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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

“A morte não me assusta mas tenho pena de morrer” –- Tributo ao barítono José de Oliveira Lopes - considerado o melhor intérprete de ‘lieder’ no XIX Concurso Internacional de Canto da Baviera, na Alemanha, no início da carreira, altura em que frequentou a escola de altos estudos de música de Munique – Deixou-nos em Abril de 2013.

Castelo Melhor - V. N. de Foz Côa - Ermida de S. Gabriel 

O barítono José de Oliveira Lopes, foi uma das vozes líricas mais relevantes dos cantores portugueses da segunda metade do século XX, dentro e fora de Portugal. – Faleceu  no dia 11 de Abril de 2013, aos 71 anos, na cidade do Porto, onde era natural – Cerca de três décadas atrás, fiz-lhe  lhe uma breve entrevista, que aqui vou reproduzir em sua memória, acerca da morte.

O que pensa da morte? - “A morte não me assusta mas tenho pena de morrer” – Acrescentando que gostaria de viver  além do ano 2000 e, se possível muito mais além, desde que não ficasse velho e caquético: afinal, nem sequer morreu velho.
Deu-me esta  resposta, em pleno auge da sua carreira artística, em meados da década de 80, no final de um pequeno concerto improvisado que  decorrera no famoso Botequim  de Natália Correia  – Numa das minhas incursões ao vasto arquivo das minhas memórias de repórter da Rádio Comercial, sou surpreendido com esse curioso apontamento.

Disse-me que cantou muitos temas sobre a morte, especialmente de autores alemães mas quando lhe perguntei se lhe agradava cantar a morte, respondeu-me: eu prefiro cantar a vida; gosto de cantar coisas alegres. Porém,, no dia em que lhe fazia esta pergunta, acerca de um inquérito radiofónico, que estava a realizar, sobre a morte e também  do então apregoado fim do mundo que certas profecias  profetizavam para o ano 2000, ele havia justamente acabado de cantar  um tema de opera sobre a menina e a morte de um compositor alemão

Por isso, tratando-se, de tão relevante talento artístico, decidi editar como singelo tributo à sua memória o então imprevisto apontamento, que ilustro com algumas imagens de Lisboa, Aveiro  e Porto, as cidades portuguesas, que, em Portugal, mais terão feito parte do roteiro da sua vida  artística e académica

ALGUNS EXCERTOS DO QUE ENTÃO SE ESCREVEU NA  ALTURA DA SUA MORTE
“José de Oliveira Lopes, barítono português e primeiro professor de canto da Universidade de Aveiro. Oliveira Lopes foi um dos barítonos mais importantes da sua geração, com uma longa e ilustre carreira nacional e internacional. Foi solista convidado de prestigiadas orquestras e festivais em Portugal, França, Espanha, Bélgica, Polónia, Japão, EUA, Brasil, China, Rússia. Era particularmente reconhecido como exímio intérprete de Lied e Oratória, mas também dominava vários papéis de ópera, que apresentou em Portugal e no estrangeiro”
Panorâmica do Monte de S. Gabriel sobre o Vale do Côa - O Vale Sagrado













“EXPRESSO - "Considerado, por unanimidade do júri, como o melhor intérprete de Lieder no XIX Concurso internacional de Canto da Baviera, na Alemanha. O corpo do baixo português, que faleceu ontem aos 71 anos no Hospital de São João, foi hoje cremado no Porto.

Com mais de 1500 atuações como solista, em concertos, óperas e recitais por todo o mundo, atuou durante mais de 20 anos nas temporadas musicais do Teatro São Carlos e Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo contracenado com míticos cantores como Franco Corelli, Zylis-Gara, Kraus, Elly Amelling, Vanzo, Cotrubas, Bergonzi, Giacomini.


Representou em palco cerca de 40 personagens de ópera, com destaque para Don Alfonso (Così fan tutte), Conde de Almaviva (Le nozze de Fígaro), Albert (Werther), Sharpless (Madama Butterfly), Scarpia (Tosca), Bártolo ( Il Barbiere di Siviglia), orpheo (Orpheo ed Euridice), Mago Tcelio (Lámour dês trois Oranges), entre outras.
Foi figura principal em óperas portuguesas como Arsénio (Spinalba), Rei (Variedade de Proteu) e Prisioneiro (Em Nome da Paz).
Teve, ainda, uma breve passagem pelo cinema, como ator e cantor, desempenhando papéis, por exemplo, como o de apresentador no filme-ópera "Os Canibais" de Manoel de Oliveira e João Pães. Interpretou também as partes cantadas de Frohlo e Arcebispo na versão portuguesa do filme "O Corcunda de Notre Dame", das produções Disney.

José de Oliveira Lopes foi professor na Universidade de Aveiro, Academia Superior Metropolitana,  Escola Superior de Música do Porto e no Conservatório Nacional em Lisboa,  e era frequentemente convidado para masterclasses na Europa, Brasil, China, Japão, Rússia e USA. Integrava ainda, regularmente, júris de concursos internacionais de canto.
Foi solista de grandes orquestras como as sinfónicas de São Paulo e do Rio de Janeiro (Brasil), Denver (USA), Filarmónicas de Pequim, Moscovo, Bogotá e Varsóvia, entre outras, sob a direção de maestros consagrados como Eliot Gardiner, Maurice Gendron, Philipe Entremont e Dimitri Kitaenko.
Tem vários álbuns gravados com os pianistas Takashi Yamasaki, Noël Lee, Filipe de Sousa, Adriano Jordão e com as Orquestras Gulbenkian, da Rádio Húngara, da RDP e com a Sinfónica de Budapeste.
Em 2001, publicou "A voz, a fala e o canto",  sobre quatro décadas de prática musical e de pesquisa de técnica vocal. Expresso | Morreu José de Oliveira Lopes

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