expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quarta-feira, 20 de março de 2013

Equinócio da Primavera celebrado hoje, com um nascer de sol radioso, no Calendário Pré-histórico da Pedra da Cabeleira, Monte dos Tambores- Mancheia - Chãs - Foz Côa - com poemas de Sophia Mello Brayner, Fernando Pessoa e António Ramos Rosa








 Levantamo-nos às seis da manhã, pois queríamos estar no local a tempo e  horas. E a primeira coisa que fizemos, foi abrir a janela e ver o tempo. O Sol ainda não tinha nascido mas o céu estava limpo e azul. Sinal de que podíamos ter a certeza de que ia valer a pena o nosso esforço. De que a pequena gruta, em semi-arco, da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, situada no maciço dos Tambores-Mancheia, ia ser iluminada de uma ponta a outra e no sentido nascente poente. Abrindo-se no seu frontispício, em leque, e, com uma tal inclinação que parece desafiar as leis da própria gravidade, coroada por uma radiosa estrela, como se estivesse a descer magnificamente do céus à terra e não fosse esta a hora da sua ascensão dos horizontes aos céus.


E foi o que vimos, uma vez mais - durante a  breve cerimónia mística que teve lugar  aos pés do altar sacrificial do referido templo solar,  entre as 07.00 e as 07.30 horas.  De forma simples e espontânea. Mas valeu a pena.  Já lá levamos grupos de dança, já ali realizámos eventos belíssimos. Já ali estiveram algumas centenas de pessoas. Não foi o caso. Mas houve celebração. E com o mesmo renovado entusiasmo de sempre. Pois são dos tais momentos, que, conquanto possam  fazer cerrar os olhos humanos pelo seu intenso foco, dificilmente os cansam  pela energia e brilho transmitido do encanto do seu  auspicioso esplendor






De véspera chuva, frio e céu cinzento, muito escuro - Aspecto bastante desmotivador para quem pensasse saudar a Primavera, em comunhão com a natureza. Pois difícil era de  prever (salvo os técnicos da meteorologia) que na manhã de hoje, primeiro dia da estação  das flores, nos esboçasse um sorriso tão amorosamente primaveril. Mas aconteceu - manhã límpida e brilhante. Sem uma névoa a cobrir os  céus. Sobretudo ao raiar da manhã. Para quem se deslocou à Pedra da Cabeleira, no Monte dos Tambores-Mancheia, acertou. A surpresa  não podia ser mais esplendorosa - Éramos poucos - mas houve quem viesse de Lisboa, caso de Paula Ferreira e, até, quem ali chegasse quase sobre a hora, vindos da  Galiza, Manuel Luís Múnes Diz, que já havia estado na Pedra do Sol, no Solstício do Verão e o seu amigo, o psicólogo João Carlos Miguéis. 

Ficaram radiantes. E, obviamente,  também nós pela sua tão amável empatia e  comunicabilidade.  Prometeram voltar na celebração do Solstício do Verão e com mais amigos - O património celta  faz parte da herança cultural galega e estes dois nuestros hermanos, veem nos templos do sol, em Chãs, e também noutros vestígios históricos, nomeadamente os castrejos, uma relação ancestral antiquíssima  e estreita com um passado comum aos antigos povos que se fixaram nestas zonas da península Ibérica   Daí o seu entusiasmo e o desejo de verem recuperada e intensificada esta relação cultural. 








Quem também não faltou, foi um dos nossos mais ativos e fiéis colaboradores da comissão das celebrações, o nosso amigo Sr. António Lourenço, que leu os poemas de pendor primaveril de  Sophia de Mello Brayner,Primavera na nossa poesia : e Quando à noite desfolho e trinco as rosasAlberto Caeiro Quando Vier a Primavera - (heterônimo de Fernando Pessoa, bem como consideremos o Jardim  de António Ramos Rosa - Cuja leitura decorreu, justamente, durante os escassos momentos em  que o astro-solar ali derramou a sua luz através de tão espantoso portal.


UM GESTO SINGULAR







Terminada a celebração, os nossos amigos galegos visitaram a pedra dos poetas, o castro do Curral da Pedra e a Pedra do Sol -  Na Pedra dos Poetas,  ergueram os braços e recordaram versos de  Rosalía de Castro –  - Esta pedra é também conhecida por Pedra Fernando Assis Pacheco –, em homenagem ao jornalista e poeta português, com origem na Galiza. E passou a ter o seu nome por  ter-se dado esta circunstância: um mês antes da sua morte, levantou ali os braços, rendido à beleza do lugar, depois de ter ido efetuar uma reportagem para a revista Visão, sobre as gravuras paleolíticas do Côa. 

Por esse facto, todos os anos, por altura do solstício do Verão, constituiu ponto obrigatório de romagem para evocar esta ou aquela figura das letras e artes, cuja obra se integre no espírito do lugar. Contamos que esta iniciativa  possa também estender-se  a figuras do país irmão, nomeadamente as que  mais se identifiquem  com a ancestralidade e as raízes desta região














Uma vez mais aproveitamos para agradecer aos proprietários do sítio e área adjacente, Teresa Duarte Marques e Fernando José Baltazar, a sua compreensão por continuarem a reconhecer a importância destas celebrações 


2 comentários:

Blanca García F.Albala´t disse...

E pena que con tanto esforzo nao vos documentasedes um pouco, só um pouco nas religioes prerromanas do Oeste Peninsular. Se assím fosse nunca chamariades a uma pedra dun santuario "Pedra dos sacrificios".... E quem vos dixo que era um templo do sol??? somentes porque o sol se filtra no equinoccio... ???? Sinto decirvos que tendes que ler um pouco mais de religiao porque estades a profanar os nosos oenach que é asim como se chaman os santuarios na lingua celtogalaica da zona.

Peregrino da Luz disse...

Obrigado pelo seu comentário - Todos os contributos que nos possam prestar serão sempre bem acolhidos . Por nossa parte, temo-nos documentado o melhor que pudemos. Temos ali levado credenciados estudiosos e também muitas pessoas que vão conhecer os Templos do Sol, apenas por curiosidade. Sim, se não concorda com esta nossa designação, nós achamo-lo adequada, e todas as opiniões são bem-vindas. Quando ao que se passou na pré-história ou com as religiões pré-romanas, o caro leitor tem a certeza, absoluta, que nomes eram dados a estes calendários e locais de culto? ... Até no tempo da Internet, subsistem tantas controvérsias acerca do mesmo assunto, quanto mais na era da pedra. Se um dia puder lá ir, não falte. Verá que, melhor de que todas as definições, a mais importante é a contemplação, a observação local.