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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Castelo Melhor – João Augusto Ferreira “Cegou em criança: “Nunca sonhei a ver qualquer coisa!” - Recordamos-lhe a memória de um homem que nunca se deixou vencer pelo mundo das trevas – Fazia o trabalho da sua loja, animava as festas, com a sua concertina, partia amêndoa, fazia trabalho de campo e escrevia poemas – Tinha 92 anos quando o entrevistámos, em 1998-

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

 

Castelo Melhor é uma das freguesias do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, que outrora pertenceu ao reino de Leão mas que o Tratado de Alcanizes, com D. Diniz, haveria de acrescentar ao Reino de Portugal - Para quem demande a capital da amendoeira e dos mais afamados vinhos generosos, e queira visitar o núcleo das gravuras paleolíticas da Penascosa, na margem direita do Rio Côa, terá que atravessar pelo meio desta antiga aldeia - E não se vai arrepender, tanto pela riqueza do património edificado, como seja o seu Castelo, como arqueológico, isto para já não falar das maravilhosas panorâmicas, que lhe oferecem as suas encostas, sobranceiras do Côa, nomeadamente na floração da amendoeira mas até em qualquer altura do ano - É sempre um passeio inesquecível.

Mas hoje, do que lhe venho falar, ou antes, aqui recordar, é do Sr. João  Augusto Ferreira, uma figura muito popular,  em sua vida, que deixou imensas saudades aos seus  e na sua aldeia mas também a quem teve o prazer de o conhecer e eu tive essa oportunidade, numa entrevista que lhe fiz para o mensário ÉCÔA, em 1998 - Tinha então 92 anos e ainda fazia a sua vida normal - Cego, desde criança mas nem assim se deixou vencer por essa tremenda fatalidade - Confessando-me, então:

“Nunca sonhei a ver qualquer coisa! (...) A minha vida foi um milagre! Porque, da maneira que estou e da maneira que sempre trabalhei e consegui equilibrar a minha vida – graças a Deus, sem pedir  um tostão emprestado -, isto, de facto, só por milagre!... Por isso, gosto de viver!” – acrescentou.

MESMO QUE OS SONHOS NUNCA TENHAM CONHECIDO A COR – É POSSÍVEL SER FELIZ - Transcrição integral da entrevista publicada, em Abril, 1998

Diz o poeta que “O Sonho Comanda a Vida”. Porém, que dizer dos que sonham sem nunca a poder ver?

Que cor, que colorido poderão ter os seu sonhos?...Talvez o do perpéctuo reino das trevas ou das sombras. Todavia, não viram caras à vida, e, curiosamente, vivem-na com a intensidade e alegria que talvez muitos, com os olhos bem abertos, a não vivam e a não vejam. 
Convenhamos, no entanto, que, um dos maiores privilégios que foi dado ao ser humano, é a faculdade de poder ver o mundo que o rodeia: de poder contemplar um nascer ou um pôr do sol; de olhar o azul do céu, o firmamento numa noite de luar ou numa noite estrelada. Enfim, de poder admirar, em toda a sua plenitude, todas as maravilhas que a Natureza, que o Criador concedeu ao Homem.

Por isso, Oh Deus! Bem-aventurados os que, não vendo, até andam e trabalham - Mas, sobretudo, vivem a paz e a alegria nas trevas que Deus lhe deu. 
Tal é o exemplo que nos transmitiu o nosso concidadão, e também prezado colaborador do "Ecoa", João Augusto Ferreira, e do qual aqui trazemos alguns traços da sua vida.

“Nunca Sonhei a ver” - E na sua amada aldeia, tinha tanta maravilha para ver!



Tem 92 anos, e se não é hoje a figura mais típica de Castelo Melhor, é seguramente ali a mais estimada e admirada ..
Não apenas pelo facto de ser cego quase à nascença  - mas por ser um homem que ao longo da sua vida, e apesar dessa enorme insuficiência física, soube superar admiravelmente o seu infortúnio. 
Contudo, e tal como se poderá depreender, para que tudo isso fosse possível, só graças a um inaudito esforço e a uma imensa força de vontade. 




Primeiro, estudando o próprio braille - o que fez logo em rapaz, na cidade do Porto. Pois cedo compreendeu que a leitura e a escrita eram para si as melhores armas para escapar à completa escuridão ou ao mar de trevas para onde o destino o havia lançado. Depois, então sim, certo de que estava já preparado, regressa à sua aldeia e, sem desânimos ou temores, toca de  lançar desafios ao futuro.
Assim, em 1926, e após ter conseguido poupar algum dinheiro como sacristão, estabelece-se com uma pequena loja de tabaco. Segundo diz, contra a vontade de sua mãe, a qual pensava - consciente da cegueira de seu filho - que ele iria ficar sem o dinheiro e sem o tabaco. 

