GRUTA ATRAVESSADA PELOS RAIOS SOLARES NO EQUINÓCIO DO OUTONO - Dia 23 - 08-00 -08.30 - UMA VEZ MAIS O CENÁRIO MARAVILHOSO A LEMBRAR TRADIÇÕES PERDIDAS NO TEMPO - MAS COM FORTE PENDOR MÍSTICO E RELIGIOSO DA ATUALIDADE - Ponto obrigatório de passeios e de peregrinações, nomeadamente de grupos de catequeses, até aos anos 70, acompanhados por sacerdotes ou missionários - Assim era uma tradição, que se foi perdendo, devido à desertificação da aldeia, que já teve duas escolas com várias turmas e hoje já nenhuma funciona.
A
entrada da estação mais nostálgica e romântica do ano, das colheitas e dos
frutos, momento em que a Terra é iluminada
de igual forma no hemisfério sul como no hemisfério norte, vai ser
celebrada, no próximo dia 23, às 08.00, no afloramento granítico dos Tambores, aldeia de Chãs, de Vila Nova de
Foz Côa, no interior do recinto
amuralhado do Santuário Sacrificial da Pedra da Cabeleira de Nª Sra, com
momentos de violino e de poesia, com a presença do Bispo de São Tomé e
Príncipe, Dom Manuel dos Santos, que
lerá poemas de sua autoria.
O
enorme penedo, que é suposto ter servido de antigo local de culto e de posto de
observação astronómico, está orientado
no sentido nascente-poente e possui uma gruta em forma de semi-arco, com cerca
da 4,5 metros de comprimento, que é iluminada no seu eixo no momento em que o
Sol se ergue no horizonte,
proporcionando uma imagem invulgar.
O evento, que conta com o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia, é organizado pela Comissão das Celebrações dos Equinócios e dos Solstícios, desde 2003, com o objetivo de recuperar costumes ancestrais e suscitar o estudo e a preservação dos enormes monumentos megalíticos pré-históricos de rara beleza e singularidade. ![]() |
Pintura rupestre - no interior da Pedra da Cabeleira |
O MONUMENTO PRÉ-HISTÓRICO DA PEDRA
DA CABELEIRA DE Nª SRª É VISTO PELA ALDEIA, NÃO COMO TEMPLO PAGÃO MAS
COMO UMA PEDRA SAGRADA - Há uns anos, ponto obrigatório nos
passeios da catequese e das semanas missionárias
A Pedra da Cabeleira de Nª Srª, vista à luz da tradição oral da aldeia de Chãs., em cujos arredores se situa, é mais a presença de uma monumental pedra sagrada de que um templo pagão. Ninguém aqui lhe atribui essa conotação - O seu longínquo passado - de ter servido de observatório astronómico e local de culto pelos povos que, no afloramento granítico dos Tambores, procuravam o seu refúgios e os seus abrigos - esse, passado caiu praticamente no esquecimento - Nunca ali foi rezada missa - tal como acontece em algumas ermidas incrustadas em enormes penedos, mas a verdade é que, desde há muito que é um local que toda a aldeia conhece: para onde têm peregrinado todas as gerações. Isoladamente ou em grupos, muitos dos quais acompanhados por sacerdotes.
Eu
sou a luz do mundo, diz o Senhor
Quem
me segue não anda nas trevas,
mas
terá a luz da vida (Jo. 8.12)
Nos
caminhos escuros da noite
nas
veredas das montanhas esquecidas
Tu
me guias, Tu és a luz!
Nas
horas de angústia e de medo
nos
momentos de solidão e dor
Tu
me guias, Tu és a luz!
Nas
tempestades do mar do silêncio
nas
horas de abandono e tristeza
Tu
me guias, Tu és a Luz
Nas
veredas da sede e do cansaço
nos
desertos de areia e de miragens de
enganos
Tu
me guias, Tu és a Luz!
Eu
sei que quem te segue
pode
morrer numa cruz
mas
descobre caminhos de vida
caminhos
de luz!
São
Tomé, 17 de Março de 2013
Do
livro Poemas de Vida e Fé
Não quis ser outra coisa
senão ser Padre e nunca se arrependeu de ter seguido a vida de sacerdote - .
“Eu não procurei ser outra coisa. Procurei ser Padre. Procurei cumprir o meu
dever. Quando me ordenei, eu tinha um primo, em Barcelos, que era diretor de um
colégio e convidou-me para ir para lá como professor. Eu respondi-lhe:
ordenei-me não para ser professor mas para ser padre. Agradeci-lhe por se ter
lembrado de mim mas eu nasci para ser padre, não aceitei o convite
E, realmente, confirmou-se o meu
pressentimento - Instantes depois das oito horas, lá estavam os riaos solares a
invadir a graciosa gruta. - Mas que esplendorosa surpresa!
Naquela altura, ainda não me tinha
apercebido que o alinhamento solar era para ser visto, não priopriamente junto
à curiosa caverna mas no enfiamento do seu eixo e no prolongamento de um muro
que parte da base do altar, onde termina o lajedo sobre o qual assenta o
monumental bloco granitico.
CULTO DO SOL NO SANTUÁRIO RUPESTRE
DA CABELEIRA DE NOSSA SENHORA – UM SEGREDO DURANTE MUITO TEMPO BEM GUARDADO.
A primeira referência a este enorme
fraguedo, foi feita por Adriano Vasco Rodrigues, no seu estudo publicado em
1982, sobre a História Remota de Meda., de cuja investigação aqui
transcrevemos, com a devida vénia, um pequeno excerto: “Também na
freguesia de Chãs, que foi outrora anexa de Longroiva e agora pertence ao
concelho de Vila Nova de Foz Côa, localizei, a curta distância da povoação, na
Lapa de Nossa Senhora, no interior de um penedo com forma de crânio, um nicho
contendo algo que parece a pintura de uma cabeleira humana”
“O penedo tem o seu assento sobre
uma vasta superfície rochosa granítica. A face poente está desbastada como uma
enorme testa. Na parte interior rasga-se uma abertura com cerca de um
metro de diâmetro, que dá entrada para uma espaçosa câmara com o
exterior por outra abertura rasgada na face ocidental.”
“No tecto desta câmara notam-se manchas
avermelhadas de uma pintura de ferro parecendo resultarem de uma pintura
destruída pela erosão produzida pela corrente de ar, estabelecida pelas duas
entradas.”.

O início da agricultura está ligado ao
culto da Deusa Mãe, privilegiando a germinação das plantas. Foi trazido do
Médio Oriente para o Ocidente peninsular pelos primeiros povos agricultores.
Junto deste santuário localizei uma
pequena cavidade em forma de concha, que poderá ter servido para recolha de
sangue proveniente de sacrifícios. Em frente de uma das entradas do abrigo
interior daquela fraga, havia uma pedra quadrangular, com 1,5 m. de lado, em
forma de arco, que se adaptava perfeitamente, deixando uma abertura suficiente
para permitir a entrada dos raios solares.
.jpg)
Poderei citar muitos mais testemunhos da
riqueza pré-histórica da região, os quais localizei através das minhas
prospecções, entre eles, necrópoles, grutas, abrigos, castros e dos mais
representativos a Estátua-menhir de Longroiva, representando um homem,
possivelmente um caçador, acompanhado pelo mesmo equipamento do homem
encontrado na geleira do Tirol, em Setembro de 1991, entre a Itália e a Suíça,
conhecido por Ossi.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário