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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa – 80 anos de existência contados em livro: de 1935-2015 – Memorial de uma Associação Humanitária “de um punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade” , pondo em risco as suas vidas, dando o melhor da sua generosidade e sacrifício, .

Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa . Sim, cumpriu-se mais um belo sonho, que se concretizou neste último domingo, no salão nobre do seu quartel. 

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

 Sim, cumpriu-se mais um belo sonho da Associação Humanitária dos  Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa - O que é prometido é devido - Em 20  de Dezembro, último, aquando da sua  festa natalícia, que contou com a presença de muitos dos familiares e antigos dirigentes e Antigos Presidentes da Câmara, e ainda se procedeu à bênção de uma nova viatura de 9 lugares,  na mesma cerimónia em que era inaugurada a exposição fotográfica de algumas das suas admiráveis e abnegadas páginas desde a sua fundação, anunciava-se o propósito da publicação  de um livro, sobre o “ Memorial  do Bombeiros Voluntários de Foz Côa de 1933 a 2015 ao serviço da Humanidade" 

E foi justamente o  lançamento, que decorreu,  neste último domingo, dia 17, no salão nobre, do seu quartel  - Numa cerimónia, igualmente muito participada e da qual aqui lhe mostramos algumas imagens que tomei a liberdade de extrair da página do Facebook, de Amélia Lourenço, esposa de António Loureço, Presidente da Direção, além de outras fotos de minha autoria, anteriormente  editadas neste site, já que  é minha intenção aproveitar para editar um excerto de autoria de Artur Saraiva, também ele um dos cofundadores desta humanitária Associação, e que  transcrevi do extinto jornal ECÔA, onde fui um dos seus colaboradores - 


E também o excerto de um texto, editado no FOZCOENSE, pelo  Dr. Manuel Daniel, uma das personalidades do nosso concelho, que é também um dos rostos desta humanitária associação, natural de Meda, mas que aqui casou em Foz Coa, aqui tem feito a sua vida, quer como advogado, quer  nos vários cargos que tem desempenhado, na vida da autarquia e da misericórdia local – Mas também como poeta, como escritor e colaborador da Imprensa local e regional.

 
LONGE VÃO OS DIAS DE POVO ACUDIR A APAGAR O INCÊNDIO COM OS SINOS A REBATE 



Quando   eu nasci, já Vila Nova de Foz Côa tinha o seu Corpo Voluntário – modestamente equipado e, praticamente, para socorro da própria vila. Nas aldeias, com as vias de acesso, ainda do tipo de calçada romana ou ainda pior, não chegava lá a carripana dos bombeiros, nem as suas maquinetas com as suas bombas manuais.

Sim, já  lá vai o tempo em que, em vez do grito da sirene, se ouvia o repicar dos sinos, chamando homens, mulheres e crianças, trazendo pela mão ou à cabeça, cântaros ou caldeiros de água para apagarem o incêndio - Ainda conheci esse tempo na minha aldeia.

Quase um século de esforço e de dedicação, em defesa da comunidade, pondo em risco as suas  vidas, dando o melhor da sua  generosidade, abnegação e  sacrifício, acorrendo sempre à chamada, no momento mais crítico ou difícil, sem olhar a quem .


Sim,  aos bombeiros, o que lhe sobra em dedicação e espírito de voluntariedade, escasseia-lhe nas ajudas materiais. Pois, "com  as receitas a diminuir para cerca de metade e alguns custos a crescer, só com muito esforço dos dirigentes, comando e a generalidade dos bombeiros, tem sido possível dar a devida resposta à população"  - Palavras ditas, há  três anos, por  António Pimentel Lourenço, Presidente desta Associação, e, por certo, ainda muito atuais.

"Nª SENHORA DA VEIGA ESTÁ NO MOMENTO DA SUA CRIAÇÃO" - Escreve Manuel Pires Daniel - que, já em 1994, proferia esta afirmação: "O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir" (...) "Todos temos o dever de ajudar"

"Um pouco da história dos nossos Bombeiros  recordada nas Jornadas de Solidariedade, quando completaram 60 anos (em 1994)

Os nossos bombeiros “nasceram”  em 22 de Junho de 1934

Até aí não havia bombeiros? Pois não. O povo acudia impulsiva e improvisadamente, chamado pelos sinos a rebate, para actuar, depois, de forma desorganizada, com prejuízo para os sinistrados. 

