Por Jorge Trabulo Marques - Fotos da WEB - Excepto as imagens das pinturas extraídas do Livro Erros Meus Má Fortuna Ardente
A 13
de Setembro de 1923 nascia nos Açores, na ilha de São Miguel, a escritora e
mulher que viria a dar um dos maiores contributos para a cultura portuguesa do
século XX, Natália Correia. Autora de
extensa e variada obra, com predominância no ensaio, teatro e poesia.
Deputada à AR; (1980-1999
– Faleceu em Lisboa, a 16 de Março de 1993
Estas algumas das palavras, que me concedeu, na entrevista, que hoje aqui transcrevo e reproduzo em som (mais à frente) e que, vistas à luz dos dias de hoje, mas pronunciadas,
em 1990, no mítico Botequim, situado no Largo da Graça, sim, para quem não conhecesse
a personalidade de Natália, mas soubesse que fora deputada do PPD (atual
PSD/PPD, ficaria um tanto ou quanto confuso – De certo modo, é verdade, isto
porque, a bem dizer, a personalidade de Natália, por ser tão complexa, culta, ousada e visionária, sim, estava acima de qualquer rótulo
politico ou definição social - Era uma personagem de um mundo, ainda por surgir.
Foi deputada na AR, por um partido liberal, como podia
ter sido do PS ou de outro partido, dentro do quadro parlamentar e democrático, pois, no fundo, o que pretendia, com o surgimento da democracia, era ter uma tribuna, um auditório mais vasto, para fazer soar mais alto a sua voz livre, corajosa e independente, além da que já expressava em poesia (a mesma que já
lhe havia trazido grandes dissabores no tempo do fascismo) ou mesmo expandir a outros níveis o seu grito de ousadia, de extrema lucidez
e inconformismo, além de conferências
ou do espaço confinado às famosas tertúlias do Botequim – Mas, também, o fez por pouco tempo, pois não tardou a que, as suas palavras, começassem
a ferir os tímpanos de muita gente - dentro e fora do hemiciclo - , onde calorosa e energicamente, esgrimia os seus argumentos
Restava-lhe, pois, voltar à tranquilidade
da sua escrita (se é que alguma vez a
abandonara) e ser a condutora-mor do «IATE DE LUXO » – No qual segundo refere, Fernando Dacosta, em "O Botequim da Liberdade" - "Navegava-se delirantemente em demanda de continentes venturosos
(ilhas e amores) que nunca se encontravam"
«o importante não era alcançá-los,
mas procurá-los», sobre ondas de fantasia e desmesura»
«As tertúlias proporcionavam a
"comunhão com pessoas de espírito e de ousadia. vingará ela, «por isso,
são fundamentais para se evitar a cultura desvivenciada, pois só
quando se está muito na vida se pode transmiti-la aos outro.
As reverberações das músicas, das luzes, dos vinhos, dos fumos, tudo
faziam possível, apetecível." - Refere o mesmo autor, que a define como:
TOCADA PELO SAGRADO - "Não se
tornava fácil compreende-la, nem amá-la. Fazê-lo, exigia sentimentos,
disponibilidades especiais. Era um ser tocado pelo sagrado, um desses
seres que não cabem no espaço que lhes foi destinado, nem no corpo, nem nas
normas, nem nos modelos, nem nos sentimentos. Chegava a assustar."
"Os que não a aguentavam combatiam-na
não pelas suas ideias, mas pelos seus tiques, não pela sua criação, mas pela
sua distração, tentando reduzi-la a anedotários de efeitos
fáceis e falsos."
