Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista C
Embaixada do Reino de Espanha, em Lisboa, encerra Departamento dos Serviços de Agricultura, Pescas e Alimentação, a pretexto de corte de despesas e procede a despedimentos. Um dos funcionários atingido é o pintor-escultor, Luis Rodrigues, filho de uma portuguesa e de um galego, nascido em Lisboa mas com dupla nacionalidade, que, para não perder o subsídio de desemprego, viu-se forçado a ir residir em Cárceres, durante os próximos dois anos, altura em que poderá passar à pré-reforma
.
Luís Oitaven
Rodrigues - Perdeu o emprego na
Embaixada de Espanha em Lisboa, devido ao encerramento do departamento onde
trabalhava, desde há vários anos, – Agora, viu-se obrigado a ir para Espanha, para onde partiu
esta semana, 8 de Setembro, para não
ficar sem o subsídio de desemprego.
Quase uma vida ao serviço de Espanha - Tal como a de seu pai - Um galego, que não conheceu outra profissão que não a de servir a coroa espanhola na Embaixada em Portugal - Porém,, num tempo em que a precarização laboral se institucionaliza, em que fazer 12 horas seguidas passa a ser uma rotina e não uma exceçao, em que pessoas passam a ser meros números estatísticos e todos os valores, desde a dedicação, ao esforço e à fidelidade, já não bastam para garantir o pão de cada dia, que dizer ou então que perguntar: - Que mal maior virá a seguir ou ainda estará para acontecer?!...
Seu sogro, de nacionalidade portuguesa, pai de sua mulher, também poderia ter sido um próspero construtor cível, se o Estado Novo, lhe tivesse pago as obras que lhe encomendou, pois construi-as e não lhas pagou, além das perseguições políticas da PIDE, que lhe moveu – Nado e criado, em Lisboa, vê-se obrigado a ter que abandonar o lar (mulher e os dois filhos) e partir para Espanha, onde o espera uma espécie de longo exílio.
Seu sogro, de nacionalidade portuguesa, pai de sua mulher, também poderia ter sido um próspero construtor cível, se o Estado Novo, lhe tivesse pago as obras que lhe encomendou, pois construi-as e não lhas pagou, além das perseguições políticas da PIDE, que lhe moveu – Nado e criado, em Lisboa, vê-se obrigado a ter que abandonar o lar (mulher e os dois filhos) e partir para Espanha, onde o espera uma espécie de longo exílio.
Pintor e escultor nas
horas de silêncio e de lazer , parte com profunda mágoa, ao ter que se separar
do lar, do convívio familiar e dos seus gatos – Porém, nem resignado nem
vencido mas encorajado - Estando já de
algum modo habituado ao diálogo
silencioso com as suas telas ou quando as pedras lhe lançam o convite para as
apanhar nas encostas dos montes ou montanhas, no leito dos rios e na margem das praias ou arribas, sim, de modo
a passarem de matéria inerte e formas
vivas e esculturais, sente-se preparado
para esta nova fase da sua vida – E diz que até vai procurar um sítio que seja
isolado, que lhe permita realizar
plenamente o seu trabalho
artístico, tirando o máximo partido do exilio forçado.
VIRAR DE UMA PÁGINA
“Para mim é o voltar de
uma página: sinto mágoa ter que partir mas, por outro lado, sinto que tenho
muita força A minha vida sempre foi um
pouco solitária. No casamento, não quer dizer que não seja feliz, mas sempre
gostei do silêncio e do isolamento –
Confessa, Luis Oitaven
Rodrigues, ao jornalista, momentos antes do jantar de despedida, que ia ter no
lugar por baixo de um toldo no pequeno
quintal de sua casa – Que é mais jardim de que outra coisa e o retiro
acolhedor para dialogar com as pedras
que esculpe,
“Eu sou um autodidata,
tanto na pintura como na escultura. É a minha maneira de me expressar e de transmitir ao mundo as
minhas emoções Desde pequeno, sempre
gostei de desenho. Cada peça que eu faço, custa-me desfazer dela. Quanto ao
valor da minha arte, não sei. Quanto me perguntam o preço, eu não sei dizer. A arte deve ser vendida
àquelas pessoas que realmente a apreciem.” – Confessou-nos, na intimidade do
seu lar, junto dos que são mais queridos: a esposa, filha e filho, nora, os seus quadros, esculuras e os
seus gatos.
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