expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

terça-feira, 30 de junho de 2020

86º Aniversário da Associação dos Bombeiros Voluntários de V.N. de Foz Côa, " de uma forma simplificada"sem o convívio tradicional mas com a bela prenda de duas viaturas, abençoadas junto à igreja matriz e a tomada de um novo Comandante, que já conhece aos cantos da casa e promete, com "os meus heróis" servir a população - "se alguém nos chamar,no minuto seguinte estamos a caminho"

JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA 








UM DIA DE ANIVERSÁRIO PRESENTEADO COM DUAS NOVAS VIATURAS – Benzidas junto à igreja matriz e no largo da Praça do Município, pelo Reverendo Padre Diogo,vno   final da missa em ação de graças pela alma dos bombeiros e dirigentes, já falecidos e  como apelo de proteção aos  que continuam a  sacrificar as suas vidas pela comunidade.



"Meus senhores: Os Bombeiros de Foz Côa e Associação têm lá dois nomes; Humanitária e Voluntário : Voluntário é uma parte que nos cabe a nós com muito prejuízo das nossas famílias. A humanitária cabe-nos a todos; portanto estamos cá pela população! E não  por coisas pessoais, nem por traquinices  nem por novelas mexicanas.  Nós estamos aqui para a população. E a população são os nossos filhos, são as nossas mães! São os nossos pais e os nossos avós. 
Espero que isso fique bem claro:  quando alguém precisar do corpo de bombeiros, de minha parte, no minuto a seguir estaremos a caminho"

Nuno Figueirinha, com a esposa e os filhos que sempre estiveram ao seu lado
Palavras Nuno Lima Figueirinha,  que ascende às funções de novo comandante, proferidas  no ato da sua tomada de posse, que decorreu no salão nobre do aquartelamento,  esperando que,  nesta associação, "uma vez por todas, todos  possamos  remar para o mesmo caminho"

Sublinhando: - "Vamos pensar no futuro: o passado passou: eu como comandante dos bombeiros estou aqui para satisfazer os meus homens e para os defender. E  o que é que eu preciso;  formação, equipamento  e disciplina", aproveitando igualmente para lhe agradecer  aos soldados da corporação, o empenho e a  sua dedicação, assim como ao Presidente da Associação, António Lourenço, do qual nunca lhe faltou o apoio que necessitou, bem como a confiança garantida pelo Presidente Soterro Ferreira e às demais entidades.


86   ANOS DE  EXISTÊNCIA, DE CORAGEM E DE SACRIFÍCIO EM PROL DA COMUNIDADE  - Esta  é a bonita idade  e  o belo  exemplo da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de V. N. de Foz Côa, cujo aniversário foi comemorado,  neste último domingo, num misto de determinação e   religiosidade  - E também com a satisfação do dever  cumprido - Pois estiveram no topo, no distrito da Guarda, a  nível dos transportes de assistência a pessoas com o  Covid-19,  sendo distinguidos com a medalha de prata.
    
Comemoração aniversariante, sem o tradicional  convívio e alegria de anos anteriores,  “De uma forma simplificada, mas significativa"  (e até emocionada nalguns momentos) "sem a presença de familiares ou outras entidades que é costume convidar, condicionados pelo COVID-19” – Disse  António Pimentel Lourenço, Presidente da Direção desta humanitária associação, no discurso proferido no salão nobre, na cerimónia que ali decorreu e que contou ainda com as presenças do Presidente Assembleia Geral da Associação Dr. Sotero Ferreira. Comandante Distrital das Operações de Socorro, Dr. António Fonseca. dos Vereadores da Câmara Municipal. Dr. João Paulo Sousa; Fernando Fachada e do Presidente da. Junta de Freguesia de V N Foz Côa , José Saraiva - -

CERIMÓNIA DA INVESTIDURA DO NOVO COMANDANTE

Abriu a sessão, o  Presidente.  Assembleia Geral da Associação, Dr. Sotero Ferreira, que, depois de agradecer a presença de  todos, anunciou os atos que iam seguir-se, nomeadamente o da posse do novo comandante 

De seguida, usou da palavra , o Presidente da Direcção, António Pimentel Lourenço, que,  começou por agradecer  a presença de todos, dirigentes, bombeiros, Município, Junta Freguesia e Comandante Distrital das Operações de Socorro do Distrito da Guarda.

