FESTA NA MINHA ALDEIA - ESTRELEJAM FOGUETES, OS CÉUS RASGAM-SE EM MÚLTIPLAS CORES
LUMINOSAS E FANTÁSTICAS! Hoje é a festa de Nossa Senhora da
Assunção, padroeira da freguesia - A venerada imagem agradece a alegria e,
mesmo que exagerem, não leva a mal - Aí está o pleno mês de Agosto, e, com o
esplendor do Verão, as manhãs e tardes ensolaradas, as festas religiosas das
aldeias - É o convivo dos poucos que cá ficam, que cá estão, com os muitos que
emigram e que voltam à santaterrinha para matar saudades - Cada vez a aldeia
mais se despovoa, fenómeno, aliás, idêntico, a um Portugal envelhecido e que
cada vez mais tende a descaracterizar-se das suas raízes e da sua identidade:
residir nas cidades, Lisboa ou Porto, com as rendas das casas,, altíssimas,
tomadas por legiões de estrangeiras, que passaram a ocupar os bairros
históricos, mas não só, vai sendo cada vez mais proibitivo a quem dependa de
pensões modestas ou do modesto ordenado mínimo - Nas aldeias, há muitas casas,
mas não gente para as habitarem. Por esta altura do ano, a vida aqui toma outro
movimento mas, daqui a uns dias, volta-se à pasmaceira habitual: as gerações
mais velhas, vão partindo, e, não havendo nascimentos, a tendência é
inevitavelmente a da desertificação - Curiosamente, e ao contrário de anos
anteriores, começam a ver-se muitos filhos de emigrantes, que, dantes,
preferiam, porventura, ir para as praias, pois, mas, ao preço que está o
aluguer de quartos, sempre é preferível curtir uns dias na aldeiazinha.
São duas e tal manhã do dia 15, estou tranquilamente na centenária casa dos
meus avós maternos, relativamente próximo do adro, donde se vão
ouvindo as músicas populares de uma banda contratada pelo dinâmico grupo
de mordomos,.
A fé no catolicismo, já não é o que era – Tal como as
ideologias, também as crenças vão dando lugar à descrença e a um certo vazio.
No entanto, as festas religiosas, talvez pelo seu vínculo ao paganismo, em que
a devoção se mistura e confunde com a recreação e evasão, continuam ainda a ser
os dias festivos que o povo não dispensa – As aldeias vão ficando despovoadas e
vai sendo cada vez mais difícil arranjar voluntários para angariarem fundos e
organizarem os festejos – Mas, lá se vai teimando, em quanto se puder, enquanto
houver meia dúzia de carolas. A eles, os meus parabéns, por não deixarem morrer
a celebração do único dia em que, os emigrantes, aqueles que passam o ano fora
da sua amada aldeia, vêm conviver e matar saudades com o seu torrão natal, com
os seus conterrâneos e com os que lhes são mais queridos
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