"Ao mesmo tempo forte e desprotegida,
imponente e indefesa, egoísta e generosa, arguta e
ingénua, dissimulada e frontal, sentia-se, ante as coisas rasteiras
(e as pessoas, e as acções), perdida; só as grandes a
tocavam, galvanizando-a. Então, toda ela era golpe de asa, vertigem"
TAMBÉM NAVEGUEI NA MESMA NAU - ANCORADA A UM CANTO DO CASARIO DO LARGO DA GRAÇA
Sim, tal como já referi noutro post
deste site, Tive o prazer de ser um habitual frequentador do Botequim - De ser um participante das acaloradas tertúlias
– Do qual guardo as mais inesquecíveis memórias:
naquele espaço, tão único e tão singular
das noites lisboetas, ao mesmo tempo poético e político, social,
sociável e cultural, esotérico, intimista, amistoso, confessional e
familiar.
Pequeno mas, que, em certas noites,
parecia ser a grande aeronave espacial que nos levava nunca se sabia bem a que
parte - tanto ao perto, como bem ao longe: aos enredos e intrigas
de Belém, de S. Bento, no cotejo desta ou daquela figura, em
conciliábulos conspiratórios,
acaloradas discussões ou inesperados debates, mostras de
pintura, lançamento de livros, récitas de poesia, música e canto,
fazendo-nos divagar, sabe-se lá por onde e por que confins, e a falar de
alguém, morto ou vivo, indo ao fundo da história e da literatura,
levando-nos por oceanos a fora, não só ao Brasil, como a Cabo Verde, S.
Tomé, Angola, Moçambique, a Macau e a Timor, aos vários pontos do Mundo. Temas
não faltavam: falava-se de tudo, frontalmente e não em surdina
ou de forma brejeira - Falava-se, sem preconceitos mas sempre de modo
vivo, curioso e interessante, mas com a reverência de que havia ali
uma rainha que exigia vassalagem, culta, multifacetada e
carinhosa, que adorava o convívio,
que encantava e provocava a curiosidade, o
diálogo, a ousadia, a imaginação, conquanto não raiasse o
palavrão ou o insulto
-Tal como na
sua escrita (desde a poesia, narrativa ao teatro) e na suas intervenções
públicas, Natália Correia, era a mulher da insubmissão, que criticava e
questionava, abrindo as portas à indignação e à rebeldia, num tom
mesclado com a tónica do humor, do sarcasmo. Tinha resposta
imediata, tal como ao fingimento ou à sobranceria:
De tal modo incómoda foi, para certos espíritos
mesquinhos, que, mesmo depois de ter falecido – diz Fernando Dacosta - alguém na RTP" convida-me para fazer um
programa para a rubrica "letras e Artes" sobre a sua vida. Dias
volvidos, a mesma pessoa contacta-me, envergonhada: os responsáveis da estação
opunham-se, Natália continuava-lhes (mesmo morta), insuportável.
- Se passou alguma vez pelo Botequim, é livro de culto e de romagem obrigatório. De todo o modo, se é ou não admirador da personalidade e da obra de Natália, pouco importa, ficará a conhecer ou pelo menos a recordar-se -da última tertúlia do século XX lisboeta, e talvez no país,"onde se jantava ,cantava, dizia atoardas e recitava poesia até altas horas. Foi a última tertúlia animada por ela e pelo seu extraordinário talento" - Escreve o autor do Botequim da Liberdade, citando Baptista Bastos
Foto obtida pelo autor deste site à saída de uma festa de gala no Casino Estoril - Natália Correia e a sua corte - Na qual está também - no primeiro plano à direita, a minha grande amiga e dama, a Elizabeth; vemos Dórdio Guimarães, o fiel companheiro de todas as horas de Natália, de costas voltadas para o fotógrafo; um pouco mais à esquerda, está Fernando Grade, e, quase a servirem de guarda-costas, Francisco Baptista Russo e Fernando Dacosta, agora de novo com mais uma bela surpresa literária - Não me ocorre o nome das outras suas amigas.
Quando a crise não é geradora de grandes audácias, mais indicado é dar- lhe o nome de agonia. - Natália Correia 13 de Setembro - 90º aniversário nascimento de Natália Correia A última grande tertúlia de Lisboa - que marcou culturalmente, politicamente várias décadas portuguesas - teve lugar no Botequim, bar do Largo da Graça criado e projectado por Natália Correia.