Depois de aludir  à forma simplificada, mas significativa, sem a presença de familiares ou entidades que é costume convidar, condicionados pelo COVID-19.,  lembrou de seguida, aqueles, que,  na fase incial e no tempo da 2ª Grande Guerra, deram o seu melhor no cumprimento das suas missões, em favor da população do concelho de V N Foz Côa e concelhos vizinhos., após o que enumerou  as dificuldades atuais, que são necesárias  para garantir a sustentabilidade da Cooproração, a fim de  poder pagar a tempo e horas os salários aos seus funcionários, pagar os combustíveis, os pneus, os diversos equipamentos, os seguros, manutenção e renovação das diversas viaturas.

Com a COVID-19 as receitas provenientes dos serviços de transporte de doentes, baixaram para menos de metade.
As despesas continuaram a manter-se e com equipamentos de protecção individual, aumentaram e muito.
Resultam portanto novas e acrescidas dificuldades, não sabendo quando poderemos regressar à desejada normalidade.
Para assegurar e garantir o serviço do PEM – Posto de Emergência permanente, durante as 24 horas dos 365 dias do ano, tem sido necessário afetar outras receitas, para cobrir os custos com o serviço de emergência, para além do valor que o INEM nos paga. Poderá estar em causa, por falta de capacidade financeira, o serviço de emergência prestado à população.

Daí resulta que, para além do subsídio recebido da ANEPC, é necessário que outras entidades, nomeadamente o Município devam estar sensíveis a estas realidades e possam ajudar financeiramente esta Associação Humanitária, para que a protecção e o socorro não faltem à nossa população, cada vez mais envelhecida.
Continuamos a necessitar que outros jovens se decidam fazer a necessária formação e virem a ser bombeiros e se juntem aos que já fazem parte do nosso Corpo de Bombeiros.
Uma palavra aos nossos bombeiros assalariados e aos voluntários, que ao longo do ano deram o seu melhor.

As viaturas têm desgaste e é necessário substitui-las. Não havendo disponibilidade da Associação para comprar uma nova VLCI – viatura ligeira de combate a incêndios, foi possível adquirir à AHBV de Trancoso, com a ajuda do Município, uma viatura usada, com capacidade de 1.500 litros de água, que não possuíamos e que vamos logo, no final da missa, na Praça do Município, benzê-la. Também será benzida uma viatura que há muito fora cedida pelo Município e também comparticipou nos custos da sua adaptação, para uso do Comando, nas diversas missões.2 - Estas algumas das suas palavras que antecederam a tomada de posse  novo Comandante do CB . Nuno Lima Figueirinha, que vinha desempenhando o cargo de 2º Comandante. 


Comandante Distrital das Operações de Socorro  -   Dr. António Fonseca -  Teceu calorosos elogios a Nuno Figueirinha 

Depois de frisar  que a sua presença se deve, sobretudo,  à tomada de posse de um novo comandante, dado não participar em eventos deste género, pelas circunstâncias de todos conhecidas, começou por referir que o ato teve  também um simbolismo muito importante, atendendo ao facto do  comando  Distrital das Operações de Socorro, estar prestes  a iniciar  a fase de maior empenhamento de combate aos incêndios incêndios rurais,  que vai de 1 de Julho a 30 de Setembro,


Respondendo às  questões, que foram colocadas pelo Presidente desta Associação,  no capitulo das verbas, começou por serenar as suas preocupações,  frisando que, embora  a emergência médica não esteja no âmbito da ANPC,  também não estarão em causa os apoios necessários,  pelo facto  desta Associação, ter no corpo de bombeiros, uma equipa de intervenção permanente, bem como um conjunto muito vasto de intervenções de serviços, cuja prestação de verbas está garantida.
Falou ainda da importâncias  das parcerias  estabelecidas a nível  local entre as associações e as câmaras municipais, frisando que são parceiros fundamentais, independentemente de quem está   ou não à frente das mesmas, porque, as instituições, permanecem, fazem parte da memória coletiva  - Tendo manifestado o seu agrado de, estar ultrapassada a fase que gerou alguma conflitualidade, entre o Município e esta Associação,  após o que teceu elogiosas referências ao novo comandante Nuno Lima Figueirinha

