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terça-feira, 3 de agosto de 2021

Manuel Daniel - Meda e Foz Côa – Dois concelhos Unidos no Tributo à Memória Exemplar do Homem e da Sua Obra -

 Jorge Trabulo  Marques - Jornalista    - Reportagem com vários videos

UM EXEMPLO CULTURAL E  AUTÁRQUICO POUCO COMUM

TRIBUTO Â MEMÓRIA DO POETA DR MANUEL DANIEL  -  Um belo exemplo de sensibilidade cultural e gesto democrático, demonstrado, entre dois municípios, geridos por partidos diferentes, que decorreu  no passado dia 25 de Julho: - Com duas sessões: uma no interior da Casa Municipal da Cultura e outra no recinto de  um belissimo parque, quase adjacente, no qual iria ser descerrado o busto de Manuel Daniel,  falecido no passado 21 do mês de Janeiro, no Hospital da Guarda, vitima da covid19.



Uma iniciativa promovida pelo município desta cidade, onde o poeta nasceu e o de V. Nova de Foz Côa, onde passou grande parte da sua vida, tributo que constou da apresentação da edição ampliada e comemorativa do livro “Caminhada Imperfeita”, obra lançada pelo autor em 1960, que marcaria o primeiro grande passo do seu percurso literário, bem como noutra sessão, subsequente, que iria decorrer no parque municipal e passaria a ostentar um busto de Manuel Daniel e o seu nome associado ao aprazível e frondoso jardim


Manuel Daniel - Mêda 18-11-1934  - Guarda 21-01-2021 - Autor de uma vasta obra  - “Caminhada Imperfeita”; “Mar da Minha Terra” ; "Coração Acordado"; "A Porta do Labirinto"; Intermitências". "Auto da Juventude"; "Eram meninos como nós" (teatro); " "O Feriado Muncipal de S. Martinho" - Entre outros livros  - Com cerca  de uma vintena de peças de teatro para crianças e jovens, algumas das quais, inéditas  - Advogado, poeta, escritor, ensaísta, dramaturgo e jornalista na imprensa e na rádio



Na abertura das cerimónias, que tiveram lugar  no passado dia 25,  inicialmente no anfiteatro do referido centro cultural, num espaço repleto em conformidade com as normas impostas pelo Plano de Contingência, preenchido por uma plateia atenta, que não regateou calorosos aplausos aos oradores, quer nos poemas declamados ou cantados, quer nos  elogios emocionados ao ilustre medense, "ao escritor polivalente, prolixo e de qualidade literária por todos reconhecida que expressa na obra literária o seu profundo amor pela Mêda e pelos medenses, tal como começou por sublinhar, Anselmo Sousa, Presidente da Câmara Municipal da Mêda



Destacando, ainda, que, Manuel Daniel, na sua obra literária,  expressa de modo inequívoco o seu profundo amor  telúrico, as emoções que detinha pela terra que o viu nascer: nas inúmeras conferências, que teve oportunidade de proferir, emergem instruções eivadas de belos recursos estilísticos  e artifícios, com elementos congelados em livros, construídos de forma indelével para a salvaguarda e da identidade  e organização da história local do concelho"

Diz, Anselmo Sousa, Presidente da CM de Meda, no prefácio de “Caminhada Imperfeita”, de autoria de Manuel Daniel, estas palavras: “Fazer uma edição comemorativa do livro de estreia do escritor Manuel Daniel "Caminhada Imperfeita", conjuntamente com o Município de Vila Nova de Foz Côa é exemplo modelar de sinergia e de coesão municipal, à semelhança do que sucedeu em tempos idos com o projecto de execução da barragem de Ranhados, e do Boletim intermunicipal "Terras e Gentes"; foi uma ideia criativa que teve por móbil prestar tributo e homenagem a Manuel Daniel, o homem excepcional que gravitou ao longo da sua vida, balizada temporalmente entre 1934 e 2021, de um modo especial entre estes dois concelhos vizinhos. 


Falar de Manuel Daniel é falar de um ilustre medense e de uma personalidade incontornável da história recente da Meda, um escritor polivalente, prolixo e de qualidade literária por todos reconhecida, multifacetado enquanto homem social, político, da comunicação, do direito, um homem profundamente religioso, da cultura literária, das artes, da história local. A sua volatilidade literária surpreendia pela forma com que nos apresentava livros de teatro infantil ou para adultos, de poesia, contos, textos de cariz histórico ou etnográfico, e, mais surpreendente ainda, o ritmo de produção e de criação editorial, isto apesar das suas crescentes limitações auditivas e visuais. Manuel Daniel na sua obra literária expressa de modo inequívoco o seu profundo amor telúrico, as emoções que nutria pela terra que o viu nascer, considerando mesmo estigmatizado esse destino pela providência divina no poema "Minha Terra", do livro "Intermitências": 

V. Nova de Foz Côa – A intervenção elogiosa do Presidente do Município, e também por um poema de  Emília Batista, que  recitou  algumas quadras da sua autoria.


“O Dr, Manuel era uma referência, o melhor de nós todos pela sua craveira intelectual mas também pela sua amizade aos verdadeiros amigos e pela sua disponibilidade, recordando os anos que dedicou à causa pública” - Destacou,
Gustavo Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, cidade onde Manuel Daniel, passaria grande parte da sua vida, começando por sublinhar, que, “esta homenagem ao Dr Manuel Daniel não é uma homenagem que não é alguém;  é a um amigo ao longo de muitos e muitos anos.