Neste seu mais recente livro, Fernando Dacosta, diz que "No Botequim “fizeram-se e desfizeram-se revoluções, Governos, obras de arte, movimentos cívicos; por ele passaram Presidentes da República, governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis, escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em madrugadas de vertigem e de desmesura”
- Se passou alguma vez pelo Botequim, é livro de culto e de romagem obrigatório. De todo o modo, se é ou não admirador da personalidade e da obra de Natália, pouco importa, ficará a conhecer ou pelo menos a recordar-se -da última tertúlia do século XX lisboeta, e talvez no país,"onde se jantava ,cantava, dizia atoardas e recitava poesia até altas horas. Foi a última tertúlia animada por ela e pelo seu extraordinário talento" - Escreve o autor do Botequim da Liberdade, citando Baptista Bastos
O vídeo seguinte é de minha autoria - feito a partir de uma de três centenas de gravações que guardo no meu arquivo, de registos com várias personalidades - e ambientes - E até em casa de Amália, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Fernanda de Castro, José Gomes Ferreira, Azeredo Perdigão, Dorita Castelo Branco, Carlos Villaret, Costa Gomes, Franco Nogueira, Palma Carlos, Ary dos Santos, Moreira das Neves, entre tantos outros nomes da nossa vida cultural, social e política. E até as grandes figuras do mundo do crime (Muleta Negra, Dragão, Zé da Tarada e Manuel Alentejano) excertos da entrevista e diário deste, passados a livro, a que o Fernando Dacosta faz referência. Pena ter de me repartir por outros domínios da escrita e ocupações.
Algumas das entrevistas da minha atividade profissional, foram congeminadas sob a inspiração de Natália Correia, nomeadamente as publicadas no Tal e Qual, sobre "a primeira relação sexual" - A Graça Lobo; Afonso Moura Guedes; Carlos Botelho; Raul Solnado; Ivone Silva; Narana Coissoró; Ary dos Santos; Raul Calado; Simone de Oliveira; Vitorino de Almeida
E uma entrevista à própria Amália, parte da qual ainda inédita, que teve como epílogo a fuga rocambolesca de sua casa.
Às tantas desistiu da entrevista, quis apanhar-me o gravador e a cassete e eu tive que raspar-me, com ela e a Maluda a correrem escadas abaixo até à rua atrás de mim e mais o Vicente, a irmã e duas amigas. Só descansei quando apanhei um táxi. Mas a culpa também era dela, porque, quando ali cheguei, a conversa já era picante. E nem ela nem ninguém alterou a tónica dos episódios, nem sequer ela deu mostras de ter pressa. Pelo contrário, diverti-me com as risadas, sentindo-me perfeitamente integrado na tertúlia, como se fizesse parte das visitas habituais da casa. Aliás, já ali havia estado por duas vezes, para a entrevistar para a Rádio Comercial, e esta era a terceira. Pois admirava muito a minha faceta de navegador solitário nas canoas pelo Golfo da Guiné.
Embora não tendo mostrado a gravação, respeitando pois o desejo de Amália, o simples facto de ter narrado o episódio no Botequim, foi motivo de hilariantes chalaças e de sonantes gargalhadas por Natália e outras amigas, que se divertiram com os tabus da grande fadista - Até porque a entrevista também havia sido combinada diretamente pelo telefone do bar. Com a entrevista a Afonso Moura Guedes, então Presidente Parlamentar da bancada do PPD, também viria a passar-se algo inesperado, com a publicação agressiva e destemperada de Vera Lagoa, no jornal o Diabo, a cujo artigo, Natália Correia, soube dar resposta adequada, no Diário de Notícias.
“A POESIA É MÁGICA POR NATUREZA – E a via escolhida
por Natália Correia - uma Anteriana convicta – foi a do soneto:
do neo-romantismo.