FOI APENAS UM ARRUFO DE NAMORADOS, ENTRE A DIREÇÃO DOS BOMBEIROS E A PRESIDÊNCIA DA CÂMARA  -   Foi o que deu a entender o 
Vereador  da Câmara Municipal   Dr. João Paulo Sousa   

Começou por recordar o passado da Associação e o seus valores na defesa da comunidade foscoense e do concelho, enaltecendo igualmente as qualidades e os valores humanistas do novo comandante, pessoa que conhece desde há muItos anos,   confiante de que  desempenhará cabalmente o seu papel
Pegando depois na “questão da sensibilidade”, referida pelo António Lourenço, lembrou que, entre “marido e mulher”, quando há um arrufo de namorados, que a culpa não é apenas de um deles, frisando haver culpas de ambas as partes, mas não apenas das famílias  que os compõem, ou seja, querendo com isto dizer que a conhecida crispação, entre as presidências das duas instituições,  resultou também por via de influências das várias sensibilidades na mesma área politica, mesmo assim, destacando que o município sempre teve a preocupação de que nada faltasse aos bombeiros, Apontando o exemplo da inauguração das duas viaturas, uma das quais totalmente comparticipada pelo município e a outra em 50%. 

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Dia de São Pedro - Santo popular em São Tomé - Como eu o testemunhei há 50 anos

JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA  - E antigo correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada  – Na Baía Ana de Chaves, a celebração a São Pedro, decorre em 31 de Janeiro, junto à pequena ermida,  sendo considerada a primeira grande festa do ano - Além de São Tomé, que deu o nome à Ilha, é o santo mais popular no arquipélago 

Hoje é o dia de São Pedro, natural de  Betsaida, na Galileia, o pescador., que se transformou em discípulo de  Jesus em Betânia, através de seu irmão André.
De seu  nome original era Simão, mas Jesus lhe chamou de Cefas (Rocha, do grego Petros), cuja tradução é Pedro, e o instituiu como líder da Igreja: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16:18).
A tradição bíblica católica considera São Pedro como o primeiro Papa. O martírio de São Pedro ocorreu em Roma, sendo crucificado de cabeça para baixo na Colina Vaticana, provavelmente no ano de 64 d.C. https://www.calendarr.com/portugal/dia-de-sao-pedro/
A DEVOÇÃO A SÃO PEDRO, EM SÃO TOMÉ  QUE EU TESTEMUNHEI
Escrevia eu na Revista Semana Ilustrada, de Luanda, da qual era seu corespondente, que   " devoção  a São Pedro, está  há muito  enraizada  no povo de S, Tomé  Mas, é principalmente nas vilas ou povoações ribeirinhas que a crença a este santo popular assume  maior 'fervor e religiosidade

Sendo,  São. Pedro o padroeiro  dos Pescadores, é pois natural  que, numa Ilha como a de  São  Tomé, onde o mar está ligado a grande parte da população,  aqui o popular santo se venere com certo ardor· e singularidade. E é realmente o que acontece. Sobretudo, na povoação do Pantufo, a escassos quilómetros  da cidade de S, Tomé, que as festividades a S, Pedro.,  assumem características muito especiais  - Mais imagens e pormenores à frente 

A FESTA  DE SAO PEDRO, EM SÃO TOMÉ - TEM UM CALENDÁRIO DIFERENTE -  NA BAÍA ANA DE CHAVES - Realiza-se a 31 de Janeiro,  festa de São Pedro - É a primeira grande festa do ano
A celebração ao   padroeiro dos pescadores da Baía Ana de Chaves,  junto à sua ermida na Baía Ana de Chaves,  é  considerada a primeira grande festa do novo ano, com uma moldura humana de milhares de pessoas, que se concentram junto ao local onde se ergue uma capelinha em honra do dito santo popular e se estende ao longo da avenida marginal, na praia de S- Pedro, com gente vinda de todos os pontos da cidade da ilha e da cidade, mas especialmente dos bairros circundantes,   Budo-Budo, São João Davargem, Ponte Graça, Potó-Potó, Atrás do Cemitério, Oquei-Del-Rei - Três dias de arromba, com música a rodos dos conjuntos típicos da terra ou apresentada por discotecas móveis, onde os DJ, dão largas à sua agilidade e imaginação, com os sons mais mexidos e frenéticos das últimas novidades
A DEVOÇÃO A SÃO PEDRO, EM SÃO TOMÉ  QUE EU TESTEMUNHEI
Dizia eu:  "Vale pois a pena ir a esta festa. Já nos tinham dito que era, de facto, acontecimento digno de ser apreciado. Mas, sinceramente, tudo o que observámos   transcendeu o que julgávamos ir ver Na verdade as pessoas não se limitam, unicamente, a incorporarem- se na procissão, que, após a 'missa solene em honra a este santo popular , percorre, vagarosamente e com muita pompa  e devoção  nos dois sentidos, a principal artéria da povoação Festejam-no também no mar.

