Côa, distrito da Guarda”
-Ah!
São da minha terra! - Digo eu. Também sou de Vila
Nova de Foz Coa.– atalho com espanto.
-Ah!,
é!... E então a quem pertence?”…- Sim, por naqueles anos, nas pequena aldeias, ainda toda a gente se conhecia.
- Nós somos de Freixo de Numão.
Feitas as apresentações, a partir
daquele momento, eu era um dos seus, pelo que não me fora difícil acompanhar o ritmo
e o balanço do frenético e divertido convívio. Expressando os falares típicos do mais genuíno
do Portugal profundo, que cada vez mais se despovoa e descaracteriza – Que vêm
à capital para ver os grandes barcos no cais de Alcântara, subir até ao Castelo
S. Jorge, visitar o Mosteiro dos Jerónimos, passear pelo Terreiro do Paço e pelo
Rossio, nas praças, ruas e
avenidas, estátuas e outros lugares de que ouvira falar ou vira na televisão. Apreciar as montras e modas; comprar pequenas recordações. Por fim, subir a
Avenida da Liberdade, onde o autocarro os espera para o regresso .Desatar os taleigos
e toca de merendar. Mesmo assim, ouve quem dissesse gostar mais do Porto de que
Lisboa: “Acho o Porto mais familiar!... Lisboa dá ares de mais importante! Mais senhoril!..."
"Valem mais as nossas
batatinhas! O nosso azeite que comemos, de quanto cá têm os da cidade!..- Diz a mulher mais divertida do grupo - Para logo acrescentar:
"Valha-me Nª Srªa!... Trazemos arroz! Massa!... Vinho fino e grosso!..
Abre!...
Temos lá uma escola bem linda na nossa terra!.... Não somos pobres, carago!... (…) Queres mais arroz?!.. E a salada com muito vingare?!.. Ah!... e não queres um bocadinho de bolo?!...
Temos lá uma escola bem linda na nossa terra!.... Não somos pobres, carago!... (…) Queres mais arroz?!.. E a salada com muito vingare?!.. Ah!... e não queres um bocadinho de bolo?!...
Diz um homem ao lado: "Ah! Se muitos lisboetas se
apanhassem aqui!"..
"Também digo!..” - Volta a sentenciar a voz mais
sonora e comunicativa do alegre grupo excursionista . Uma mulher já idosa mas cheia de vida
e de genica: “Não viste que há bocado, dois vieram-nos pedir um bocado de pão e
que depois um deles até queria o peixe!... Dois rapazes novos, cheios de vida e saúde!..". “Que vão cavar, como nós” Diz outra
mulher ao lado
Bom, não vou aqui reproduzir palavra a
palavra o que se passou naquele meu inesperado e simpático encontro. Até porque, o mais interessante, nem será tanto o que, à posteridade, agora possa recordar e
escrever mas o registo sonoro que aqui
que lhe deixo, posto em vídeo, dos diálogos espontâneos, do ambiente ali
vivido, das expressões e timbres que vão caindo em desuso,
por força da destrutiva massificação que nos é imposta pelo consumismo desenfreado
dos novos tempos.