Porém, para espanto e alegria de ambos, não é o que  acontece: pois, mal o jovem João Ferreira se põe ao balcão, é êxito assegurado - conterrâneos ou não, amigos ou simples clientes, todos querem ir comprar o seu maço de tabaco à loja do Sr. João. E, portanto, o negócio imediatamente floresce. 

De tal modo, que, no ano seguinte, já não vende cigarros, também estende a actividade ao ramo da mercearia. Depois, ao completar o segundo ano da sua experiência comercial, passa também a vender bijutarias e vinho. E, com tal sucesso, que não tarda que transforme a sua pequena loja "numa espécie de supermercado" do seu tempo, conforme hoje nos recorda. E onde não falta nada: desde a onça de tabaco, o copito ou quartilho de vinho, às   peças de cotim e de riscado ou outro tecido,  em voga, ao arroz, ao açúcar amarelo, aos rebuçados avulsos que tanto deliciavam as crianças, aos aparos para as canetas de tinteiro, às lousas e cadernos escolares, ou até ao petróleo para alimentar os candeeiros e- candeias nos lares, já que a electricidade, então, ainda era um sonho distante. 

Portanto, com tal diversidade de produtos e miudezas, dir-se-ia que o negócio cedo prosperou e que, no seguimento das economias que fora juntando, pôde aspirar a outros objectivos, entre os quais a compra do rés-do-chão e da casa onde situava a pequena loja - Depois casa, e João Ferreira é então um homem ainda mais feliz. Mas, naturalmente, apesar de a partir de agora ter com quem poder repartir algumas tarefas e sacrifícios, já que a sua mulher iria ser sempre a grande amiga, e companheira de todas as horas, a verdade é que a vida é uma luta constante, seja para quem for. E, então, principalmente naquele tempo! Eram realmente tempos muito rudes e difíceis para a grande maioria da população. Para quem trabalhava à jeira, para quem cultivava as suas ladeiras, e mesmo para os pequenos comerciantes ou pessoas ligadas a outras pequenas actividades.  Só não o era para  os grandes agrários, ou caciques da época, que poderiam, amealhar o que quisessem à custa da mão-de-obra quase escrava: 

No entanto, nessa altura, talvez houvesse uma vantagem em relação aos novos tempos: é que,  a ânsia do enriquecimento rápido e fácil, era um vírus que praticamente só corrompia os poderosos. Agora  é o que vê: o sonho comum é o automóvel e quase toda a gente anda afanosamente à  espreita da riqueza . E o mau é que ela não bate à porta de todos, pelo que não se sabe, exactamente,  a que tudo isto nos levará.

Porém,  se o futuro é uma incógnita, o passado aí está para dele se lembrar ou se recolherem os ensinamentos  ou exemplos que se quiserem. E, por conseguinte, recuando no tempo, uns falarão dele com gosto e até com alguma nostalgia, outros, pelo contrário, o que tenderão é esquecê-lo das suas agruras. 

Como o leitor já terá depreendido, não é o caso do Sr. João Ferreira, que, segundo pudemos constar, teve muito prazer em abrir-nos o seu baú das suas  memórias. 

 Pois, e retornando ainda alguns traços da sua vida de comerciante, contou-nos que, naqueles distantes anos 30, e até por outras décadas mais tarde, o facto de se ter uma loja, não significava que a mercadoria lhe fosse ter directamente à porta, tal como agora acontece com os habituais distribuidores. Nada disso: tinha que a ir buscar num macho à Estação' de Comboio de Castelo Melhor, lá ao fundo  das íngremes vertentes do Rio Douro, e, muitas as vezes, indo  e regressando sozinho: aliás, tal como, de resto passaria  a deslocar-se a uns terrenos que entretanto comprara, graças aos magros mas bem geridos proventos do seu negócio. 
 
O seu filho, o Procópio, o 2º da direita
Desse modo, se pode concluir que, apesar das graves limitações da sua deficiência visual, o Sr. João Augusto, não era, nem nunca foi, um vencido da vida. Antes, o homem que, embora vivendo mergulhado nas trevas, não fizera delas o caminho do impossível. Sim, desde pequenino que aprendeu a situar-se na débil mas penúmbrea fronteira  que separa esses dois mundo paralelos – o da escuridão e o da luz. Ou antes, a movimentar-se, a não ser seu perpétuo prisioneiro. E, por isso, se alguém o quiser ouvir falar da sua vida, ele de facto tem muito para contar. Não apenas das histórias que atentamente aprendeu por detrás do seu balcão, como também daqueles seus belos tempos, em plena flor da idade, quando os amigos o levavam até aos bailes e às testas, tanto na sua aldeia, como Almendra, às Chãs, a Foz Côa, ou a outras localidades das redondezas, visto ser um excelente animador como acordeonista e, por conseguinte, dada a popularidade granjeada, a sua presença se ter tornado quase como o convidado de honra obrigatório.