Finda a procissão na rua, outra cerimónia, esta então muito característica, vai começar na praia. É o cortejo das canoas. São os pescadores que, nas suas frágeis  embarcações, coloridamente enfeitadas de andalas e bandeiras, vão levar o seu  São Pedro para o mar. É uma imagem mais pequenina. A outra, a maior, ficará. nó andor, voltada para o mar. Para aquele mesmo mar, onde, diariamente, buscam, com muito suor e sacrifício, e não raras as vezes com risco das próprias vidas, o pão de cada dia, E é aí onde eles  o vão festejar O sacerdote também vai, numa canoa maior e  propositadamente preparada. Leva consigo o santíssimo  sacramento e, entre outras  canoas que em redor  da que o leva voltejam., vai percorrer uma parte daquele  imenso azul ·por onde os bravos homens dos dongos partem diariamente  para às suas  fainas da pesca.


E é entre muita alegria, muito entusiasmo, exteriorizado. através de cânticos e toque de tambores, que podemos admirar tão singular como inédita manifestação  religiosa.
Entretanto, na praia, o espetáculo não é menor. Aí é mais das mulheres dos pescadores e da maior parte de toda aquela gente que vive debruçada sobre aquela praia da simpática  povoação do Pantufo. Enquanto as canoas, lá fora, voltejam  de um:. Ledo para -o outro, quase num verdadeiro malabarismo de equilíbrio, aqui, na praia, as mulheres e raparigas, entram vestidas e calçadas  à água  e dão  largas A sua natural alegria e fé religiosa

Porém, após o regresso do sacerdote do mar, a festa é ainda mais· calorosa e movimentada. Nessa altura,  o entusiasmo  é ainda maior e dura algumas horas. A noite é  um bocado diferente. Têm  os divertimentos  e as exibições de folclore. Há bailes,   ou fundões como são conhecidos, ao sabor dos conjuntos típicos  danço  congo e tbciloli. Em suma, há . a continuação  de uma festa como em todas as festas de carácter  religioso, onde sobressai um bocado de tudo: de significado religioso e sentido pagão.  Mas é sobretudo na sua essência uma verdadeira e demonstração  de aculturação  euro-africana. E, neste caso, de presença lusa. Vale pois a pena, por tudo isto; pelo seu tipicismo e peculiaridade, observar de perto  meie esta singular tradição  da boa gente de São Tomé.




terça-feira, 23 de junho de 2020

Solsticio do Verão 2020 - Com “A Festa do Silêncio” de António Ramos Rosa, “A Lágrima” de Guerra Junqueiro – Nos Templos do Sol , Chãs Foz Côa - Além de outros poemas de Manuel Daniel, Cardeal José Tolentino de Mendonça, Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes, David Mourão Ferreira, Francisco José Tenreiro e Assunção Carqueja. – Momentos de poesia com trago de encantamento e inevitável sentimento de tristeza

JORGE TRABULO  MARQUES - JORNALISTA E COORDENADOR DO EVENTO




A chegada do Verão é a estação mais desejada das quatro estações  -   O evento, onde saudamos o dia maior do ano, ao fim da tarde, do passado dia 20, esteve lindo e de céu azul  - E cremos que também terá estado em todo o pais.


No entanto,  mesmo ante  a presença física de uma tão vasta e bela amplidão de  horizontes, sob o teto de tão radioso tempo, era pois  desejável que o significado do dia inundasse de alegria todos os corações, mas quem é que poderia sentir-se inteiramente feliz?  Sim, face às noticias que, por via da conhecida pandemia,  diariamente  vêem atormentando e gerando sentimentos de incerteza, angústia e de intranquilidade!







