Jorge
Trabulo Marques - jornalista - C- MORREU
UM CAVADOR DE SONHOS QUE DEU SAÚDE E PROLONGOU A VIDA A MUITA GENTE: - “Agora que disseste adeus para sempre/ é que sei o que é a eternidade” - “Deixem-me sonhar , à procura / dos sinais ocultos do caminho
/ é nas asas do sonho que a loucura faz o ninho – Da Voz do Poeta,
António Arnaut, que partiu a caminho da eternidade
da terra e vento,
sonhos e presságios
Deles me ficou
apenas esta enxada
com que procuro na
bruma outros adágios
Deles apenas me
ficou esta enxada
Com que procuro na
bruma outros adágios"
Houve umas eleições em
Vila Nova de Poiares – Jaime Marta Soares foi presidente daquela
autarquia durante quase 40 anos – que estavam a ser muito
disputadas. Ele nem queria pensar em perder a câmara e então fez
uma promessa numa ermida: só mudaria de roupa e cortaria a barba se
ganhasse". Quem conta esta história sobre o atual presidente da Liga dos
Bombeiros Portugueses não sabe precisar os dias que a mesma roupa
esteve por mudar mas, confidencia, "foram muitos". Jaime Marta Soares,
74 anos, filho de um comerciante de Vila Nova de
Poiares, dinossauro do poder político (em 1974 tornava-se um dos
autarcas mais jovens do País), presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Sporting, chegou também a ser presidente da Comissão Política do PSD de
Coimbra, ainda hoje sofre por ter deixado a autarquia da terra
onde nasceu. "Principalmente porque quem veio a seguir
não reconheceu o seu trabalho", conta um amigo próximo.
O seu sucessor na Câmara de Poiares acusou-o de lhe
deixar em herança uma dívida superior a 30 milhões de euros e o tribunal
chamou-o, em 2012, para defender Paulo Penedos,
então arguido no processo Face Oculta e seu opositor nas autárquicas de
2011 (a quem tratava por Paulinho e que chamou de ‘medricas’).
Protagonismo a quanto obrigas
"Desgasta-se em batalhas desnecessárias, é demasiado
emotivo, embora seja um líder nato", dizem-nos.
"De certa forma, com todos os cargos que foi tendo,
interiorizou que era o dono disto tudo, por isso procura o
protagonismo", acrescenta o mesmo amigo. "Tanto que chegou a inaugurar
mais de uma dezena de vezes o Mercado Municipal de
Poiares", diz outro.
Já com os 60 anos cumpridos inscreveu-se no curso de Direito, foi
presidente de filarmónicas, centros de convívio e até fundou a Confraria
da Chanfana, o seu prato preferido. "Menos transparente", acusa-o um
adversário, é na gestão das múltiplas tarefas. "Chegou a
vir para Lisboa para as reuniões do Sporting, mas
depois quem pagava os hotéis era a Liga dos Bombeiros". Também não há
muito tempo, um presidente de câmara de uma terra, que
encarecidamente nos pediu para não o nomear, jurou que nunca
mais o convidava para discursar. "Numa cerimónia dos bombeiros,
pediram-lhe para a sua intervenção não exceder os 15 minutos porque os
bombeiros estavam todos na parada ao sol e ele falou
durante duas horas", conta um dos presentes. "Ele pensa que tem um
estatuto especial. Nos Bombeiros de Carnaxide, no desfile de fanfarras
aqui há meia dúzia de anos, o Jaime Soares estava na tribuna, passou uma
bombeira muito gira que levava o estandarte e ele não
se coibiu de alto e bom som dizer: "Eh pá, aquela gaja é mesmo
boa". Estavam uma série de entidades importantes na tribuna e toda a
gente ouviu, tirando o som da fanfarra de fundo fez- -se um silêncio
sepulcral".
Ler mais em: https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/jaime-marta-soares-o-maestro-da-fanfarra
Ler mais em: https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/jaime-marta-soares-o-maestro-da-fanfarra
Houve umas eleições em
Vila Nova de Poiares – Jaime Marta Soares foi presidente daquela
autarquia durante quase 40 anos – que estavam a ser muito
disputadas. Ele nem queria pensar em perder a câmara e então fez
uma promessa numa ermida: só mudaria de roupa e cortaria a barba se
ganhasse". Quem conta esta história sobre o atual presidente da Liga dos
Bombeiros Portugueses não sabe precisar os dias que a mesma roupa
esteve por mudar mas, confidencia, "foram muitos". Jaime Marta Soares,
74 anos, filho de um comerciante de Vila Nova de
Poiares, dinossauro do poder político (em 1974 tornava-se um dos
autarcas mais jovens do País), presidente da Mesa da Assembleia Geral do
Sporting, chegou também a ser presidente da Comissão Política do PSD de
Coimbra, ainda hoje sofre por ter deixado a autarquia da terra
onde nasceu. "Principalmente porque quem veio a seguir
não reconheceu o seu trabalho", conta um amigo próximo.