Frisando, que,  Manuel Daniel, foi “aquele que conseguiu, como raramente acontece,  traduzir a alma duriense com palavras simples carregadas de emoção, de realismo, da incauta descoberta da contemplação da natureza e do ser humano, no fundo das interrogações e dos fenómenos sociais,  concluindo, com a sugestão de um prémio literário com o nome do poeta Manuel Daniel, comum aos dois municípios


Gustavo de Sousa Duarte, escreve estas palavras no prefácio de Caminhada Imperfeita, de Manuel Daniel:

"Se a Terra onde o Douro encontra a Serra viu nascer o Dr. Manuel Daniel, Vila Nova de Foz Côa testemunhou a riqueza da sua personalidade ao longo do seu percurso de vida.

É de facto um nome indeclinável da história do concelho de Foz Côa, dada a sua dedicação em diversas esferas da sociedade, tendo desempenhado funções como Presidente da Assembleia Municipal, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa, Presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros de Foz Côa, Chefe dos Escuteiros, Tesoureiro da Fazenda Pública, Dirigente Superior da Direção Geral do Tesouro, entre muitos outros distintos cargos. Dotado de uma capacidade multifacetada, acresce a estas funções múltiplas outras como advogado, poeta, escritor, ensaísta, dramaturgo e jornalista, tendo sido distinguido com o Diploma de Mérito pela Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa.

Conseguiu, como raramente acontece, traduzir a alma duriense com palavras simples carregadas de emoção, de realismo, da incauta descoberta da contemplação da natureza e do ser humano, no fundo, das interrogações e dos fenómenos da vida.

A sua entrega e dedicação em tudo que os seus olhos e coração pousavam, eram sinónimo de honestidade intelectual. Entusiasta pelas letras, homem de fé, com devoção ao bem comum e altruísmo à causa pública, as suas reflexões germinavam naturalmente como as águas procedentes do Douro e Côa ou do xisto que afloram neste concelho.


João Jorge Lourenço, Presidente da Assembleia Municipal da Mêda, declamou de forma calorosa, o poema “LABIRINTO”, dedicado por Manuel Daniel, no Livro A PORTA DO LABIRINTO” ao Embaixador Dr. Adriano António de Carvalho - Embaixador de Portugal no Brasil, 1981-89, natural de Meda,  formado em Direito, muito considerado pelos seus pares, quer pelo conhecimento que tinha dos assuntos em pauta, quer pelo seu bom companheirismo: bem disposto, apreciador de uma boa piada, sempre pronto a ajudar um colega momentaneamente a braços com qualquer dificuldade do ofício e sempre mais atento à pessoa do que ao assunto. Alto, corpulento, culto, sagaz, frontal nos seus juízos, Adriano dominava naturalmente qualquer meio em que estivesse inserido. Tais condições permitiam-lhe trilhar confiadamente a estreita senda que separa o colega do concorrente, a simpatia da disciplina e a amizade do serviço. Exigente consigo próprio e com os outros, em matéria de serviço não transigia, atitude que o fez geralmente respeitado mas levou alguns memorialistas da carreira diplomática a atribuir-lhe «mau feitio». Não era o caso, mas nem toda a gente aprecia o fino humor https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/embaixador-adriano-de-carvalho-1321650

Manuel Daniel – “VIveu guiado pela verdade, inteligência e sabedoria!


"A família representa a melhor herança, que Manuel Daniel nos deixou: continua a ser uma família exemplar" - "Manuel Daniel, viveu guiado pela verdade, com inteligência e sabedoria” – Palavras de Jorge António Lima Saraiva, prestigiado estudioso e autor de várias obras do Concelho de Meda, onde nasceu, depois de destacar a interação especial, existente entre os dois concelhos, essencialmente entre pessoas mas que se refletia nos dois poderes autárquicos, dando 
como exemplo o seu caso, procedimento que considerou benéfico e que deverá ser ainda mais benéfico no futuro depois desta homenagem que se faz a um grande homem, frisando que a família representa aqui a melhor herança que o Dr, Manuel Daniel nos deixou; apontando-a como uma família exemplar: um modelo! E nós precisamos, cada vez mais de modelo, após o que recordou o percurso de Manuel Daniel 


Por fim, no termo da sessão, o Neto, mais velho de Manuel Daniel, tomaria a palavra para agradecer a homenagem prestada ao seu avô





Carlos Proença, – Fez apresentação formal da reedição de Caminhada Imperfeita, além de cantar e declamar um dos seus poemas,  destacando que, o seu livro de estreia, com ramificações a livros posteriores,  é fruto de um amadurecimento do autor, do experimentalismo vivido, das boas práticas bem sabiadas, da sua ânsia de saber mais, que o levariam, indubitavelmente, a um outro patamar do conhecimento, sempre prosseguido por si, com modéstia, humildade e os condicionalismos, que viveu

MANUEL DANIEL - "UM HOMEM UNIVERSAL"

Carlos Pedro  - A voz e a viola do músico medense, que se tem notabilizado em  variadíssimos   espetáculos locais e regionais,  protagonizaria os momentos mais acalorados com três belos poemas de Manuel Daniel


Na parte final da cerimónia, Paula Neto na qualidade de moderadora passou a palavra a João Heitor   que, falando na qualidade de amigo, de livreiro e de editor, teceu  palavras muito  elogiosas e emocionadas, afirmando  que   Manuel Daniel não é da Meda e não é de Foz Côa: Manuel Daniel é um Homem Universal, comparando-o ao mesmo nível de Miguel Torga e de Aquilino Ribeiro – Sublinhando, que, Manuel Daniel, não pôde dar azo à sua arte, por via de se ter dispersado por outros trabalhos, reconhecendo, no entanto, que havia em Manuel Daniel um talento Universal

 


  


 

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