Recinto do santuário da  Pedra de Nª Srª da Cabeleira 
As celebrações dos Equinócios e dos Solstícios, nos chamados Templos do Sol, no afloramento granítico dos Tambores, arredores da aldeia se Chãs, de Foz Côa, a bem dizer,  já  se impuseram,  naturalmente, no calendário das festividades dos ciclos das estações do ano, como uma  redescoberta dos saberes ancestrais esquecidos, num retorno à terra, às mais genuínas tradições do homem com a Natureza, da qual tanto se vai  divorciando,  em favor de uma sociedade apologista do culto individual,  egoísta e mercantilista, movida unicamente por  fúteis exibicionismos  e aparências

Numa das celebrações de anos anteriores
Decorrem desde o principio deste século, ou seja, desde 2002, altura em que, por um feliz acaso, nos começámos aperceber da existência dos chamados alinhamentos sagrados . Este ano, e pela primeira vez, foi com menos público e também com menos alegria

Inicialmente, até chegámos a contar com  a cobertura das televisões e mesmo de alguma imprensa estrangeira, mas, depois disso, os holofotes voltam-se, sobretudo, para o  midiático cromeleque de Stonehenge . a já famosa es   estrutura ccirular –

E sendo circular, naturalmente, que, pelo espaço de alguns enormes blocos, haveria de entrar o sol – Não pretendemos questionar se o conhecido santuário neolítico foi concebido também com a finalidade de servir de posto astronómico – É provável que sim, até porque, o culto do sol, é tão antigo como a própria humanidade – Como é sabido, muitas das antigas igrejas e catedrais, foram erguidas no sentido nascente-poente.

De facto, os poemas “A FESTA DO SILÊNCIO”  de  António Ramos Rosa” e   “A LÁGRIMA,   de Guerra Junqueiro, títulos poéticos, que, só por si, expressam, de algum modo, os sentimentos que, este ano, por via da conhecida pandemia, marcaram a  celebração da entrada do Verão,.mas também os demais poemas que ali lemos, graças à carolice de um punhado de devotos peregrinos, que, uma vez mais, quiseram dar-nos o prazer da sua presença , nas cerimónias evocativas









POEMA AO SOL - Amenófis IV
Tu és belo no céu... oh! Sol vivo!
Quando te levantas a leste
enches todas as terras com tua beleza,
porque és belo, és grande e brilhas acima da Terra.
Teus raios beijam os povos e tuas criações.
Tu és deus e nos seduziste a todos.
Tu nos impuseste os liames de teu amor,
e, ainda que longe, teus raios atingem a Terra
e, ainda que alto, teus passos marcam o dia.

Excerto

Amenófis IV  - Nome do faraó egípcio, casado com Nefertiti, que reinou aproximadamente entre 1370 e 1357 a. C., filho de Amenófis III e da rainha Tiy, e que se denominou também Akenaton, ou seja, filho de Áton, deus do Sol. https://www.infopedia.pt/$amenofis-

Na verdade,  estas  festividades, que aqui ocorrem,  têm-se constituído, tanto pela sua originalidade, como regularidade, com  singulares momentos de contemplação e de reflexão, de alegres e saudáveis manifestações de cariz místico-cultural, num esplendoroso exemplo de saudação ao Criador pelas suas maravilhas expostas à Luz do Sol, fonte de luz, de energia e de vida.  Porém, mesmo esta concepção panteísta,  tem sido  deixada ao livre arbítrio de cada participante.

 Não  visam a apologia de um qualquer culto de especifico, seja pagão ou religioso, seja que culto for: -  Pretende-se, isso sim, que promovam o reencontro e o convívio humano, que se afirmem como genuínas manifestações populares,  de uma alegre e festiva comunhão   com aquele fantástico cenário natural - E, se possível, de louvor e de fé, imbuído nos mais nobres valores espirituais e lúdicos: sejam no evocar tradições antiquíssimas caídas no esquecimento, seja nos valores de que, cada crença, julga ser seguidora e defensora.