O seu sucessor na Câmara de Poiares acusou-o de lhe
deixar em herança uma dívida superior a 30 milhões de euros e o tribunal
chamou-o, em 2012, para defender Paulo Penedos,
então arguido no processo Face Oculta e seu opositor nas autárquicas de
2011 (a quem tratava por Paulinho e que chamou de ‘medricas’).
Protagonismo a quanto obrigas
"Desgasta-se em batalhas desnecessárias, é demasiado
emotivo, embora seja um líder nato", dizem-nos.
"De certa forma, com todos os cargos que foi tendo,
interiorizou que era o dono disto tudo, por isso procura o
protagonismo", acrescenta o mesmo amigo. "Tanto que chegou a inaugurar
mais de uma dezena de vezes o Mercado Municipal de
Poiares", diz outro.
Já com os 60 anos cumpridos inscreveu-se no curso de Direito, foi
presidente de filarmónicas, centros de convívio e até fundou a Confraria
da Chanfana, o seu prato preferido. "Menos transparente", acusa-o um
adversário, é na gestão das múltiplas tarefas. "Chegou a
vir para Lisboa para as reuniões do Sporting, mas
depois quem pagava os hotéis era a Liga dos Bombeiros". Também não há
muito tempo, um presidente de câmara de uma terra, que
encarecidamente nos pediu para não o nomear, jurou que nunca
mais o convidava para discursar. "Numa cerimónia dos bombeiros,
pediram-lhe para a sua intervenção não exceder os 15 minutos porque os
bombeiros estavam todos na parada ao sol e ele falou
durante duas horas", conta um dos presentes. "Ele pensa que tem um
estatuto especial. Nos Bombeiros de Carnaxide, no desfile de fanfarras
aqui há meia dúzia de anos, o Jaime Soares estava na tribuna, passou uma
bombeira muito gira que levava o estandarte e ele não
se coibiu de alto e bom som dizer: "Eh pá, aquela gaja é mesmo
boa". Estavam uma série de entidades importantes na tribuna e toda a
gente ouviu, tirando o som da fanfarra de fundo fez- -se um silêncio
sepulcral".
Ler mais em: https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/jaime-marta-soares-o-maestro-da-fanfarra
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Morreu um poeta e um
homem apaixonado pela causa pública – Houve reconhecimento nacional pelos
notáveis serviços prestados à Nação, a que não faltaram os oportunismos de
quem, em vida, o atacou e tudo fez para entregar à voragem gulosa
dos privados, a maioria dos hospitais e clínicas do SNS, e, mesmo os que não
tiveram tempo de privatizar, ofereceram a maioria dos serviços, desde os
refeitórios, ar condicionado, limpezas etc,etc aos correligionários e
amigos
“António Arnaut, "pai" do
Serviço Nacional de Saúde e um dos fundadores do PS, faleceu esta segunda-feira,
num dos hospitais da Universidade de Coimbra, onde se encontrava internado . https://www.publico.pt/2018/05/21/sociedade/noticia/morreu-antonio-arnaut-pai-do-servico-nacional-de-saude-1830839
... https://eco.pt/2018/05/21/morreu-antonio-arnaut-pai-do-servico-nacional-de-saude-e-um-dos-fundadores-do-ps/
DADOS BIOGRÁFICOS -António
Duarte Arnaut GOL • GCL (Penela, Cumeeira, 28 de janeiro de 1936 – Coimbra,
Santo António dos Olivais, 21 de maio de 2018) foi um advogado e político
português.
Era advogado, tendo obtido a
licenciatura em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, em
1959.
Desde jovem se envolveu na
oposição ao Estado Novo. Participou na comissão distrital da candidatura
presidencial de Humberto Delgado, em Coimbra, em 1958, foi arguido no processo
resultante da carta dos católicos a António de Oliveira Salazar, em 1959,
candidato à Assembleia Nacional, pela Comissão Democrática Eleitoral, no
círculo de Coimbra, nas eleições legislativas de 1969.
Militante da Acção Socialista
Portuguesa desde 1965, foi cofundador do Partido Socialista, em 1973, na cidade
alemã de Bad Münstereifel, tendo sido seu dirigente até 1983.
