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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Augusto Pinochet, em Lisboa para comprar armas: a grande confusão no aeroporto no dia em que o ditador chileno foi confrontado com um microfone a um palmo do nariz, "¿Dónde están mis guardias? no entiendo o português” - Respondia ele às perguntas incómodas dos jornalistas – Eu desencadeei as hostilidades


O dia em que irritei o ditador Augusto Pinochet – Com o microfone a um palmo do nariz 


Foi na manhã de 15 de Maio de 1991, que, o ex-presidente Augusto Pinochet, então chefe do Estado- maior das Forças Armadas chilenas, vindo diretamente do Brasil, desembarcava no aeroporto de Lisboa para uma curta visita algo misteriosa, desconhecendo-se com que entidades ia  encontrar-se  e qual o objetivo  do encontro - 

De véspera, soubera-se  (já não sei  de que fonte) que o general Pinochet vinha ao nosso país, mas, quer da parte do Governo de Cavaco Silva, não só não  havia qualquer informação ou comunicado, como também nenhuma entidade oficial o aguardava. Senão apenas um escasso grupo de repórteres mas o bastante para desencadearem uma grande confusão.


Porém, na tarde desse mesmo dia, o DIÁRIO POPULAR. e a CAPITAL, publicando a notícia - citavam fontes políticas e militares brasileiras que admitiam  tratar-se apenas de uma mera escala técnica, a caminho da África do Sul ou de Israel, após ter estado quatro dias no Rio de Janeiro. Mas, se assim fosse, não teria sido preciso sair do aeroporto. 

Oficialmente, ninguém quis dar a cara mas nem por isso deixou de um automóvel o conduzir para o interior da cidade e logo atrás dele os da segurança e comitiva.

GEROU-SE UMA GRANDE CONFUSÃO QUANDO CONFRONTADO COM PERGUNTAS – NEM ELE NEM A SEGURANÇA ESPERAVAM SEMELHANTE ASSÉDIO

Como é sabido, os ditadores, que reprimem e usam os meios mais ignóbeis de tortura ou de massacre para com os seus opositores,   não gostam da liberdade de expressão.  E detestam os jornalistas que não se verguem aos seus desígnios. Um desses sinistros exemplos, passou-se com Augusto Pinochet. No Chile, certamente que ninguém ousaria romper o cordão da sua guarda de segurança e chegar a dois palmos dele,  com  um gravador numa das mãos e com a outra empunhando um microfone, ousando fazer-lhe perguntas embaraçosas. Mas ele estava em Portugal e urgia saber os contornos da insólita passagem por Lisboa. Pois, tudo o que se sabia, até áquele momento, não passavam de especulações e rumores.Todavia,  a visita era já apontada como tendo por objetivo a compra de armas para as forças chilenas – Ou seja, para massacrar ainda mais o povo que se manifestava publicamente, além das constantes perseguições aos seus opositores.

FUI EU QUE DESENCADEEI AS PRIMEIRAS HOSTILIDADES - EMPUNHANDO UM MICROFONE À SUA FRENTE  - TAL COMO DOCUMENTAM AS IMAGENS

Era então repórter da  Rádio comercial-RDP. Ante alguma hesitação inicial do pequeno grupo de jornalistas, temendo serem repelidos pelos “gorilas” que o rodeavam,  sim, não obstante o aparato, fui dos primeiros a avançar e a questioná-lo, alto em bom som. Ainda esboçou um sorriso mas, vendo-se, cada vez mais acossado pela insistência das perguntas, que lhe começavam a cair,  ficou embaraçado e  a sua única preocupação era abandonar o local.


 

Mal transpusera  a porta da saída dos VIP, acompanhado da mulher e por um musculado corpo de guarda-costas, imediatamente procurei acercar-me dele, com duas perguntas engatilhadas: “O que vem fazer a Portugal, Sr. General Pinhochet?!”.. O Sr. é acusado de crimes de tortura e de espancamento!... Não tem remorsos dos crimes que cometeu?! – Estas as perguntas, com que o confrontei, alto e em bom som, com o microfone a um palmo do nariz, ante a grande confusão que imediatamente se estabeleceu Pois, logo atrás de mim, irrompia  mais o microfone da TSF, creio que também uma câmara de televisão e os repórteres fotográficos e jornalistas dos principais jornais – Não obstante a insistência dos jornalistas, dele apenas se ouvia e repetidamente: "¿Dónde están mis guardias? no entiendo  o português” – E mais não disse. Ah, sim: disse ainda que a  democracia no Chile ia de boa saúde.


Morreu aos 91 anos, em 12 de Dezembro de 2006, no hospital de Santiago, no Chile,

De acordo com os registos oficiais, nos 17 anos do governo do general Augusto Pinochet ,  além de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder, soube-se que ele ordenou a morte de pelo menos três mil chilenos, que foram mortas pela sua polícia secreta. 

O juiz Alejandro Solis declarou o envolvimento do ditador falecido Augusto Pinochet em todos os crimes contra a humanidade. Morreu em 2006 antes de ser julgado – Esse tirano passou por Portugal, há 23 anos –A breve estadia pela capital do nosso país,  ainda hoje
 continua por esclarecer

OS VERGONHOSOS APOIOS DE THATCHER  - AO REGIME DE PINOCHET - MAS NÃO SÓ

O governo de Thatcher não tinha escrúpulos. Thatcher apoiou Israel em suas atrocidades contra os palestinos. Ela apoiou o tirano do Egito, Hosni Mubarak, o rei Fahd da Arábia Saudita, PW Botha da África do Sul, o general Zia-ul-Haq no Paquistão, Pol Pot no Camboja, e assim por diante.


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