Estou de novo na minha aldeia e, à hora em que escrevo estas linhas,
recostado numa velha e desconfortável cama de ferro no quarto onde dormiam os
meus pais, ao mesmo tempo que ouço místicos coros gregorianos, como que para
tornar ainda mais solenes estes noturnos e introspetivos momentos.
Deixei a capital, por volta das duas da tarde, 8 de Agosto, no carro do meu conterrâneo e bom amigo, Daniel Ferreira. que, trabalhando em Lisboa, também aqui quis vir passar uns dias com a família, ambos a pensarmos nos mais festivos da nossa terra, que são os alusivos à festa da padroeira de Nª Srª de Assunção, que decorre nos dias 14.15 e 16 deste mês.
A viagem foi agradável, pudemos abastecer o carro de combustível, sem qualquer incómodo de fila, tendo também na nossa companhia o inseparável mascote do Daniel, um amoroso e minúsculo cãozinho, uma ternura de receber mimos e de as eles corresponder.
Chegámos à aldeia, por volta da cinco e meia, tendo-me ainda possibiitado a oportunidade de ir espairecer por aqueles meus tão adoráveis templos do sol, e, à noite, no Café do Zé, em participar em animado e amigável convivio, agora ainda mais concorrido e caloroso, dada a presença de muitos emigrantes que aqui regressam por esta altura para a tardicional festa anual, matar saudades e viver momentos de solidária e amistosa convivencia.
Pena, no entanto, que a nossa amada e adorável aldeia, esteja cada vez mais desabitada, tal como muitas vilas
e aldeias de um Portugal, já para não falar da própria capital, tomada no seu
comércio e hotelaria – mas não só – também casinos, bancos, hospitais,
companhias seguradoras e as mais lucrativas empresas públicas, em oportunistas mãos
orientais e por corruptas elites africanas, por isso há que procurar, sempre que
possível, viajar ao encontro das nossas mais genuínas raízes – É justamente o
que tenciono fazer nos dias que conto passar, pese o facto de aqui já não dispor de eira nem
beira, senão a liberdade de poder caminhar por onde me aprouver.
Com a madrugada, já avançada, perdoem-me, pois, este meu singelo devaneio ou descabido desabafo, que hoje me ocorreu no primeiro dia que passo na minha aldeia, na centenária casa que era dos meus avós maternos, desde há vários anos, desabitada, mas que nem sequer já é minha, com o sótão, a que chamam de "loija", com as paredes infestadas de bolsas de escorpiões, que mal acendo a luz se escapam lestos para os buracos, povoada de revoadas de morcegos e de andorinhas, que fazem os seus ninhos na Primavera debaixo do soalho do piso de cima, contudo, mesmo assim, neste estado de abandono em que se encontra, sinto-me bem com esta pacifica convivência, pois sinto-a e ouço-a repleta de muitas memórias. E para mim, este é o aspeto mais importante.
O sino do relógio da torre da igreja, acabou há pouco de dar as quatro badaladas
da madrugada mas é justamente a estas tardias horas que mais me sinto propenso a viajar no passado, como que em
demanda de algumas das muitas memórias que aqui guardo da minha adolescência,
nesta antiga casa dos meus avós maternos, que tocou por herança aos meus pais,
e, por morte destes, ao meu irmão mais velho e a mim.
Como, o meu irmão José, tinha outras possibilidades económicas, que eu não dispunha, comprou então uma casa ao lado, que estava desabitada para juntar as duas e fazer aqui uma casa grande, pelo que acabei por lhe vender a minha sorte com a promessa de também a habitar
Ele faleceu, já há uns anos, e todo esse sonho se esboroou: a outra casa,
ao lado, já foi vendida e casa de família, não teve qualquer reparação, depois da morte
de meu pai, em 1977, senão uns arranjos
no telhado para evitar a infiltração das chuvas e, por isso, a sua habitabilidade
não é muito confortável, sobretudo no Inverno – Mas, à exceção dos meses mais
frios, acaba até por ser aceitável, tanto mais que o que contam são sobretudo
as recordações a que me faz recoar
Dito isto, talvez valha a pena, perguntar-lhe: que tal pernoi
Curiosamente, esta noite, até nem foi um morcego mas uma das andorinhas, talvez
um dos filhotes que ali estava a pernoitar dos vários ninhos que, por altura da
Primavera, aqui fazem as tão adoráveis avezinhas
migradoras, no seu estilo de eternas viúvas alegres, que, talvez atraída pela
luz, por aqui rodopiou quer na sala quer no meu quarto e outros espaços da casa
iluminados.
