expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 17 de março de 2013

EQUINÓCIO DA PRIMAVERA 2013 - 20 de Março, 07.00- 07.30 horas - Celebração ao Nascer do Sol na Pedra da Cabeleira - Monte dos Tambores - Chãs - Foz Côa - Esplendoroso momento de saudação à mais bela estação do ano.

Com a leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa e Fernando Pessoa.








Caro Amigo ou Amiga:

Vem aí a Primavera - É já no dia 20. É um bocado sobre a hora que tomamos a liberdade de lhe dirigir o convite – Isto porque as condições  meteorologicas têm andando um tanto ou quanto descontroladas, daí a nossa hesitação. Mas, ao que parece, na Quarta-feira não se prevê que chova. Se assim for, havendo disponibilidade, não falte – Creia que não dará por perdido o seu tempo.

Sem pompa e circunstância,  mas rendidos à singularidade e  beleza daqueles amplos  espaços, plenos de energia telúrica e  de outros mistérios e poderes benfazejos que só os nossos mais antiquíssimos antepassados, terão logrado decifrar,  creia que gostaríamos de contar com a sua presença  para nos dar o prazer de compartilhar  connosco a alegria de saudarmos a estação mais bela e desejada do ano.


Não se trata de nenhum festejo especial. Estes, reservá-los-emos para o solstício do Verão. Mas de um raro momento de sublime esplendor,

Contamos ler poemas, alusivos à Primavera, de autoria de  Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa e Fernando Pessoa.

Trata-se, pois, de uma cerimónia simples mas plena de significado – Que não desejamos que se esbata ou esmoreça, tal como acontece com muitas iniciativas culturais – Tem início às 07.00 e termina às 07.30. Nesse curto espaço de tempo, verá que não deixará de viver momentos de singular beleza e emoção

 Um abraço amigo
do Coordenador das celebrações
Jorge Trabulo Marques

Spring 2013 - March 20 - is celebrated at sunrise in the grounds of Stone Coma, by 7:10 "- The ceremony takes beginning at 07:00 and ends at 07:30 GMT

The sacrificial temple, oriented towards east-west, stands atop a rocky massif, near an old fort, on the perimeter of the Archaeological Park of Vila Nova de Foz Coa, Portugal, within walking distance of Stone Solstice.

It has the shape of a skull gigântico, pierced at its base by a cave-shaped semi-arc, with about 4.5 meters long, which is illuminated by its axis at the precise moment when the sun rises.




A Primavera entra no próximo dia 20 de Março, pelas 11.02 UTC . Hemisfério Norte - E, mais uma vez, vai ser assinalada  no recinto da Pedra da Cabeleira, justamente ao nascer do sol - Não propriamente quando o astro luzente  se erguer no horizonte das colinas do Côa ou despontar no alto das Quebradas, mas  minutos depois das sete da manhã, quando atravessar a gruta semi-circular do referido monumento, alcandorado sobre a laje, que descai em forma de altar, num dos extremos mais destacados do  amuralhamento  - Fica situado  no planalto do Monte dos Tambores, na aldeia de Chãs, do concelho de Vila Nova de Foz Cõa - Se há lugares na terra, onde a estação mais bela do ano pode ser recebida e festejada, é nos milenares  alinhamentos sagrados - Que serviam ao mesmo tempo de templos de oração, de festejos sacrificiais aos seus deuses e de calendários solares.









A herança legada não é abundante  - Pois, muitos desses majestosos monumentos  megalíticos,  foram considerados pagãos e destruídos. Mesmo assim, persistem alguns em várias partes do mundo. Cada qual com a sua beleza e a  singularidade. O mais famoso é o de Stonhenge. Em Portugal, são os Templos do Sol, alinhados com o Solstício do Verão e do Inverno  e os Equinócios do Outono e da Primavera - Lugares onde, desde há mais de uma década, se retomou a tradição da celebração dos antiquíssimos cultos dos ciclos das Estações.






Como é do conhecimento geral, os tempos não vão para grandes festas - Sobretudo que causem despesas. Desse modo, apenas faremos o festejo, com gaiteiros e cortejo druida,  na celebração do Solstício do verão. Em todo o caso, não deixaremos de saudar o primeiro dia da Primavera, com a leitura de poemas de Sophia de Mello Breyner, António Ramos Rosa e Fernando Pessoa. O local é maravilhoso . E a entrada do sol na graciosa cripta da Pedra da Cabeleira, verdadeiramente esplendorosa, dispensa adornos. Pelo que, mesmo sem qualquer acompanhamento musical, não deixará de constituir um momento de rara beleza e sublimidade.



Se puder dar lá um saltinho, não falte. A meteorologia parece dar-nos a sua ajuda. Terá é que se levantar um pouco mais cedo. A cerimónia começa às 07.00 horas e o momento do sol o saudar é escassos minutos depois. - Se não conhecer o local, é fácil: ao chegar à entrada da aldeia, em Chãs, encontrará a mó de um antigo  lagar de azeite e uma oliveira, vire à sua esquerda e siga no sentido oeste. Depois de andar aí uns 150 metros, em vez de continuar na mesma direcção siga o caminho que conflui para noroeste. Passa ao lado de um pombal, segue sempre pelo mesmo caminho. Quando vir uma cancela , siga à sua esquerda e deixe o caminho velho. Ande sempre em frente e depois volte à sua esquerda no sentido sul - E está lá!






O templo sacrificial, orientado no sentido nascente-poente, ergue-se no alto de um maciço rochoso, próximo de um antigo castro, no perímetro do Parque Arqueológico e a curta distância da Pedra do Solstício.


Tem a forma de um gigântico crânio,  atravessado, na sua base, por uma gruta em forma de semi-arco, com cerca da 4,5 metros de comprimento, que é iluminada pelo seu eixo no preciso momento em que o Sol nasce.


Situa-se nos arredores da aldeia de Chãs, maciço dos Tambores, cenário mítico, e já habitual, para assinalar a entrada da estação mais florida do ano - A curta distância, ergue-se a Pedra do Solstício, com a forma esférica e que está orientada com o pôr do Sol, no Solstício do








Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é r
eal.

Alberto Caeiro in "Quando Vier a Primavera"






As rosas

 Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas

O vento bailador das Primaveras
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas

Quando à noite desfolho e trinco as rosas

És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a Primavera que eu esperava

 Sophia de Mello Breyner


A Primavera na nossa poesia..

Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura
                                                                    
 Sophia de Mello Breyner





O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, 
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes. 
Sequências de convergências e divergências, 
ordem e dispersões, transparência de estruturas, 
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas. 

Geometria que respira errante e ritmada, 
varandas verdes, direcções de primavera, 
ramos em que se regressa ao espaço azul, 
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem 
composta pelo vento em sinuosas palmas. 

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio. 
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena. 
Sou uma pequena folha na felicidade do ar. 
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis. 
É aqui, é aqui que se renova a luz. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"


PEDRA DO SOL - SOLSTÍCIO DO VERÃO - TEMBORES-MANCHEIA








2 comentários:

António Lourenço disse...

A descrição do Jorge sobre o Equinócio da Primavera - 2013, é fiel ao que se passou. Abre o apetite para estar presente numa próxima oportunidade.

António Lourenço

Peregrino da Luz disse...

Obrigado estimado Amigo. Foram momentos de rara beleza. Que desejamos se repitam, no solstício do Verão. Claro, lá estaremos. Um abraço
Jorge Trabulo Marques