Houve, é claro, essas boémias de outrora ou alegres andanças, quando tinha que descer ou subir as ladeiras do Côa ou do Douro, apenas fazem parte das suas muitas recordações. E os dias , que agora vive, certamente que já não têm  a vivacidade de outros tempos . De facto, agora, do seu velho sótão, já não há clientes a entrarem e a saírem – Sim, o espaço é o mesmo, mas as prateleiras estão vazias. Agora, ali o silêncio, é só quebrado pela voz de alguém que se ouve já fora ou pelo barulho dos passos de quem vai na rua. Ou então das badaladas do sino da torre da igreja, que fica mesmo à sua porta. A não ser isso, talvez o cumprimento de um ou outro vizinho, que, se vir a porta aberta, não deixará de saudar aquele, simpático casal de anciãos, já que é muito difícil  que o Sr. João e a sua mulher não estejam ali sentados um perto do outro. No entanto,  mesmo que lá de fora não se ouvisse nem uma voz ou o chilreio de um pássaro, com eles  no interior da antiga loja, nem o silêncio, alguma vez, certamente seria total, já que ambos sabem como preencher os dias. Estão sempre ocupados; ali não há propriamente monotonia. 

E, pelo que vimos, nunca lhe falta que fazer. ·Pois se não é a partir amêndoa é fazer outra coisa qualquer . E, então, principalmente pelo lado do Sr. João, pode mesmo ser a  ler ou a escrever, já que é um homem  que gosta de estar actualizado, recebendo, para o efeito, as edições especiais do “'Independente" e do "Diário de Notícias''. E até de colaborar com algumas publicações, desde Associações de cegos, ao nosso jornal, para o qual nos entregou um pequeno artigo sobre do Anjo São Gabriel, que contamos publicar no próximo número. Curiosamente, todo ele dactilografado numa já muito velhinha Remington, onde escreve quando não opta  pelo Braille. Além disso, se não se ocupa com a leitura ou com a escrita, facilmente se descobre que, entre ele e a sua companheira - de quem tem dois filhos e destes também alguns netos,  ainda há uma imensa ternura a unir as duas vidas. Ao que parece, unidas eternamente pelo afeçto e pelo coração, visto, que, só a uma delas, fora dada· à graça de poder ver os olhos da outra. 

Sem dúvida, um belo exemplo de como o sentimento pode  falar mais alto do que propriamente quando nos embevecemos com a candura ou doçura de um olhar.
Mas também o espantoso exemplo de um homem que, apesar de não poder descobrir as cores do arco-íris, o esplendor da natureza, de ver a luz do sol (e nem tão pouco  de urna réstia se lembrar), mesmo assim,  não se rende ao seu infortúnio, a essa tremenda fatalidade, e vive a vida e procura alcançar dela  aquilo que, certamente, muitos que vêem com os dois olho que Deus lhe deu, não conseguem ou não logram fazer


Daí nos responder com tranquila serenidade, quando lhe perguntámos se, pelo facto de ser cego,  a sua vida tinha sido um calvário - nos dizer, simplesmente, isto: “Nunca! A minha vida foi um milagre! Porque, da maneira que estou e da maneira que sempre trabalhei e consegui equilibrar a minha vida – graças a Deus, sem pedir  um tostão emprestado -, isto, de facto, só por milagre!”
“Por isso, gosto de viver!” – acrescentou.






E estamos certos que assim vai viver o resto da sua vida. E porque não a continuar a sonhar?... Talvez apenas com uma contrariedade – que, aliás, o persegue desde pequenino, altura em que cegou definitivamente – é que nunca sonhei a ver. Nunca sonhei a ver qualquer coisa!”





Aqui lhe reproduzimos alguns dos seus versos, um conjunto de 15 quadras, escritas na sua velha máquina Remington, subordinadas ao tema - Terra e Mar  - Ainda inéditas, pois confiou-nos o original., que não chegámos a publicar no ECÔA, entretanto extinto.



Primeira parte  - Terra e Mar                          Segunda parte -  Mar e Terra

        1                                                                            9
Porque a Terra é Mãe Sagrada               O Mar, é Pai Poderoso,
E o Mar esposo Bendito,                         A Terra, Mãe extremosa;
Geraram tudo do nada                            O Mar é  mais furioso,
Por ordem do Infinito.                             A Terra, mais carinhosa!