“Tal como Antero, foi fazer sonetos em
plena época ultra-romântica, quando o soneto estava atirado para o caixote do
lixo, ele foi busca-lo e pôs-lhe uma essência, uma mensagem completamente
diferente! – E até aparece como pioneiro do existencialismo: pondo, precisamente,
a questão da essência, da existência…
Portanto, eu fiz a mesma coisa: ao dizer
que o conteúdo é o mesmo! - embora eu me
sinta muito Anteriana!... Mas, não é por acaso que o livro é só de sonetos.
JTM
- Mas esse livro de sonetos…
NC -
É!... Porque eu acho que nós já passamos essa da desconstrução!... Para
entrar na época da construção!... E arte… o hermetístico!... desintegrou todas as formas!... O que correspondiam a uma atitude!... A uma descrença humana!... Quer dizer… nos
mitos! Nos ideais!... Nos paradigmas!...E hoje é preciso encontrar um novo
paradigma!...
Portanto, nós temos que caminhar para uma unidade!...
E o soneto é uma expressão de unidade!...
Estas palavras, fazem parte da entrevista que, Natália
Coreia me concedeu, a par da leitura de um dos seus belos poemas, no interior
do próprio ambiente do Botequim, sobre a hora da ceia, no dia em que foi
distinguida com o Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, pelo
seu livro “Sonetos Românticos, – Foram vários os registos que ali tive o prazer
de gravar para a Rádio Comercial – Hoje vou aqui reproduzir um desses muitos registos, em som (video editado um pouco atrás) e o seguinte texto:.
JTM – Acredita-se que, Natália, vem
cultivando a substância mágica da poesia!... Continua nessa linha?
NC – A poesia é mágica, por natureza!... A
palavra mágica e a poesia, são consubstanciais!... Porque… vamos lá a ver… O
que é a magia, em termos poéticos?!... É precisamente o encantatório!... Que
chama!... Que arrebata!... E faz cair num êxtase!... Neste caso o leitor… Ou o auditor!...
Para uma mensagem, que, de outra maneira, não chegaria tão facilmente!...
E aí é que está precisamente o lado estético-mágico!... E não só!... E não
só!...
JTM -Por outro lado, diz-se que o romantismo é uma corrente ultrapassada: a
palavra romantismo!
NT – Quem é que disse que o romantismo
está ultrapassado?.. Quem foi esse
cretino?!..
JTM – São alguns críticos que o afirmam…
NT – Mas quem?!... Eu não conheço!... Tudo o que é vanguarda diz que estamos numa
época neo-romântica!... Bem, eu digo-o há dez e quinze anos!...
As pessoas já estão fartas!... Já estão
fartas dos pragmatismos!... Dos utilitarismos!
De tudo isso!... As pessoas, querem sentimento!.. Emoção!... Amor!... Percebe?!...…
Estamos numa época neo-romântica!.. Eu até tiro o neo!… Romântica!... Isso é a
sociedade de consumo!...
JTM – Acha que a atribuição do Prémio da Associação
Portuguesa de Escritores, é uma forma da sua poesia chegar ao grande público?
NC – Ora!… Muito bem! … Até que enfim que
alguém faz uma pergunta a sério! … A pergunta é acertada!... Eu penso que o prémio, os prémios como é o
prémio do nível da APE (estou a prestar
a minha homenagem à APE) têm o mérito de tornar, de dar uma maior expansão à palavra
poética!... Que eu considero, hoje, um agente importantíssimo na transformação das
sociedades!... Não sou eu!... São os cientistas!... São os cientistas!... São
os filólogos, os filósofos, etc….
Portanto, é o
mérito que eu reconheço mais notório nesse prémio.. E neste prémio, particularmente, que é um
prémio que se tem destacado no nosso panorama literário!... Que foi atribuído
antes, a dois grandes poetas: ao Eugénio de Andrade e ao Ramos Rosa!...
Coube-me agora a minha vez…(sorrindo)
E também quero fazer notar uma coisa!... De
forma nenhuma me parece ser despiciendo que o prémio seja atribuído a uma
mulher !... Porque, a grande missão da mulher, é na cultura!... Não no campo da
competitividade!... Não exercendo funções
no sentido de competir com os
padrões masculinos.