FREIXO DE NUMÃO – ALDEIAS HISTÓRICAS DE PORTUGAL
É a freguesia mais populosa do concelho de
Vila Nova de Foz Côa, com um passado arqueológico antiquíssimo, de que existem abundantes vestígios
de ocupação humana, desde o neolítico, calcolítico, idade do bronze à
romanização, com uma população
acolhedora e comunicativa, onde o visitante pode encontrar vários circuitos de
interesse – Graças ao labor e entusiasmo do arqueólogo e historiador, Prof.António Sá
Coixão, natural desta aldeia (classificada como vila), com trabalhos de investigação
que remontam ao inicio da década de 80, mas não só nesta freguesia como noutros
pontos do concelho e da região, logrando pôr a descoberto sítios e centenas de material lítico da maior
relevância histórica
De resto, profusamente testemunhado através de várias publicações
de sua autoria, gozando por isso da maior estima, prestigio e admiração, quer das gentes da sua terra e do
concelho, em todo o distrito da Guarda, mas também junto da comunidade cientifica e estudiosos –
Assim o diz, por exemplo, Paula Matos dos Santos, num elogioso artigo publicado
no jornal Pessoas e Lugares
08/10/2010- "Há mais de 20 anos, ainda
ninguém sonhava com as gravuras paleolíticas do Côa, e já este homem
calcorreava a região em busca de vestígios do passado. Depois do curso
(História), na Faculdade de Letras do Porto, António Sá Coixão regressa às
origens - a Freixo de Numão, uma pequena aldeia do concelho de Vila Nova de Foz
Côa - , cheio de ideias. Várias batidas de campo, ainda enquanto estudante,
começaram a alimentar um projecto. Depois, como ele próprio confessa, foi uma
questão de arrancar. "Quando o projecto começou, em 1980, estava longe de
sonhar que iriam ser descobertas as gravuras rupestres no Côa. A associação
(Associação Cultural, Desportiva e Recreativa – ACDR - de Freixo de Numão)
surge quase a reboque da própria actividade arqueológica que aqui já se
desenvolvia com um grupo de jovens. E, também, da necessidade de criar um organismo
que começasse a apoiar essas iniciativas porque a título individual era muito
difícil. Aliás, ainda hoje o é. Mas na altura, era quase impossível obter
quaisquer apoios financeiros. Os jovens entusiasmaram-se, e a partir daí..
Atrás da investigação
arqueológica, veio o futebol, a banda, e a associação foi crescendo e,
rapidamente, os objectivos da sua fundação foram ultrapassados. António Sá
Coixão até costuma dizer que a ACDR é uma escola em formação contínua de
dirigentes, considerando-se ele próprio um "agente de desenvolvimento
local". "Para mim, desenvolvimento local é motivar os agentes locais
mas, primeiro, é ser motivador dos agentes locais". Mas neste caso, como
em tantos outros, o mais importante é o rosto do projecto. E quando os
projectos são identificados com um rosto e este com aqueles... é tudo mais
fácil. Naturalmente, convicção, empenho, alma e alguma carolice – predicados
que assentam como uma luva ao professor de Freixo de Numão - também ajudam. –
Excerto de Portfolio: António do Nascimento Sá Coixão - "As
gravuras ...
A FANTÁSTICA SURPRESA QUE ESPERA O VISITANTE
CURIOSO DE VIAJAR AO PASSADO DISTANTE E ÁVIDO DO PRAZER DE CONTEMPLAR BELAS
PAISAGENS
No texto seguinte, do qual reproduzimos um excerto, dá-lhe algumas dicas importantes – “Freixo de
Numão, uma aldeia do concelho de Vila Nova de Foz Côa. Num planalto, rodeada de
montanhas verdes e com o rio Douro ao fundo, este é um local de rara beleza que
é um encanto para os sentidos. As vinhas a perder de vista e o casario de
granito, rude tal como o chão, são também marcas da aldeia de Freixo de Numão.
O aglomerado de casas muito juntinhas destaca-se no enquadramento verde que
rodeia a população. Aqui a aposta é no vinho de qualidade que sai destes
terrenos.
Está tudo a postos? Então prepare-se para
uma visita prolongada a Freixo de Numão. É que além da arquitetura local, que
pode observar nas casas e ruas empedradas, há espaços verdes para descobrir e
ainda o Museu da Casa Grande para visitar. Depois de um passeio pela aldeia, em
que descobrirá as características rurais mas também diversos edifícios nobres,
trace a pé o Percurso Pedestre do Circuito Arqueológico. As minas de volfrâmio,
o sítio arqueológico da Coladreira e o sítio arqueológico do Rumansil estão ali
a dois passos e são testemunhos da passagem do tempo por este local. De
diversos pontos da aldeia pode também usufruir de miradouros que oferecem uma
deslumbrante paisagem, enquanto se vai cruzando com outros edifícios de
interesse, como a Fonte da Bica, a Fonte da Carvalha, o Moinho das Regadas, o
Pelourinho, a Ponte sobre a Ribeira de Teja, o Castelo Velho, o Núcleo
Museológico Casa Moutinho, o Tanque do Sapo, a Casa de Fidalgos, a Casa de
Cristão Novo, ou a antiga Casa da Justiça. Leis os demais pormenores em Freixo
de Numão - Aldeias de Portugal
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