Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Deixou-nos, neste dia, em 22 de Janeiro de 2021 - Recordamos a sua voz e outros dos belos momentos poéticos, em sua casa e nos Templos do Sol, do autor de “O Coração Acordado”, entre muitas outras obras literárias – Foi uma das vitimas da Convid 19 - Natural de Meda, tendo residido, desde há vários anos, em V.N. de Foz Côa, onde fez grande parte da sua vida - Advogado, escritor, jornalista, poeta, dramaturgo, autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20 das quais ainda inéditas - Espírito solidário e associativo, de sensibilidade relevante, em associações de solidariedade social, nomeadamente no Lar da Santa Casa da Misericórdia e na Associação Humanitária dos bombeiros de Foz Côa na qual foi seu Presidente da Assembleia Geral, 20 anos, desde 1979 a 1999
Profundo estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida
à função pública e à vida autárquica, cujos olhos, desde há alguns anos, tinham
deixado de ver a luz do dia, despediu-se da vida,–aos 86 anos - Faleceu no
Hospital da Guarda, onde havia sido internado,
Uma vida intensa e multifacetada, pautada pela dedicação mas também pela
descrição. Desde, há alguns anos, vinha debatendo-se com extremas limitações da
sua vista, por ter ficado completamente cego, no entanto, nem por isso, dentro
do que lhe era possível e com apoio amigo da família, lá ia compondo os seus
versos e editando livros. Em cujos poemas perpassa o que de melhor têm a poesia
portuguesa -
Dominando com mestria os mais diversos géneros poéticos e neles se expressando,
a par de um profundo sentimento de religiosidade, o amor à terra, à natureza,
aos espaços que lhe são queridos, suas inquietações e interrogações, sobre a
efemeridade da vida e o destino do homem.
Na poesia de Manuel Pires Daniel, não há jogo de palavras mas palavras que vêm
do coração, que brotam naturalmente, como água da melhor fonte, que corre das
entranhas do xisto ou do granito da nossa terra.
Um coração de poeta, muito admirado e querido, cuja sua obra intelectual, se
estende em todos os géneros literários, perfeitas maravilhas de naturalidade ,
de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem
glosa a sua poesia ou a sua prosa.
Os seus belos versos faziam parte das tradicionais celebrações evocativas nos
Templos do Sol , onde tivemos a alegria e o prazer de contar com a sua amável
presença, por várias vezes, sendo a última no Equinócio do Outono, dia 22 de
Setembro 2020, onde foram lidos poemas de sua autoria e o homenageámos. - Ele
que também, até, já havia participado na homenagem, que prestámos, na Pedra dos
Poetas, Fernando Assis Pacheco, cuja imagem aqui recordamos - Justamente no
mesmo local, onde o então jornalista e poeta, erguera os braços, um mês antes
da sua morte, aquando de uma reportagem no Vale do Côa.
Manuel Daniel, disse naquele antiquíssimo e sagrado altar: " Continuamos a
ser perseguidores das preocupações que ocuparam os homens primitivos”: “E aqui
estamos: a interrogarmo-nos a nós próprios, a saber quem somos, o que queremos!
O que fazemos!...”
Palavras do poeta invisual, jornalista, advogado e dramaturgo, Manuel Daniel,
na sua expressiva alocução, em resposta ao poemas lidos e aos elogios
preferidos na auspiciosa manhã do primeiro dia do Outono de 2020, no maciço
granítico do planalto dos Tambores e Mancheia, onde termina a meseta ibérica,
com os seus monumentais e majestosos penhascos e enigmáticos megalíticos, seus
ancestrais postos de observação astronómica e locais de culto.
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