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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Poeta Herberto Hélder – Nasceu no Funchal a 23-11-1930 - - Faleceu no dia 23 de Março de 2015, aos 84 anos, em Cascais - Foi um dos poetas homenageados nos templos do sol - Chãs- Fox Côa


JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA 
Poetas Fermino Mendes e Sebastião Alva (já falecido) mais atentos à fotografia

Foi junto ao Balcão do Snack-Bar Expresso, que, pela primeira vez, tive ocasião de falar com Herberto Hélder e Manuel da Fonseca. Já lá vão uns anos mas tenho esse agradável encontro ainda bem presente na memória – Mas o tempo muda muita coisa e, também, nem  o ambiente, nem quem o frequentava, é o mesmo – Além de que a  idade não perdoa –  Alguns, já nem vivos são.   Por outro lado, a nova lei do arrendamento urbano, veio dar uma enorme facada ao centro histórico lisboeta, e o Largo da Trindade, mais conhecido por Largo da Misericórdia, creio que acabou também por  vir a sofrer  o seu abalo "misericordioso


E QUEM HAVIA DE IMAGINAR QUE, SEBASTIÃO ALVA - SORRIDENTE NA IMAGEM ANOS 80 -, IA MORRER ATROPELADO E NA TRISTE CONDIÇÃO DE UM SEM ABRIGO E NA  MAIS EXTREMA POBREZA
"Sebastião Alba. Nascido em Braga, em 11 de Março de 1940, foi em Moçambique que se formou em jornalismo e se tornou num dos mais importantes poetas moçambicanos. Com uma vida repleta de peripécias, regressaria a Braga em 1985. Acabou como sem abrigo nas ruas da sua cidade, onde morreria em 2000, atropelado por um condutor que se pôs em fuga. Esta foto ilustrou uma entrevista que realizei para o Independente, em 1998. ao segundo dia de procura pelas ruas de Braga lá o encontramos, num dos cafés onde passava. quando morreu trazia consigo um papel dirigido ao seu irmão onde se lia: "se um dia encontrarem o teu irmão o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papeis que a policia não entenderá" dias de um fotógrafo: O poeta......Sebastião Alba 

José Quitério, Jornalista e escritor, em entrevista ao semanário Sol,  recorda ter conhecido o poeta, Herberto Hélder, “ já então uma figura muito respeitada, mais velho, como o mentor da tertúlia informal que se agregava a partir das 16h no Café Expresso, no Largo da Misericórdia. “Ele vinha da Assírio& Alvim, onde ia falar com o Manuel Hermínio Monteiro, o editor que entretanto já morreu, e ficava ali a conversar até por volta das 19h. A partir daí descia a pé até ao Cais do Sodré e apanhava  o comboio para Cascais, onde morava”https://sol.sapo.pt/artigo/128054/o-poeta-sem-mestre

Sebastião Alba – De seu nome completo Diniz Albano carneiro Gonçalves – (…)Após a independência de Moçambique, o apoio à FRELIMO valeu-lhe um convite para frequentar um curso de formação em Inhanbane e a nomeação para Administrador da Província da Zambézia, cargo que abandonou passados alguns meses. Leccionou Economia Política e fixou-se, com a família, em Maputo, contactando aí com a nata intelectual de Moçambique. Um dos comparsas era o poeta Luís Carlos Patraquim, com quem terá levado a cabo algumas actividades contestatárias. Em 1982, Sebastião Alba publicou, pelas Edições 70, o livro A Noite Dividida:
(…) Pouco depois, abandonou Moçambique e regressou a Braga com a mulher e as filhas. Mais tarde, estas serão confiadas à avó materna e passarão a viver em Miratejo. Sebastião Alba continuou a publicar alguns poemas, nomeadamente na revista Colóquio/Letras. Em Braga, assumiu uma vida solitária, de andarilho, desempenhando por períodos breves algumas actividades. O vício do álcool foi-se agravando. Tentou várias curas de desintoxicação. Em 1993, o divórcio e visitas esporádicas às filhas. Morre-lhe a mãe. 
(…) Por essa altura, Sebastião Alba era o caso da poesia portuguesa (sempre ávida e pródiga de/em casos). Em 1997, ganhou o Grande prémio de Poesia ─ Imobiliária Teixeira & Filhos. Fez-se representar por uma das filhas e prescindiu do dinheiro a favor dos herdeiros. Alguns poemas seus foram traduzidos para alemão, recusou vários convites para iniciativas culturais, a saúde foi-se degradando. A 14 de Outubro de 2000, termina os seus dias como vítima fatal de atropelamento e fuga. O corpo permaneceu por identificar durante três dias. A 7 de Outubro, escrevia a Vergílio Alberto Vieira: «Se um dia encontrarem morto "o teu irmão Dinis", o espólio será fácil de verificar: dois sapatos, a roupa do corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá». – Excertos de http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2010/03/quando-escreve-descalca-se-entrada-do.html
DE JORNALISTA A PERSONAGEM DE AVENTURAS DO MAR




Ia à procura de histórias do  autor de Cerro Maior e Rosa dos Ventos (entre outras obras de contos, poesia e romances, natural de Santiago de Cacém)  para a Rádio Comercial e eu é que acabo por ter de contar as minhas aventuras do mar. 