SÊ FIRME COM A TUA VERDADE E SEGUE COM ELA O TEU CAMINHO - Mesmo que os outros a recusem, a reneguem ou não a compreendam - Compreenderás, também, que não estás sozinho contigo e que há lugares que, conquanto se situem na Terra, não são deste Mundo - Transparecem um tal impacto, uma qualquer áurea ou força energética, sobre os quais não existe explicação. - É o caso do Solar do Vale Cheínho, também conhecido por Solar dos Ventos Uivantes do Vale Cheiroso na aldeia onde sou nado e criado e onde agora me encontro.
De recordar – como já disse neste site - que gosto de casas que infundam algum mistério - Tal também é o caso antigo solar do Vale Cheinho, situada numa do canada, entre a minha aldeia e a povoação de Quintãs: gosto do lugar, e, quando mais escura estiver a noite, no meu ponto de vista, mais apelativa se torna, mais mistério infunde – E quem é que não sente o apelo das coisas ou dos lugares misteriosos? Sim, conheço as ruínas do Vale Cheinho, desde a minha adolescência. E, na minha aldeia, também toda a gente conhece as casas velhas de uma antiga quinta, que tinha tudo, desde lagares de azeite e de vinho, fornos, cabanais para o gado, só não tinha capela. Mas também só por lá passam, no caminho ao lado, se for durante o dia. Depois do pôr do sol, nem sequer olham para dentro do grande portal
Corre até a superstição de que, às tantas da noite, aparece por lá o homem do garruço vermelho, mas sendo verdade que era lá onde, antigamente, um grupo de mulheres que adoravam a estrela da manhã, Vénus, apelidadas de feiticeiras, se encontravam no seus sabats.
SÊ FIRME COM A TUA VERDADE E SEGUE COM ELA O TEU CAMINHO - Mesmo que os outros a recusem, a reneguem ou não a compreendam - Compreenderás, também, que não estás sozinho contigo e que há lugares que, conquanto se situem na Terra, não são deste Mundo - Transparecem um tal impacto, uma qualquer áurea ou força energética, sobre os quais não existe explicação. - É o caso do Solar do Vale Cheínho, também conhecido por Solar dos Ventos Uivantes do Vale Cheiroso na aldeia onde sou nado e criado e onde agora me encontro.
De recordar – como já disse neste site - que gosto de casas que infundam algum mistério - Tal também é o caso antigo solar do Vale Cheinho, situada numa do canada, entre a minha aldeia e a povoação de Quintãs: gosto do lugar, e, quando mais escura estiver a noite, no meu ponto de vista, mais apelativa se torna, mais mistério infunde – E quem é que não sente o apelo das coisas ou dos lugares misteriosos? Sim, conheço as ruínas do Vale Cheinho, desde a minha adolescência. E, na minha aldeia, também toda a gente conhece as casas velhas de uma antiga quinta, que tinha tudo, desde lagares de azeite e de vinho, fornos, cabanais para o gado, só não tinha capela. Mas também só por lá passam, no caminho ao lado, se for durante o dia. Depois do pôr do sol, nem sequer olham para dentro do grande portal
Corre até a superstição de que, às tantas da noite, aparece por lá o homem do garruço vermelho, mas sendo verdade que era lá onde, antigamente, um grupo de mulheres que adoravam a estrela da manhã, Vénus, apelidadas de feiticeiras, se encontravam no seus sabats.
Seja como for, os jovens, sobretudo os
filhos dos emigrantes, em gozo de férias, ávidos de novas aventuras e de
levarem histórias para contar depois do regresso a França, já me apercebi que,
não se importam de ir lá a qualquer hora – Salvo seja: de noite, só na minha
companhia. E foi justamente o que sucedeu, há uns anos atrás – tendo alguns deles vestindo
farpelas a perceito, numa espécie Halloween antecipado – Divertiram-se, tocando tambores, com alguns pequenos sustos, enfim, mas todos regressaram comtenttissimos pelas variadíssimas emoções, que ali puderam experimentar
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