Com a leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa e Fernando Pessoa.
Vem aí a Primavera - É já no dia
20. É um bocado sobre a hora que tomamos a liberdade de lhe dirigir o convite –
Isto porque as condições meteorologicas têm andando um tanto ou quanto descontroladas, daí a
nossa hesitação. Mas, ao que parece, na Quarta-feira não se prevê que chova. Se
assim for, havendo disponibilidade, não falte – Creia que não dará por perdido
o seu tempo.
Sem pompa e circunstância,
mas rendidos à singularidade e beleza daqueles amplos
espaços, plenos de energia telúrica e de
outros mistérios e poderes benfazejos que só os nossos mais antiquíssimos antepassados,
terão logrado decifrar, creia que gostaríamos
de contar com a sua presença para nos dar o prazer de compartilhar connosco a alegria de saudarmos a estação mais
bela e desejada do ano.
Não se trata de nenhum festejo
especial. Estes, reservá-los-emos para o solstício do Verão. Mas de um raro momento
de sublime esplendor,
Contamos ler poemas, alusivos à
Primavera, de autoria de Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa e
Fernando Pessoa.
Trata-se, pois, de uma cerimónia simples mas plena
de significado – Que não desejamos que se esbata ou esmoreça, tal como acontece com muitas iniciativas culturais – Tem início às 07.00 e termina às 07.30. Nesse curto espaço de tempo,
verá que não deixará de viver momentos de singular beleza e emoção
Um abraço
amigo
do Coordenador das celebrações
Jorge Trabulo Marques
Spring 2013 - March 20 - is celebrated at sunrise in the grounds of Stone Coma, by 7:10 "- The ceremony takes beginning at 07:00 and ends at 07:30 GMT
The sacrificial temple, oriented towards east-west, stands atop a rocky massif, near an old fort, on the perimeter of the Archaeological Park of Vila Nova de Foz Coa, Portugal, within walking distance of Stone Solstice.
It has the shape of a skull gigântico, pierced at its base by a cave-shaped semi-arc, with about 4.5 meters long, which is illuminated by its axis at the precise moment when the sun rises.
A Primavera entra no próximo dia 20 de Março, pelas 11.02 UTC . Hemisfério Norte - E, mais uma vez, vai ser assinalada no recinto da Pedra da Cabeleira, justamente ao nascer do sol - Não propriamente quando o astro luzente se erguer no horizonte das colinas do Côa ou despontar no alto das Quebradas, mas minutos depois das sete da manhã, quando atravessar a gruta semi-circular do referido monumento, alcandorado sobre a laje, que descai em forma de altar, num dos extremos mais destacados do amuralhamento - Fica situado no planalto do Monte dos Tambores, na aldeia de Chãs, do concelho de Vila Nova de Foz Cõa - Se há lugares na terra, onde a estação mais bela do ano pode ser recebida e festejada, é nos milenares alinhamentos sagrados - Que serviam ao mesmo tempo de templos de oração, de festejos sacrificiais aos seus deuses e de calendários solares.
A herança legada não é abundante - Pois, muitos desses majestosos monumentos megalíticos, foram considerados pagãos e destruídos. Mesmo assim, persistem alguns em várias partes do mundo. Cada qual com a sua beleza e a singularidade. O mais famoso é o de Stonhenge. Em Portugal, são os Templos do Sol, alinhados com o Solstício do Verão e do Inverno e os Equinócios do Outono e da Primavera - Lugares onde, desde há mais de uma década, se retomou a tradição da celebração dos antiquíssimos cultos dos ciclos das Estações.
Se puder dar lá um saltinho, não falte. A meteorologia parece dar-nos a sua ajuda. Terá é que se levantar um pouco mais cedo. A cerimónia começa às 07.00 horas e o
momento do sol o saudar é escassos minutos depois. - Se não conhecer o local, é fácil: ao chegar à entrada da aldeia, em Chãs, encontrará a mó de um antigo lagar de azeite e uma oliveira, vire à sua esquerda e siga no sentido oeste. Depois de andar aí uns 150 metros, em vez de continuar na mesma direcção siga o caminho que conflui para noroeste. Passa ao lado de um pombal, segue sempre pelo mesmo caminho. Quando vir uma cancela , siga à sua esquerda e deixe o caminho velho. Ande sempre em frente e depois volte à sua esquerda no sentido sul - E está lá!
O templo sacrificial, orientado no sentido nascente-poente, ergue-se no alto de um maciço rochoso, próximo de um antigo castro, no perímetro do Parque Arqueológico e a curta distância da Pedra do Solstício.
Tem a forma de um
gigântico crânio, atravessado, na sua base, por uma gruta em forma
de semi-arco, com cerca da 4,5 metros de comprimento, que é iluminada pelo seu
eixo no preciso momento em que o Sol nasce.
Situa-se nos arredores da
aldeia de Chãs, maciço dos Tambores, cenário mítico, e já habitual, para
assinalar a entrada da estação mais florida do ano - A curta distância,
ergue-se a Pedra do Solstício, com a forma esférica e que está orientada com o
pôr do Sol, no Solstício do
Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Alberto Caeiro in "Quando Vier a Primavera"
As rosas
Quando à noite
desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas
O vento bailador das Primaveras
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas
O vento bailador das Primaveras
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava
Sophia de Mello
Breyner
A Primavera na nossa
poesia..
Era preciso agradecer
às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura
Sophia de Mello
Breyner
O Jardim
Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.
Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
PEDRA DO SOL - SOLSTÍCIO DO VERÃO - TEMBORES-MANCHEIA
2 comentários:
A descrição do Jorge sobre o Equinócio da Primavera - 2013, é fiel ao que se passou. Abre o apetite para estar presente numa próxima oportunidade.
António Lourenço
Obrigado estimado Amigo. Foram momentos de rara beleza. Que desejamos se repitam, no solstício do Verão. Claro, lá estaremos. Um abraço
Jorge Trabulo Marques
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