Havia, desde há muito, em Foz Côa, o sonho de ter bombeiros, à semelhança do que sucedia em muitas terras. 

E esse era, de facto, outro sonho que vinha de longe. O Cónego José Marrana, através do jornal "Notícias de Foz Côa" que se publicava nesta terra entre os anos 20 e 30, foi animando a sua possível criação. Mas todas as tentativas ficavam pelo caminho. A terra não estaria suficientemente adubada para receber tão excelente semente. 

É certo que já havia uma bomba, maltratada, que andava por aí aos baldões do rapazio. Ninguém cuidava dela e foi preciso repará-la. Nas horas dos incêndios, como S. Bárbara, é que se lembravam da sua utilidade e se falava da falta dos bombeiros .. 

Nº Srª da Veiga está no momento da sua criação




Só na festa de Nossa Senhora da Veiga, em Setembro de 1933, é que a ideia de se criar uma Associação Humanitária, com o respectivo Corpo de Bombeiros, começou a criar corpo. Juntaram-se alguns homens de boa vontade. A dar ânimo à iniciativa lá estavam José Joaquim de Almeida Pinheiro e Júlio António Lopes. Em Novembro havia já inscrições para o primeiro Corpo Activo. Em Janeiro de 1934, no dia 14, saíram à rua, pela primeira vez, já fardados, para simular um ataque a um incêndio, suposto na Câmara Municipal. Feitos os estatutos, organizados os seus corpos sociais, com José Augusto Pinto à frente da Direcção, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa nasceu finalmente no dia 22 de Junho de 1934, (.). 
Nos tempos da II Guerra Mundial

A partir daí, os Bombeiros de Foz Côa e os seus problemas andaram juntos por vários anos. Não se conheciam uns sem os outros. Os homens que dão "vida por vida", à medida em que melhoravam os seus serviços, viam multiplicadas as suas dificuldades. As guerras de 1936-1939 (em Espanha) e de 1939-1945 (na Europa) marcaram indelevelmente a sua história, mal conseguindo sobreviver. Foi necessário, inclusivamente, nomear comissões administrativas. 

Grandes homens foram aparecendo, entretanto. Dr. Amílcar de Sousa Donas Botto, Dr. José Augusto Saraiva de Aguilar, Dr. António Augusto Correia Farinhotc, Moisés Martins, Herculano Pais, Cipriano Saraiva, Adão Mário Salgado, José Joaquim Torres Teles, Manuel José Pires, Loisik José Candoso, Amílcar Chéu, Jorge Coelho, Mário José Salgado, José Augusto dos Santos, e para encurtar uma lista que seria extensa, o nome inesquecível do antigo Presidente da Câmara fozcoense, Dr. Manuel Gonçalves dos Santos. 

Fazia falta um quartel condigno

Era preciso construir um Quartel, no lugar onde funcionara a antiga Central Eléctrica:Enquanto o não havia, os Bombeiros ocuparam precariamente o Clube Fozcoense, que deixara de ter actividade. As obras, entregues ao empreiteiro Abílio Araújo Soares, foram andando com as dificuldades financeiras típicas destes empreendimentos. Os próprios Paços do Concelho iniciaram um processo de remodelação. E foi no edifício do Quartel, então em vias, de acabamento, que a Câmara se instalou, antecipando a sua utilização pelos Bombeiros. 

E é curioso que foi aqui, neste salão nobre, ainda inacabado, e no gabinete da Direcção, que se fizeram reuniões que conduziram à criação do Apoio Domiciliário a Idosos, quando o Lar ainda era um sonho, o Hospital estava em obras e a Misericórdia não tinha um lugar próprio para as suas reuniões.

O sonho do Quartel levou 40 anos para se construir

A inauguração do Quartel fez-se, mais tarde, em 1982, num dia em que Nossa Senhora da Veiga era trazida para a Vila. Um dia grande para os Bombeiros e, sobretudo para um elenco de homens de Foz Côa, que se agarrou de alma e coração a esta benemérita Associação, mantendo-a em pleno até aos nossos dias. 