Deparo-me com o poeta dos Passos em Volta e um pequeno mas animado grupo de intelectuais – Alguns dos presentes, já os conhecia e, inclusivamente,  entrevistado noutras circunstâncias – E também houve quem, conhecendo-me, não fosse de meias palavras: em vez de querer saber ao que ali me levava, com um pequeno gravador na mão (por razões profissionais), queria era que lhes falasse das minhas aventuras marítimas – ou, não haverá, nas veias de cada português, também um pouco de mar dos Lusíadas de Camões ou  da Mensagem de  Pessoa? – e dissesse, sem rodeios,  para que todos ouvissem: 


Aqui está o navegador solitário! O homem das Canoas, em São Tomé” – Isto, porque, além da RTP e do Século Ilustrado, Jornal  Novo, uns anos antes, o Diário Popular, tinha dado grande destaque às minhas odisseias nos mares do Golfo da Guiné, com a publicação de  vários artigos, no suplemento  do Sábado Popular – a cujas aventuras me refiro no meu site http://www.odisseiasnosmares.com/2012/02/cao-grande-em-sao-tome-grande-escalada.html


 
Curiosamente, um dos notáveis tertulianos, que ali se mostrou mais interessado,  até foi Herberto Hélder - Eu creio que, mais tarde, ainda lhe cheguei a oferecer algumas fotos ou fotocópias de artigos.
  
Com a sua barba ruiva, ainda na casa dos cinquentas e poucos, mostrou-se, de facto, um ouvinte atento e muito afável. Agora acima dos 80, mas, segundo consta, nem por isso menos lúcido e pleno de verve poética.

Já me haviam dito que ele não gostava de dar entrevistas mas que era um excelente conversador. E lá tinha e tem as suas razões ..Herberto Helder (Não digam a ninguém)... "Meu Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro .Por isso, também não quis enveredar  por essa via, preferindo o diálogo espontâneo e o do convívio. 

Não se pode querer tudo. Hemingway também não gostava de dar entrevistas. E, quando um fotógrafo, quis fotografá-lo, contra a sua vontade, não hesitou em atirar-lhe o uísque do copo à cara. E, sempre que ali o encontrei – nas várias vezes que passei a frequentar o “Expresso” para tomar um café, comer uma sopa ao balcão (muito boas, por sinal) ou uma refeição (económica)  na zona do restaurante,  aproveitava a oportunidade de dialogar mas, sobretudo, para ser mais um observador de que interveniente. A bem dizer, ali sentia-me mais na pele de jornalista de que o participante na  referida tertúlia. 


Esse duplo sentimento tive-o no Botequim da Natália Correia. Era outro género de tertúlia. No Bar Expresso, o convívio, era mais restrito e decorria, normalmente,  pela tarde a diante, confinando-se praticamente  ao balcão  ou junto às duas mesas da entrada, logo ali à  porta. Enquanto, que, no Largo da Graça, embora, em área geral, não fosse maior, havia mais espaço - Estava lá a Natália -Bastava a presença dela, com a sua corte de admiradoras e admiradores para dar outro fulgor e transformar, cada noite numa festa ou centro de  polémicas e controversas.  De resto, foi através de algumas sugestões da autora da Mátria, que acabaria  por fazer uma série de entrevistas para o semanário Tal & Qual, sobre a primeira relação sexual, nomeadamente, o pintor Carlos Botelho e Amália Rodrigues, entre outras figuras, a  que me refiro em: Natália Correia e "O Botequim da Liberdade" .....romance no sheraton lisboa hotel ea fuga da casa da amália

ESTE UM DOS MEUS REGISTOS NO BOTEQUIM


DÉCADA DE 80 – ANOS DE BOAS MEMÓRIAS



  De facto, os anos 80, constituem para mim, os anos dos meus encontros com os maiores nomes das artes e letras portuguesas – Mas não só: com personagens das mais diversas atividades, desde os mais sonantes nomes do crime, até aos mais ilustres poetas, escritores, músicos, atores, políticos, cantores – Gente anónima e mui diferenciada. Guardo, ainda, muito desses registos gravados em cassetes. Pena não ter feito também fotografias, salvo Vergílio Ferreira, Mário Cesariny, Lídia Jorge, Jorge Amado e António Ramos Rosa (pouco mais) porém, quando se trabalha numa estação de rádio (na então Rádio Comercial-RDP)  a preocupação principal do repórter é a do som. –  E essa faceta também me deu imenso  prazer. Tal como agora, quando  recordo as gravações. Bom, mas fiz algumas fotografias na tertúlia do Bar Expresso, duas das quais  aproveito para aqui editar.



Naquele dia não estava lá  Herberto Hélder ,Armando Baptista-Bastos   Manuel da Fonseca  António Assunção  Júlio Pinto Janita Salomé  Vitorino Salomé Luís Pignatelli  Zetho Cunha Gonçalves  - . Entre outros notáveis frequentadores mas estavam lá outros assíduos. Nomeadamente, os poetas Luís Carlos Patraquim  Firmino Mendes  Sebastião Alba   

(atualização) 
PÚBLICO - "O poeta Herberto Helder morreu, aos 84 anos, na segunda-feira em Cascais. O poeta que nasceu em 1930 no Funchal morreu em casa. As causas da morte não foram reveladas. Era considerado o maior poeta português da segunda metade do século XX. A cerimónia funebre realiza-se na quarta-feira e vai ser reservada à família, segundo comunicado da Porto Editora.Morreu o poeta Herberto Helder


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