Adeus José Pacheco... Hoje os sinos da nossa
aldeia
dobram mais tristes e dolentes por ti -
Adeus Primo José Pacheco – Lágrimas de saudade com os sons e
a voz dos que nos eram tão queridos: do teu Pai e da nossa Tia Ana
dobram mais tristes e dolentes por ti -
É certo que o antigo campanário da minha infância,
já lá não existe, foi demolido com a velhinha igreja!...
Porém, o repicar dos sinos ainda soa igualzinho!
Quando tocam, ainda soam no ar como antigamente,
tocam tal como sempre os ouvi tocar quando era menino!
Repicam festivos à missa, dobram tristes aos finados,
vibram sinistros a rebate - Tocam sempre para longe
de dia ou de noite, do crepúsculo à aurora!
Dobram dolentes, ecoam com os seus dobres tristes
quando o som que juntos dobram
enche de luto, enche de pranto
os corações da aldeia
Oh, e que ao tocarem, o som se propague
aos quatro ventos, por todos os cantos da Terra!
Tão leve e fino como sempre, por todos os confins
do horizonte e para toda a gente!
já lá não existe, foi demolido com a velhinha igreja!...
Porém, o repicar dos sinos ainda soa igualzinho!
Quando tocam, ainda soam no ar como antigamente,
tocam tal como sempre os ouvi tocar quando era menino!
Repicam festivos à missa, dobram tristes aos finados,
vibram sinistros a rebate - Tocam sempre para longe
de dia ou de noite, do crepúsculo à aurora!
Dobram dolentes, ecoam com os seus dobres tristes
quando o som que juntos dobram
enche de luto, enche de pranto
os corações da aldeia
Oh, e que ao tocarem, o som se propague
aos quatro ventos, por todos os cantos da Terra!
Tão leve e fino como sempre, por todos os confins
do horizonte e para toda a gente!
O funeral realiza-se esta tarde em Chãs.
Hoje a minha aldeia está de luto e o
sinos já deram o triste sinal desse luto – Que abrange o coração, não apenas de
uma família e seus parentes mas a aldeia inteira, que, sentindo a
perda de um dos seus conterrâneos, pessoa muito estimada e amiga, sente a mesma
dor, como se esta também lhe tivesse batido à porta – E, ainda porque, não
havendo nascimentos, é mais um sinal crescente de que a aldeia, se desertifica
e vão sendo cada vez mais as casas vazias de que as habitadas.
Sim, a vida é efémera e só nos
damos conta dessa efemeridade quando vemos partir aqueles nos são queridos mas,
sobretudo, aqueles que foram nossos companheiros desde a infância: é o caso do
meu primo, José do Nascimento Pacheco.
Seu pai, Acácio Pacheco, era natural de Relva, uma anexa
da freguesia de Longroiva, Meda e casou em chãs, concelho de Foz Côa - Somos da mesma geração e filhos de mães irmãs - Maria
Trabulo e Laura Trabulo - Nascemos no mesmo ano, eu em Janeiro, ele em Setembro
- Andamos na escola primária, vivemos muitas das mesmas brincadeira no adro da
antiga igreja, que já não é a mesma, pois foi demolida para ficar por lá algo
incaracterístico, que não se sabe bem, o que é.
Faleceu, ontem, por volta das onze
da manhã, no Hospital de Coimbra, devido ao agravamento do seu estado de saúde,
por força de uma queda na altura da Páscoa. Não foi uma noticia que me
surpreendesse, mas deixou-me profundamente triste - E ainda mais, devido à
impossibilidade de não o poder acompanhar à última morada, por razões de saúde
e residir em Lisboa.
Mas, naturalmente, que, com lágrimas de
um profundo pesar, me associo à mesma dor da sua esposa, filhas e
netas. Não apenas pelo facto de se tratar de um dos meus parentes, que mais
estimava, e admirava (único telefonema que recebi no dia de Páscoa, foi dele;
num dia em que estava acamado) mas também por ser um cidadão exemplar - Tanto
no relacionamento humano e de afetos, que, em todos que os conheciam,
com quem convivia, deixava um amigo, mas por ser também um cidadão
trabalhador, dedicado e muito esforçado.
Em jovem, andou por Angola, nas
plantações de café, tendo regressado após a descolonização - Fixou a sua
residência, em Coimbra, onde se estabeleceu e prosperou, com uma pequena loja
de produtos alimentícios - Mas depois veio a doença, que acabou por
deitar por terra, muitos dos seus maravilhosos sonhos, obrigando-o a
desfazer-se do seu projeto de vida.