Não pode nem deve ficar sem o devido_ relevo o nome de António Ferreira Sebadelhe, no seu posto de Presidente da Direcção desde 3 de Fevereiro de 1979 (já lá vão 14 anos), ao lado de Mário Raúl Ferreira, Fernando Anacleto Veríssimo, Amílcar Fernandes Chéu, António Eurico Flor Guerra, José Silvério Maximino de Almeida, José dos Santos Pires, e outros, não podendo deixar de lembrar também os nomes de Dr. Jorge Caldeira, Tenente Coronel José Clementino Pais, José Ilídio Antão, António Fernando Mimoso, Adriano Manso, Alberto Coelho, Elói Ernesto Manso, António Lourenço e outros mais recentemente chegados. 

Tem sido enorme o esforço desenvolvido por este punhado de homens dedicados à sua terra e à solidariedade.

Todos temos o dever de ajudar

Agora (estávamos em 1994) já sabemos: o Quartel-sede já não chega para as viaturas, amanhã vamos inaugurar uma nova garagem, temos várias necessidades de melhoria de serviços, está aí a barragem com a mais extensa albufeira do País, estamos longe dos principais hospitais distritais e as ambulâncias não chegam para as encomendas ... Os Bombeiros são chamados para tudo o que é necessidade ... 

O seu rosário é, infelizmente, uma oração que só com insistência os santos escutam. 

Manuel Daniel  (Excertos de uma palestra  proferida nas  “Jornadas de Solidariedade”, em 1994 – no livro “Foz Côa Solidária”




OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIO DE  VILA NOVA DE FOZ CÔA  - "Quantos, por vezes, chegam a casa com queimaduras, outros meios intoxicados pelos fumos emanados pelas chamas." (..) Por tudo isto, lhes foi atribuído o glorioso nome de "SOLDADOS DA PAZ".  - Escreveu no ECÔA, Artur Saraiva, em 1 de Junho de 1995

 "Logo à entrada do 'Hall", encontra-se uma fotografia ampliada, onde podemos ver em primeiro plano, sentado da esquerda para a direita, os seus primeiros fundadores: José Pinto, José Pinheiro, Júlio António Lopes, José António Saraiva Caldeira e por último, o  Luiz Moura, todos já falecidos, nomes que muitos ainda se devem recordar até com saudade.

Na mesma, e de pé, podem ver-se "os nossos valentes soldados da paz".
Estes, com escassos meios que na altura dispunham, conseguiram operar verdadeiros milagres, chegando até a pôr em risco as suas próprias vidas, em prof das nossas populações.
Para todos estes, já falecidos não podemos ficar indiferentes, devendo sempre manifestaremos a nossa eterna gratidão.
(…)Estes briosos bombeiros são voluntários e sem quaisquer remunerações a não ser as que auferem nos seus serviços onde de trabalham.


Todos os anos, no Verão, temos assistido a incêndios grandiosos que devastam hectares das nossas lindíssimas e frondosas florestas.
É com tristeza que percorremos quilómetros e quilómetros de terra queimada.
A maior parte destes são provocados por mãos criminosas, ficando os responsáveis na maior parte fora da alçada da Justiça.

Outros há' que são provocados por incúria da nossa parte que inadvertidamente ao conduzirmos o carro ou a moto atiramos para o lado, uma ponta de cigarro ainda acesa, não pensando no acto irreflectido que cometemos.
Estes gloriosos Soldados da Paz chegam por vezes, ao deflagrarem-se estes violentos incêndios, a estarem 24 horas e mais sem conhecerem o conforto dos seus lares, deixando os seus familiares em estado de grande tensão e ansiedade por tão funesto resultado, acabando muitas vezes em grandes tragédias.

De facto é preciso ter amor a esta perigosa profissão que abraçaram voluntariamente e pela qual prestaram um juramento solene.
Ei-los, logo que a sirene começa a retumbar, a correrem para o quartel, deixando os seus empregos para poderem chegar a tempo da chamada, afim de evitar que um incêndio já incontrolável se propague aos seus vizinhos.
Quantos, por vezes, chegam a casa com queimaduras, outros meios intoxicados pelos fumos emanados pelas chamas.
É este o espírito de solidariedade destes bravos heróis, que os leva a sacrificar as suas próprias vidas pelas dos seus semelhantes.

