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domingo, 22 de janeiro de 2023

Depois das chuvadas, vêm aí os grandes nevões - Sim, são frios e incertos os dias mas que nunca falte o pão nos lares e o calor do conforto divino em todos os corações –

 


Canto a Deus à Terra e ao Sol que me viu nascer

Envolto em ténue névoa,

fluindo em etéreo véu de brancura e mistério,

a sós, em perfeita harmonia comigo próprio e com os astros,

longe do bulício da cidade, longe de tudo,

do tumulto da vida e do mundo,

aspirando os odores de terra, das flores e das fragas,

canto o vosso cântico, ó Senhor Deus, meu Sol eterno!

Não, não estou só. Neste sítio tão calmo,

de solidão e de espaço.

Tudo é igual a mim. Sou tudo o que me rodeia.

A abóbada do ar que me cobre.

A luz que cai do alto e unge os meus olhos.

A pedra que piso e me faz pulsar

o peito da adolescência perdida.

A débil névoa que me envolve e me transfigura.

Tudo habita em mim e eu habito o coração de tudo .

Oh, aqui, onde me encontro,

não há tempo nem lugar definidos,

tudo é assombro, esplendor,

tudo faz parte do mesmo Deus,

tem a matriz do Criador,

só há eternidade, eternidade

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