Ministro do II Governo
Constitucional, formado por coligação entre o PS e o CDS de Diogo Freitas do
Amaral, coube-lhe a pasta dos Assuntos Sociais, tendo nessa qualidade lançado o
Serviço Nacional de Saúde[1]
Exerceu diversos cargos na Ordem
dos Advogados, nomeadamente o de presidente do Conselho Distrital de
Coimbra[2]. É autor de um Estatuto da Ordem dos Advogados Anotado, bem como de
um ensaio intitulado Iniciação à Advocacia, destinado a estudantes e jovens
advogados. Em 2007, recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados.[3]. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Arnaut
Tive o prazer de o entrevistar na
altura do lançamento do seu livro de poemas, Miniaturas e outras Sinais,
em Novembro de 1987 - Os poemas, de
ambos os capítulos, não estão intitulados mas numerados poemas encontram
- No dia da sua morte fui à minha extensa biblioteca procurar o
maravilhoso livro, que me deu o prazer de me autografar e cuja leitura é sempre
o convite para uma viagem de pensamentos e de sonhos – Não de quem, mercê da
sua cultura, procura versejar e rimar, mas do profundo pensador e
humanista
Num dia destes vou ver se
consigo também descobrir. no meu vasto
arquivo de cassetes, as suas amáveis declarações, acompanhadas com a leitura de
alguns versos, sim, de entre as muitas entrevistas e reportagens que fiz para
a ex-Rádio Comercial RDP Já perdi uma noite mas não é trefa
fácil - Sim, António Arnaut, era também
o poeta, que, em cada um dos versos, expressava a imagem de mil palavras -
Isto, porque, segundo diz: Maior de que tudo é o nada
e cabe numa mão fechada
MINIATURAS
1
Assim te
quero poesia
descoberta,
canto e profecia
2
Ousar a
palavra:
o poema
não é o que se escreve
mas o que
nele se atreve
3
Descobrir
a palavra secreta:
o poeta é
um exorcista,
desde que
não desista
4
Inventarei
um novo adágio:
O vento é
o canto do naufrágio
5
Gritei
meus versos ao vento, para ouvir
A chuva
de pedra dos seus ecos.
6
Na fogueira
ateada do poema
uma chama
invisível consome
o silêncio
liberto das palavras
27
Suspenso no
adeus dos teus olhos
o adeus chora ainda na distância
Agora que
disseste adeus para sempre
é que sei
o que é a eternidade
18
9
Os meus
antepassado eram cavadores
da terra e vento,
sonhos e presságios
Deles me ficou
apenas esta enxada
com que procuro na
bruma outros adágios
Deles apenas me
ficou esta enxada
Com que procuro na
bruma outros adágios
39
Exaltação da
noite:
nem só de luz os olhos e embriagam,
é nas trevas que o
teu corpo resplandece
40
A noite é quando
os bichos adormecem
e as estrelas se
levantam
44
Se o vento
chora e canta nas ramadas,
como dizem os
poetas,
que mensagens
secretas
voarão na quilha
das nortadas ?
49
Cada homem precisa
do seu chão.
O meu é onde este
areal onde um pinheiro
é um náufrago na
solidão
sem mar que lhe
embale o sonho verdadeiro
51
Perdi a memória numa esquina do vento
entre espadas de
sombra e algemas de medo
e agora só retenho
os contornos da noite
com quem despe o
mar da folhagem das ondas
52
Morrer é regressar
ao tempo
primordial:
terra e sal da terra,
verbo desencarnado
a escutar
OUTROS SINAIS
3
Poeta, decifrador
da dor,
canto como quem
chora.
Uma lágrima que me
aquece e outra que me devora
.Poeta, libertino
da noite,
canto como quem
foge
das espadas candentes deste dia de hoje.
4
Não sei qual é o
mais efémero
se a espuma da
onda
se o próprio mar.
Que importa
o tempo
se tudo tem um
tempo
De acabar?
8
Colhe a seara pelo verde,
não iludas o sonho
da semente.
O tempo não perdoa
a quem o perde,
nunca os rios
voltaram à nascente
O futuro nem tem
prazo nem medida,
mas se o queres
verdadeiro
faz que nele caiba
a tua vida
9
Fazer da esperança
os elos da corrente,
como de um barco o
sonho navegado.
O futuro é o
desejo semeado,
todo o fruto é a
fome da semente
17
Deixem-me sonhar , à procura
dos sinais ocultos
do caminho
é nas asas do
sonho que a loucura
faz o ninho
Deixem-me ser
livre como o vento
sem rumo nem
compromisso.
O sonho é o
lugar do pensamento
insubmisso
24.
E agora confesso:
O que eu gostava
era de ser
uma nau que partiu
no seu regresso.
Mas nunca serei o
que sou
O vento derruba o
mastro
do sonho, cada vez
que recomeço
27
Terra!
Quando digo terra,
digo vento
batalhas e
poemas - os socalcos
onde o sol é a
raiz do pensamento.
Quando digo terra.
Diga céu
labaredas,
estrelas – os Sinais
que o tempo
promete a Prometeu
Quando digo terra,
digo rios
searas, oceanos –
os caminhos
ancorados na proa
dos navios.
Digo terra,
companheiro, e a voz canta
a esperança que
nos mastros se levanta
35
Grande é o mar, a
solidão e a noite,
a distância entre
as mãos caídas
e o remorso
dos gestos levantados
Grande é o
sepulcro das palavras traídas
e a esperança que
move
o silêncio de
tantas horas mortas.
Grande é o
pensamento feito de obra
E a ilusão das
estrelas que povoam
As crateras dos
sonhos acordados.
Grandes foram os
impérios da terra,
e deles apena
resta
a memória
arruinada do seu fausto…
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