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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Envolto em ténue névoa, fluindo em etéreo véu de brancura e mistério,

HÁ SEMPRE UMA LUZ QUE NOS RECONFORTA - MESMO QUANDO A SOLIDÃO OU A INJUSTIÇA NOS ATORMENTA OU BATE À PORTA



Sob a solidão e o vasto e infinito e diluido teto dos céus, 
caminhando ou repousando quedo
sobre o sagrado solo que me viu nascer, 
minha alma solitária sofre silenciosamente, 
quase a mesma dor, como se ainda navegasse errando 
debaixo da mesma abóboda celestial 
dos distantes e tormentosos mares 
do Equador da África Ocidental!
Por isso, Ó Bom Deus!.. Meu Guia e Bom Pastor!
Na impossibilidade de lá poder voltar, 
Aliviai a  dor do meu angustiado coração
e  consolai-me  ao menos com a imensa saudade
que paira e continua pesando na minha mente


Canto a Deus
a terra e o sol que me viu nascer

Envolto em ténue névoa,
fluindo em etéreo véu de brancura e mistério,
a sós, em perfeita harmonia comigo próprio e com os astros,
longe do bulício da cidade,
longe de tudo, do tumulto da vida e do mundo,
aspirando os odores de terra, das flores e das fragas,
canto o vosso cântico, ó Senhor Deus, meu Sol eterno!
Não, não estou só. Neste sítio tão calmo, de solidão e de espaço.
Tudo é igual a mim. Sou tudo o que me rodeia.
A abóbada do ar que me cobre. A luz que cai do alto e unge os meus olhos.
A pedra que piso e me faz pulsar o peito da adolescência perdida.
A débil névoa que me envolve e me transfigura.
Tudo habita em mim e eu habito o coração de tudo .
Oh, aqui, onde me encontro, não há tempo nem lugar definidos,
tudo é assombro, esplendor,
tudo faz parte do mesmo Deus,
tornei-me seu corpo puríssimo,
uni-me à sua divindade,
tudo tem a matriz do Criador,
Diante de mim próprio, só há eternidade, eternidade! 

Só vejo beleza, só vejo claridade!



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