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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Fernando Pessoa - Tributo ao Poeta Universal “Quando vier a Primavera” 07-11-1915“ – “ Se Depois de Eu Morrer, Quiserem Escrever a Minha Biografia” - 08-11- 2015 – Há 102 anos escreveu estes versos - Partiu para a eternidade no dia 30 de Novembro 1935 -



Em todas estas pedras há uma linguagem que espera que a escutemos..

Ó DEUS TORNA-ME NO ESPELHO DA TUA ABENÇOADA LUZ - Concede-me a santidade da invisibilidade transparente e transforma-me na partícula que cintila do brilho do teu esplendor em consciência plena dos três estados do espírito subtil: a luminosidade irradiante e iminente para que através do silêncio e da meditação possa compreender ainda melhor a missão que me confiastes enquanto for vosso dedicado peregrino nesta temporária e efémera passagem da vida

DePeregrinodaLus - Heterónimo de Jorge Trabulo Marques 


Nos altares dos penhascos  sagrados de outrora 



"Quando vier a Primavera,
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
7-11-1915
Alberto Caeiro – Heterónimo de Fernando Pessoa

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro – Heterónimo de Fernando Pessoa

 EPITALÂMIO - Poemas Ingleses 
                II





Afastai nas janelas a cortina breve

Que menos que à luz a vista só proscreve!
Olhai o vasto campo, como jaz luminoso
Sob o azul poderoso
E limpo, e como aquece numa ardência leve
Que na vista se inscreve!
Já a noiva acordou. Ah como tremer sente
O coração dormente!
Os seios dela arrepanham-se por dentro numa frieza de medo
Mais sentido por crescido nela,

E que serão por outras mãos que não as suas tocados
E terão lábios chupando os bicos em botão.
Ah, ideia das mãos do noivo já
A tocar lá onde as mãos dela tímidas mal tocam,
E os pensamentos contraem-se-lhe até ser indistintos.
Do corpo está consciente mas continua deitada.
Vagamente deixa os olhos sentir que se abrem.
Numa névoa franjada cada coisa
Se ergue, e o dia actual é veramente claro
Menos ao seu sentir de medo.
Como mancha de cor a luz pousa na palpebrada vista
E ela quase detesta a inescapável luz.
1913

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa
II - Part from the windows the small curtains set

Part from the windows the small curtains set
Sight more than light to omit!
Look on the general fields, how bright they lie
Under the broad blue sky,
Cloudless, and the beginning of t1e heat
Does the sight half iil-treat!
The bride hath wakened. Lo! she feels her shaking
Heart better all her waking!
Her breasts are with fear's coldness inward clutched
And more felt on her grown,
That will by hands other than hers be touched
And will find lips sucking their budded crown.
Lo! the thought of the bridegroom's hands already
Feels her about where even her hands are shy,
And her thoughts shrink till they become unready.
She gathers up her body and still doth lie.
She vaguely lets her eyes feel opening.
In a fringed mist each thing
Looms, and the present day is truly

Fernando Pessoa 


 
Fernando António Nogueira Pessoa foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Wikipédia

Nascimento: 13 de junho de 1888, Lisboa, faleceu a 30 de Novembro de 1935; está sepultado no Mosteiro dos Jerónimos

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