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domingo, 5 de abril de 2015

Hoje é Domingo de Páscoa, repicam os sinos na aldeia! – A procissão sai do adro, tange a sineta da visita pascal! - É Primavera e a Natureza também faz a sua festa!





Hoje é Domingo de Pascoa - Não estou na minha aldeia, com muita pena minha -  Por isso mesmo, ainda mais me  lembram aqueles amplos espaços, de ares puros e ensolarados,  o repicar dos sinos a anunciar a missa, pela manhã, e, à tardinha,  a tradicional correria da visita pascal, de  casa em casa, de lar em lar: o Sr. Padre, de paramentos brancos e os sorrisos dos acompanhantes, também eles de opa branca e  cruz enfeitada de cravos, tocando a sineta, ao mesmo tempo que o sinos do alto da torre da igreja, não param de tocar,  pelo que passo aqui a recordar o excerto de uns  versos que escrevi, há já algum tempo, ao correr da pena

O apelo dos  sinos da minha aldeia

Há muito sou um prisioneiro na grande cidade
porque o meu coração bate ao ritmo do  sinos da minha aldeia
foi o primeiro som que ouviu ecoar na vastidão do céu,
 ouviu-o ressoar ainda no ventre materno e quando nasceu.
Por isso, só ouvindo a ressonância do seu tanger,
só  ouvindo as suas pancadas e o  bater
do relógio da torre da igreja
à mistura com o ruídos dos chocalhos
e dos balidos das ovelhas,  meu coração
deprimido freme e se agita, acalorado
faz as pazes consigo próprio,  liberta-se
das adversidades e agruras da vida,
readquire a tão merecida e  desejada tranquilidade,
a doce harmonia, que o envolve, a serenidade e paz !















 É certo que o antigo campanário da minha infância, já  não existe,
foi demolido com a velhinha igreja!... – Era em pedra talhada de granito,
e não em cimento armado, quase tombado, como o que lhe sucedeu!
- Que heresia essa, que impropério e atentado esse, Deus Meu!                    
Porém, os sinos são os mesmos – O  repicar não se alterou.
Passou a ter o relógio que não existia – Nos sons, nada mudou.
O som é igual - Dlão! Dlão! Dling! Dling! Dlong! Dlão Dlão!

Quando batem as horas, tocam à missa ou a sinal,
ainda soam por espaços a fora como antigamente.
 Tocam tal qual quando eu era menino – E para toda a gente!
Repicam à missa, dobram aos finados ou vibram a rebate!
Tocam, como sempre os ouvi tocar – À terra e à arcada do  Céu.
 Só  já não  repetem o velho toque das trindades,
anunciar o cair da noite e o fim o dia,
porque essa devoção, da reza do terço e da Avé-Maria,
vinda de tempos muito antigos, há muito se perdeu.

No mais, as suas badaladas, soam  eternas.
Por isso, sempre que ouço o tanger daqueles velhos sinos,
o eco do bronze das  suas badaladas, a tocar, a repercutir
e a ecoar ao perto ou pelas alturas e  lonjura daqueles largos espaços,
sim, cada uma das suas pancadas, cada som que ouço vibrar e eocar
escancara-se no meu peito,  faz meças com o palpitar do meu coração! 
- Desperta nele uma inexplicável, sentida e religiosa emoção.
Sim, essa mítica e ancestral amálgama de sons, comovem-no até às lágrimas!
Elevam-no a estados de sacra sublimidade! - Fazem 
com que meus olhos brilhem de contentamento, 
se fixem enlevados em algo incerto e no seu fino vibrar
 - Meus sentidos, tudo em mim  se alegre e vibre em clima de festa!

 Excerto - Jorge Trabulo Marques

 .

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