Luís de Raziel
Tendo a noite por companheiras e as mulheres que professavam antigos cultos pagãos, detestavam cruzes e adoravam o luar e as estrelas – Pena não me encontrar a noite passada na minha aldeia – E o luar está convidativo – Mas naquela noite não havia luar a noite estava escura, o céu coberto de nuvens e não se viam as estrelas - Mas a noite era de um Outono ameno e convidava a andarilhar por antigos caminhos romanos e a devassar os seus mistérios.
Tendo a noite por companheiras e as mulheres que professavam antigos cultos pagãos, detestavam cruzes e adoravam o luar e as estrelas – Pena não me encontrar a noite passada na minha aldeia – E o luar está convidativo – Mas naquela noite não havia luar a noite estava escura, o céu coberto de nuvens e não se viam as estrelas - Mas a noite era de um Outono ameno e convidava a andarilhar por antigos caminhos romanos e a devassar os seus mistérios.
E foi justamente o que fiz: - saindo de
casa depois da meia-noite, tal como convinha - Para mal dos meus pecados,
levara comigo o telemóvel - e não tive outro remédio senão atender dois
telefonemas de um amigo (depois tive que o desligar) que, embora estando na
sede do concelho, insistia em levar com ele mais uns três amigos para me
ouvirem tocar o jambê. E não só.. Pelo que depreendi, o tema de conversa no
Café do Zé Pilério, tinha sido o das bruxas: ele encontrou um antigo medalhão,
que tem a ver com os antigos cultos pagãos e vai da conversa descambar para o
assunto do dia. Queria que me armasse em bruxo, como se, certas faculdades, que
surgem ocasionalmente como flashes, estivessem à mão de semear todos os dias.
Ele contara lá o episódio, que a seguir aqui vou recordar, e insistia em
de-monstrar-lhes a veracidade do fenómeno
IRMÃS E SEU IRMÃO - UNIDOS NO MESMO
CONVÍVIO DO CULTO DO BRILHO DA VÉNUS QUE DESPONTA NO ALVOR DE CADA MADRUGADA,
ENLAÇADOS POR UM SENTIMENTO COMUM - O DE UMA FRATERNA E PACIFICA
ESPIRITUALIDADE CAPAZ DE DESAFIAR A INTEMPORAL IDADE E AS MAIS AMPLAS E
LONGÍNQUAS DISTÂNCIAS HUMANAS E ESTELARES -
No abraço fraterno deste amoroso e íntimo gesto
Nenhum poema ou matriz do mais inspirado verso
Poderá anular a fraternidade que cresce e cintila
do júbilo que resplandece deste espiritual amplexo
Dualidade mística: umas vezes nas vestes de Cristo, outras... |
O Dr. Jorge Castro Lopes é um bom amigo de longa data - É nativo Peixes - e, como genuíno filho de Neptuno, o Deus da inspiração e da sensibilidade, também ele sente um
Pedi-lhe que me desse apenas um avanço de 5 minutos, garantindo-lhe que era capaz de (por caminhos e atalhos) chegar mais depressa ao Vale dos Areais, junto ao cruzamento da EN. 102 - É que, do planalto, até lá lá ao fundo, com as curvas e as contracurvas da estrada alcatroada, ainda são 4 Km - Enquanto, se se for pelos atalhos e alguns troços do milenar caminho romano, a distância é bastante mais encurtada - Só que, como, raramente, alguém ali passa e, parte deles, já estão quase intransitáveis, não faltam sil-vas, ervas e giestas a dificultar a passagem. Mesmo assim logrei chegar primeiro de que ele.
Leia os pormenores em http://www.vida-e-tempos.com/2011/11/halloween-que-maravilhosa-noite-no.html
Fernando
Pessoa - diz-se - teria levado uma galinha pela trela ao Rossio - A ser
verdade, certamente para proporcionar alguns momentos de poesia visual a quem
não achasse graça ao seu desengonçado andar, Por mim, resolveria o problema de
outra maneira: pegava-lhe nas pernas, levantava-a com a crista meia curvada e
hipnotizava-a imediatamente com os meus olhos a bailar - Exercício que aprendi
com as bruxas, lá da aldeia, que ainda hoje estou apto a fazer -
Este o
cenário onde decorria o noturno ritual e se matava o galo para se lhe beber o
sangue: eu incumbia-me de o pôr a dormir antes de a irmã mais velha o decepar
para lhe verter a sangria prá malga, que depois passava de boca em boca para o
juramento secreto da fidelidade - Foi por isso que me expulsaram do seminário,
quando fiz estas confidências no confesso da igreja - Mas hoje o meu paganismo
é diferente - Salvo uma ou outra esporádica tontaria de irresistível apelo à
idade da inocência, tomo a figura de Cristo, como guia e exemplo
Sim,
hipnotizar galinhas ou galos, era este o meu passatempo preferido, em garoto,
quando a minha mãe me mandava ao poleiro para ver se havia alguma poedeira ou
algum ovo no ninho - Ao agachar-me para a entrar, a primeira coisa que fazia
era fitar-lhe os olhos no centro do bico: podia depois levantar-lhe as penas do
rabo à vontade que não havia mais chinfrindeira alguma de cócórócós para pôr o
resto da família galinácia em alvoroço, que se passeavam na rua a debicar
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