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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Canto a Deus à Terra e ao Sol que me viram nascer


Envolto em ténue névoa,
fluindo em etéreo véu de brancura e mistério,
a sós, em perfeita harmonia comigo próprio e com os astros,
longe do bulício da cidade,
longe de tudo, do tumulto da vida e do mundo,
aspirando os odores de terra, das flores e das fragas,
canto o vosso cântico, ó Senhor Deus, meu Sol eterno!
Não, não estou só. Neste sítio tão calmo, de solidão e de espaço.
Tudo é igual a mim. Sou tudo o que me rodeia.
A abóbada do ar que me cobre. A luz que cai do alto e unge os meus olhos.
A pedra que piso e me faz pulsar o peito da adolescência perdida.
A débil névoa que me envolve e me transfigura.
Tudo habita em mim e eu habito o coração de tudo .
Oh, aqui, onde me encontro, não há tempo nem lugar definidos,
tudo é assombro, esplendor,
tudo faz parte do mesmo Deus,
tornei-me seu corpo puríssimo,
uni-me à sua divindade,
tudo tem a matriz do Criador,
Diante de mim próprio, só há eternidade, eternidade! 
Só vejo beleza, só vejo claridade!

Oh abençoados penhascos e penedos da minha terra natal!
Ó tu, sacro chão das minhas raízes, que tanto me atrais!
Só tu, que me gerastes, sabes o que eu sei dos teus segredos!
Misteriosas fragas, que, estando longe, tanto me lembrais

Jorge Trabulo Marques 

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