Morreu Freitas do Amaral – “Crise no Partido?" “Não posso prever! Não sou adivinho!”... Respondia-me, em Agosto 1990, o fundador e Presidente do CDS : “Penso que não vamos ter crise! A guerra é do Golfo, não será aqui…..Eu estou esperançado de que, tanto a reunião desta noite como a reunião da amanhã, decorram em termos cordatos e em paz!... Vamos tentar que assim seja!
O antigo presidente e fundador do CDS Diogo Freitas do Amaral morreu, ontem, quinta-feira, dia 3, aos 78 anos, vítima de uma doença oncológica. Estava internado desde dia 16 de Setembro nos cuidados intermédios no Hospital da CUF, em Cascais.
O antigo presidente e fundador do CDS Diogo Freitas do Amaral morreu, ontem, quinta-feira, dia 3, aos 78 anos, vítima de uma doença oncológica. Estava internado desde dia 16 de Setembro nos cuidados intermédios no Hospital da CUF, em Cascais.
O Governo de António Costa, anunciou, em Conselho de Ministros, luto
nacional no dia a que se realizará o funeral, sábado dia 5 de Outubro, para o cemitério da
Guia, em Cascais, após missa de corpo presente
no Mosteiro dos Jerónimos.
“O comunicado do Partido, é crítico em relação a Basílio Horta? –
Perguntava-lhe à saída de uma reunião do Conselho Nacional do CDS, tendo-me, então, respondido: “Não! Não é!... Penso que não vamos ter crise! A
guerra é do Golfo, não será aqui. Neste momento, o único ponto que está
agendado é a análise dos resultados das eleições presidenciais e da situação política
De facto, na mesma altura em que, Fernando
Nogueira, Ministro da Defesa de Cavaco
Silva, falava do apoio de Portugal à Nato e do envio de navios para o Iraque ( de que também ainda guardo o registo gravado) decorria no CDS, uma certa agitação interna.
A entrevista, embora breve, revela-nos alguns aspetos curiosos da forma
cautelosa e ponderada, como respondia às perguntas que lhe colocava para a então RDP-Rádio Comercial
DFA – Exatamente! Esse comunicado foi
preparado esta semana em concertação com vários dirigentes do partido e foi já
aprovado na reunião diretiva desta tarde. E vai agora ser submetido à Comissão Política!
E depois será submetido, amanhã, ao
Conselho Nacional: será um comunicado do Conselho nacional
JTM – Já, agora, o teor do comunicado
DFA – Por enquanto, não posso! Não seria
correto estar a divulga-lo.
JTM – É crítico em relação a Basílio Horta?
DFA – Não! Não é!... Penso que não vamos
ter crise! A guerra é do Golfo, não será aqui..
JTM – Critico, mas não em termos de crise!... Há quem diga que a reunião
não vai ser pacífica! – Pelo menos é que diz um artigo no Jornal Independente!
DFA – Não posso prever! Não sou adivinho!...
Vamos ver! Eu estou esperançado de que, tanto a reunião desta noite como a
reunião da amanhã, decorram em termos cordatos e em paz!... Vamos tentar que
assim seja!
JTM – Reafirmar a identidade do Partido e
a sua estratégia! Acho que são os pontos a discutir nessa reunião!
DFA – Esse ponto está incluído nestas propostas!...
Não se houvesse dúvidas entre nós! Pois, do ponto ideológico, fui a primeira
pessoa a declarar que não punha, minimamente em causa, a identidade do Partido
nem a estratégia aprovada no Congresso de Março, do ano passado, mas, uma vez
que isso foi especulado, nomeadamente na comunicação social, pareceu-nos que tínhamos
que fazer uma reunião de reafirmação de
posições e de princípios.
Foi o primeiro presidente do CDS, mas
também passou pelo governo de Sócrates. Morreu Freitas do Amaral.
TSF - Nascido
na Póvoa de Varzim, de família vimaranense, em 21 de julho de 1941, doutorou-se
em 1967 e ascendeu a catedrático em 1984. Foi conselheiro de Estado,
Vice-Primeiro-Ministro, Primeiro-Ministro interino, duas vezes Ministro dos
Negócios Estrangeiros e Ministro da Defesa Nacional.
No plano internacional, foi presidente da UEDC - União
Europeia das Democracias Cristãs (1981-83) e presidente da Assembleia Geral da
ONU (1995-96). De regresso a Portugal, foi cofundador e primeiro diretor da
Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Em 1986, Freitas do Amaral correu o país em campanha
para as eleições presidenciais sob o slogan "prá frente Portugal",
cantado, entre outros, pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras e por Nicolau
Breyner.
Foi a eleição para a Presidência da República mais
concorrida de sempre. Depois do afastamento de Salgado Zenha e Maria de Lourdes
Pintassilgo (respetivamente, com 20,88% e 7,38% dos votos), disputou-se pela
primeira vez em Portugal uma segunda volta.
Amaral alcançou então 48,8% dos votos, não os
suficientes para derrotar o socialista. Com 51,2% da votação, Mário Soares
acabaria por tornar-se o 16.º chefe de Estado português, sendo depois reeleito
em 1991 para um segundo mandato.
"Foi, de todas as campanhas eleitorais, a mais
importante da democracia portuguesa", destacou Marcelo Rebelo de Sousa em
junho deste ano. Dificilmente se voltará "a encontrar uma campanha tão
importante para a vitalidade da democracia como aquela."
Por ocasião do lançamento do terceiro livro de
memórias políticas de Freitas do Amaral, intitulado "Mais 35 anos de
democracia - um percurso singular", que abrange o período entre 1982 e
2017, o Presidente da República recordou o seu "percurso singular" de
intervenção política, afirmando que acentuou valores, ora de direita ora de
esquerda, face às conjunturas, mas sempre "no quadro amplo" da
democracia-cristã.
https://www.tsf.pt/portugal/politica/freitas-do-amaral-o-fundador-do-cds-que-quase-chegou-a-presidente-da-republica-11312090.html
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