Foi na manhã de 15 de Maio de 1991, que, o
ex-presidente Augusto Pinochet, então chefe do Estado- maior das Forças Armadas
chilenas, vindo diretamente do Brasil, desembarcava no aeroporto de Lisboa para
uma curta visita algo misteriosa, desconhecendo-se com que entidades ia encontrar-se e qual o objetivo do encontro -
De véspera, soubera-se (já não sei de que
fonte) que o general Pinochet vinha ao nosso país, mas, quer da parte do
Governo de Cavaco Silva, não só não havia qualquer informação ou
comunicado, como também nenhuma entidade oficial o aguardava. Senão apenas um
escasso grupo de repórteres mas o bastante para desencadearem uma grande
confusão.
Porém, na tarde desse mesmo dia, o DIÁRIO POPULAR. e a CAPITAL, publicando a notícia - citavam fontes políticas e militares brasileiras que admitiam tratar-se apenas de uma mera escala técnica, a caminho da África do Sul ou de Israel, após ter estado quatro dias no Rio de Janeiro. Mas, se assim fosse, não teria sido preciso sair do aeroporto.
Oficialmente, ninguém quis dar a cara mas nem por isso deixou de um automóvel o conduzir para o interior da cidade e logo atrás dele os da segurança e comitiva.
GEROU-SE UMA GRANDE CONFUSÃO QUANDO CONFRONTADO
COM PERGUNTAS – NEM ELE NEM A SEGURANÇA ESPERAVAM SEMELHANTE ASSÉDIO
Como é sabido, os ditadores, que reprimem e usam os
meios mais ignóbeis de tortura ou de massacre para com os seus opositores,
não gostam da liberdade de expressão. E detestam os
jornalistas que não se verguem aos seus desígnios. Um desses sinistros
exemplos, passou-se com Augusto Pinochet. No Chile, certamente que ninguém ousaria
romper o cordão da sua guarda de segurança e chegar a dois palmos dele,
com um gravador numa das mãos e com a outra empunhando um
microfone, ousando fazer-lhe perguntas embaraçosas. Mas ele estava em Portugal
e urgia saber os contornos da insólita passagem por Lisboa. Pois, tudo o que se sabia, até áquele momento, não passavam de especulações e rumores.Todavia, a
visita era já apontada como tendo por objetivo a compra de armas para as forças
chilenas – Ou seja, para massacrar ainda mais o povo que se manifestava
publicamente, além das constantes perseguições aos seus opositores.
FUI EU
QUE DESENCADEEI AS PRIMEIRAS HOSTILIDADES - EMPUNHANDO UM MICROFONE À SUA FRENTE - TAL COMO DOCUMENTAM AS IMAGENS
Era então
repórter da Rádio comercial-RDP. Ante alguma hesitação inicial do pequeno
grupo de jornalistas, temendo serem repelidos pelos “gorilas” que o rodeavam,
sim, não obstante o aparato, fui dos primeiros a avançar e a
questioná-lo, alto em bom som. Ainda esboçou um sorriso mas, vendo-se, cada vez
mais acossado pela insistência das perguntas, que lhe começavam a cair, ficou embaraçado e a sua única preocupação era abandonar o local.
Mal transpusera a porta da saída dos VIP, acompanhado da mulher e por um musculado corpo de guarda-costas, imediatamente procurei acercar-me dele, com duas perguntas engatilhadas: “O que vem fazer a Portugal, Sr. General Pinhochet?!”.. O Sr. é acusado de crimes de tortura e de espancamento!... Não tem remorsos dos crimes que cometeu?! – Estas as perguntas, com que o confrontei, alto e em bom som, com o microfone a um palmo do nariz, ante a grande confusão que imediatamente se estabeleceu Pois, logo atrás de mim, irrompia mais o microfone da TSF, creio que também uma câmara de televisão e os repórteres fotográficos e jornalistas dos principais jornais – Não obstante a insistência dos jornalistas, dele apenas se ouvia e repetidamente: "¿Dónde están mis guardias? no entiendo o português” – E mais não disse. Ah, sim: disse ainda que a democracia no Chile ia de boa saúde.
Morreu aos 91 anos, em 12 de Dezembro de 2006, no
hospital de Santiago, no Chile,
De acordo com os registos oficiais, nos 17 anos do
governo do general Augusto Pinochet , além de abusos aos direitos humanos e fraudes
cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder, soube-se que ele ordenou a
morte de pelo menos três mil chilenos, que foram mortas pela sua polícia
secreta.
O juiz Alejandro Solis declarou o
envolvimento do ditador falecido Augusto Pinochet em todos os crimes contra a
humanidade. Morreu em 2006 antes de ser julgado – Esse tirano passou por
Portugal, há 23 anos –A breve estadia pela capital do nosso país, ainda
hoje
continua por esclarecer
O governo de Thatcher não tinha
escrúpulos. Thatcher apoiou Israel em suas atrocidades contra os
palestinos. Ela apoiou o tirano do Egito, Hosni Mubarak, o rei Fahd da
Arábia Saudita, PW Botha da África do Sul, o general Zia-ul-Haq no Paquistão,
Pol Pot no Camboja, e assim por diante.