Não se advogam cultos, cada um participa de acordo com os seus credos e sentimentos: para abrilhantar o evento, já ali contámos com a participação de  escolas  de dança e ballet, ( danças e cânticos saudaram primavera chuvosa, por grupos de gaiteiros e de concertinas, duetos de violinistas (tal como agora sucedeu)  - Já realizámos, noutro alinhamento sagrado, um  festival solsticial com a presença de pagãos ibéricos. Já ali saudámos o equinócio da primavera com os hare krishnas -  Agora,  foi a vez de uma celebração muito mais cristã ou católica de que pagã


Tem sido  propósito das celebrações  dos Equinócios e Solsticios, além da evocação das  antigas tradições desaparecidas dos povos que aqui viveram, de cujo legado existem abundantes vestígios desde o neolítico e calcolitico, sim, que por aqui ergueram  os seus santuários e  se abrigaram no seio dos  penhascos, aproveitando o vasto maciço granítico como muralha e defesa natural, assim como os recursos da   fertilidade  do  maravilhoso vale sobranceiro, ser nosso desejo, não apenas aprofundar o estudo desse passado, como, ao mesmo tempo,  aproveitar  para simbolicamente homenagear e recordar figuras cujo exemplo se considere merecedor de ser lembrado ou sublinhado.

Daí que a leitura de poemas, conquanto não tenha um carácter  de festival, se venha enquadrando naturalmente no espírito das celebrações – Quer nos santuários – Pedra da cabeleira de Nº Srª e  na Pedra do Solstício ou Pedra do Sol, quer também na Pedra dos Poetas – Nome dado a um pequeno altar onde o poeta, Fernando Assis Pacheco, ergueu os braços, por nossa sugestão, um mês antes da sua morte, na visita que efetuou a nosso convite a estes lugares, depois de ter passado pelo núcleo de gravuras da Canada do Inferno, onde se deslocara em reportagem da revista Visão..

POEMAS DITOS, QUASE  COMO SE FOSSEM PEQUENAS ORAÇÕES  - lidos poemas  de Fernando Pessoa, Guerra Junqueiro, Manuel Daniel,  David Mourão Ferreira,  do antigo Faraó Amenófis, . Dom Manuel dos Santos, Bispo de São Tomé, Maria de Assunção Carqueja,  José Tolentino Mendonça, António Ramos Rosa,  e o poeta santomense, Francisco José  Tenreiro.

Já todos eles foram recordados neste site - Por isso, para  não tornarmos a postagem demasiado extensa, por agora deixamos-lhe aqui breves traços de alguns deles.  imagens e videos.

MARIA DE ASSUNÇÃO CARQUEJA  - Disse,  Manuel Pires Daniel, no Jornal “OFOZCOENSE”   - "Descobri o seu nome pelos idos de 50, pela mão do meu querido amigo Prof. Adriano Vasco Rodrigues, que veio a ser o seu marido e que, então, coordenava no quinzenário "Luz da Beira'', da Meda, um suplemento literário que veio a inserir trabalhos de jovens como José Augusto Seabra, Eurico Consciência e outros.


Maria da Assunção Carqueja era já uma excelente poeta, natural do Felgar - Moncorvo e estudante da Universidade de Coimbra. Desde logo a fixei. Os seus versos fluíam, como água corredia, quase em surdina, mas dizendo muito. Poesia daquela que nos fala à alma e que se exprime tao bem que chega a dizer muito em muito pouco.


MANUEL DANIEL - HOJE SEUS OLHOS JÁ NÃO PODEM CONTEMPLAR A LUZ DO DIA  - ESTÁ COMPLETAMENTE CEGO  -  Os seus belos versos fazem parte das tradicionais celebrações evocativas nos Templos do Sol   - São indispensáveis.

  UMA VIDA INTENSA E MULTIFACETADA – ADVOGADO, POETA, ESCRITOR, DRAMATURGO E O HOMEM AO SERVIÇO DA CAUSA PÚBLICA

 Em 2003 - Na altura em que ainda podia andar e ver

Manuel J. Pires Daniel, nasceu  em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida,  um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras  e de sentido e dedicação ao bem comum 

A sua vida tem sido pautada pela dedicação mas também pela descrição. Atualmente, debatendo-se com extremas limitações da sua vista, por via de ter ficado completamente cego, no entanto, pese tão dura limitação, nem por isso a verbe do poeta se esgota  e, dentro do que lhe é possível, com apoio amigo da família, lá vai compondo os seus versos e editando livros.  Em cujos poemas  perpassa o que de melhor têm a poesia portuguesa -  Domina com mestria os mais diversos géneros poéticos e neles se expressa, a par de um  profundo sentimento de religiosidade, o amor à terra, à natureza, aos espaços que lhe são queridos,  suas inquietações e interrogações, sobre a efemeridade da vida  e o destino do Homem - Em Manuel Pires Daniel, não há jogo de palavras mas palavras que vêm  do coração, que brotam  naturalmente, como água da  melhor fonte, que corre das entranhas  do xisto ou do granito da nossa terra.

