Jorge Trabulo Marques - Jornalista
![]() |
Sua filha - Na homenagem A visita ocorreu, depois de ter ido fazer a reportagem sobre a descoberta das gravuras rupestres no Vale di Cõa, a que viria a dar o titulo de A CANADA DO TESOURO - Aceitou o meu ocnvite de vir vistitar o lugar mágico do Maciço dos Tambores e o seus sagrados templos, que naquela altura ainda se desconhecia estarem alinhados com as estações do ano Homenagem presta em https://canoasdomar.blogspot.com/2024/11/ao-38-dia-numa-piroga-27-11-1975-pude.html |
Castro do Curral da Pedra |
![]() |
Actor João Canto e Castro |
O Saudoso poeta Manuel Daniel, vitima da Covid, na Pedra dos Poetas, anos depois
celebração do solstício e a cerimónia de homenagem a Fernando Assis Pacheco.

E foi então que, acendendo amavelmente ao meu convite, surgiu a oportunidade de se deslocar, com o repórter fotográfico, José Oliveira, até à Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, bem como a outros locais da área, que o deixariam verdadeiramente encantado, tendo mesmo prometido ali voltar! – E longe ainda de se saber que existiam os tais fenómenos solares, que, mais tarde, eu pessoalmente haveria de descobrir E muito menos de se imaginar que esta seria a sua despedida para sempre?
JÁ SE HAVIA POSTO O SOL QUANDO DALI SAÍAMOS - e também já estava a fazer-se demasiado tarde para a longa viagem que tinham pela frente, até Lisboa. Ao vê-lo tão feliz , quando descíamos do alto do Castro do Curral da Pedra, onde se avista uma panorâmica, de raro alcance e beleza, e ao passarmos junto a uma pedra que parecia quase um pequeno altar, disse-lhe: Olha, Fernando! Já que vais tão contente, sobe para aquela pedra e agradece ali aos deuses que aqui foram adorados, pelos antigos povos; agradece-lhe a tua vinda aqui! E assim fez, irradiando uma enorme alegria, abrindo espontaneamente os braços aos céus, num largo e expressivo sorriso, voltando-se em várias posições para com os quadrantes da Terra e repetindo umas palavrinhas que, em jeito de evocação, eu lhe dissera. A última das quais foi com a mão esquerda estendida ao longo do corpo e a direita apontando para onde se havia posto o sol! – Hoje quando revejo essa imagem só penso numa coisa: que aquela direcção para onde ele então apontava, só poderia estar já a indicar-lhe o caminho da eternidade!... O caminho dos deuses! Como não tinha película na máquina, pedi um rolo emprestado ao José Oliveira. Ele foi ainda mais generoso, registou o momento e deu-me o negativo.
A MORTE UM MÊS DEPOIS - Um mês depois, e justamente quando dali regressava a casa, ao ligar o rádio, qual não é o meu espanto e a minha tristeza quando ouço a notícia da sua morte, que o surpreendeu com uma mão cheia de livros à saída da livraria Bucholz, em Lisboa.
Foi a 30 de Novembro, aos 58 anos .No dia seguinte dirigi-me à mesma pedra e, com ajuda de um pequeno cinzel, fixei, dentro de um pequeno triângulo, as iniciais do seu nome, como singela homenagem à sua memória. Depois disso, já por lá passei muitas vezes, e, sempre que por ali passo, não deixo de o imaginar lá, com a mesma postura e expressando aquele seu largo sorriso aberto, que, aliás, lhe era tão familiar e que os seus entes queridos e muitos amigos, dificilmente esquecerão
. Olá Fernando! ainda te vejo
Ali a sorrir e abrir os teus braços!
Sempre que por ali passo, não deixo de me lembrar de ti
e de olhar o centro da mesma pedra, o pequeno altar granítico
que emerge quase ao rés-vés com o distante horizonte a poente,
num dos pontos mais destacados do vasto planalto rochoso,
sulcado de morros e giestas! - E, ao deter-me junto a ele,
ao circunvagar tudo à minha volta, dificilmente
perco a oportunidade de contemplar
os mesmos espaços que tu abraçaste
num sorriso e num abraço, tão largo,
tão amplo e aberto, que dir-se-ia
quereres ao mesmo tempo respirar
aqueles puros ares e abraçares todo o Universo!...
Na verdade, sempre que por ali vagueio,

E, talvez, tomasse então a via
onde o sol se havia escondido,

Os participantes - incluindo o actor e músico João Canto e Castro que se associou ao evento - tiveram oportunidade de testemunhar a passagem dos raios solares sobre o eixo da Pedra do Solstício.
"Estamos aqui a comemorar o Verão tal qual como ele foi comemorado há milénios, com a presença de druidas vestidos com túnicas brancas, trazendo o seu bordão e transportando cordeiros ao ombro", disse Jorge Trabulo Marques, da comissão promotora dos festejos.
Há hora prevista - cerca das 20:45 - Jorge Trabulo Marques, jornalista e investigador que tem estudado o fenómeno, pediu silêncio à ruidosa assistência.
"É um momento de recolhimento e de meditação", disse Jorge Trabulo Marques, minutos antes de ter soado o rufar dos tambores e de João Canto e Castro ter tocado em viola de arco, uma área de Sebastião Bach, acompanhado por Jorge Carvalho (pandeireta) e Gonçalo Barata (acordeão).
O momento do solstício foi vivido com muito entusiasmo por parte dos presentes, a maioria habitantes da freguesia de Chãs, Vila Nova de Foz Côa.
Olívia Domingues, de 78 anos, residente na aldeia, esteve atenta a todos os pormenores dos festejos e no final disse à Agência Lusa que tinha "gostado muito".
"Vi riscos vermelhos e amarelos na pedra, parecia um guarda-chuva", descreveu após assistir ao momento em que os raios solares incidiram sobre o eixo do gigantesco pedregulho.
"Nunca tinha visto, sou daqui mas foi a primeira vez que aqui vim, porque me disseram que isto era muito bonito", concluiu.
João Canto e Castro também se mostrou satisfeito por ter participado na celebração do Solstício do Verão.
"Estou encantado com isto. Nunca tinha visto uma coisa tão bonita. Estou admirado com a beleza do local", disse.
"Isto é uma coisa fantástica, merece ser vista por todos", acrescentou o actor e músico, sublinhando que no próximo ano espera regressar ao local, que se situa a cerca de um quilómetro da localidade de Chãs.
"Espero voltar e trazer uns amigos para não perderem este magnífico acontecimento", disse à Agência Lusa.
Por seu lado, o presidente da Junta de Freguesia de Chãs, António Pimentel, afirmou que pela primeira vez a autarquia se envolveu nos festejos do Solstício do Verão, melhorando os caminhos de ligação ao local onde se encontra a Pedra do Sol ou Pedra do Solstício.
O autarca referiu que tendo em conta a importância do sítio dos Tambores - onde também existe uma outra pedra conhecida por Cabeleira de Nossa Senhora onde no dia 21 de Março foi festejado o Equinócio da Primavera - vai interceder junto do Parque Arqueológico do Vale do Côa para que aquele local seja "devidamente estudado e integrado nos roteiros turísticos desta região"
Nenhum comentário:
Postar um comentário