JTM – Daí o significado, a importância que
este prémio tem!.. Por um lado é atribuído a uma poetiza…. E, por outro, vai
contribuir para a divulgação da poesia do grande público.
NC - Eu não sei o que é o grande público, sabe!..
JTM – Há quem afirme que a Natália é
elitista! … Que não tem essa preocupação…
NC – Já sei. Já sei!... Eu quando tinha 15 anos e comecei a ler o
Fernando Pessoa, toda a gente me dizia isso!... Hoje não há ninguém que não o
leia… Isto é o costume!...
JTM – Mas fica satisfeita que o grande
público leia a sua poesia ou não tem essa preocupação!... Ou quando escreve…
NC – Ó meu Caro Senhor!... Eu quando faço
um poema!... Quando estou a estou a escrever um poema... é um ato de comunhão com o Universo!!... Percebe!...
Se quiser… até é um ato cósmico!...
É um ato que implica o social! Que implica
o pessoal!... Mas que exige realmente um envolvimento cósmico!...
A poesia, é integrante!... A poesia vai
desde o social ao cósmico!... Incluindo o existencial, etc!...
JTM – Naturalmente que ficará satisfeita
se a sua poesia tiver um maior
auditório!...Um maior público, não é?...
NC – Eu não sei… A Virgínia Woolf disse um
dia uma coisa muito importante!... Disse que os autores – eu agora estou a
colocar-me na posição de autor - tinham
um drama de ambiguidade!... Que ficam muito tristes senão eram conhecidos mas
que também ficavam muitos tristes, se eram muito conhecidos! … Eu compreendo-a,
muito bem!..
JTM – Naturalmente, que a Natália é uma
pessoa conhecidíssima: a questão é que a
sua poesia não é lida pelo grande público!
NC – Como é que você sabe?!... Já fez inquéritos?!...
Sou mas lida pelo povo de que pelos
falsos intelectuais!
JTM – Tem a palavra!... Acha que sim?
NC – Bem, pelo menos há gente do povo que
chega ao pé de mim … Inclusivamente me entende melhor de que os mistificadores da intelectualidade!..
…Esses é que não gostam nada de mim!!...
JTM – De Pessoa, diz-se que, tanto se
falou que até enjoa!... Acha que o facto de divulgar excessivamente um poeta,
também pode ser negativo?...
NC- Naturalmente que tudo o que tenda a vulgarizar
ou a banalizar, excessivamente, evidentemente
que as pessoas cansam-se!... Mas isso não quer dizer que o poeta fique
prejudicado por isso!... Porque, depois vem outra geração, que descobre!...
Depois encobre!... Depois ressurge!...
Esta é a história da arte!...
NC - Os meus livros são profundamente
espiritualistas!.. Porque o materialismo já deu cabo do comunismo, vai dar cabo
do capitalismo e ainda vai dar cabo de
muita coisa!... Dar cabo do homem é que não pode dar!.... O erro foi este:
socialismo, sim, mas nunca esquecendo a dimensão existencial e espiritual do
ser humano!... Não estou a falar de
igrejas, que são todas iguais!
Creio
nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
Creio
num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio
nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio
no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. amém.
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. amém.
Natália
Correia
MAIS DADOS BIOGRÁFICOS –
(....)Em 1976, recebeu do Centre International de Poésie
Néo-Latine e do Comité des Prix Petrarque de Poésie Néo-Latine o prémio
literário La Fleur de Laure que anualmente consagrava uma poetisa de língua
romântica.
Podemos
ainda dizer que a obra de Natália está traduzida para várias línguas, o que
prova o seu valor e reconhecimento também a nível internacional, e que obteve o
Grande Prémio da Poesia de 1991 da Associação Portuguesa de Escritores. Foi
ainda galardoada com a Grande Ordem de Santiago e a Grande Ordem da Liberdade.