PAI E SENHOR - VENHA A NÓS A LUZ DO VOSSO REINO E SANTIDADE  -




Dom Manuel dos Santos, foi uma das presenças na celebração do equinócio do Outono, em 23 de Setembro de 2015, 
Receb
era-nos na sua residência, em Outubro de 2014 - Tendo vindo a Portugal para o lançamento do seu  livro poético, , "Aqui onde estou os meus sonhos são verdes"  que veio a decorrer   no dia 4 de Outubro no Auditório Santo António Maria Claret, no Santuário do Coração de Maria e   no dia  6, em Setúbal, quis dar-nos o prazer  e  honra da sua visita,  da qual se manifestou muito encantado
.  - 

ANTÓNIO RAMOS ROSA -  17 de Novembro de 1924 – 23 de Setembro de 2013 A sua obra poética ultrapassa os cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). Em 1988 foi distinguido com o Prémio Pessoa

Destacado poeta e crítico português nascido em Faro -  DEU-ME A HONRA E O PRAZER DE SER SEU AMIGO  - Recebeu-me, muitas vezes, em sua casa, a título pessoal ou por razões profissionais para a Rádio Comercial - Proporcionou-me agradáveis e inesquecíveis  momentos  de convívio  e até no café onde costumava ir. Tornámo-nos  amigos e visita praticamente familiar. Datilografei-lhes e passei-lhes alguns dos seus poemas para o meu  computador - ele não o usava, nem gostava dessa palavra mas havia outras que, ouvindo-as pronunciar, podiam ser o ponto de partida para um lindo poema 

 A FESTA DO SILÊNCIO 
Numa das anteriores celebrações
Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.

Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.


António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

A Lágrima - Guerra Junqueiro
                 
 Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada,
Seca, deserta e nua, à beira d'uma estrada.
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha,
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha.

Sabre uma folha hostil duma figueira brava,
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava,

A aurora desprendeu, compassiva e divina,
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina.

Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la,
De perto era um diamante e de longe uma estrela.




POEMA DE FRANCISCO JOSÉ TENREIRO, QUE O ANO PASSADO OI LIDO POR ISABEL SANTIAGO  - Uma cidadã luso.santomense  




Francisco José Tenreiro, nasceu na Roça Boa Entrada, a 20 de Janeiro de 1921. Fazia anos no mesmo dia do mês em que eu mais tarde nasci e faleceu na madrugada de 31 de Dezembro de 1963, dois meses depois de eu ter desembarcado na sua Ilha de Nome Santo. .  Se fosse vivo, teria 93 anos. Presumo que ainda vivam muitos são-tomenses com a sua idade e lúcidos.


Com Isabel   Santiago 
POENTE  - Poema de Francisco José Tenreiro -Foto de Renato Sena Santos

Envolve-se pudicamente o sol, nos lençóis do mar
e súbito vem a noite. Muito súbito e muito rápido.
Logo no céu de cabelos revolta a lua nasce
banhando de sossego a cidade  escaldada
donde se evolam os fumozinhos da humanidade.

Das mangueiras nascem  morcegos de vigília:
poetas mamíferos a quem a noite dá asas
acompanhado de sonhos o poeta das insónias.


E a cidade  adormece para o vício  e para o amor! 

HOMENAGEM  AO POETA SANTOMENSE FRANCISCO JOSÉ TENREIRO  NO ALTAR DA PEDRA DOS POETAS  - POR ISABEL SANTIAGO   




 

Na imagem ao lado, depois da celebração, e num passeio pelas muralhas do Castro do 
Curral da Pedra  Dom Manuel dos Santos, junto de uma carrasqueira e de António Lourenço, ensinando a assobiar com a casca de uma bolota e recuando aos tempos em que andava atrás das ovelhas com o seu pai -

Os homens da pedra lascada, dispunham apenas de rudimentares utensílios de sílex, daí, talvez a razão pela qual empregassem apenas a sua primitiva ferramenta para dar as formas naquilo que lhes era estritamente indispensável ou necessário. De resto, a estilização da arte pré-histórica, verifica-se desde as gravuras do paleolítico, e é do que nos maravilham alguns dos caprideos desenhados nas pedras xistosas do Côa. 


