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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Festa na aldeia de Chãs - Aí está o Agosto a saudar as romarias – O catolicismo abraçado à liberdade e à alegria pagã.














A Senhora da Assunção, padroeira da freguesia, agradece a alegria e, mesmo que exagerem, não leva a mal - Aí está o pleno mês de Agosto, e, com o esplendor do Verão, as manhãs e tardes ensolaradas, as festas religiosas das aldeias - É o convivo dos poucos que cá ficam, que cá estão, com os muitos que emigram e que voltam à santaterrinha para matar saudades - No vídeo e nas imagens, o chamado cortejo das oferendas, em que cada um dá largas à sua imaginação ao toque dos sons da banda filarmónica. - Se está longe desta sua amada aldeia - Vamos aqui deixar-lhe algumas imagens e vídeos para se sentir mais próximo da terra que ama e das suas queridas gentes.





"Georges! anda ver meu país de romariasE procissões!
Olha estas mocas, olha estas Marias!
Caramba! dá-lhes beliscões!
Os corpos delas, vê! são ourivesarias,
Gula e luxúria dos Manéis!
Têm orelhas grossas arrecadas,
Nas mãos (com luvas) trinta moedas, em anéis,
Ao pescoço serpentes de cordões,
E sobre os seios entre cruzes, como espadas,
Além dos seus, mais trinta corações!
Vá! Georges, faz-te Manel! viola ao peito,
Toca a bailar!
Dá-lhes beijos, aperta-as contra o peito.
Que hão-de gostar!
Tira o chapéu, silêncio!
Passa a procissão
Estralejam foguetes e morteiros.
Lá vem o Pálio e pegam ao cordão
Honestos e morenos cavalheiros.
Altos, tão altos e enfeitados, os andores,
Parecem Torres de David, na amplidão!"

(excerto) António Nobre

 
Hoje é dia de Festa na aldeia de Chãs, do concelho de Vila Nova de Foz Côa. Enquanto edito este segundo vídeo, já noite, lá fora, no adro da igreja, é a hora de um agrupamento musical, cumprir o seu programa.  Ao  fim da tarde, houve a tradicional procissão, em honra de Nossa Senhora de Assunção, e é o que documenta este vídeo.  É o pais católico se manifestar. Antigamente, adoravam-se, sobretudo, os santos padroeiros. Com o fenómeno Fátima, e, nomeadamente, a partir das  primeiras comemorações marianas, passaram a venerar-se mais as imagens ligadas a Maria, à mãe de Cristo, sejam sob que nomes forem - Lá foi o São Caetano, subalternizado e para segundo plano . A fé no catolicismo, já não é o que era  – Tal como as ideologias, também as crenças vão dando lugar à descrença e a um certo vazio. No entanto, as festas religiosas, talvez pelo seu vínculo ao paganismo, em que a devoção se mistura e confunde com a recreação e evasão, continuam ainda a ser os dias festivos que o povo não dispensa – As aldeias vão ficando despovoadas e vai sendo cada vez mais difícil arranjar voluntários (mordomos) para angariarem fundos e organizarem os festejos – Mas, lá se vai teimando, em quanto se puder, enquanto houver meia dúzia de carloas. A eles, os meus parabéns, por não deixarem morrer a celebração do único dia em que, os emigrantes, aqueles que passam o ano fora da sua amada aldeia, vêm conviver e matar saudades com o seu torrão natal, com os seus conterrâneos e com os que lhes são mais queridos






DIA 16 DE AGOSTO - ENCERRAMENTO DOS FESTEJOS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DE ASSUNÇÃO


Dia 16 de Agosto, o segundo e último dia de festejos em honra de Nossa Senhora de Assunção. No vídeo a seguir, mostro a procissão de retorno à igreja matriz, depois do andor (e outros da mesma capela) terem sido recolhidos na ermida , situada no alto do povo,  dedicada à  referida padroeira – Já não é a Banda Filarmónica de Freixo de Numão mas um grupo de jovens, que fizeram parte das extintas duas Bandas, que chegaram a existir nesta aldeia, e que, num louvável gesto de generosidade e de voluntarismo, se juntaram para acompanharem, quer na véspera, quer no último dia, a procissão. Sem dúvida, pese o facto, desde há algum tempo, estarem já desabituados, lá se esforçaram para não desmerecerem os seus méritos e os seus talentos. E, diga-se, em abono da verdade, não se saíram mal. Estas imagens, não visam apenas o registo de um acontecimento festivo na minha aldeia, mas é também uma forma de perdurar uma memória e de a transmitir àqueles que, longe do seu torrão natal, não puderam estar presentes



Mais tarde será editado um vídeo de fotografias

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