Por tudo isto, lhes foi atribuído o glorioso nome de "SOLDADOS DA PAZ". r


Antes de terminar esta primeira parte referente aos nossos Bombeiros Voluntários municipais ou sapadores (parte mais perigosa e por vezes injusta) e antes  de entrar na segunda parte, quero que todos os nossos leitores fiquem a saber duma terrível verdade ao  lerem este artigo e depois de meditarem um pouco, também os vossos olhos se encherão de lágrimas com o final deste episódio.

Quando os voluntariosos os bombeiros, na época destes calores abrasadores que de ano para ano vão sendo mais quentes, são chamados para tentarem extinguir um flagrante incêndio, num monte coberto de majestosas florestas, lá conseguem chegar com os seus Auto-Tanques, antigos ou modernos ao sopé destes, sentem-se impotentes para extinguirem as chamas assustadores que vão subindo até ao cume, sem que lhes permitam entranharem-se no meio delas.

Após o acto consumado, apenas se vê terra queimada, negra e perante estes flagelos, os nossos bravos soldados, com lágrimas a deslizarem pelas faces e raivosos porque não conseguirem atingirem o seu objectivo, parecem que ouvem com voz bastante ténue uma ou outra árvore rachada ao meio, antes de dar o último suspiro dizer muito baixinho:
"Não choreis meus amigos! Fizestes os possíveis e os impossíveis, nada vos poderá roer nas vossas consciências. O Governo tudo tem feito ao seu alcance para vos ajudar construindo belíssimas auto-estradas e pontes maravilhosas, para que vós possais chegar mais depressa junto de nós chegar sem estragarem os vossos meios de locomoção".

"Também aparecem uns pássaros voadores (a que lhe dão o nome de Helicópteros) com um saco pendurado cheio de água, mas estes também a maior parte das vezes inúteis para nós, mas lucrativos para os seus proprietários e para os pilotos que (estes não são voluntários) trabalham à hora".
"Não percais nem a Fé nem a Esperança porque o Governo todos os anos estuda meios de nos salvar''.
''Hoje morremos nós, mas amanhã serão plantadas outras e a vida continua num ritmo acelerado aguardando melhores dias".
"E sabeis uma coisa?
Mesmo depois de queimadas, ainda somos produtivas para alguém".

Para terminar a parte 1, quem não se lembra de há pouco tempo 4 soldados da paz perderam a vida enorme incêndio.
Mas infelizmente estes não foram os primeiros nem serão os últimos.
Quantas mães ficam sem filhos? Quantas esposas ficam sem os maridos? Quantas crianças ficam sem os pais? 

(...) Portanto, lanço desde já um apelo:  Deixem-se de colóquios, de projectos e entrem imediatamente  em acção, antes que seja tarde e vejamos mais uns hectares das nossas florestas a arder por esse país fora sem meios suficientes para os debelar.
Não se esqueçam de que para tudo há sempre uma solução, apenas para uma não existe. “A MORTE”.
Não deixem que as nossas florestas morram!...

Quando à parte Directiva dos Bombeiros Voluntários desta vila, são já quase todos veteranos e sobejamente conhecidos, começando pelo Presidente (António Sebadelhe) um jovem embora de meia idade, inteligente, dinâmico, impulsionador e há vários anos à frente desta Direcção, estimado pelos seus subordinados, pelas populações de Foz Côa e de todo o nosso Concelho, sempre pronto a dialogar, a acatar sugestões que porventura sejam em proveito da melhoria dos nossos “SOLDADOS DA PAZ”.

É nesta faceta de um dirigente que tem sabido com a colaboração de Mário Ferreira, José Naldinho e tantos outros orientar com eficiência e dedicação toda esta grande cooperação
Na parte técnica também não podemos olvidar os nomes dos seus comandantes, Francisco Gouveia, Aníbal Carvalho, Adriano Beijoco que se esforçam para os manter fisicamente em boa forma a fim de estarem aptos a actuarem para qualquer emergência que de momento surja. -Excerto -  Artur Saraiva 

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