HÁ SEMPRE UMA LUZ QUE NOS RECONFORTA - MESMO QUANDO A SOLIDÃO OU A INJUSTIÇA NOS ATORMENTA OU BATE À PORTA
Sob a solidão e o vasto e infinito e diluido teto dos céus,
caminhando ou repousando quedo
caminhando ou repousando quedo
sobre o sagrado solo que me viu nascer,
minha alma solitária sofre silenciosamente,
minha alma solitária sofre silenciosamente,
quase a mesma dor, como se ainda navegasse errando
debaixo da mesma abóboda celestial
dos distantes e tormentosos mares
debaixo da mesma abóboda celestial
dos distantes e tormentosos mares
do Equador da África Ocidental!
Por isso, Ó Bom Deus!.. Meu Guia e Bom Pastor!
Na impossibilidade de lá poder voltar,
Na impossibilidade de lá poder voltar,
Aliviai a dor do meu angustiado coração
e consolai-me ao menos com a imensa saudade
e consolai-me ao menos com a imensa saudade
que paira e continua pesando na minha mente
Canto a Deus
a terra e o sol que me viu
nascer
Envolto em ténue névoa,
fluindo em etéreo véu de
brancura e mistério,
a sós, em perfeita harmonia
comigo próprio e com os astros,
longe do bulício da cidade,
longe de tudo, do tumulto da vida
e do mundo,
aspirando os odores de terra,
das flores e das fragas,
canto o vosso cântico, ó
Senhor Deus, meu Sol eterno!
Não, não estou só. Neste
sítio tão calmo, de solidão e de espaço.
Tudo é igual a mim. Sou tudo
o que me rodeia.
A abóbada do ar que me cobre.
A luz que cai do alto e unge os meus olhos.
A pedra que piso e me faz
pulsar o peito da adolescência perdida.
A débil névoa que me envolve
e me transfigura.
Tudo habita em mim e eu
habito o coração de tudo .
Oh, aqui, onde me encontro,
não há tempo nem lugar definidos,
tudo é assombro, esplendor,
tudo faz parte do mesmo Deus,
tornei-me seu corpo
puríssimo,
uni-me à sua divindade,
tudo tem a matriz do Criador,
Diante de mim próprio, só há
eternidade, eternidade!
Só vejo beleza, só vejo claridade!
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