Jorge Trabulo Marques - Jornalista - C
Dom Manuel António, Bispo da Diocese de
São Tomé e Príncipe –, renunciou ao cargo, após 15 anos de missão no
arquipélago - Sendo substituído interinamente, por Dom António Pedro, Bispo
auxiliar de Luanda, Angola
D. Manuel António Mendes dos Santos, natural da pequena aldeia de São Joaninho, concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. Devotado Pastor e também o homem de fina sensibilidade teológica e poética, autor de vários livros de poesia, renunciou ao cargo, após 15 anos de missão no arquipélago
Distinta figura da igreja católica, também muito admirada e conhecida no nosso distrito, tendo participado na celebração do Equinócio do Outono, na manhã de 23 de setembro de 2015, junto ao altar da Pedra da Cabeleira de Nª Srª, em Chãs, de V. N. de Foz Côa, depois de me ter recebido na sua residência em S. Tomé e ter participado no encerramento da exposição, que apresentei nos finais de Julho de 2015, no Centro Cultural Português, intitulada Sobreviver nos Mar dos Tornados e Tubarões, 38 dias à deriva numa piroga
Pormenores e imagens da visita emhttps://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2015/09/equinocio-do-outono-festejado-hoje-no.html https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2015/09/equinocio-do-outono-2015-chas-foz-coa.html
A visita, a este santuário rupestre, embora norteada por espírito académico ou curiosidade científica, mas também de fina sensibilidade religiosa e poética, multirracial e multicultural, indubitavelmente, um magnífico exemplo de coragem e de tolerância pelo respeito e defesa dos valores patrimoniais da nossa mais recuada ancestralidade, quer de matriz mística, cultural ou histórica.
Tendo sido recebido pelo então Presidente do nosso município, Gustavo Duarte, encontro que decorreu de forma cordial, calorosa e muito franca. Oportunidade para uma variada e interessantíssima troca de impressões: desde os temporais aos religiosos. Dom Manuel manifestou-se muito satisfeito pela celebração daquele evento, que, em sua opinião, justifica ser apoiado e divulgado. E também muito bem impressionado do que pôde observar nas visitas que fez à Erva Moira e Museu do Côa. Falou também dos seus livros e da sua missão pastoral em S. Tomé.
No final da receção, houve uma troca presentes: D. Manuel dos Santos, foi presenteado por duas importantes obras publicadas pelo município e duas garrafas do mais afamado vinho generoso do Mundo, que é o do Douro. De parte do distinto vigário da igreja de S. Tomé e Príncipe, a oferta do seu mais recente livro de poemas
Eis as breve mas calorosas e significativa palavras, de José Lebreiro, membro da Foz Côa Friends Associação um dos mais assíduos e ativos participantes nas celebrações dos equinócios e Solstícios:
"Quero manifestar a minha alegria e o dom que tive hoje em partilhar com Dom Manuel estes momentos. Bem-haja, Dom Manuel por aquilo que me enriqueceu. É um dom ouvir! É um dom interiorizar a sua palavra: o Senhor toca no mais íntimo de cada um de nós. Tocou-me e quero-lhe agradecer! E quero manifestar-lhe a minha alegria de hoje aqui estar. De o ter conhecido, tal como o Jorge o conheceu, em São Tomé e que se estabelceram, entre vós, esses laços fortes!...
Continue, seja onde for! Porque, seja onde
for, nós estaremos também consigo! A partir de hoje, seremos mais uma ovelha do
seu rebanho!
Bem-haja, Dom Manuel
Mudanças na Diocese de São Tomé e Príncipe
O Papa Francisco aceitou, no passado
dia 13 de julho, a renúncia do Bispo de São Tomé e Príncipe e nomeou D. António
Lunguiek Pedro Bengui como Administrador Apostólico.
D. Manuel António
Mendes dos Santos, tinha sido nomeado bispo diocesano de São Tomé e Príncipe,
desde 1 de Dezembro de 2006, pelo Papa Bento XVI, assumindo as funções no
dia 18 de março de 2007, fazendo parte da Conferência Episcopal de Angola
e São Tomé e Príncipe. Sacerdote claretiano desde 1985, um olhar atento e uma
voz amiga do povo são-tomense, um “veterano” de África e destas ilhas, que já
conhecia desde Dezembro de 1993 .
D. Manuel António dos Santos de 62
anos, como titular, encarou a diocese de São Tomé e Príncipe, como um desafio a
vencer a julgar pelas vicissitudes vividas pelo povo santomense que vão desde a
pobreza, às seitas que se aproveitam da fragilidade das famílias pobres e a
resistência das comunidades na aceitação de líderes pastorais.
Justificando a sua
renúncia, Manuel António dos Santos, considera que "ser bispo em São Tomé
e Príncipe não é fácil, porque é uma diocese e é também um país" e como
resultado "o bispo é que acaba por ser o centro da igreja"
e uma "figura muito solicitada" que está "sempre
em movimento contínuo" para encontros, viagens e outras atividades.
