Jorge Trabulo Marques - Jornalista - O manuscrito da obra "Praça da Canção", da autoria de Manuel Alegre, foi o mote de uma sessão comentada na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, no dia 13 de junho.
Um dos poetas lidos nas celebrações dos Templos do sol e que contamos também ler, entre outros poetas, na celebração do Solsticio do Verão, dia 21, à despedida do maior dia do ano.
– Neste dia 13 de Junho de 2022, a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) mostra a versão do original utilizado para imprimir, em 1965, a obra “Praça da Canção” (datilografado por Manuel Alegre).
A iniciativa, que é promovida pela instituição e pela Liga dos Amigos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, contou com intervenções a cargo de António Pedro Pita, professor da Faculdade de Letras da UC, e de António Eugênio Maia do Amaral, Diretor-Adjunto da BGUC , além da presença do poeta Manuel Alegre na sessão.
O original para a imprensa de “Praça da Canção”, datilografado por Manuel Alegre, foi oferecido à BGUC, pela autora, em 1984 e é considerado .um tesouro, uma das obras de referência de um poeta grande, composta ainda num tempo de ditadura [foi editada em 1965]», disse João Gouveia Monteiro, diretor da BGUC, à agência Lusa
O livro, escrito pelo poeta, hoje com 86 anos, que foi Prémio Camões em 2017 e é uma das figuras históricas do PS, foi reeditado em 2015, altura em que se completaram 50 anos da sua publicação. A 1.ª edição de «Praça da Canção» foi proibida e apreendido pela PIDE, a polícia política do antigo regime, tendo circulado clandestinamente, nomeadamente entre os estudantes da UC.- Lê-se em https://www.facebook.com/BibliotecaGeralUniversidadeCoimbra
Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE) por se revoltar contra a guerra. Após o regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma intervenção fiel aos ideais da Liberdade.
MANUEL ALEGRE: - Um dos poetas exaltado nas celebrações nos Templos do Sol,
Chãs- Foz Côa – Neste vídeo pela voz de José Lebreiro nos equinócio da
Primavera de 2021 e 2022 - Vai ser também lembrado no solstício do Verão, no
Stonehenge Português, à despedida do pôr-do-sol no dia maior do ano, no próximo
dia 21, entre poetas desta nossa região, Manuel Daniel, Maria da Assunção
Carqueja, Hamilton Tavares, Amadeu Ferreira, além da singela homenagem ao Prof
Adriano Vasco Rodrigues, ao som dos acordes da violinista Raquel Cravino -
Nesta coordenada - 40º 59' 39.94'' N - 7º 10' 35.46'' W,
A cerimónia evocativa, terá inicio a partir das 18 horas do adro da igreja
da aldeia, com o tradicional cortejo druida abrilhantado por gaiteiros de
Miranda do Douro, os Gaitaralhos de Strelibeta
Todos os grandes poetas são o barómetro da vida, da terra, do país e do
mundo em que vivem - Como profetas e visionários que são, têm o dom de antever
os desastres iminentes do seu tempo e, do mesmo modo, exaltar ou temperar o
ânimo das horas de declínio ou crepusculares e de trevas da sua pátria. Porque,
só eles, participantes ativos na grande aventura coletiva, imbuídos de uma
renovada consciência social, são capazes de, sob as ruínas e o caos, com a
ironia e ou a lírica dos seus versos, edificaram uma nova sociedade.
Manuel Alegre é um desses poetas: poeta completo, na verdadeira aceção do
termo. Ele não é dos que verseja ou faz quadras pelo simples prazer de juntar
uns quantos versos e os fazer rimar – A sua poesia é muito sofrida, sentida e
vivida – É ao mesmo tempo um apelo ao pensamento e ao sentimento. De libertação
e de ousadia. Passado, presente e futuro. De feitos e adversidades, de
perturbações, mágoas e alegrias.
Quem a percorrer, encontrará de tudo. É como que o retrato dos dias que se vão vivendo. Uma espécie de meteorologia emocional e social. Nos seus versos há variadíssimos motivos de inspiração, que, tanto impelem ao desassossego, como à mais inesperada emoção - Vasta temática em que o seu autor é ao mesmo tempo o observador e o ativo interveniente: reflexo de um viajante na sua pátria, mesmo quando a ditadura o força a exilar-se em terras de Argélia, mesmo lá longe, sente-a de perto, está no seu posto, qual sentinela vigilante.
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