Voltou à terra natal, embora com frequentes períodos em Coimbra, sua cidade amada onde tinha uma casa de habitação - Mas também para acompanhamento da dos estudos das suas filha e para episódicos tratamentos ou mesmo internamento hospitalar - Isto, sem nunca ter descurado a vida da lavoura, o seu profundo apego às videiras, às amendoeiras, à horta de sua casa, ao cultivo e amanho dos produtos da terra, às pombas e ao seu fiel companheiro – Pois, mas ao invés de procurar o repouso que o seu estado de saúde requeria, continuava a ir para o campo - Aliás, são assim também as gentes que aqui nascem: a vida do campo, o seu apego à atividade agrícola, corre-lhes nas veias, desde que abrem os olhos à luz do dia.
Meu estimado Primo: não sei porque inexplicável intuição, à hora em que tu fechavas os teus olhos para sempre, revia um vídeo com a voz do teu querido pai, que estava a pensar editar (faço-o hoje, como sentida homenagem) ilustrado com várias imagens tuas, com as tuas filhas e da nossa aldeia, a que junto também outro com a voz da Tia Ana, que, tal, como o teu pai, há muito nos haviam deixado – Agora, foi a tua vez, chegou o teu dia de te juntares a eles e ao teu irmão António – É assim a efemeridade da vida: em criança, pensávamos que a vida era eterna, e que, a morte - que batia à porta dos mais velhos - era coisa longínqua demais para pensarmos nessas coisas – Pois, mas, como diz o poeta:
A vida é o dia de hoje,
a vida é ai que mal soa,
a vida é sombra que foge,
a vida é nuvem que voa;
a vida é sonho tão leve
que se desfaz como a neve
e como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
mais leve que o pensamento,
a vida leva-a o vento,
a vida é folha que cai!
a vida é ai que mal soa,
a vida é sombra que foge,
a vida é nuvem que voa;
a vida é sonho tão leve
que se desfaz como a neve
e como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
mais leve que o pensamento,
a vida leva-a o vento,
a vida é folha que cai!
(excerto) João de
Deus
No Facebook - Lurdes de Sousa . Não
tenho palavras para escrever a tristeza que sinto da partida deste amigo que
tanto me ajudou em momentos que precisei de apoio tanta vez recorri a ele Sr je
vou sintir muito a sua falta você tinha sempre as palavras certas quando
precisava de apoio querido amigo até um dia Amen
Maria Amélia Lourenço - Partilho com
saudade deste meu conterrâneo que corresponde à verdade o que acaba de dizer o
nosso amigo e familiar do mesmo. Tinha a maior consideração por esse homem
tanto como amigo do seu amigo sempre tendo uma palavra e um sorrido para todos
.Com as suas fracas posses foi um grande lutador da vida trabalhando até ao fim
por gosto e amor ao que seus pais lhe deixaram. Bom marido bom pai e bom avô.
Hoje Entrará pela ultima vez na nossa
igreja onde tantas vezes assistiu à Santa missa .Ze que o mesmo Senhor e N. Sra.
da Assunção amaste 'Sra. na terra te abram as portas do céu onde possas
descansar em paz . Um até já amigo Zé.
Neste post - José Augusto Margarido
O seu comentário à morte de seu primo
José do Nascimento Pacheco deixou-me deveras comovido pela sua simplicidade
como ser humano que é. Admiro a sua personalidade. Homem de sentimentos fortes
e corajoso. Quero afirmar aqui, perante todos os seus amigos e conhecidos, que
é para mim um homem que merece todo o respeito. A sua força de vontade na luta
pela vida e por dar a conhecer ao mundo as suas aventuras, realçam bem a sua
postura e bondade como um dom, visto do lado bom!...Obrigado, amigo Jorge
Trabulo Marques por mais uma vez provar tanta sensibilidade !...
Um Abraço - José Augusto Margarido
Um Abraço - José Augusto Margarido
2 comentários:
Jorge Trabulo Marques, meu conterrâneo. Ele da freguesia de Chãs, eu de V.N. de Foz Côa. Conhecemo-nos aqui no Facebook. Como grande amigo que tem sido é tb um grande professor da vida. O seu comentário à morte de seu primo José do Nascimento Pacheco deixou-me deveas comovido pela sua simplicidade como ser humano que é. Admiro a sua personalidade. Homem de sentimentos fortes e corajoso. Quero afirmar aqui, perante todos os seus amigos e conhecidos, que é para mim um homem que merece todo o respeito. A sua força de vontade na luta pela vida e por dar a conhecer ao mundo as suas aventuras, realçam bem a sua postura e bondade como um dom, visto do lado bom!...
Obrigado, amigo Jorge Trabulo Marques por mais uma vez provar tanta sensibilidade !...
Um Abraço - José Augusto Margarido
Caro José Augusto Margarido - Obrigado pelas suas tão carinhosas como sentidas palavras sobre a morte do meu primo José Pacheco, que, como diz, também o tinha como um bom amigo - Sim, partiu para eternidade um homem de uma grande coragem e sensibilidade, que deixa imensas saudades, não apenas junto a família, como em todos quantos com ele conviveram - As suas carinhosas palavras vão ficar também registadas no interior deste post - Um abraço de Jorge Trabulo Marques
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