Previa ficar 10
anos e acabou por se alongar por 15 - Mas, como se compreenderá, os anos pesam
e a paciência humana não é infinita - Sobretudo, quando, a par da
palavra do evangelho, se deseja também fazer obra social e faltam os recursos
económicos -
Declarou que “foram 15 anos, sete meses e meio
que estive nomeado bispo de São Tomé" e "começo por agradecer todo o
carinho, todo o acolhimento que sempre senti, todo o calor humano com que
sempre fui acolhido nesta terra", sublinhou Manuel António dos Santos.
O ex-líder da igreja católica em São Tomé e Príncipe,
afirmou que durante a sua missão procurou "ser pastor de São Tomé"
e até adquiriu a nacionalidade são-tomense para se sentir verdadeiramente
"identificado com esse povo".
"Além disso é uma diocese com muitas dificuldades e exige do bispo o empenho para pensar o presente e o futuro da diocese e a verdade é que chegou o momento em que eu estava a sentir-me profundamente cansado [...] nos últimos tempos já me sentia com dificuldades em sentir ânimo para continuar", afirmou Manuel António dos Santos.
Contudo, explicou que desde que foi nomeado há quinze
anos que definiu a meta máxima de 10 anos para o exercício da função, mas que
acabou por se prolongar um pouco mais - Referem noticias divulgadas
Dom Manuel
António Mendes do Santos, já havia lançado um aviso aos seus
paroquianos, há precisamente um ano, através de uma nota pastoral, no
final da missa de domingo, apelando à colaboração de todos,
veiculada pela Rádio Jubilar e divulgada pela Voz do Vaticano.
Noutros tempos, a
diocese de São Tomé, teve fama e grandeza, abrangendo Angola, Moçambique e toda
a bacia do Golfo da Guiné, até 1842, constituída sui iure a 31
de Janeiro de 1533 pelo Papa Clemente VII por desmembramento da Arquidiocese do
Funchal
Agora, as preocupações, a par da ação religiosa, vão para as ações sociais da Igreja, “no combate à pobreza e às necessidades e carências crónicas de boa parte da população».
Vista do vale - junto ao castro do Curral da Pedra |
Como é do conhecimento público, embora a igreja católica, seja o culto predominante nas Ilhas Verdes do Equador, naquele que é considerado um dos países africanos mais estáveis e democráticos, tanto os cristãos, quanto muçulmanos, convivem pacificamente; incorporando características de crenças nativas africanas, a pandemia veio agravar as dificuldades das populações mais carenciadas, em todo o mundo - E o papel da igreja católica, tem sido relevante, por via de doações à disponibilização de estruturas, distribuição de vale-refeição e confeção de máscaras doadas gratuitamente
Tendo recordado que
“os nossos missionários, já antes da independência criaram várias escolas
primárias, tanto em S. Tomé como no Príncipe. Criaram a Escola de Artes e
Ofícios, que teve um papel importante neste pais, e estiveram também na
fundação do Liceu Nacional
A igreja serve refeições quentes a crianças e a idosos, em vários lugares. Para nós a população dos idosos e das crianças, são muito vulneráveis. Por exemplo, fundei o Banco de Leite, tentando, em Portugal, angariar leite, papas lácteas, etc. para distribuir por São Tomé e Príncipe, de modo a melhorar a sua qualidade alimentícia. Não se pode chegar a todos, infelizmente, mas temos tido capacidade de oferecer leite às nossas crianças, na Casa dos Pequeninos, e , até, fazendo-o chegar às crianças, no Príncipe - Mesmo através de outras instituições.
DOM MANUEL DOS SANTOS
– ORIUNDO DE UMA HUMILDE FAMÍLIA BEIRÂ
“Sou da Beira, de facto: de São Joaninho de Castro Daire, distrito de Viseu. Sou o 5º de nove filhos, vivos ainda, graças a Deus.
Aos 11 anos fui para o seminário de Resende, do seminário de Lamego. Saí de lá aos 18 anos para entrar na Congregação dos Missionários Claretianos; ordenado padre, em 1985, na minha terra, por Dom António Xavier Monteiro, que era então o Bispo de Lamego,
Após a minha ordenação, fiquei a trabalhar nos Carvalhos, durante 9 anos. Em Novembro de 1993, vim para África; estive um mês em Luanda e “aterrei” em 6 de Janeiro de 94 nas terras de São Tomé. Foi então que pela primeira vez pisei o território são-tomense. Impressionou-me, na altura, logo o verde desta Ilha: de facto, era um verde tão intenso, que, um ano e meio depois, quando regressei a Portugal, vi que não havia comparação possível, com os verdes desta terra..
Cinco dias depois, acabei por ir para Roma, onde regressei a Portugal, tendo sido escolhido Vigário Provincial, às comunidades claretianas:
Nessa qualidade, continuei a visitar constantemente São Tomé, e, em 2007, vim então para aqui, como Bispo de São Tomé e Príncipe.
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