Foto publicada no suplemento do Sábado Popular, do extinto Diário Popular |
De entre as minhas aventuras, em S. Tomé, recordo hoje aqui a da recolha de enxames selvagens de abelhas africanas para proceder ao povoamento de colmeais - E, nomeadamente, o dia em que, pendurei um enxame de cinco quilos de abelhas africanas no queixo - Uma barba que não é possível cortar à Gillette - De recordar que estas abelhas são muito mais agressivas que suas irmãs europeias. "As africanas atacam em número maior e em apenas 30 segundos são capazes de injetar oito vezes mais toxinas em suas pobres vítimas. "Durante milhares de anos, por influência do meio ambiente, as características genéticas e comportamentais das abelhas africanas foram se diferenciando das européias, que são muito mais mansas e fáceis de domesticar" - Pormenores em http://mundoestranho.abril.com.br/…/por-que-as-abelhas-afri…
Na tropa |
Apesar dos riscos inerentes (e não eram tão poucos como isso), considero ter sido a atividade de apicultor, um dos
trabalhos mais interessantes, sim, que eu mais gostei de exercer, quando
trabalhei na Brigada de Fomento Agropecuário, em S. Tomé, – Uma das tarefas deste organismo era criar colmeais, junto dos palmares para facilitarem
a sua polinização – Pois está provado, que, tratando-se de polinização cruzada,
que precisa da intervenção do vento ou dos insectos, a existência de colmeais,
por perto de coqueiros, aumentará consideravelmente a sua produção – Ganham as
abelhas, que encontram na sua floração, uma boa fonte de alimento, e ganha o
agricultor, que assim vê aumentada, substancialmente, a sua colheita.
Por outro lado, o objetivo
da transformação de exames selvagens (que enxameiam nos buracos das árvores e
nas mais variadíssimas circunstâncias), no da criação de abelhas em colmeias,
visava também o da exploração do mel O
mel é de excelente qualidade e abelha-africana é uma incansável produtora – É mais pequena em tamanho e o seu ciclo de vida é também mais curto. Embora a exploração, não permita grandes colheitas de
uma só vez, pois flora nunca lhe falta ao longo do ano, no
entanto, acaba por ser uma excelente
produtora.
Mesmo assim, em S. Tomé, não havia o
hábito de transferir os enxames para colmeias. Pelo contrário, quando se
apanhava o mel, era o de se sacrificar completamente o enxame, queimando todas as abelhas.
Eu e o meu auxiliar usávamos
máscaras e o fumigador mas longe de procedermos a tamanha barbaridade. Aliás,
um aspeto curioso que eu constatava, após as primeiras reacções suicidas do
enxame, era o do enxame entrar numa espécie de estádio de dormência. Podendo
pegar-se às mãos-cheias, sem as luvas e sem uso do fumo. Eu ficava com a impressão de que, quando os níveis de abelhas mortas pudessem
pôr em risco a sobrevivência do enxame, este, como que por um comando instintivo,
deixava de atacar – Pois, como é sabido, a abelha africana, ao sentir-se
tocada, facilmente se exaspera, é tremendamente agressiva, ataca tudo o que se
mexer à sua volta e persegue o seu alvo até grandes distâncias – Se
apanhássemos algum enxame, por exemplo, junto de habitações, a criação de
galinhas ou de patos, tinha de ser protegida das abelhas – De outro modo, atitavam-se-lhes à cabeça e matavam essa
criação. Assisti a episódios, tanto de ataques a pessoas, que não respeitavam
as nossas recomendações, como de aves e animais, cenas do arco da velha!
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