          2                                                                           10

A Terra abraça o Mar,                              No Mar se pratica a pesca,
O  Mar beija a sua areia;                          Aonde há peixe a granel;
E neste Santo Amar,                              Na Terra em sua floresta,
Ambos dançam em cadeia.                      Há caça, flores e mel

             3                                                                                                      11

A Lua com  o seu luar,                                 No Mar, se cria a baleia,
Entra na dança constante;                             Na Terra, o elefante;
Oferecendo  à Terra e Mar,                           Se no mar canta a sereia,
Um brilho de diamante.                                 Na terra há muito quem cante.

           4                                                                          12    

As estrelas aos milhares,                                 Há no Mar, o monstro orca,
Bailando na sua lei,                                        Na Terra, o monstro serpente;
Ocupam os seus lugares,                                 Tem o Mar a mansa foca,
Em volta do Astro-Rei.                                   A Terra, o boi paciente.





                  5                                                                   13

O Sol que tudo domina,                                    Há no Mar, grandes navios,
Tem o seu poder fecundo;                                 Na Terra, há Monumentos;
Com a sua luz ilumina,                                     No Mar terminam os rios,
Tudo, o que gira no mundo.                              Na Terra, acalmam os ventos.

                  6                                                                 14

Assim, nesta contradança,                                Pelo Mar, se espalham as ilhas,
No Salão Universal,                                        Na Terra, repousam lagos;
Nada pára nada cansa,                                     Se o Mar  as tem como filhas,
Rodando tudo afinal                                        A Terra, lhes faz afagos.

               7                                                                     15

Quem me dera, Universo!                                Ao Mar até aos confins,
Ser um poeta afamado!...                                 Deus, Abençoa afinal;
Para te contar em verso,                                   A Terra com seus jardins,
Como ninguém ter contado!                              Dá-lhes a Bênção Paternal.

             8                                                                     

Aceitai-me, Terra e Mar!
Como poeta mesquinho!
Quero-vos sempre cantar,
Como humilde passarinho!

                                             João Augusto Ferreira - De Castelo Melhor



Castelo Melhor é uma freguesia do Concelho de Vila Nova de Foz Côa, com um história, anterior  à época da reconquista cristã da península Ibérica,      que já chegou a ter o estatuto de foral,  que recebeu das mãos do rei Afonso IX de Leão, em 1209. A sua posse definitiva para Portugal foi assegurada  por D. Diniz, através do Tratado de Alcanices (1297). " Este soberano, a partir de então, procurou consolidar-lhe as fronteiras, fazendo reedificar o Castelo de Alfaiates, o Castelo de Almeida, o Castelo Bom, o Castelo Melhor, o Castelo Mendo, o Castelo Rodrigo, o Castelo de Pinhel, o Castelo do Sabugal e o Castelo de Vilar Maior." Castelo de Castelo Melhor – Wikipédia

Castelo Melhor, tem no seu termo, na margem direita do Rio Côa, um dos famosos núcleos de gravuras rupestres do período neolítico, no sítio da Penascosa – Consultando os elementos  disponíveis do site da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, o leitor poderá encontrar desenvolvida informação história, do qual tomamos a liberdade de extrair alguns elementos:

“No termo da freguesia de Castelo Melhor existem já inventariados sítios ou apenas vestígios pré-históricos, fatalmente ligados ao rio Côa e aos vales que albergam pequenos ribeiros, tributários do mesmo. Na Penascosa, limite de Almendra, a que se acede pela localidade de Castelo Melhor, existe um importante núcleo de gravuras rupestres do Paleolítico Superior (bovídeos, cavalos, caprídeos). Nas elevações que lhe são contíguas, adivinha-se uma ocupaçâo de períodos (Calcolítico, Bronze...). Igualmente nos lugares de Meijapão e Ribeiro do Poio, na sua anexa do Orgal, encontram-se vestígios de gravuras de Idade do Ferro, já numa cota mais elevada a lembrar-nos a necessidade de investigar sistematicamente toda aquela área. Ainda no sítio da Penascosa, o início de uma via (com calçada) que rumava a Almendra. Tratar-se-á de uma via romana, aproveitada até muito recentemente.

 No Orgal, vestígios de uma Villa Romana. Alguns indícios levam-nos a supor ter sido esta terra de Castelo Melhor abrigo de Visigodos e Árabes. No morro do castelo estão enterrados mistérios que urge desvendar. Escavações arqueológicas poderão trazer à luz do dia não só vestígios pré-históricos como romanos, árabes e visigóticos. Na Rua dos Namorados, encravadas num muro de propriedade, algumas pedras gravadas com motivos fitomórficos e geométricos, poderão muito bem levar-nos até épocas muito recuadas, possivelmente coevas dos reinos Suevo ou Visigótico. – Ver mais em http://www.cm-fozcoa.pt/index.php/castelo-melhor

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