Este fenómeno solar não é único. Muitos desses blocos ( tais como, menires, estelas, dólmenes, recintos megalíticos), fazem parte de uma antiga herança do passado e, de facto, muitos deles, devido à posição que tomam, são geralmente conhecidos por alinhamentos sagrados, visto estarem em perfeito alinhamento com o sol, a lua ou outros corpos celestes.

A sua origem está ainda envolta nalgum mistério e nalgumas sombras, tal como, aliás,  toda a Pré-História. Presume-se, porém, que tenham sido erguidos por antigas civilizações pré-célticas e, também, sabiamente aproveitados por estas culturas que, compreendendo o poder e o significado que representavam, os utilizaram e cultuaram nos seus rituais e festividades, ligadas aos ciclos das estações.

Existem em várias partes do mundo, cada um com as suas especificidades. Porém, uma parte desses monólitos foram destruídos, perderam-se ou caíram no esquecimento: diluíram-se por entre as ruínas dos abrigos e povoados – Tal como este, até ao dia em que nos apercebemos  da singularidade da sua forma, da sua exposição,  entre outros aspetos, acreditando que não poderia ser obra do acaso: sim, demasiadas coincidências para se tratar um vulgar penedo, entre os inúmeros que por ali se espalham, a monte ou isolados, por ação e obra da Mãe-Natureza, desde o fundo do vale e por toda a vasta área planáltica do afloramento granítico.

Há quem pense que o mundo da luz e do conhecimento só começou com a descoberta da eletricidade. Mas os que assim pensam estão enganados. O homem existe há milhões de anos! E, por conseguinte, desde há muito que ele aprendeu a aperfeiçoar as suas técnicas de sobrevivência, a conviver com a natureza, e a conhecer-lhe muitos dos seus segredos, que, certamente, se foram perdendo à medida que se foi divorciando do seu contacto.


Vejam-se as mundialmente famosas estátuas da Ilha da Páscoa, enigmáticas figuras gigantescas com os olhos voltados aos céus, ou ainda, nos Andes, a não menos impressionante Porta do Sol, presume-se que da cultura Asteca, expressando a mais estreita aliança e união do espírito com a matéria - Isto para já não falar das ruínas de Stonehenge, sobre as quais, investigadores de todos os domínios, se continuam a interrogar, sem, contudo, encontrarem as respostas que os satisfaçam.


DAVID MORÃO FERREIRA   - Poeta e escritor -  Nasceu em Lisboa, em 1927 e morreu, também nesta cidade, em 1996. Licenciou-se em Filologia Românica em Lisboa, onde chegou a ser professor catedrático, organizando e regendo, entre outras, a cadeira de Teoria da Literatura. Foi secretário de Estado da Cultura, entre 1976 e 1979;
Diretor do diário A Capital; diretor do Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; diretor da revista Colóquio/Letras; presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e vice-Presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires. A sua obra reparte-se pela poesia; pela crítica literária, como Os Ócios do OfícioVinte Poetas ContemporâneosHospital das Letras ou Lâmpadas no Escuro (de Herculano a Torga); pelo ensaio; pela tradução; pelo teatro; pelo romance; e também pelo jornalismo. https://www.wook.pt/autor/david-mourao-ferreira/12656

Teixeira de Pascoaes

Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos nasceu a 2 de novembro de 1877, em Amarante. Segundo de sete irmãos, desde cedo se revelou muito introspetiva, embora sensível, no seio desta família da aristocracia rural

Foi um saudosista por natureza e pela sua letra. Aquilo que escreveu representou esse estado de espírito, que o transpôs para o atribulando tempo republicano, vivendo-o assim como experienciou também o monárquico e o ditatorial. Atravessando estas três partes constituintes da história nacional, contactou com diversos outros nomes grandes da literatura portuguesa, mas foi nos seus aposentos a norte que se foi firmando, tornando-se num dos mais curiosos metafísicos da literatura lusa.. https://www.comunidadeculturaearte.com/teixeira-de-pascoaes-sem-poesia-nao-ha-humanidade/